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31.7.05
  Em Agosto, freebop ...



 
  Sobre a relva
Tardes de verão pedem frescuras destas:

«(...) The tracks are carried, guided or doused by guitar parts, as the guitar by itself sounds organic and is also much of an opposite to electronic equipment. The tracks are considered as part of a jigsaw, but each piece can remain for itself - independent of the order on the album, as they do not only play around with it's sounds but also with their several meanings incorporated in the title. The philosophy is that the interpretation of a track is the base for another interpretation at the same time. This allows access to each song from a different point of view. Summarized, breaking fractures into listening habits are a speciality of you dee (...)».
You Dee - Nur die Harten kommen in den Garten
Electroacoustic Jigsaw Pieces (APL032)

 
  Albert Mangelsdorff

"Morreu um músico alemão de jazz", disseram-me há dias. Sem ter circunstancialmente meio de saber quem teria sido, vim depois a ler a notícia dada pelo Jazz-Institut Darmstadt. Tratava-se de Albert Mangelsdorff, o grande trombonista de Frankkfurt, cuja morte ocorrera a 25 de Julho p.p..

«Albert Mangelsdorff (born 5. September 1928, Frankfurt am Main, Germany; died: 25. July 2005, Frankfurt am Main, Germany). Trombonist Albert Mangelsdorff, probably the most important jazz musician in post- war Germany, died on the morning of Monday, July 25th, 2005 in his hometown Frankfurt am Main, Germany, after long illness.
Albert Mangelsdorff had violin lessons as a child and was self-taught on guitar. His brother, alto saxophonist Emil Mangelsdorff (who is still alive and playing at age 80), introduced him to jazz. After working as a guitarist Mangelsdorff took up trombone in 1948. In the 1950s Mangelsdorff played with the bands of Joe Klimm (1950-53), Hans Koller (1953-54), with the radio orchestra of Hessischer Rundfunk in Frankfurt (1955- 57) as well as with the Frankfurt All Stars (1955-56). At the same time he led a hardbop quintet together with Joki Freund. In 1958 he became musical director of the newly founded Jazz-Ensemble des Hessischen Rundfunks and represented Germany in Marshall Brown's International Youth Band appearing at the Newport Jazz Festival. In 1961 he formed a quintet with Heinz Sauer, Günter Kronberg, Günter Lenz and Ralf Hübner which became one of the most celebrated European bands of the 1960s.
During this time he also recorded with John Lewis (Animal Dance, 1962). After touring Asia on behalf of the Goethe Institut in 1964 he recorded the album “New Jazz Ramwong” later that year which made use of Eastern themes. He also toured the USA and South America with the quintet, which was reduced to a quartet (1969-71) after Kronberg left, then revived with Sauer, Gerd Dudek, Buschi Niebergall and Peter Giger (1973-76). At a festival during the Olympic Games in Munich Mangelsdorff first performed as unaccompanied soloist in 1972 which resulted in many solo tours and recordings during the next decades. In the 1970s he recorded with Palle Danielsson and Elvin Jones (1975), Jaco Pastorius and Alphonse Mouson (1976), John Surman, Barre Phillips and Stu Martin (1977) and others. He participated in Alexander von Schlippenbach's Globe Unity Orchestra (from 1967 into the 1980s), Free Sound & Super Brass (1975-76) led by Hans Koller and Wolfgang Dauner, the United Jazz & Rock Ensemble from its formation in 1975, and recorded duo albums with Wolfgang Dauner (from 1981). In the 1980s and 1990s Mangelsdorff continued to perform in solo and duo and trio settings, also playing with the Reto Weber Percussion Ensemble. In the 1970s Mangelsdorff was a leading figure in the Union Deutscher Jazzmusiker and, together with Jean-François Jenny-Clark, led the German-French Jazz Ensemble. In 1995 he became musical director for the JazzFest Berlin. Since 1994 the Union Deutscher Jazzmusiker awards a regular prize in Mangelsdorff's honor, the Albert- Mangelsdorff-Preis.
Mangelsdorff was one of the finest trombonists in modern jazz. Like most German musicians he was at first influenced by the cool jazz idiom of Lee Konitz and Lennie Tristano, then played hard bop, later introduced modal means of improvisation, free jazz and jazz-rock elements in his music. His playing was characterized by wide- ranging melodic lines. He had an imposing technique and was, among trombonists, the most innovative player of multiphonics note, for instance his playing of the theme of Duke Ellington's “Mood Indigo” in three-part harmony on the album The Wide Point, 1975, MPS, or many of his improvisations on the LP Trombirds, 1972.
Mangelsdorff life story is told in a biography by Bruno Paulot published in 1993. The story of the vivid Frankfurt jazz scene from which he emerged has been written last year in the book “Der Frankfurt Sound. Eine Stadt und ihre Jazzgeschichte(n)”, written by Juergen Schwab and co-published by the Jazzinstitut Darmstadt, the city of Frankfurt and Hessischer Rundfunk (Mangelsdorff was present at the book presentation last summer). - Wolfram Knauer - Jazz-Institut Darmstadt

Albert Mangelsdorff integrou a Globe Unity Orchestra, de Alexander von Schlippenbach, aquela que dentro de dias poderemos ver no Jazz em Agosto.



 
  Eremitas


Novidades na Eremite Records. Dois volumes de Sunny Murray (Perles Noires I & II), com Sabir Mateen, Dave Burrell, Alan Silva e Louis Belogenis; e um duplo de Fred Anderson (Blue Winter), com Hamid Drake e William Parker. Vale a pena ouvir o som destes decanos do free jazz/improv.

 
  Em pó?!
Oro Molido 14
- Entrevistas exclusivas a Joëlle Léandre, a Ernesto Diaz-Infante.

- Sopladores electroacústicos
- Entrevista común a Matt Davis y Leonel Kaplan.
- Free en el Mercado.
- Dossier sello discográfico Pax Recordings.
- Secciones habituales. Discos: For Four Ears, Sirr-Ecords.
- Joëlle Léandre: "La Vida y La Música Son Una Pura Aventura"
- Ernesto Diaz-Infante - Pax Recordings

 
23.7.05
 


Pá, isto é muuuiiiiiito bom!

 
  Atomic, The Bikini Tapes

Magnus Broo, trompete; Fredrik Ljungkvist, saxofones e clarinete; Havard Wiik, piano; Ingebrigt Håker Flaten, contrabaixo; e Paal Nilssen-Love, bateria: ATOMIC, The Bikini Tapes. Jazz melódico e estruturado num conceito de ampla liberdade, balanceando contrários em múltiplas direcções. Três discos gravados no final da digressão de 2004, na Noruega. O reportório compõe-se de material dos dois discos de estúdio anteriormente gravados para a Jazzland (Feet Music e Boom Boom), e de novos originais que foram sendo trabalhados entre Fevereiro e Julho de 2004, ao longo da digressão europeia.
Estava a contar que me esportulassem um fortuna pela box, mas - grata surpresa - a carteira não se ressentiu por aí além. A minha cópia custou uns razoáveis € 25 na loja da Trem Azul. O que não é mau, tratando-se de música indispensável.
Edição da Jazzland.

 
22.7.05
  ZU
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Nuno Martins, fotógrafo e "music witness" de renome, num texto originalmente publicado na revista Underworld, elabora com gosto e sensibilidade sobre o fenomenal power trio italiano. Com um cunho marcadamente hard core e estonteante velocidade de execução, os ZU metem a mão na massa com que trabalham os holandeses The Ex, ou os japoneses Ruins, Bondage Fruit e Happy Family, por exemplo. E John Zorn, o criador da matriz deste som híbrido, anguloso e extraordinário... .

ZU
«Imaginem uma locomotiva a vapor a toda a velocidade. Pesada, toneladas de ferro e aço movidos por complexos e intricados sistemas de locomoção, entroncados e constituídos por mecanismos e engenhos que, necessariamente, têm de estar perfeitamente oleados e sincronizados. Pequenos pormenores, facilmente submersos na totalidade do monstro mecânico, são essenciais para vencer a inércia rumo ao movimento. Aliado à massa compósita de ferro e aço, o vapor quente da combustão fóssil providencia a energia cinética que alimenta a máquina. É o elemento complementar. Não é palpável mas sente-se a sua força. Impõe-se na resolução da equação da propulsão. Transportem este gigante para os domínios da criação musical. Encontraram os ZU.
A sigla ZU nasceu em 1997, em Itália, para identificar o trio de músicos Luca Mai (saxofones alto e barítono), Massimo Pupillo (baixo eléctrico) e Jacopo Battaglia (bateria), cuja movimentação e performance no meio underground romano lhes havia granjeado uma considerável reputação. Cultivando e aprumando uma linguagem própria, o trio dedica-se sobretudo a criar música para sonorizar em directo peças teatrais, numa representação musical das emoções e sentimentos veiculados por actores e conteúdos.
A participação num disco tributo aos americanos Half Japanese de Jad Fair, ao lado de John Zorn, Ruins, Eugene Chadbourne, Jello Biafra e God Is My Co-Pilot, entre outros, confere-lhes uma exposição para além das fronteiras de Itália e proporciona pistas para futuras colaborações. A participação dos ZU é reconhecida no meio underground como uma especial surpresa. O convite não tinha sido por acaso. Os sopros selvagens, densos e indomáveis, mas sobretudo, a complexa e coesa teia rítmica propulsora da música dos ZU é já evidente, e tornar-se-ía a sua imagem de marca.
1999 é o ano de estreia discográfica em nome próprio, com a edição de Bromio pela casa italiana Wide Records, disco que acabará por ser nomeado album do mês pelo prestigiado jornal americano All About Jazz.
Um conjunto de projectos e uma mão-cheia de participações e colaborações, quer em estúdio, com John Edwards ou os Vandermark 5, quer em concertos, com Fantomas ou Flying Luttenbachers, fazem de 2000 um profícuo ano para a exposição pública e divulgação do nome ZU. O duplo encontro com o inusitado mestre da guitarra folk experimental Eugene Chadbourne, ícone do absurdo e do excêntrico, proporciona a gravação de The ZU side of the Chadbournes (2000, Newtone/Felmay), sarcástica colecção de temas estruturados no humor do guitarrista e no ataque sonoro dos italianos, e Motorhellington (2001, Newtone/Felmay), uma sucessão de re-leituras arty-choque de músicas num arco de latitude desde os Motorhead e Black Sabbath a Duke Ellington e Charles Mingus.
A veia nómada do trio, leva-os a obscuros clubes e salas do meio independente europeu e americano, longe dos circuitos comerciais mas, ao mesmo tempo, sedimentando uma sólida reputação pela experiência ao lado de nomes como os DKV de Vandermark, os japoneses Melt Banana ou Ruins, os belgas The Ex ou os ingleses 4Walls.
A progressiva deambulação dos ZU por territórios afectos ao jazz improvisado e avantgarde atinge novo patamar com a gravação de Igneo (2002, Wide Records) onde contribuem para o ambiente free-jazz a linguagem de três grandes nomes da cena avantgarde de Chicago: Ken Vandermark (saxofone tenor), Jeb Bishop (trombone) e Fred Longberg-Holm (violoncelo), eles próprios companheiros de inúmeras aventuras por territórios muito pouco ortodoxos.
Igneo sintetiza tudo o que o som ZU simboliza. A adição do trio de músicos jazz procura uma dimensão exploratória do léxico sonoro base sobre as complexas estruturas rítmicas fraccionadas e multi-divisões harmónicas do duo baixo-bateria, inflamando a coloração musical, já de si ao rubro, e injectando uma intensidade que catalisa toda a fusão punk-rock com uma leitura free-avantjazz. Robusto, mordaz e brutal, são adjectivos que se colam à ferocidade de Igneo, que sucessivas audições não cessam de criar uma sensação onde a aventura se sobrepõe ao bom senso. Mais que recomendável, obrigatório.
Os concertos europeus e norte-americanos confirmam a exposição do trio, pese a indiferença do circuito comercial. Continuam as imprevistas colaborações com músicos das franjas mais radicais, como o saxofonista sueco Mats Gustafsson e o Aaly Trio, os free-punk NoMeansNo, o louco baterista holandês free-improv Han Bennink, ou os avant-punk Fugazi, entre outros, numa diáspora pelos palcos subterraneos da Europa e dos EUA.
O passo seguinte na rota dos ZU traz-nos um conjunto de composições onde se arrisca conscientemente no terreno harmónico do freejazz, tórrido e emocional, perpassado por um suporte rítmico desvastador, atonal e complexo, produto do encontro dos músicos Ken Vandermark (saxofones), Nate McBride (contrabaixo) e Hamid Drake (bateria) com a banda italiana, cuja osmose em duplo trio e quarteto resulta na gravação de Radiale (2004, Atavistic). O impacto é notório, a junção da propulsão polirítmica de Hamid Drake traz novas cores à precisão cirúrgica de Jacopo Battaglia, Vandermak gera uma aproximação de motivos freejazz ao sax corpulento e opaco de Luca Mai e, ainda, o contrabaixo de McBride emulsiona a profundidade do som em texturas de subtilezas agridoce, alguma introspecção entre o debitar decibélico. Radiale, permanece como a mais recente aventura de um ZUísmo que teima em devastar toda a imaginação que pré-existe numa leitura musical.
As operações equacionadas pelos ZU são uma estimulante experiência auditiva e, para os parcos presentes na sala lisboeta da Galeria Zé dos Bois, o inesquecível concerto do trio em 2004, autêntica pedrada no charco da acomodação estética, foi prova de uma experiência visual e auditiva fulminante, em directo, um autêntico soco no estômago. Destilação de energia, crua e despida de artifícios.
A prevista tournée europeia para a primavera de 2005 com os inclassificáveis terroristas Flying Luttenbachers, promete empolgar os que, sortudos, tiverem a oportunidade de assistir à fulminante passagem da “besta híbrida”, como alguém já os apelidou».
- Nuno Martins

 
21.7.05
 
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O que se trata aqui é de explorar interactivamente o hip-hop e o avant jazz ao longo de 11 temas desenhados por Mike Ladd, poeta e artista da música negra urbana de Nova Iorque. Nessa medida, Negrophilia, a mais recente realização de Mike Ladd, contou com a cumplicidade activa de Roy Campbell, Andrew Lamb, Vijay Iyer, Bruce Grant, Guillermo E. Brown e Marguerite Ladd; posto o que Ladd juntou tudo, e em estúdio, armado de tesoura e cola, montou as diferentes peças de forma a contar a história de Negrophilia à sua maneira.
Das várias propostas constantes do catálogo Blue Series da Thirsty Ear (Anti-Pop Consortium, Matthew Shipp e DJ Spooky incluídos), Negrophilia está entre as de maior sucesso em matéria de fusão da electrónica com o jazz-hop, resultado de uma intensa e permanente negociação entre o digital e o orgânico, que acrescenta uns pontos ao actual estado da arte. Uma agradável surpresa.
Mike Ladd - Negrophilia (Thirsty Ear)

 
 

JAZZ ALÉM TEJO
1º Festival de Jazz do Litoral Alentejano
21, 22 e 23 de Julho
Bluesíadas, Trio Ibérico e Jove Jazz Band
Escola Secundária Padre António Macedo
Vila Nova de Santo André

«Pretende-se que estes encontros tenham também uma outra dinâmica para além do espectáculo, que exista em torno deste evento um conjunto de olhares e reflexões, através de palestras e de intervenções das pessoas que estão ligadas ao jazz e que ponham aquilo que mais importante é feito em termos nacionais e internacionais».

 
20.7.05
  The Flam
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Numa passagem ao fim da tarde pela Jazz Store, fiquei a conhecer a campanha que a Trem Azul tem em curso. É por ela que se pode aceder a discos da Black Saint / Soul Note, muitos deles há muito fora das prateleiras das lojas portuguesas, a preços abaixo dos € 15. Black Saint e Soul Note são duas marcas de uma mesma casa fundada há 30 anos e a cujo nome está indelevelmente ligado o clã Bonandrini (Giovanni e Flavio), tal como Giacomo Pellicciotti, o director artístico durante os primeiros anos de vida da editora que publicou muitos dos mais importantes e influentes discos do jazz do último quarto do século passado. Vale a visita, que é também uma oportunidade de conhecer e redescobrir dezenas de obras-primas do jazz, como o impressionante THE FLAM, de Frank Lowe (1943-2003), com Joseph Bowie, Wadada Leo Smith, Alex Blake e Charles "Bobo" Shaw. Gravação de Outubro de 1975.

 
 
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Rob Brown (Lou Grassi's Avanti Galoppi)
Coimbra, «Jazz ao Centro / 2005»
Foto: Nuno Martins (inédito)

 
19.7.05
 
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Os tempos passados com Ornette Coleman frutificaram em Symphony For Improvisers, obra de 1967. Don Cherry na liderança de um combo da mais distinta estirpe de improvisadores, ou não se tratasse de gente como Pharoah Sanders, Karl Berger, Gato Barbieri, Jean-Francois Jenny-Clark, Henry Grimes e Ed Blackwell. Um tema-suite de cada lado do LP original preenchem esta espantosa sessão de free jazz estruturado, que se inspira tanto em Ornette como na improv europeia. E, principalmente, no génio criativo de Don Cherry. Agora em RVG remaster edition.

 
 
The STONE

The Stone is a not-for-profit performance space dedicated to the EXPERIMENTAL and AVANT-GARDE. All expenses are paid for by the MUSIC itself — through the online sale of special Limited Edition CDs released yearly on the Tzadik label. Each month a different musician is responsible for curating the programs with 100% of the nightly revenue going directly to the musicians. There are no refreshments or merchandise at The Stone. Only music. All ages are welcome.

Luxuosa programação para Agosto. Direcção artística de John Zorn.

 
  Noah Rosen - Trips, Jobs and Journeys
Image hosted by Photobucket.comEm 2000, o pianista norte-americano Noah Rosen estreou-se tardiamente com «Trips, Jobs and Journeys» na Cadence Jazz Records, pela mão do produtor Bob Rusch. Como Mal Waldron, Noah Rosen vai o núcleo dos blues e extrai-lhes a essência, com conta, peso e medida. Aluno de Bill Dixon e de Milford Graves, a aproximação estética a Andrew Hill é evidente, qual pupilo que reverencia o mestre sem no entanto o imitar. O próprio Andrew Hill escreveu uma nota para o disco, na qual se diz lisonjeado pelo facto de Rosen o considerar seu mentor e pai espiritual. Além de traços de um Hill porventura mais abstracto, Rosen não enjeita ter ouvido Tristano, Monk e Duke Ellington ao longo do seu percurso formativo, preservando embora traços de uma forte personalidade musical, leveza de escrita e uma execução sem pontos fracos. Quanto à técnica, de entre os vastos recursos sobressai a total independência de mãos, no que faz lembrar a arte de Borah Bergman. O trio completa‑se com o contrabaixista Didier Levallet e o baterista Makoto Sato, escolhas acertadas para fazer sobressair a luminosidade do toque original do pianista de Brooklyn, cuja carreira prossegue em Paris, onde se tem vindo a afirmar como um dos mais interessantes e singulares pianistas do jazz contemporâneo.
Noah Rosen - Trips, Jobs and Journeys (Cadence Jazz Records, 2002)

 
18.7.05
 


Tomou o gosto das Ballads em 2002 e pelos vistos ficou agarrado. Tanto assim é que se propõe repetir a dose de romantismo improv-exacerbado, com Carpal Tunnel. Mestre Derek Bailey, o homem que revolucionou a abordagem da guitarra na música improvisada, a solo, outra vez. Na Tzadik, este mês de Junho.

Quite literally one of the most original and influential guitarists on the planet, Derek Bailey has completely revolutionized the language of guitar music in the twentieth century. His work has been championed by almost every cutting edge guitarist: Pat Metheny, Bill Frisell, Marc Ribot, Buckethead, Jerry Garcia, but his influence reaches far far beyond the insular world of guitar freaks, to classical composers such as Brian Ferneyhough and Karlheinz Stockhausen, creative musicians Anthony Braxton, George Lewis, Leo Smith, jazz players Dave Holland, Steve Lacy and Milford Graves, rock bands Sonic Youth, Fantomas and so many more.

 
17.7.05
 
Image hosted by Photobucket.com A escuta atenta do ep Anima, de Santiago Mingarro, publicado pela netlabel gaúcha Planear Records, criada por Ignacio Marty e Sarah Vacher, deu-me a conhecer um artista argentino dos mais interessantes ao nível do trabalho com ruido electrónico experimental em movimento.

«El papel fundamental que Santiago Mingarro en Anima EP otorga al ruido hace de este el protagonista de una tensión ambiental o paisajística, a menudo muy densa, dirigiendo el discurso. Esta parte primordial en sus composiciones, como un gran trasiego – diríamos de papeles, de objetos o de maquinaria-, se genera a partir de pequeños, pero intensos y de inagotable fuente, impulsos sonoros que encuentran compañía, afianzamiento y raíl revoloteando en torno a melodías palpables y de faz inquietante que dibujan nítidas ondas siderales. Estímulos ruidistas los hay de todo tipo, más profundos, más juguetones, más discretos, más axfisiantes, más aislados, más punzantes, más electrónicos y más desordenados, entrando y saliendo sin previo aviso de una amalgama que guarda en su interior estructuras en continuo movimiento. Rítmicamente, pasamos del enredo a la claridad de algunos fragmentos o elementos que dejan traslucir una tenue luz, simultaneándose en ciertos casos sobre una base generalmente fragorosa. De este artista argentino nos van a asombrar tanto el clima, como las formas y los chispeantes o violáceos colores; encontraremos lejanos puntos de referencia estilísticos en un tecno minimal velado, donde las sutiles y delicadas pulsaciones ganarán y perderán paulatinamente fuerza de intensidad, y reconoceremos ecosistemas selváticos, desiertos granulosos al amanecer y amplias vistas panorámicas más desoladas. Son la morada de un músico que libera su alma batiendo el aire con un enorme saco de íntimos glitches y despampanantes e inauditas vibraciones, explorando a su vez microscópicamente los confines del espacio». - Sarah Vacher

 
 

Lars-Göran Ulander Trio - Live at Glenn Miller Café
Lars-Göran Ulander, saxofone alto;
Palle Danielsson, contrabaixo;
Paal Nilssen-Love, bateria.
A sair na Ayler Records.


 
 

Trio-entidade que une moradores do percurso Chiado-Bica-Telheiras, CAVEIRA tem desinquietado e entediado espectadores, avisados ou surpreendidos, pela Grande Lisboa e arredores desde o ano de 2003.
A formação é composta por Joaquim Albergaria (toca bateria, canta nos Vicious 5, era straight, agora bebe cerveja da garrafa), Rita Vozone (toca guitarra, faz pins, chateia-se) e Pedro Gomes (toca guitarra, escreve, chateia-se). Editaram recentemente o CD-R «África», álbum de free rock improvisado a apontar para o solo eterno (Hendrix em eclipse contínuo), riffs antológicos em constante desintegração e Keith Moon-ismos revistos à luz do brainstorm de Lisboa 2005. Influências discerníveis podem ser encontradas nos Blue Cheer de «Vincebus Eruptum», em «Black Woman» de Sonny Sharrock, RTX, Albert Ayler ou na circularidade do Herbie Hancock de «Sextant». Três vozes deslocadas em inexplicável simbiose rock.

CAVEIRA - Quinta-feira, 21 de Julho, 23h00. Na ZdB.

 
15.7.05
 
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«Se Frank Zappa fez com que os adeptos do rock ouvissem jazz e música contemporânea e pôs os amantes de Ornette Coleman e de Varése a bater o pé com “Overnight Sensation”, John Zorn, um seu continuador no que às colagens de géneros e estilos diz respeito, conseguiu ainda maior proeza com os Naked City: levou os “headbangers” do speed e do death metal a ouvirem be bop e free jazz e os amantes destes a verificarem que na música binária o virtuosismo instrumental pode ser uma condição e uma necessidade. Os anos 1990 muito devem a este saxofonista e compositor que procurou aplicar a vertigem e a velocidade da música para desenhos animados em tipos de abordagem que procuraram reflectir o “short attention span” próprio da vida urbana contemporânea, sendo os seus Naked City a melhor expressão desse propósito. A caixa “Complete Studio Recordings” reúne todos os discos de estúdio do sexteto, o equivalente a cinco horas e meia de audição – “Naked City”, “Torture Garden”, “Heretic”, “Grand Guignol”, “Leng Tch’e”, “Radio” e “Absinthe” –, mas não tal como eles foram originalmente lançados: remisturou-os, alterou-lhes pequenos e grandes pormenores, puxou-lhes o som para cima, remasterizou-os, trocou a ordem das faixas. Nas próprias palavras de Zorn, estes são os Naked City “como sempre deveriam ter sido ouvidos”. Enquanto bónus, surge uma longa versão de “Grand Guignol” com a voz de Mike Patton (Fantômas, ex-Mr.Bungle e ex-Faith No More). Juntamente vem um livro com as imagens e os grafismos das edições originais, fotos do grupo e pequenos textos dos seus elementos (Fred Frith, Bill Frisell, Wayne Horvitz, Joey Baron, Yamatsuka Eye ou Patton além do líder) e de outros nomes da música dos nossos dias que têm acompanhado a saga desta emblemática figura da cena “downtown” de Nova Iorque, como Sean Lennon, Otomo Yoshihide, Eyvind Kang, Mick Harris e Marc Ribot. Das miniaturas em forma de grito ouvidas em “Naked City” e “Grand Guignol” (que juntas deram origem ao álbum “Torture Garden”, publicado no Japão) às interpretações de autores “clássicos” contemporâneos também em “Grand Guignol”, passando por situações de “lounge music”, rhythm and blues, jazz harmolódico, bluegrass, punk-funk e o mais que se possa imaginar espalhadas por todos estes títulos, está aqui muito do melhor que o último “fin de siécle” teve para dar». - Rui Eduardo Paes
Naked City - Complete Studio Recordings (Tzadik/AnAnAnA)

 
14.7.05
 

Discretamente, há tempos chegou pelo correio Be Music, Night, o novo disco do Chicago Tentet de Peter Brötzmann, proto-big band com que o soprador alemão tem vindo a trabalhar desde 1997.
Relativamente às anteriores formulações do Tentet (The Chicago Octet/Tentet; Stone / Water; Short Visit To Nowhere; Broken English; Signs e Images), Be Music, Night apresenta um novo desenho conceptual sob a forma de suite em três partes, inspirada na poesia beat e surrealista de Kenneth Patchen, dita pelo actor Mike Pearson sobre fundo musical apropriado.
Palavras como música, a voz um instrumento mais, com total prevalência do conjunto. Não quer isto dizer que a rapaziada não faça o gosto ao dedo aqui e ali, ai isso faz. Poderia lá ser de outra maneira, num viveiro em que habitam Mats Gustafsson, o primeiro a dar um ar da sua imensa graça, Fred Longberg-Holm, Ken Vandermark e outros seis garbosos mestres da improvisação actual. Houve entradas e saídas, Hamid Drake deu lugar a Paal Nielssen-Love, Mars Williams tirou uma sabática. A rotatividade do pessoal tem sido uma constante desde o início. Por ele passaram William Parker, Toshinori Kondo, Roy Campbell, Mangus Broo, Per Ake Holmlander ...
Be Music, Night é daqueles discos que permanecem opacos à primeira demão, do tipo que só se começa a revelar lá para a quarta ou quinta audições, assim que o nevoeiro começa a levantar e a descobrir o brilho dos metais em toda a linha. Sem exageros, Be Music, Night é vintage Brötzmann. Tem é que se lhe dar tempo para crescer. Voltarei a falar dele lá mais para a frente, quando amadurecer bem.
Brötzmann Chicago Tentet: Peter Brötzmann / Mats Gustafsson / Ken Vandermark / Joe McPhee / Jeb Bishop / Fred Lonberg-Holm / Kent Kessler / Paal Nilssen-Love / Michael Zerang / Mike Pearson.
Peter Brötzmann Chicago Tentet - Be Music, Night (Okka Disk, 2005)

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Ron Anderson & PAK...


 
13.7.05
 
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No Jazz Op Vier, segunda parte de um concerto de estalo do trio do pianista norte-americano Uri Caine, com Drew Gress, contrabaixo e Ben Perowsky, bateria. Gravação ao vivo no Bimhuis, Amsterdão, em 15 de Abril de 2005.
Alinhamento: 1. On Green Dolphin Street (Kaper); 2. Cheek to Cheek (Irving Berlin); 3. Most Wanted (Uri Caine); 4. Nefertiti (Wayne Shorter); 5. Go Deep (Uri Caine); 6. BIM (Caine/Gress/Perovsky).


 
12.7.05
 
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METASONIC.LX
De 14 a 16 de Julho 21:00 Goethe Institut Campo dos Mártires da Pátria, 37 Lisboa

14 de Julho
21:00 antónio josé ferreira paisagens electroacústicas conferência/difusão
22:00 andré gonçalves resonant objects instalação/performance
23:00 carlos santos/joão silva crossing points performance com projecção vídeo
15 de Julho
21:00 miguel cabral bin varactor instalação/performance
22:00 rui costa sightseeing for the blind performance
23:00 emídio buchinho punkt performance intermedia
16 de Julho
21:00 nuno rebelo/vítor rua surf faces performance
22:00 vítor joaquim kwertying zapruder performance com projecção vídeo
23:00 @c + lia 30x1 performance com projecção vídeo


 
 
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Bill Dixon (80 anos em Outubro próximo) é um artista de fina percepção. Constrói o corpo sonoro em movimento estratificado. O som e o seu reflexo, articulados pelas modulações dos contrabaixos e da percussão.
Bill Dixon, Barry Guy, William Parker e Tony Oxley - quatro artistas, quatro visões de esforço comum. Música para ser sentida e pensada. Ao serão, por exemplo.

«Vade Mecum was done in 1993. That was a quartet. That was a situation that I had been involved with. I finally finished with the usage of that instrumentation. I don't play that much anyway. And it is very difficult to keep musicians together long enough to understand their roles in that situation. Tony Oxley and I have been working together for a few years now. Everything should be approached from a standpoint that they don't merely listen to the instruments, but to the ideas that you are trying to project. Tony is a superb percussionist, a remarkable percussionist. That was a very good recording. Everyone knows how much I like using two basses. I have been playing the trumpet now since 1946. While my earlier work was certainly in the range of the vernacular, Vade Mecum show you how I feel about music and what I attempt to do.» – Bill Dixon

 
 
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Chega o verão e com ele – nunca chegarei a saber porquê – uma estranha inclinação para ouvir mais intensamente a obra desse excêntrico, cacofónico, bizarro dadaísta - o cavernoso Captain Beefheart & His Magic Band. Passo em revista uma série de álbuns da minha devoção, com paragem obrigatória em Trout Mask Replica, formato cd, remasterização do lp duplo que à força de tanto tocar, sofreu danos irreparáveis.
Trout Mask Replica, caos organizado e experimentalista, feito essencialmente de blues corrompido, garage rock abastardado, r&b e free jazz, grandioso e patético ao mesmo tempo, é daqueles discos ásperos que dá grande prazer ouvir vezes sem conta, durante anos. Há 30 que sou viciado nisto. Quem ouviu e conhece bem as histórias de Don Van Vliet and his Magic Band sabe do que falo. Arranjos de Captain Beefheart e produção de Frank Zappa. Fast 'n' Bulbous... .

 
10.7.05
 
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O remédio é forte, sem dúvida. Peter Brötzmann (saxofones tenor e alto, clarinete e tarogato), o ícone alemão do free jazz/improv gravou pela quarta vez com os escandinavos Peter Friis Nielsen, em baixo eléctrico, e Peeter Uuskyla, bateria. Noise of Wings, Flying Feathers, Live at Nefertiti’s, e, em 2003, Medicina, primeira edição Americana (Atavistic, 2004) de um dos mais carismáticos power trios do free jazz actual.
Intenso, Medicina, ao longo dos seus 8 temas (é verdade, desta vez não é uma hora seguida...), intervala ferocidade com momentos mais calmos, quase líricos(?!), embora a marcha seja dura e difícil durante a maior parte do caminho. Brötzmann continua cheio de força propulsiva e não faz concessões.
A melhor parte está reservada para o fim do disco (Hard Times Blues). Quem disse que Brötzmann não toca blues, inspirado e cheio de emoção?
«There is not too much time to talk about it while you better play it, guts out, music as life security, as a daily spoonful of strong kicking medicine - and you may be able to handle reality» - Peeter Uuskyla.

 
9.7.05
  Jimmy Giuffre, The Train and The River

Remexendo no baú das velhas glórias de um passado recente, deparo-me com The Train and The River, de Jimmy Giuffre, disco em trio com o contrabaixista Kiyoshi Tokunaga e o baterista Randy Kaye. Giuffre, saxofone tenor, clarinete e flautas, assinou os nove originais do disco, gravado em 25 de Abril de 1975 e originalmente publicado pela Choice.
Este trio é diferente dos famosos drummerless trios, primeiro nos anos 50, com guitarra e contrabaixo (os Jim Hall e Atlas / Ralph Pena / Barre Phillips, e Bob Brookmeyer, o trombonista que ocupou a vaga dos contrabaixistas); e depois, em 1961, com o pianista Paul Bley e o contrabaixista Steve Swallow, com quem gravou o seminal Free Fall e explorou intensamente correntes estéticas próximas da third stream.
O disco abre com o tema que Jimmy havia composto e publicado anteriormente e que dá título ao álbum, com o líder em clarinete. Em Elephant, outra das antigas sob a forma de blues de tons escuros, J. Giuffre põe de lado o clarinete e agarra o sax tenor com força, puxando pelos rapazes do contrabaixo e da bateria. Segue-se Tibetan Sun, que dá lugar a um Giuffre doce, em sonhos de flauta. The Listening mantém a flauta acesa e regulada para tonalidades orientais, por entre um groove sinuoso de baixo e bateria. Ambiente que prossegue em River Chant, bateria e marimba de Randy Kaye a combinar na perfeição com os arabescos do clarinete. The Tide is In é uma reflexão sobre as coisas da vida e da morte. Soa a invocação de espíritos ancestrais. Tree People retoma o som da flauta, em alegre dança com as cordas e a percussão. A flauta baixo transforma Om num dos temas mais espiritualmente profundos do disco. Celebration arranca o ouvinte à meditação e transporta-o para a dança, fechando o círculo em tons de festa. Depois de The Train ... Jimmy Giuffre só voltaria aos discos como líder quase oito anos mais tarde, com Dragonfly (Soul Note, 1983).
The Train And The River é um bonito exercício lírico sobre os aspectos mais impressionistas do jazz, exemplo feliz do jazz West Coast livre da formatação rítmica e harmónica habitual. O meu exemplar é uma reedição em CD da Candid, Londres,1996.
Jimmy Giuffre - The Train and the River (Candid)


 
8.7.05
 
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Próximos lançamentos da Atavistic / Unheard Music Series:

Last Exit - Köln (Atavistic / UMS)
Peter Brötzmann (saxofone tenor), Sonny Sharrock (guitarra), Bill Laswell (baixo), Ronald Shannon Jackson (bateria). Reedição do original de 1986.

Sirone - Sirone Live (Atavistic / UMS)
Sirone (contrabaixo), Claude Lawrence (saxofone alto), Dennis Charles (bateria). Reedição do original de 1991.
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7.7.05
 
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«In tomorrow's world, men will not need artificial instruments such as jets and space ships. In the world of tomorrow, the new man will 'think' the place he wants to go, then his mind will take him there» - Sun Ra, 1956

If you find earth boring
Just the same old same thing
C'mon sign up with
Outer Spaceways, Incorporated


Space is the Place...

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O blog de Taranjit Singh anuncia:

Taran's Free Jazz hour
special 12-hour marathon free jazz jamboree
16 July 2005, from 13:00 to 01:00


Para mais informações é favor ir a www.tfjh.blogspot.com


 
 
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Drew Gress, Ralph Alessi, Tim Berne, Tom Rainey e Craig Taborn. Músicos fantásticos em qualquer parte do mundo. Até faz impressão. Com monstros destes tinha que sair obra. 7 Black Butterflies, na Premonition. Tudo o que interessa saber está na página de Drew Gress, o contrabaixista.


 
 
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Umlaut Records. Recentemente fundada em Estocolmo, Suécia, com o objectivo de divulgar música improvisada e experimental. Editou dois discos: um, do novo trio do saxofonista Gary Thomas, com Joel Grip em contrabaixo e Devin Gray, bateria. O trio chama-se Corpulent e o disco Wolfwalk. A segunda edição da Umlaut (os dois pontinhos que se usa em Alemão e outras línguas - o trema) é de um interessante quarteto sueco-americano, The Jolly Boat Pirates. Niklas Barnö, trompete, Devin Gray, bateria, Joel Grip, contrabaixo e Lars Åhlund, saxofone. Ambos os discos filiam-se em estéticas aparentadas ao free jazz, misturadas com outras liguagens, em permanente transformação.


 
 
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Até há pouco tempo o nome Contemporary Jazz Quintet não me dizia nada, tirando o simples facto de me remeter para algo que me ressoava vagamente a jazz nórdico, sem o referenciar a um país em concreto, a um dado estilo ou época. Há cerca de dois meses, travei conhecimento pessoal e directo com Actions (1966-67), o primeiro de três álbuns gravados pelo Contemporary Jazz Quintet, graças aos inestimáveis esforços de John Corbett e do seu projecto Unheard Music Series/ Atavistic, de trazer hoje à superfície obras discográficas do jazz de vanguarda dos últimos 40 anos, gravadas e nunca publicadas, ou esgotadas e jamais reeditadas.
Actions é um disco fascinante que regista o que de melhor se fez em meados da década de 60 em matéria de free jazz europeu, fotografia nítida de uma época em que um pouco por toda a Europa e em particular nos países nórdicos (o quinteto é dinamarquês) se sucediam as ondas de choque provocadas pela revolução de Albert Ayler. Na verdade, a matriz principal do som do Contemporary é o free americano que se tocava em Nova Iorque por aquela altura, estilo que o quinteto aborda numa perspectiva da free music europeia, algures entre as estéticas da norte-americana ESP e da alemã FMP.
Para além do jogo de timbres e texturas entre a trompete de Hugh Steinmetz e o saxofone alto de Franz Beckerlee, sustentados no som quente do contrabaixo de Stefan Andersen e pontuados pela percussão murrayana de Bo Thrige Andersen, baseada em longas ondas rítmicas, é especialmente digno de nota o trabalho de Niels Harrit com serra e arco. Este instrumento possui uma capacidade expressiva diminuta, mas Harrit consegue marcar a agenda sonora por entre as voltas dos sopros, criando ambientes de rarefacção entre o sinistro e o cómico.
Actions não trás consigo nada que não tivesse sido ouvido antes e com melhores resultados. Além do intrínseco valor documental, que permite conhecer melhor a geneologia da New Thing, tem especial interesse para os amantes da livre-improvisação.
The Contemporary Jazz Quintet - Actions 1966-67 (UMS/Atavistic)


 
5.7.05
 

Rafael Toral no Musa Lusa, o programa de rádio semanal que promove a música e os músicos portugueses em Londres, através da Resonance 104.4 FM, The Art of Listening.

MUSA LUSA 47

Theme: Rafael Toral (part 1)

Rafael Toral is a musician and artist. Born in Lisbon in 1967, he has been performing live since 1984. Having attempted to study music, he realized his path was one of exploration and discovery, to which conventional music teaching was irrelevant. He learned acoustics, electronics and music writing, having started to write music on paper after his former fascination with graphic scores. In 1994, Wave Field determined a shift in composing methods, taking from then on sound itself as the basic matter for all music, thus rendering his work unwriteable. Considered later in the 1990's by the Chicago Reader to be "one of the most gifted and innovative guitarists of the decade", he has been working on the possibilities of ambient music (variable attention listening process) and improvisation with higher levels of risk (using instruments or systems that behave in unpredictable ways), among other things.
Developing solo work since 1987, with a strong focus on how sound phenomena, ambient sound and artistic fruition are inter-related and weaving a unique blend of references such as ambient, rock, chance and improvisation, Toral recorded several solo CDs, two with the MIMEO orchestra and two with No Noise Reduction, an experimental project with long time friend and collaborator Paulo Feliciano. He has performed throughout Europe, Japan, Canada and extensively in the USA, as well as with Sei Miguel, Phill Niblock, Rhys Chatham, John Zorn, Thurston Moore, Dean Roberts, Christian Fennesz, Lee Ranaldo, John Tilbury and Jim O'Rourke. He has also produced rock bands (Pop dell'Arte, Tina and the Top Ten, Supernova, Toast, Clockwork), presented video and multimedia installations and recorded music of Phill Niblock and John Cage.
In 1996 Toral collaborated with Rhys Chatham as curator and coordinator for 100 guitarists in Lisbon for his performance An Angel Moves Too Fast To See. In 1998 he participated in the Acqua Matrix show at Lisbon’s Expo’98, collaborating with David Toop and an international creative team, composing a piece for remote-controlled boat horns. Later in this year he becomes a member of the Mimeo orchestra. In 1999, with Paulo Feliciano, built the “white cube”, a light generating device interactive with sound spectrum, and participated as guest in Sonic Youth's record NYC Ghosts and Flowers. In 2000, again with Paulo Feliciano, participated, with the mixed-media installation Toyzone (modified electronic toys, custom relay circuits and multiple sensors), in “Sonic Boom – the Art of Sound”, an exhibition at the Hayward Gallery in London, alongside Christian Marclay, Pan Sonic, Ryoji Ikeda and Brian Eno. In 2003 Toral produced the first Anthology of Portuguese Electronic Music.
Having produced video pieces since 1994, used in both live performances and installations, his visual output has been increasing. His installations usually have an interactive and unpredictable behavior, often using processing of generative feedback systems, such as Toyzone or Echo Room, a piece for delayed feedback random sound filtering, recently installed at the ICC in Tokyo.
Between 2002 and 2004 he operated a radical change in most aspects of his music practice and thinking, launching the so-called Space program - a work program establishing approaches to real-time performance and use of silence new to his past work, and including projects for many live pieces and recordings.

Contacto:
Miguel Santos
Musa Lusa
Calouste Gulbenkian Foundation
98 Portland Place
London W1B 1ET
UK

 
 
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Nice Guys...
Foi este disco que deu projecção "mundial" ao Art Ensemble Of Chicago. Uma ajuda da ECM que deve ter criado enorme estranheza ao consumidor com preferência pelas planuras atmosféricas da marca alemã, aqui confrontado com outro mundo de texturas, ambientes e tonalidades. Uma oportunidade para rasgar horizontes. Primeiro estranha-se ... Lester Bowie, Malachi Favors, Joseph Jarman, Roscoe Mitchell e Famoudou Don Moye - o AEC em 1978.
«Great Black Music: Ancient To The Future»


 
 
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Serralves, Jazz no Parque
Ciclo de três concertos de jazz em Serralves. Abre a 9 de Julho, com a Zé Eduardo Unit - Bruno Pedroso (bateria), Jesus Santandreu (sax tenor), Zé Eduardo (contrabaixo); segue-se, a 16 de Julho, o quinteto da pianista japonesa Aki Takase, com Eugene Chadbourne (voz, banjo), Nils Wogram (trombone), Paul Lovens (bateria) e Rudi Mahall (clarinete, contrabaixo), a tocar música de Fats Waller; e a 23 de Julho, o Julius Hemphill Sextet, liderado por Marty Ehrlich (saxofone alto), com a musa Matana Roberts (saxofone alto), Andy Laster (saxofone alto), J.D. Parran (saxofone tenor), Andrew White (saxofone tenor) e Alex Harding (saxofone barítono).

 
 
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A próxima edição (12ª) do Guelph Jazz Festival, que terá lugar entre 7 e 11 de Setembro de 2005, foi já apresentada ao público e à comunicação social. Concertos debaixo de telha, na rua, parques e jardins, colóquios, conferências, workshops, master classes, painéis, discussões - um manancial de actividades que caracteriza o Guelph - um dos maiores festivais do género, que envolve dezenas de músicos canadianos e internacionais:

The Art Ensemble of Chicago – Great Black Music – Ancient to the Future (USA)
Douglas Ewart, Wadada Leo Smith, Joseph Jarman & Hamid Drake (USA)
Roscoe Mitchell & Pauline Oliveros (USA)
René Lussier & Eugene Chadbourne (Quebec/USA)
Ingrid Monson, Keynote Speaker (Harvard University)
Satoko Fujii, Mark Dresser, Natsuki Tamura & Jim Black (Japan/USA)
Veryan Weston (UK)
Sticks and Stones (with Matana Roberts, Joshua Abrams & Chad Taylor) (USA)
Pierre Cartier's "Chansons de la belle espérance", with J.Derome, B. Falaise, T. Walsh, J. René P. Tanguay (Quebec)
Supersilent (Norway)
Yitzhak Yedid Trio (Israel)
André Duchesne, Jean René & Pierre Tanguay (Quebec)
LaConnor (with François Houle, Jesse Zubot & Jean Martin) (BC/Ontario)
Nicole Mitchell & the Black Earth Ensemble (USA)
Fire Into Music (with Steve Swell, Jemeel Moondoc, William Parker & Hamid Drake) (USA)
Ensemble Pierre Labbé (Quebec)
Cosmologic (USA)
Lori Freedman (Quebec)
Joel Miller Group (Quebec)
Gordon Monahan & Jesse Stewart (Germany/Ontario)
Gordon Allen’s Powerbuch (Quebec/Ontario)
Tony Wilson Sextet (BC)
Rob Clutton (Ontario)
Marshall Allen, John Oswald, Scott Thomson, Doug Tielli (Saturn/Ontario)
Rainer Wiens and Follow Follow (Quebec)
Paul Cram Sextet (Nova Scotia)
Évidence Trio (Jean Derome/Pierre Cartier/Pierre Tanguay) (Quebec)
La Fanfare Pourpour (Quebec)
Luluk Purwanto and the Helsdingen Trio (Holland/USA)
Miriodor (Quebec)
Burn Rome in a Dream (Ontario)

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Jazz em Agosto / Jazz in August


 
 
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A edição do PÚBLICO de hoje noticia a morte, aos 77 anos, do contrabaixista francês Pierre Michelot, ocorrida no passado domingo. Michelot, um dos maiores da disciplina, tocou com grandes figuras do jazz mundiais, como Miles Davis, Thelonious Monk, Lester Young e muitos outros.

Diz a Associated Press:
«Jazz bassist Pierre Michelot, who recorded with Miles Davis and arranged music for Chet Baker, has died, a fellow musician said Monday. He was 77. The bass player, who suffered from Alzheimer's disease, died in Paris on Sunday, said pianist Rene Urtreger, a member of Michelot's longtime jazz trio, HUM.
Michelot played with Davis on one of the great soundtracks of the 1950s, for Louis Malle's classic thriller Ascenseur pour L'Echafaud (Elevator to the Gallows). He recorded with artists including Stan Getz, Dizzy Gillespie, Bud Powell, Kenny Clarke and Django Reinhardt, and he arranged music for Baker's 1955-56 Barclay sessions in Paris. Michelot was considered Europe's best jazz bassist in the second half of the 1950s.
Originally trained in classical piano, Michelot learned bass as a teenager, then performed for American troops stationed in France after the end of the Second World War. He was highly sought-after for concerts by American musicians in Paris in the postwar years. Michelot had a role in French director Bertrand Tavernier's 1986 film Round Midnight, about a musician on the skids in 1950s Paris».

 
4.7.05
 
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Essencial? Difícil de encontrar? A resposta é sim à primeira pergunta e não à segunda. No segundo caso, porque o disco foi reeditado (em LP, note-se). No primeiro, porque se trata de um disco importantíssimo de Pharoah Sanders na Strata East (Dolphy Series). Gravado em 1969, com Sonny Fortune, Sonny Sharrock, Lonnie Liston Smith, Leon Thomas, Cecil McBee, Chief Bey, Billy Hart e Howard Johnson, Izipho Zam (My Gifts) é disco para emparceirar bem com os Impulse! que Pharoah gravaou na mesma época.
1.Prince of Peace (Sanders) 8:52; 2.Balance (Sanders) 12:42; 3.Izipho Zam (Sanders) 28:52
Pharoah Sanders - Izipho Zam (Strata East, 1973)


 
 
«UM TOQUE DE JAZZ»
Um programa de Manuel Jorge Veloso (Antena 2)
Domingos - 12.00 às 13.00 / Quintas (rep.) - 22.00 às 23.00
_______________________________________________________________
JULHO
> 03.07.05 (e 07.07.05) – Concertos europeus (1) – Hoje: O duo Uri Caine (piano, EUA) – Paolo Fresu (trompete, Itália), num concerto realizado em 03.04.04 no Cully Jazz Festival (Suiça). Gravação cedida pela Eurorádio.
>10.07.05 (e 14.07.05) – Concertos europeus (2) – Hoje: o trio de Jef Neve (piano, Bélgica) com o convidado especial Bert Joris (trompete, Bélgica), num concerto realizado em 30.04.04 no Centro Cultural De Werf, em Bruges (Bélgica). Gravação cedida pela Eurorádio.
>17.07.05 (e 21.07.05) – Concertos europeus (3) – Hoje: o quarteto do saxofonista eslovaco Milo Suchomel, com Klaudius Kovac (piano), Stefan Bartus (contrabaixo) e Marian Sevcik (bateria), num concerto realizado em 26.03.04 nos estúdios da rádio eslovaca (Bratislava). Gravação cedida pela Eurorádio.
>24.07.05 (e 28.07.05) – Concertos europeus (4) – Hoje: o trio do pianista franco-americano Jacky Terrasson, com Sean Smith (contrabaixo) e Gerald Cleaver (bateria), num concerto realizado em 08.06.03 no Inntoene Jazz Festival em Diersbach (Áustria). Gravação cedida pela Eurorádio.
>31.07.05 (e 04.08.05) – Concertos europeus (5) – Hoje: o trio do pianista sueco Lars Jansson, com Christian Spering (contrabaixo) e Andrs Kjellberg (bateria), num concerto realizado em 24.10.03 no Festival de Jazz de Umeå (Suécia). Gravação cedida pela Eurorádio.

Entretanto, para Agosto, desde já se anunciam (entre outros) concertos pelo trio do pianista Bojan Zulfikarpasic e pelo Vandermark 5.


 
 
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METASONIC.LX
De 14 a 16 de Julho 21:00 Goethe Institut Campo dos Mártires da Pátria, 37 Lisboa

14 de Julho
21:00 antónio josé ferreira paisagens electroacústicas conferência/difusão
22:00 andré gonçalves resonant objects instalação/performance
23:00 carlos santos/joão silva crossing points performance com projecção vídeo
15 de Julho
21:00 miguel cabral bin varactor instalação/performance
22:00 rui costa sightseeing for the blind performance
23:00 emídio buchinho punkt performance intermedia
16 de Julho
21:00 nuno rebelo/vítor rua surf faces performance
22:00 vítor joaquim kwertying zapruder performance com projecção vídeo
23:00 @c + lia 30x1 performance com projecção vídeo
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14 de JULHO
21:00 antónio josé ferreira - paisagens electroacústicas conferência/difusão

Conferência com difusão de algumas obras do autor. De maneira geral, o ruído acústico é definido como som indesejável, subproduto resultante das várias actividades que ocorrem durante o normal funcionamento de uma sociedade. Exemplos típicos são os vários sons de origem mecanica num estaleiro, um comboio ou viaturas passando perto de uma casa, música com níveis elevados produzida por um vizinho ou até o súbito tocar do telefone à noite. Todos estes sons podem ser designados como “ruído”, mas esta simples afirmação é insastifatória. Uma definição em termos de acústica do ruído deve ser objectiva e incondicional, utilizando o vocabulário da física e respectivas ferramentas matemáticas para descrever o ruído quer no domínio do tempo como no da frequência. Estes dois domínios são muito importantes para a acústica, enquanto disciplina científica. No entanto, podemos considerar um terceiro domínio, mais ligado à estética musical, que descreve como o ruído é empregue como matéria musical e como um compositor o distingue de outros sons.

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22:00 andré gonçalves resonant objects instalação/performance

Estreado em Março passado na Experimental Intermedia Foundation, em Nova Iorque, Resonant Objects parte da uma ideia que passa pela criação de micro-ambientes, espaços propositadamente herméticos, onde procuro abordar vários fenómenos físicos directamente, ou não, relacionados com a audição, deixando ainda espaço para a intervençãodetecção de estímulos do observador.
Para este projecto parti da ideia de aproximar o som e o espaço através de um fenómeno físico, sendo o som usado como um meio para excitar o espaço que é escutado, som gerando mais som através do espaço. O som que acabamos por ouvir está intrinsecamente ligado às características espaciais de um objecto, às suas forma, dimensões e material, mas também com a arquitectura do site-specific e suas características acústicas enquanto albergue para o objecto.
Em paralelo com o processo sonoro, a componente visual actua como monitor da direcção da performance, guiando o espectador e revelando o seu funcionamento.

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23:00 carlos santos/joão silva crossing points performance com projecção vídeo

Como o próprio título indica, Crossing Points baseia-se nos pontos geográficos de travessia sobre o rio Tejo, na ponte/fluxo social e cultural que existe entre Lisboa e Almada. Duas cidades que se desenvolveram juntas nas últimas décadas do séc.XX e que se encontram “aparentemente” separadas pelo Tejo, fronteira natural mas também veículo de informação histórico biunívoco, testemunha silenciosa de crescimento populacional e catalizador de transformação paisagística.
Este projecto procura reflectir uma determinada carga simbólica, que se efectua na travessia do Tejo, acima de tudo maríitima, através de uma sistematização na recolha de materiais sonoros e visuais junto aos pontos de ligação entre as duas cidades, nomeadamente os cais marítimos, as pontes, as suas estruturas de apoio, os veículos, as pessoas que diariamente as utilizam, criando assim numa primeira etapa a contextualização do material recolhido, para posteriormente efectuar uma aproximação de cariz mais poético, na manipulação dos sons e das imagens, procurando acentuar assim a justaposição de uma ideia sonora e outra imagética de fronteira, transposição, disseminação, contraste e fluxo permanente e invisível, carregadas de história e memória, “site-especific”.

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15 de JULHO
21:00 miguel cabral bin varactor instalação/performance

Bin Varactor é um duelo entre homem e máquina. O operador (Miguel Cabral) controla a energia que alimenta os diversos mecanismos que compõem a máquina e esta riposta com a imprevisibilidade dos seus comportamentos face às interrupções abruptas de electricidade, aos sobreaquecimentos, etc.
A máquina é um aglutinado de pequenos motores, electrodomésticos, brinquedos adaptados, gravadores e altifalantes, e apresenta-se, no seu todo, como a fonte exclusiva de som. A acção do operador resume-se à manipulação de interruptores eléctricos. Quanto ao título da instalação: “Bin” vem de binário e faz referência aos “ons” e “offs” da corrente eléctrica que alimentam os mecanismos; “Varactor”
vem de um termo utilizado em electrónica para determinados diodos usados na sintonia de televisores, por exemplo, e para Variable Reactor. Diz Miguel Cabral: “O nome soa mal que se farta (parece mau de uma fita reles de ficção científica, ou um afilhado do Bin Laden...), mas gosto da ideia que está por trás. E também por soar mal que se farta.”

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22:00 rui costa sightseeing for the blind performance

A experiência turística de massas baseia-se numa relação superficial, pré-formatada e essencialmente visual com o lugar. O turista quer saber de antemão o que merece a pena ser visto e que tipo de experiência ele deve esperar. A experiência turística não é mais do que uma _encenação de autenticidade_.
E como é que este tipo de experiência turística se pode traduzir para o domínio sonoro? Será que o cariz imersivo e o poder sugestivo do som podem aportar ao turista uma relação menos superficial, mais imprevisível com o lugar? É sobre estas questões que este projecto lidará. O que Rui Costa se propõe fazer é vestir a pele de um turista seguindo religiosamente os itinerários pedestres descritos no seu guia. Em vez de uma câmara fotográfica, leva um microfone binaural com o qual vai registando os ambientes sonoros da Lisboa pitoresca. O material gravado será manipulado ao vivo de forma a construir um “postal sonoro improvisado” da cidade de Lisboa.

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23:00 emídio buchinho punkt performance intermedia

Do silêncio surge um som. Uma partícula de nada. Uma unidade autónoma, com uma ressonância própria e uma pulsação interior que lhe dão uma força concêntrica e uma estabilidade que o sustentam no espaço.
Do negro surge um ponto de luz branca. A sua concentração pode explodir em múltiplos pontos, que tomam várias direcções; repetem a unidade; criam ritmos; fazem nascer linhas.
Filigrana.
Assistimos à passagem de um momento estático a um movimento dinâmico de sons e imagens, de pontos e de linhas, com uma força vital e brutal. Geram-se tensões que aumentam de intensidade numa construção excêntrica. Criam-se repetições e sustentações do ponto até à exaustão.
A intensidade de forças externas ao ponto, origina a modulação das suas repetições.
Surgem ritmos nos materiais sonoros e visuais.
Sinais de referência audio. Frequências puras. Códigos de Morse. Ruído branco, Interferências de rádio e televisão. Sinais telefónicos. Ruídos de cabos audio. Sons de motores, máquinas e aparelhos electrónicos. Ruído de baixa voltagem. Radar. Dither. Ruído verde…
Sinais de vídeo. Barras de côr. Grão fotográfico. Códigos de barras. Lixo televisivo. Contadores de timecode. Luz de néon. Resíduos de filme. Relógios de tempo absoluto. Ruído de imagem. Pixel. Poeiras cósmicas…

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16 de JULHO
21:00 nuno rebelo/vítor rua surf faces performance


Nuno Rebelo e Vítor Rua colocam de parte os seus habituais instrumentos – as guitarras – para se dedicarem à produção de materiais sonoros de carácter concretista através da utilização de superfícies amplificadas constituídas por diversos materiais (madeira, metal, acrílico ou cerâmica). A acção musical produz-se
sobre essas superfícies na forma de micro-eventos sonoros que, através da amplificação por contacto, se revelam a quem ouve do mesmo modo que um microscópio revela, a quem por ele olha, micro-organismos invisíveis a olho nu.

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22:00 vítor joaquim kwertying zapruder performance com projecção vídeo

Kwertying Zapruder é um ensaio com base na exploração sonora e visual dos 486 fotogramas Super 8 do assassinato de J. F. Kennedy, filmados por Zapruder.
A exploração sonora é feita a partir da análise pictórica dos momentos mais importantes do filme e da posterior conversão e transposição para som desses mesmos fotogramas, ficando parte desta operação “a cargo” de um programa informático desenhado especificamente para o efeito. A exploração visual é feita igualmente a partir dos mesmos fotogramas que transformados por processamento diverso,
atingem por vezes o plano do irreconhecimento total, muito à semelhança da informação que nos chega via “história dos factos”.
Este projecto fala do dito não dito, do visto não visto, trata da desinformação e equaciona a validade do conceito “facto”. Kwertying Zapruder baralha os dados e confunde os factos, quando fala da impossibilidade comunicativa que é a própria necessidade de gerar informação. Kwertying ZApruder vive de um soundScape
fantasmagórico criado por Zapruder que paira no ar desde 1963 e que jamais será apagado da memória da humanidade, não tanto pelo que diz ou mostra, mas mais pelo que não diz e esconde.

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23:00 @c + lia 30x1 performance com projecção vídeo

O projecto em elaboração 30x1 (título provisório) é composto por uma série de unidades independentes que são articuladas temporal e espacialmente de forma dinâmica durante toda a duração da instalação, criando uma composição complexa e plural, com múltiplos níveis de leitura. Não se pretende no Metasonic.LX
apresentar a peça - que não estará ainda concluída por essa altura -, mas sim apresentar uma performance que faça uso dos objectos áudio, visuais e audiovisuais produzidos para esta instalação como matéria prima para a construção de todo o espectáculo. As matérias sonoras partem de elementos tais como o vidro e instrumentos acústicos de percussão.

METASONIC.LX

> Bilhetes à venda na AnAnAnA e na Trem Zul, em Lisboa. Também no Goethe Institut (Campo dos Mártires da Pátria, 37) na altura dos concertos.


 
3.7.05
 
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A 7ª edição do festival MUSA chegou esta madrugada ao fim com o concerto da banda de Sly Dunbar e Robbie Shakespeare (Sly & Robbie, The Rhythm Twins), membros fundadores do mítico Black Uhuru. À volta da meia-noita, e durante mais de duas horas, a dupla mais famosa do reggae jamaicano + Taxi Gang feat. Bunny Rugs, fizeram trepidar o terreiro onde às quintas-feiras se realiza a feira de Carcavelos. Grande concerto, que mostrou o passado, o presente e o futuro do reggae, drum’n’bass e dub, organizado pela Criativa, associação juvenil com fins não lucrativos sediada em Carcavelos e «empenhada na promoção de eventos culturais e lúdicos para a juventude da área da Linha de Cascais».
O MUSA, ao fim de 7 anos de existência, confirma ser um sucesso completo em termos de organização, escolhas musicais, qualidade sonora e luminotécnica e, fundamentalmente, em participação de público. Sucesso tanto maior quanto o escopo fundamental da sua realização é o de promover bandas amadoras, cujo interesse aumenta com a inscrição de formações de renome internacional, como é o caso de Zion Train Soundsystem e de Sly & Robbie. O festival ganha ainda vantagem sobre outros nos preços, com o bilhete para dois dias a custar € 6, e dia único a € 4 o ingresso. Cerveja a € 1... . Pechincha a servir de exemplo à escassa barateza que por aí vigora.
No sábado, dia de encerramento, antes de Sly & Robbie, entre outras bandas (Poormanstyle, reggae nacional esforçado e honesto nos seus intentos, Ummadjam, jazz-rock-fusion escorreito e competente mas a precisar de rodar mais e de se libertar de alguns clichés), assisti à actuação de [reckless], um power trio do Porto com imenso talento para improvisar, som cheio e elevado potencial para entusiasmar a audiência. Rock’n’roll à séria e sem rodriguinhos. Ao todo, cruzados vários géneros, foram seis horas consecutivas de boa música. Parabéns à Criativa que bem organizou mais uma edição do MUSA. Para o ano, a oitava - ainda melhor.

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