Em 2000, o pianista norte-americano Noah Rosen estreou-se tardiamente com «Trips, Jobs and Journeys» na Cadence Jazz Records, pela mão do produtor Bob Rusch. Como Mal Waldron, Noah Rosen vai o núcleo dos blues e extrai-lhes a essência, com conta, peso e medida. Aluno de Bill Dixon e de Milford Graves, a aproximação estética a Andrew Hill é evidente, qual pupilo que reverencia o mestre sem no entanto o imitar. O próprio Andrew Hill escreveu uma nota para o disco, na qual se diz lisonjeado pelo facto de Rosen o considerar seu mentor e pai espiritual. Além de traços de um Hill porventura mais abstracto, Rosen não enjeita ter ouvido Tristano, Monk e Duke Ellington ao longo do seu percurso formativo, preservando embora traços de uma forte personalidade musical, leveza de escrita e uma execução sem pontos fracos. Quanto à técnica, de entre os vastos recursos sobressai a total independência de mãos, no que faz lembrar a arte de Borah Bergman. O trio completa‑se com o contrabaixista Didier Levallet e o baterista Makoto Sato, escolhas acertadas para fazer sobressair a luminosidade do toque original do pianista de Brooklyn, cuja carreira prossegue em Paris, onde se tem vindo a afirmar como um dos mais interessantes e singulares pianistas do jazz contemporâneo.