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29.9.05
 


JAZZ AO CENTRO - ENCONTROS INTERNACIONAIS DE JAZZ DE COIMBRA - 2ª PARTE
Teatro Académico Gil Vicente e Salão Brasil, Coimbra, 3 - 5 de Novembro de 2005

Romano/Sclavis/Texier


Aldo Romano - bateria
Louis Sclavis - saxofone soprano e clarinete
Henri Texier - contrabaixo

Aldo Romano, Louis Sclavis e Henri Texier, consensualmente, são três das importantes personalidades do jazz francês actual. O trio, enquanto tal, data dos inícios da década de 90, altura em que empreendeu uma viagem à África Central, acompanhando o fotógrafo Guy Le Querrec. Jornada que deu origem a Carnet de Routes (Label Bleu), registo musical das experiências vividas, maravilhoso livro de viagens que este ano celebra 10 anos de edição.
Ao longo do tempo, vários discos e muitos concertos depois, a música de Romano/Sclavis/Texier atingiu um nível de excelência e de perfeição técnica absolutamente fora do comum, quer se aborde a música na perspectiva do individuo, quer se tome o colectivo como referência. Para tal contribui a profunda ligação matricial a África, a terra dos tambores, dos rituais e das celebrações pela música, mas também o Continente onde a aventura humana é mais pungente e sofrida.
As várias viagens ao continente africano (à jornada pela zona central do Continente Negro, três anos depois, seguiu se novo roteiro pictórico-musical pela África do Sul e Oriental), produziram Suite Africaine (Label Bleu) segunda obra temática, que retém, em disco e em fotografia, as profundas impressões recolhidas entre as gentes daquelas remotas paragens.
Este ano viu nascer um terceiro capítulo, African Flashblack (Label Bleu), inspirado nos 30 anos de memórias fotográficas de Le Querrec, com lançamento em finais de Outubro e estreia mundial ao vivo nesta 2.ª Parte do Jazz ao Centro – Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra.
De novo e sempre a imagem musical de uma África fascinante e misteriosa nas suas grandezas e misérias, que inspira e conduz o trio às origens mais profundas do jazz, integrando os ecos dessa memória ancestral com sinais marcantes da modernidade.
É esta compósita realidade euro-africana, síntese bem elaborada de passado, presente e futuro, que transporta a música de Romano/Sclavis/Texier a um patamar único no panorama do jazz europeu.


Alberto Conde Trio

Alberto Conde - piano
Baldo Martinez - contrabaixo
Nirankar Khalsa - bateria


Compositor e pianista de jazz, nascido na Galiza em 1960, Alberto Conde formou-se em guitarra pelo Conservatório de Ourense, sob a orientação do maestro Tomás Camacho. Os primeiros contactos com o jazz, teve-os Conde em Banyoles (Girona), no âmbito de vários workshops organizados pelo Taller de Músicos de Barcelona. A partir de 1980, Banyoles proporcionou-lhe a oportunidade de interagir com Thad Jones, Chuck Israels, Ben Riley, Cláudio Roditi, Steve Brown e outros músicos americanos em trânsito por terras de Espanha.
Depois destes contactos, Conde resolveu estudar e aprofundar aquelas experiências na Califórnia, onde passou a residir e a frequentar a San Diego School of Performing Music. Regressado à Galiza, decidiu partilhar a experiência adquirida, pondo a funcionar uma escola e várias formações de jazz, actividades que foi desenvolvendo em paralelo.
Entretanto, escreveu composições e arranjos para pequenos combos e orquestras, preside à Associação de Músicos de Jazz da Galiza, gravou quatro discos e realizou concertos em Espanha, França e Portugal com o Alberto Conde Trio, que integra o também galego Baldo Martinez (contrabaixo) e o norte americano Nirankar Khalsa (bateria), músicos talentosos e criativos com quem, em 2002, gravou o CD Entremares, co-produzido por Alberto Conde e Baldo Martinez.
O disco reflecte os dotes composicionais do pianista e revela três versáteis executantes com estilos diferentes, atravessados por uma marcante influência da música tradicional, resultando num world jazz de sabor galego (a chamada Muiñeira-jazz).
Conceptualmente, a música de Alberto Conde parte de uma base folk fresca e original, a que se adicionam melodias simples e espaço para a improvisação e experimentação sonora. É esta proposta que Alberto Conde convictamente trás ao Jazz ao Centro/2005.


Fredrik Nordström Quintet

Fredrik Nordström – saxophone tenor
Magnus Broo - trompete
Mattias Ståhl - vibrafone
Ingebrigt Håker Flaten - contrabaixo
Fredrik Rundqvist - bateria


Fredrik Nordström, sueco, nascido em 1974, começou a tocar saxofone alto por volta dos 10 anos. Aprendidas as primeiras notas, frequentou várias escolas de música, até se decidir pela via do jazz, incentivado por mestres como Joakim Milder, Mats Gustafsson, Örjan Fahlström, Bobo Stenson e Palle Danielsson, com quem se relacionou a partir da segunda metade dos anos 90, no Royal University College of Music de Estocolmo.
Em 1998, gravou Urgency, o disco de estreia com o octeto Fredrik Nordström's 08 (Dragon Records, 2000), a que se seguiu o trio com o contrabaixista Palle Danielsson e o baterista Fredrik Rundqvist, em 2001. Em 2002, recebe o prémio Jazz in Sweden, que lhe proporcionou a possibilidade de gravar On Purpuse, o primeiro disco em quinteto, com uma formação idêntica à que vamos poder ver em Coimbra, à excepção do contrabaixista, que em 2002 era Filip Augustson.
Durante a temporada que se seguiu a On Purpuse, o grupo realizou digressões pela Suécia e Finlândia, foi ganhando maturidade e entrosamento, até que se lhe deparou a oportunidade de fazer um périplo pelo Canadá, que chamou a atenção da crítica canadiana e norte-americana. Embalado pelo relativo sucesso entretanto granjeado, Fredrik Nordström, então já com o contrabaixista norueguês Ingebrigt Håker Flaten na formação, abalançou-se ao segundo disco em quinteto, Moment, gravado para a novel editora sueca, Meserobie (2004).
O FNQ, composto por cinco das mais relevantes figuras da música improvisada nórdica actual, e num contexto europeu mais alargado, é um dos grupos em que se pode depositar maior confiança quanto à capacidade de reformulação e rejuvenescimento do jazz. Sobretudo pela maneira inteligente como combina os elementos imediatamente associados à tradição americana, incluindo o continuum pós-ornettiano, com as idiossincrasias da música improvisada europeia. Um certo swing moderno, aliado à liberdade estilística e formal, permitem afirmar que o Fredrik Nordström Quintet bebe do melhor que brota de ambas as fontes.


Michaël Attias Trio

Michaël Attias - saxofone alto
John Hebert - contrabaixo
Takeaki Toriyama - bateria

Tido como um saxofonista que toca com autoridade e paixão, assim que se ouve Michaël Attias é-se de imediato levado a pensar que o qualificativo apontado é inteiramente merecido. Não apenas porque Attias sopra vincadamente, mas sobretudo porque as suas composições comunicam ideias fortes, geradas por uma mente que sabe o que diz e como fazê-lo de forma eficaz e directa.
Temos então um músico completo, enquanto instrumentista e compositor, que além destes pergaminhos, tem ainda toda uma história pessoal que certamente contribui para enriquecer a música que compõe. Nascido de pais marroquinos em Haifa, Israel, em 1968, Attias viveu parte da infância em Paris e a adolescência nos EUA. Aqui estudou com gente tão diferente como Pat Moriarty, Lee Konitz, Alan Silva e Anthony Braxton, e tocou desde duetos à grande orquestra. Outras associações de Attias incluem os nomes de Anthony Coleman, Marty Ehrlich, Ellery Eskelin, Mark Helias, Oliver Lake, Mat Maneri, Tom Rainey e Herb Robertson.
Em 1994, mudou-se para Nova Iorque, onde percorreu o circuito dos clubes e tocou com toda a gente disponível. Chegado o ano de 2005, gravou o álbum Renku (a expressão designa um tipo de poesia japonesa), com um trio homónimo, formado por John Hebert, contrabaixista da Downtown de Nova Iorque, e o japonês Satoshi Takeishi, bateria. A música deste trio, o mesmo que vem tocar à 2.ª Parte dos Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra, com a excepção do baterista, substituído na ocasião por Takeaki Toriyama, situa se no vasto campo de possibilidades entre a escrita musical e a improvisação, explorando sobretudo originais de Attias.
Depois de Renku (Playscape, 2005), na calha, para edição próxima, está um disco com o sexteto CREDO, a sair na editora portuguesa Clean Feed.
Para o concerto dos Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra, o trio propõe-se explorar sobretudo originais do saxofonista, sob a forma de estruturas abertas e flexíveis, que acomodam espaço generoso para a intervenção individual. Pretextos ideais para as after hours do Jazz ao Centro.

Eduardo Chagas




 
  Space 2005 parte 2: festival de música experimental e improvisada


Space é um Festival de Música que procura abordar os novos rumos da música contemporânea, possibilitados pelas vias da experimentação e improvisação, e pelas novas tecnologias digitais. O festival nasceu em 1999, em Coimbra, e é organizado pela Associação Cultural Rock’n’Cave. Face às dificuldades encontradas pelos músicos portugueses em levar ao palco as suas iniciativas mais originais, o Space visa servir de plataforma de ensaio para novas formas e formações musicais, contribuindo para uma melhor divulgação.
Neste momento, o objectivo do Space é juntar uma série de músicos seleccionados individualmente pelos seus percursos e desafiá-los a criar projectos musicais e de entretenimento. Com qualidade e correndo riscos, normalmente apresentando conceitos experimentais e originais.
Resultado disto foram apresentados nos últimos anos vários projectos que consideramos terem potencial para possuirem o seu “espaço” e atenção no panorama nacional:
• Orquestra de instrumentos não convencionais.
• Grupos de música improvisada: Oh!malone, Cheese Cake, Gheegush, Spy Quintet, Tenaz
• Quad Quartet + quarteto de saxofones.
• Zzzzzzzzzzzzzzzzzp! : quarteto de laptops
• Stealing Orchestra, Table Of Random Numbers, In Pro Vision
• Projecto Arzath: música improvisada para filmes de banda desenhada
• PlayStations: jogos de improvisação para big bands
• RadioStations: programas de rádio ao vivo e em edição de autor

Apostando sempre na diversidade e na selecção dos espaços, organizamos concertos em teatros, auditórios, livrarias, galerias, rádios, corredores, barcos, e em diferentes localidades, para irmos de encontro a diversos públicos: Porto, Coimbra, Aveiro, Braga e Lisboa.

Space visto pelos músicos:

“Perguntaram hoje qual era a "filosofia" do Space... entre uma agressão cartesiana e um desprezo socrático, pus-me a pensar que talvez seja no carácter "anónimo" dos músicos que reside a força do Space. A pergunta não me foi dirigida a mim, claro, mas arriscaria essa resposta: nenhum participante empresta um "nome" ao Space; limitamo-nos todos a fazer música, uns com os outros, no ambiente de experimentação que o contexto Space nos proporciona. Voltando aos princípios de tudo isto e ao que diziam os Ohmalone a propósito do que nos propomos a fazer:
A ideia é fazer música. Mais nada. Com o público presente. Tudo em tempo real.
A ideia é fazer música. Fazer mesmo. No momento. Neste, porque no seguinte será outra coisa.
A ideia é fazer música. Experimentando e improvisando. Que não é bem a mesma coisa.
A ideia é fazer música. Com esta (in)certeza só:
Which is more musical? A truck passing by a factory, or a truck passing by a music school? (John Cage)
João Martins
http://joaomartins.blogspot.com/

“The Space Festival has been gathering musicians from different places and backgrounds to combine their musical ideas since 1999. More than a festival that promotes truly independent and improvised music, is a challenge and a motivation for musicians to play and reinvent their own conventions.”
Gustavo Costa
http://www.letsgotowar.com/

Programa (provisório)

• 6 de Outubro: Trem Azul, Lisboa: GheeGush
9 de Outubro: Passos Manuel, Porto: Space Ensemble musicando o filme “As Aventuras do Principe Achmed”, Berlim 1926: primeira longa-metragem de animação europeia, realizada por Lotte Reiniger com silhuetas articuladas (Parceria com o Festival de Avanca).
13 de Outubro: Trem Azul, Lisboa: Cheese Cake
16 de Outubro: Velha-à-Branca, Braga: sets de improvisação 2x2: por Alexandre Gamelas, José Miguel Pinto, entre outros.
22 de Outubro: Teatro Esther de Carvalho, Montemor-o-Velho: Space Ensemble musicando o filme “As Aventuras do Principe Achmed”, Berlim 1926: primeira longa-metragem de animação europeia, realizada por Lotte Reiniger com silhuetas articuladas (Parceria com o Festival de Avanca).

 
28.9.05
 

THE ORIGINAL SILENCE

>Thurston Moore (Sonic Youth)
>Jim O' Rourke (Sonic Youth)
>Terrie Ex (The Ex)
>Mats Gustafsson (The Thing, Brötzmann Tentet)
>Paal Nilssen-Love (The Thing, Brötzmann Tentet, Atomic)
>Massimo Zu (Zu)

>27 settembre, Torino, Teatro Juvarra
>28 settembre, Roma, RomaEuropaFestival
>29 settembre, Milano, Leoncavallo
>30 settembre, Reggio, Emilia Teatro Valli

 
 

Aposto nisto!
Triptych Myth, o novo trio do pianista norte-americano Cooper-Moore, o gigante do piano, velho conhecido cá da casa, com o baixista Tom Abbs e Chad Taylor, bateria. Em estúdio, gravaram The Beautiful para a AUM Fidelity.

Triptych Myth the group is commited to breaking barriers both inside and out of the music -- the sound streams above will give you a taste to proceed from in understanding this commitment.
The Beautiful ranges from gorgeously melodic (heart-breaking and re-building) new songs from Cooper-Moore, tone-poem explorations of the Now, new definitions of “swing”, excursions into energy music that will confound pre-conceived notions, New American Folktales waiting for the New America to be born, and cinematic colorations that carve sound into mountains. All True.

 
27.9.05
 


Já se falou lá mais para trás do Programa do Total Music Meeting deste ano. Chegou agora o cartaz, desta vez inspirado na paisagem alentejana... . António Branco, que me dizes tu disto?!

 
 




Atenção a este mui ousado e atractivo programa para a noite de 6 de Outubro p.f..
Pelas 23h00 daquela quinta-feira sobem ao Luso Café - casa do Bairro Alto que é já uma referência da música improvisada lisboeta - Ernesto Rodrigues, violino e viola, Abdul Moimême, saxofone tenor e vários, Miguel Martins, percussão e diversos, e aquele que constitui a revelação sonora do momento, o jovem Travassos, hábil manipulador da bela tape e de um vasto sortido de utensílios afins.
Um quarteto taludo!

 
26.9.05
 
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É definitivo! Programa da 2.ª parte do Jazz ao Centro – Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra, 2005:

Teatro Académico Gil Vicente, Coimbra, 3 - 5 de Novembro

Quinta-feira, 03.11 - 21h30 - Romano/Sclavis/Texier

Aldo Romano - bateria
Louis Sclavis – clarinetes, saxofone soprano
Henri Texier – contrabaixo

Sexta-feira, 04.11 - 21h30 - Alberto Conde Trio

Alberto Conde – piano
Baldo Martinez – contrabaixo
Nirankar Khalsa – bateria


Sábado, 05.11 - 21h30 - Fredrik Nordström Quintet

Fredrik Nordström - saxofones
Mats Äleklint - trombone
Mattias Ståhl - vibrafone
Torbjörn Zetterberg - contrabaixo
Fredrik Rundqvist – bateria


Salão Brasil

Qui. 03.11/Sex. 04/Sáb. 05 - 00:00 - After Hours - Michael Attias Trio

Michael Attias – saxofone alto
Sean Conly – contrabaixo
Takeaki Toriyama - bateria


... E incríveis sessões de DJ-ing, com os Space Boys Jazz System, todas as noites no Quebra Club.



 
 
Para o fim da tarde, enquanto não soa o apito da fábrica, Weather Report. O terceiro álbum da série meteorológica, Sweetnighter (1973), com Joe Zawinul, Wayne Shorter, Miroslav Vitous, Dom Um Romão, Eric Gravatt, Maruga, Andrew White III e Herschel Dwellingham. Não se pense que este material é só para os indefectíveis da fusion, não senhor. Que tal um programa à base de Fender Rhodes com pedal wah-wah (Zawinul), atravessado por ondas etéreas de saxofone soprano (Wayne Shorter), e ritmos afro-latinos de irresistível marcação?! Quem gosta de um bom groove (groove rules!) com funk instrumental à mistura, tem muito que sacar deste disco, ideal para servir como música de fundo interactiva. Enquanto se trabalha, por exemplo.

 
25.9.05
 
O longo e sinuoso risco de luz atravessa o campo auditivo, emergindo subitamente vindo do silêncio. Guitarras? Electrónica? Provavelmente as duas juntas, unindo esforços para criar o drone de corrente eléctrica que se estende flutuante e atravessa o campo auditivo em múltiplas direcções, transportando o ouvinte numa viagem por entre pontos de luz, Blue. Há sinapses que se ligam e acordam tocadas pelo clarão azulado. Novas pontes unem paisagens que se desvendam em reverberações sonoras num espaço contínuo sem limites. Outra vez, Thyme. E volta-se a Blue com o prazer de (re)descobrir as duas faces de Endlessly, Sweetly and Slightly, a última realização de AO, artista sonoro japonês, aka Aogu Yoshida. Edição nº 23 da netlabel lusa test tube. Vale a pena ouvir e deixar-se levar na onda.

 
 
Parece-me muito interessante o trabalho que o COEVAL, duo malaguenho actualmente a trabalhar em Madrid, tem vindo a fazer nos tempos mais recentes. Juan Carlos Blancas e Jose Alberto Gaspar são dois talentosos designers sonoros que trabalham nos meios digital-art e computer music da capital espanhola. Projectos vários em curso, para além do COEVAL, são a Madrid Laptop Orquesta e The Infinity Process. Atenta às movimentações do duo, a netlabel japonesa -N incluiu Fluido Y Neutro na sua compilação de estreia, tema que chamou a atenção da comunidade digital e, consequentemente, abriu portas para o EP que está à disposição dos interessados em conhecer melhor a arte do COEVAL, através de download gratuito. Distante, peça em seis partes, é uma suite que o duo improvisou no festival Sonar 2005, baseada em sequências e sobreposições de drones e de field recordings.

 
 
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Em 1965, sob a égide cooperativa de músicos de Chicago, de entre os mais inovadores e arriscados membros da cena local, com epicentro no pianista e compositor Muhal Richard Abrams, fundava-se a Association for the Advancement of Creative Musicians. De então para cá, a AACM influenciou determinantemente as diferentes linguagens musicais, posicionando-se à frente na definição das novas linhas de orientação estética que definitivamente marcariam o jazz tal como o passámos a conhecer dali para a frente.
Sob o lema Great Black Music, Ancient to The Future, por lá passaram Leroy Jenkins, Anthony Braxton, Henry Threadgill, Joseph Jarman, John Stubblefield, Fred Hopkins, Wadada Leo Smith, Thurman Barker, Frank Gordon, Amina Claudine Myers, Reggie Nicholson, Roscoe Mitchell e George Lewis. E também Fred Anderson, Harrison Bankhead, Lester Bowie, Jodie Christian, Pete Cosey, Ernest Dawkins, Kahil El' Zabar, Douglas Ewart, Malachi Favors Maghostut, Chico Freeman, Steve McCall, Famoudou Don Moye, Matana Roberts, Nicole Mitchell e muitos mais.
Quatro décadas depois da fundação, a AACM continua a organizar actividades, sobretudo workshops e concertos, expandindo os horizontes do jazz para um conceito abrangente, que abarca várias formas da música contemporânea, de base acústica e electrónica. Entretanto, prosseguem as comemorações dos 40 anos da AACM, com um aliciante programa de concertos. É nesse âmbito que, além da impressionante série de Chicago, no dia 8 de Outubro, em Nova Iorque, tocam o Reggie Nicholson Ensemble e o Roscoe Mitchell Ensemble, e a 11 de Novembro, Muhal Richard Abrams realiza um programa duplo de piano solo e orquestra. E o mais que se verá.

 
 
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E que tal um concerto do quinteto que Alexander von Schlippenbach juntou para interpretar a música de Therlonious Monk? Monk's Casino: Alex von Schlippenbach, piano; Axel Dörner, trompete; Rudi Mahall, clarinete baixo; Jan Roder, contrabaixo; e Uli Jennesen, bateria. De um total de 66 temas gravados em 14 de Maio de 2005, no Bimhuis de Amsterdam, o programa Jazz Op Vier, da rádio holandesa VPRO, transmite para já 17, em cerca de uma hora. Até Monk se ri... .

 
24.9.05
 
Atenção apreciadores e candidatos: o Jazz on 3, programa de rádio que passa jazz with a cutting edge no Canal 3 da BBC, está a passar esta semana a reprise de um concerto do Free Music Ensemble (FME). É assim que se designa o energético e musculado trio de Ken Vandermark (saxofones tenor e barítono), Nate McBride (contrabaixo) e Paal Nilssen-Love (bateria), que actuou em Abril no já famoso no Cheltenham Jazz Festival, evento anual que este ano comemorou o 10.º aniversário.
No Cheltenham o trio improvisa sobre três composições de Vandermark: Necessary, Sentence e Slip. Como diz Jez Nelson, a go at blowing your speakers by pushing up the volume for our repeat of Ken Vandermark's Cheltenham Live Show set. If you didn't hear this first time round, don't miss it. We love it - we listen to it all the time in the office - and many of you obviously did too - we've had many emails asking to hear it again.
Tive o gosto de ter contribuido para isso com um modesto e-mailinho a cravar Jezz Nelson para repetir a graça, porque, tal como sucedeu a muito boa gente, só dei por ela quando já tinha passado. E o FME é um dos meus trios de eleição. Como diz o povo, quem não chora não mama. Aqui está a prova: fomos muitos a pedir bis e agora todos podemos voltar a ouvir (e a gravar...) um grande (mas curto) concerto do fenomenal trio de Vandermark, McBride e Nilssen-Love - FME. Já não é chita... .

 
 

Cheguei agora do Patrick Brennan, na Trem Azul. O homem está a tocar saxofone alto duma maneira... Mais em jeito que em força, como se diz no futebol, subtil, fresco e vigoroso na concepção sonora. Ouvido fino e resposta pronta de saxofonista free completo, neste sentido: de todas as opções possíveis em cada momento, Brennan faz instantaneamente a melhor escolha, com total controlo e liberdade de direcção. A acentuada complexidade rítmica, o bom domínio das técnicas do instrumento e uma equilibrada gestão do tempo e das dinâmicas, foram decisivos para o bom resultado. Meia casa para assistir a uma sessão suave e intimista, uma hora de jazz sem espinhas mas não isento de interrogações e propostas interessantes para o ouvinte, fossem elas sob a forma de questões antigas de Ornette (abriu com Chronology) ou de Monk – duas das mais marcantes e assumidas influências do som, fraseado e da composição de Brennan, oportunamente recolocadas em jogo pelo saxofonista – ou originais seus, reestruturados com arranjos diferentes daqueles com que os vestiu em disco, moldados à medida em que os episódios se iam sucedendo, como foi o caso feliz de Which Way What, tema com que Patrick Brennan fechou o recital. Daqui a pouco sigo para a ZdB, sala que se afeiçoa a este som. Para mais, será um set de Brennan ao desafio com Peter Bastiaan. À vista do que ouvi cá em baixo, lá em cima a coisa promete Arte. Suspeito disso. Até depois, que se faz tarde.

 
 

Winds of Manhattan
22 Set. 24h00
Patrick Brennan – Ao Vivo a solo no Luso Café (Bairro Alto, Lisboa)


Depois de um longo interregno nova-iorquino, Patrick Brennan regressou a todo o vapor tocando temas seus, visitando ainda Chronology de Ornette assim como dois temas de Monk. Logo no arranque do concerto, tecendo uma densa filigrana de polirrítmos, e obstinados ‘riffs’, Brennan fez surgir Chronology de forma inesperada do interior desse complexo emaranhado sónico; brilhante exercício de apropriação e incorporação da música alheia numa linguagem própria.
Depois deste aquecimento passou ao seu repertório, onde Backatcha (do CD Walk, Saunter, Ambles) resultou num momento de grande tensão dramática. Usando a mão para tapar a campânula do saxofone e baseando o som em efeitos sonoros na forma de tensas sequências de harmónicos, Brennan levou-nos numa viagem pelas raízes do jazz, onde a essência do trompete de Louis Armstrong esteve vivamente presente, carregada do grito contido de quem procura a libertação de todos os constrangimentos. Em Drums Not Bombs, do seu último registo para a CIMP com o mesmo nome, explorou uma elaborada arquitectura rítmica, onde, nos diversos silêncios, estava implícita a interacção com um conjunto de músicos virtuais.
O grande remate (não à baliza mas sim à mente do ouvinte) foi em Which Way What, tema emblemático do seu CD de autor, gravado em Lisboa em 1995, com Acácio Salero (bateria) e Rashiim Ausra-Sahu (contrabaixo). Patrick Brennan elevou o tema a novas alturas conseguindo emular de uma só vez o complexo arranjo para trio, a uma velocidade verdadeiramente estonteante. O seu velho Conn (um cadillac entre os saxofones) reverberou à altura das rigorosas exigências do mestre que regressa em plena forma. Os ares de Manhattan devem ser mesmo bons.
No final do concerto, uma sessão de improviso colectivo foi espontaneamente provocada pelo violonista Ernesto Rodrigues, contando com a participação de vários dos músicos presentes.
- Abdul Moimême


 
23.9.05
 
Faça aqui ao lado o download gratuito do seu desktop exclusivo Dizzy Atmospheres, um brinde de Jazz e Arredores aos seus leitores por ocasião das comemorações do 1.º Aniversário, ocorrido no passado dia 18/9 (oops, passou-me da ideia...). Warning: In case of dizziness, Jazz e Arredores is not liable for any hazardous consequences to your mental health!

 
 
Jazz Legends, programa de Julian Joseph na BBC Radio 3, uma vez por semana, às quaintas-feiras dedica a emissão a uma figura de grande relevo na história do jazz, a partir dos arquivos da estação britânica de radiodifusão.
Esta semana, SUN RA. Julian Joseph procurará traçar o perfil do compositor e improvisador, a partir de uma conversa com Marshall Allen, saxofonista da Sun Ra Arkestra e companheiro de Ra durante décadas, intervalada com temas dos álbuns THE FUTURISTIC SOUNDS OF SUN RA, JAZZ IN SILHOUETTE, OUTER SPACEWAYS INCORPORATED, SUN RA: THE SINGLES, AT THE VILLAGE VANGUARD, STAY AWAKE: VARIOUS INTERPRETATIONS OF MUSIC FROM VINTAGE DISNEY FILMS, SECOND STAR TO THE RIGHT, SPACE IS THE PLACE O.S.T..
Em webcast a partir de hoje, 23 de Setembro (16h00-17h00), e até à próxima quinta-feira.
 
22.9.05
 
PATRICK BRENNAN, saxofonista alto e compositor norte-americano, já viveu vários anos em Portugal. Volta agora ao Rectângulo para uma série de concertos a solo, em duo, e com uma formação eventualmente mais alargadada. A solo, toca hoje, 22 de Setembro no Luso Café, cerca das 23h00. Amanhã, 23, às 19h30, na Jazz Store da Trem Azul, em Lisboa. No mesmo dia, ou noite, pelas 23h30, soará em improvisação livre com o saxofonista holandês, Peter Bastiaan, na Galeria ZdB, ao Bairro Alto, em Lisboa. Dois dias depois, a 25 de Setembro, Domingo à tardinha, Brennan toca no Convento de S. Francisco, em Montemor-o-Novo, sede da Associação Cultural de Arte e Comunicação, com o saxofonista tenor Abdul Moimême e uns quantos mais. Há que aproveitar, que Patrick Brennan é um saxofonista de categoria e as oportunidades de o ouvir ao vivo não são frequentes.

 
 
Está anunciada para Dezembro próximo mais uma edição do festival Other Minds. Organizado pela homónima organização sem fins lucrativos, baseada em S. Francisco, Califórnia, em co-produção com a Swedenborgian Church e a Piedmont Piano Company, agrupa compositores, estudantes e ouvintes da nova música contemporânea.
O festival inspira-se nas ideias e concepções musicais de John Cage, compositor norte-americano falecido em 1992, e num obituário publicado pelo jornal The New Yorker, em que se dizia ter Cage escrito música “in other peoples’ minds”. Daí a denominação daquele que é considerado um dos maiores festivais intenacionais de new music.
O director artístico e executivo é Charles Amirkhanian, ele próprio um compositor de música electroacústica de renome. Enquanto músico e pensador, Amirkhanian interessou-se pela música de John Cage deste o início dos anos 50. Com outros compositores foi agregando vontades. Assim, entre 1988 e 1991, co-dirigiu com John Lifton aquele que foi o antecessor do Other Minds, o Composer-to-Composer Festival, por onde passaram John Cage, Lou Harrison, Brian Eno, Pauline Oliveros, Morton Subotnick, Laurie Anderson, Henry Brant, Wadada Leo Smith, Louis Andriessen, Conlon Nancarrow, Jin Hi Kim, Joan La Barbara, I Wayan Sadra, Eleanor Alberga, Peter Sculthorpe, Alan Hovhaness, Tom Zé, Terry Riley e Sarah Hopkins.
Para se ter uma ideia da diversidade estética e da importância musical associadas ao festival, repare-se nos nomes que já integraram o Other Minds Advisory Board: Muhal Richard Abrams, Laurie Anderson, Henry Brant, Gavin Bryars, Luc Ferrari (falecido o mês passado), Philip Glass, Lou Harrison, George Lewis, György Ligeti, Meredith Monk, Kent Nagano, Terry Riley, Frederic Rzewski, Tan Dun, Trimpin e Julia Wolfe. Other Minds Festival.

 
21.9.05
 


Aqui estão as primeiras fotos de Jason Guthartz sobre "Anthony Braxton at 60: A Celebration", comemorações do 60º aniversário de Anthony Braxton, na Wesleyan University, Middletown, CT. (Foto de 15 de Setembro de 2005, Anthony Braxton - saxofone alto solo).

 
 
ROOSEVELT SYKES, Blues By The Honeydripper (Smithsonian Folkways). Gravado no Cue Recording Studio, Chicago, em 13 de Janeiro de 1961. Produzido por Memphis Slim e editado originalmente em 1962 pela Folkways, foi reeditado em CD em 1995 pela Smithsonian/Folkways Recordings. Roosevelt Skyes (voz e piano), com a participação de Memphis Slim (piano). Sykes, que exerceu actividade entre os anos 20 e 80, foi um grande cantor e pianista de blues. Este disco faz-lhe inteira justiça, captando o prolífico Sykes com som brilhante, voz granulada, quase metálica, capaz de revelar toda a extensão da sua personalidade multifacetada de bluesman. Não há nada de triste na música de Honeydripper, como era conhecido no meio, só boogies divertidos e letras por vezes hilariantes. Um gozão, este maduro, para quem a vida era para ser vivida com leveza e bom humor.
A edição de Blues By The Honeydripper, cuidada como são sempre os trabalhos da Smithsonian/Folkways, inclui as notas originais da jornalista Val Wilmer, bem como as letras das histórias que Roosevelt Sykes conta com voz acharutada de barrelhouse player, ele que foi um dos maiores pianistas de blues de todos os tempos.

 
  Carlos Bechegas e Barry Guy em Oeiras
Foi pena o público ter sido escasso, porque o recital do português Carlos Bechegas (flautas e electrónica) e do britânico Barry Guy (contrabaixo de cinco cordas), no âmbito do Festival Música Viva / Entr'Artes 2005, merecia ter tido mais gente na assistência. As altas expectativas para o encontro entre os dois improvisadores foram totalmente cumpridas. Assistiu-se ao desvendar de um vasto universo de concepção improvisada, na permanente procura das possibilidades expressivas dos instrumentos. As intervenções alternaram-se entre duos e solos, explorando intensamente técnicas, registos e timbres, do suave e subtil ao mais extremo. Carlos Bechegas e Barry Guy entenderam-se bem, numa conversa inventiva e original, que primou pelos contrastes, oposições e aproximações, diálogo vivo e estimulante. Dois artistas no topo da investigação sonora, no melhor da sua forma e sensibilidade. Excelente concerto, de dois em pipa.

Abdul Moimême viu a coisa assim:

«Achei interessante o contraste entre a exuberância tecnológica de Carlos Bechegas e o uso minimalista que Barry Guy faz da electrónica. De todos os contrabaixistas que têm passado por cá e que usam de alguma forma a electricidade como modo de moldar o seu som, Guy é aquele com o qual este elemento está mais discretamente fundido com a acústica do próprio instrumento. Guy não pretende com certeza alterar o seu timbre, querendo apenas ampliar certos contornos que sem um pedal de volume não seria possível projectar a um fórum alargado. O que o distingue é o subtil domínio dessa técnica sendo quase impossível discernir entre as dinâmicas endógenas (devidas ao ataque que o instrumentista usa) e aquelas permitidas pela aplicação do 'turbo-sonico’. A sua concentração incide primordialmente sobre as infinitas possibilidade tímbricas do contrabaixo propriamente dito. Aqui Guy é mestre. Depurando o seu discurso ao essencial, os elementos tradicionalmente conotados com a criação musical: melodia, harmonia e ritmo dão lugar a texturas, dinâmicas e um sentido de encenação dramática. Assim, permanece apenas o denominador comum de todas as músicas: o ritmo. Na invenção Guy foi imparável usando cada milímetro quadrado do seu instrumento como potencial estímulo rítmico: o justo equilíbrio entre o aleatório e o propositado. O seu último gesto: deixar cair ao chão o bilro - com o qual transformara o baixo numa autentica marimba - exemplifica essa intencionalidade. Bechegas esteve no seu melhor a solo e na segunda parte do concerto. A complexa tarefa de 'sintonizar' máquinas abafou inicialmente a projecção do seu som, contrastando com a clareza e brilho (quase metálico) do contrabaixo. Já de rédeas na mão, Bechegas soltou a sua característica e voluptuosa verve num discurso onde o humor funcionou como arma de subversão de um discurso erudito. A solo o seu som ganhou a clareza e projecção dignas de um excelente improvisador. Na sua complexa arquitectura de sobreposição de vozes, em vários registos simultâneos, foi curioso ouvir uma nítida linha melódica nos registos agudos com os médios e graves a funcionar apenas como textura de fundo e não necessariamente como contra melodias. Um dos momentos de maior clímax foi um breve trecho em que flauta e baixo voaram até as regiões rarefeitas dos registos 'altíssimo', criando um sentido de poderosa vertigem sonora. No entanto, momentos empolgantes proliferaram em suficiente número para transformar o evento numa grande noite de música. Só foi pena a falta de promoção. Não fosse um encontro fortuito com o próprio Barry Guy, à entrada de um restaurante.... Assim: BOOTLEGGERS DE PORTUGAL, UNI-VOS! Divulguem vocês! » - Abdul Moimême

 
20.9.05
 
Última chamada para o concerto de hoje à noite, em Oeiras:

FESTIVAL MÚSICA VIVA / ENTR’ARTES 2005

“Open Secrets”

Carlos Bechegas – Flauta
Barry Guy – Contrabaixo

20 de Setembro de 2005 – 22:00
Oeiras – Auditório do Centro de Apoio Social de Oeiras

Proposta do flautista Carlos Bechegas para confrontação criativa de múltiplas atitudes, conceitos e tipologias, centrado numa plataforma para desenvolver colaborações em duo com diferentes contrabaixistas.
Depois de Peter Kowlad, com o qual iniciou este projecto, apresenta-se no Festival Música Viva com Barry Guy, figura de referência da improvisação, compositor e instrumentista virtuoso, considerado um dos mais criativos e inovadores protagonistas desta linguagem.
Sob a forma de duos e solos, sem prévia estruturação determinista, na melhor tradição da improvisação europeia, terão o palco como momento único de opções, dando corpo à essência heterodoxa e polidiomática de “Open Secrets“: flauta e contrabaixo em oposição de tessituras e diversidade de registos tímbricos; confrontação e sobreposição de técnicas contemporâneas, moldando transfigurações acústicas dos instrumentos; confluência e alternância de linguagens.
Intervenções que tangem por vezes registos extremos, em passagens que vão do climax gritante e denso a partir de clusters e estruturas multifónicas subsidiárias do free jazz, a subtis texturas de harmónicos e artificiosos pontilismos rítmicos; materiais e recursos expostos com uma envolvência e prestação vibrantes.


CARLOS BECHEGAS
Compositor e improvisador, nasce em Lisboa em 1957. Licenciado em Educação Visual e Tecnológica, é docente desde 1975.
Inicia actividade publica em 1977, investindo simultaneamente numa formação e experiência multifacetada. Tira o curso de flauta no Conservatório de Lisboa, frequenta Seminários de Composição com Emmanuel Nunes, Técnicas Contemporâneas com Pierre-Yves Artaud, Teatro Musical com Constança Capdeville e Fernando Grillo, Teatro com o Grupo Inglês Welfare State Internacional. Novas Tecnologias na Composição na Universidade do Minho, Workshops de Improvisação com alguns dos mais importantes nomes desta área como Steve Lacy, Evan Parker, Peter Kowald, Richard Teitelbaum.
Centrado no saxofone, inicia-se no Jazz, abordando posteriormente diversos tipos de música Rock e do Jazz à Musica Improvisada. Colabora vários anos com Jorge Palma, e integra o trio Plexus de Carlos Zíngaro. Com as novas tecnologias, compõe musica para Dança, Video, Teatro e Televisão.
A partir de 1989, inicia a sua actividade a solo, utilizando a electrónica com controle em tempo real. Cria e apresenta vários concertos a solo, espectáculos multimédia, e orienta Workshops sobre as Novas Tecnologias. Apresenta-se em duo com Carlos Zíngaro em Moscovo e a Solo em Paris nos III Encontros de Improvisação.
Com oito CDs editados, gravou com nomes históricos como Derek Bailey, Alex v Schlippenbach e Peter Kowald, e participa em alguns dos mais importantes Festivais da Europa, a solo e com outras figuras centrais da improvisação, como Phil Minton, Han Bennink, Fred Van Hove, Gunter Sommer e William Parker, sendo actualmente considerado pela critica internacional, como um flautista de referência, percursor ao afirmar este instrumento na improvisação contemporânea, virtuoso e inovador, pela forma criativa e complexa como combina e domina as múltiplas técnicas.


BARRY GUY
Barry Guy é um inovador contrabaixista e compositor, cuja diversidade criativa nas áreas da improvisação jazzística, dos recitais a solo, de apresentações em conjuntos de câmara e orquestras concentra em si o resultado de uma formação prática polivalente pouco usual e de um enorme entusiasmo pela experimentação, sublimados na sua dedicação ao contrabaixo e ao ideal da comunicação através da Música.
Barry Guy é fundador e director artístico da Orquestra de Compositores de Jazz de Londres (London Jazz Composers Orchestra), para a qual compõe e grava.
As suas obras para concerto têm sido interpretadas com alguma frequência e a sua capacidade técnica e inventiva tem dado origem a um excepcional conjunto de obras: Flagwalk (1983), The Eye of Silence (1988), Look Up! (1990), After the Rain (1992), Bird Gong Game (1992), Fallingwater (1996) e Redshift (1998). Look Up! recebeu o Prémio da Royal Philharmonic Society de Composição para Câmara em 1991-92.
Assim, as suas obras demonstram grande frescura sem recorrer aos excessos que podem “sufocar” os intérpretes, fazendo com que cada apresentação se transforme num teste ou julgamento das suas performances. Todavia as suas partituras revestem-se de grande virtuosismo e apresentam muitas vezes novas sonoridades e técnicas instrumentais alargadas; a avaliação dessas possibilidades é naturalmente feita pelo próprio, na sua qualidade de intérprete.
Barry Guy continua a realizar recitais a solo pela Europa e E.U.A., bem como tocando com o Evan Parker/Paul Lytton Trio. Mais recentemente tem integrado a formação que acompanha o pianista americano Cecil Taylor e o grupo ROOM de Larry Ochs, sediado na Califórnia.
Este compositor gravou mais de 80 albuns com variadíssimas formações de Jazz, entre as quais o duo Arcus com Barre Phillips. Em 1993 foi editado pela NMC, o album “After the Rain” com a City of London Simphony Orchestra, sob a direcção de Richard Hickox e em 1996, esta mesma formação estreou a sua obra Fallingwater.
A BGNO – Barry Guy New Orchestra –, a sua nova big band aparece referida na Intakt no CD “Inscape – Tableaux”, que ganhou o prestigiado prémio francês CHOC 2001.

 
 


The SUN RA / TRANSPARENCY é uma série de DVD’s com a duração total de 35 horas, contendo material filmado de SUN RA. Foram já editados dois volumes, sendo o primeiro um concerto em Palomino, 1988, com Lester Bowie, Don Cherry, John Gilmore, Marshall Allen e Philly Jo Jones. Inclui entrevistas com Sun Ra e Don Cherry, perfazendo o total de 93 minutos. O segundo volume de The SUN RA / TRANSPARENCY, com a duração de 153 minutos, recolhe dois concertos, um em Berlim Oriental, de 1986, e outro em Berlim Ocidental, de 1983. O resto do tempo é preenchido com a aparição de Ra num programa de televisão em França, em 1970.
Sun Ra Arkestra: Volume One: Live at the Palomino, L.A.
Sun Ra Arkestra: Volume Two: East Berlin and West Berlin

 
 
Em «Creative Sources Redux», texto publicado ontem na DUSTED, Jason Bivins elabora sobre os mais recentes lançamentos da editora portuguesa Creative Sources, do violinista improvisador Ernesto Rodrigues.
Since writing about Creative Sources earlier in 2005, over a dozen new recordings have been released on Ernesto Rodrigues’ fine imprint. Still concentrating, roughly speaking, on micro-improv and electroacoustics, the label has developed several specific areas of concentration: solos, duos, and group improvisations.

 
 
GRANULAR 7.9 QUINTAS - CENTRO CULTURAL DE BELÉM

Américo Rodrigues < > Carlos Santos > 22 de Setembro, 19:00 Bar Terraço
Encontro de um poeta sonoro e vocalista da improvisação, Américo Rodrigues, com um compositor e improvisador de música por computador, Carlos Santos, especializado no tratamento de "field recordings" (gravações de campo) que diz que, antes mesmo do "laptop", o seu instrumento é o microfone. Se Rodrigues já utiliza técnicas extensivas, como as do canto bifónico do Tibete e de Tuva, na Sibéria, entre muitas outras, que multiplicam as capacidades naturais da voz, Santos trabalhará esta por meios electrónicos de forma a levar o seu grão sonoro e a sua expressividade para situações totalmente imprevistas, assim construindo um jogo de espelhos e de causa e efeito.


Próximos concertos

Ernesto Rodrigues < > Manuel Mota > 29 de Setembro
Rodrigo Amado < > Paulo Galão < > Paulo Curado > 6 de Outubro
António Chaparreiro < > Emídio Buchinho < > Filipe Bonito > 20 de Outubro
Rui Costa < > André Gonçalves < > João Hora > 27 de Outubro


G R A N U L A R

 
 
E M E 2 0 0 5
E N C O N T R O S d e M Ú S I C A E X P E R I M E N T A L

SETÚBAL
PALMELA
2 1 a 2 4 S E T E M B R O - 2 0 0 5


P O R Q U Ê
Será possível determinar o ponto de fronteira que delimita a música composta da música improvisada? Ou mesmo, o ponto onde cessa o domínio da música e se inicia o do som? Existirá porventura uma fronteira, em qualquer dos casos?

Fará sentido avaliar e separar a criação em função dos meios utilizados? Um piano não poderá ser tomado como um instrumento de elevada complexidade quando tocado por um nativo da Nova Guiné? Um computador portátil não representará a mesma proporção de análise aos olhos de um europeu médio?
A estas e outras questões, diferentes pessoas, dar-nos-ão diferentes respostas. E todas elas, em função do momento, do seu estado de espírito e sobretudo da memória que foram construindo ao longo dos anos (cultural em geral, e musical em particular).
Em valores absolutos, diria que a maior diferença entre um piano e um laptop está no peso de cada um.
Mais do que respostas ou verdades absolutas, pretendem estes EME lançar questões a partir de trabalhos de artistas com propostas musicais, sonoras e visuais bastante diversificadas. O campo de intervenção, abre-se pois às artes visuais e digitais ligadas ao vídeo e à “dinâmica hard disk” e live processing.
Em comum, têm como objectivo o alargamento de fronteiras e um sentido de procura incessante, onde as ideias de sucesso ou fracasso não fazem grande sentido. A ideia de descoberta sobrepõe-se a qualquer ditadura estética, e quanto ao discurso –ou estilo- cada um tem o seu! Tal como os rostos.
Estes EME, pretendem pois ser um lugar de reflexão por oposição a um lugar de certezas, questionar mais do que responder, e sobretudo estimular, na esperança de que uma vez criado o estímulo, surja a reacção. E então sim, ver-se-á fechado o ciclo e chegado o momento da renovação, por meio de um novo ciclo. - vitor joaquim

21/09 22:00 Carlos Zíngaro + Nuno Rebelo [PT] Setúbal
22/09 21:30 Phoebus + Stolen Images Inc [PT] 22:30 Draftank + PL [PT] Palmela
23/09 21:30 Boca Raton [NL] 22:30 Freiband [NL] Palmela
24/09 21:30 Stephan Mathieu [Ger] 22:30 Stephan Mathieu + N:O -Naja Orchestra [Ger, PT] Palmela

E N C O N T R O S D E M Ú S I C A E X P E R I M E N T A L . S E T Ú B A L / P A L M E L A - P O R T U G A L contacto: vitorjoaquim@mail.telepac.pt tel_ 96.3290150 http://joaquim.emf.org/EME/EME.htm 1 / 9 E N C O N T R O S D E M Ú S I C A E X P E R I M E N T A L . S E T Ú B A L / P A L M E L A - P O R T U G A L contacto: vitorjoaquim@mail.telepac.pt tel_ 96.3290150



 
19.9.05
 

Prossegue série de concertos comemorativos do 60º aniversário de Anthony Braxton, BRAXTON AT 60: A CELEBRATION, que tem lugar no WESLEYAN UNIVERSITY’S CENTER FOR THE ARTS AND MUSIC DEPARTMENT. Sábado, 17 de Setembro, foi assim:

Two GTM compositions were played, each extending over 1 hour (I don't know the composition numbers). The Ghost Trance Musics have really evolved and seem to now incorporate the whole of AB's music system and compositions. Within the music I heard several older compositions and I believe that at one point during the evening I heard a percussion pulse track.
AB played alto and sopranino in both pieces. The 12tet has a wide variety of instrumentation (bassoon. oboe, harp, tuba etc.) which makes for an exciting sound pallett. In the second composition there was a breathtakingly beautiful duo section between AB and the harpist idea for a duo release??). Of the two compositions the first was more serene and organized. The second of the evening was a bit more messy, but enjoyable just the same. Like the previous night, Taylor Ho Bynum plays a large role in AB's world and serves as an alternative conductor for the GTM performance. Jay Rosen on tuba was excellent and contributes mightily to the 12tet. One of the things that impressed me was how interactive this music is, with individual members selecting add-on compositions and musician groupings, it is almost like watching a stage play take place.
I have always enjoyed the GTM series, however seeing them performed live adds an additional level of understanding and appreciation of the music and musicians.
If you can make it to the remainder of the Braxton at 60 Series in November and December, I would highly recommend it!! - Mark Toussaint

Esta e outras matérias com ela relacionadas são tratadas e discutidas no forum yahoo Anthony_BRAXTON - Discusses the records and writings of composer/multi-instrumentalist/theorist Anthony Braxton.

 
 

Da Suécia, uma editora nova a ter debaixo de olho e, sobretudo, debaixo de ouvido: MOSEROBIE - Independent Jazz for World Peace.

Em pouco tempo de existência, editou um considerável número de trabalhos de artistas da cena nórdica, que se impõe descobrir e divulgar: Jonas Kullhammar Quartet, The Torbjörn Zetterberg Hot Five, Alberto Pinton Quintet, Mathias Landaeus, Sonic Mechatronik Arkestra, Dog Out, LSB, MOKSHA, Magnus Broo Quartet, Filip Augustson, Fredrik Nordström Quintet, Mattias Welin, e outros. Como manifesto, a Moserobie apresenta cinco ideias-força:
- editar e distribuir jazz independente;
- servir de alternativa a certas editoras discográficas, na sua atitude para com os músicos;
- apoiar músicos na produção dos seus próprios discos;
- investir os proventos obtidos em novas edições;
- salvar o mundo através da música.

 
 

Festival Música Viva / Entr'Artes 2005

No coração da Nova Música e da Música Electrónica. Cruzamento das artes e da música; dança, escultura, vídeo, instalações, ateliers, de 16 a 24 de Setembro em Sintra, Oeiras e Lisboa:

OPEN SECRETS

Carlos Bechegas: flauta e electrónica
Barry Guy: contrabaixo


A não perder! No Auditório do Centro de Apoio Social de Oeiras / 22h00


 
18.9.05
 

Como já foi amplamente noticiado, no passado dia 4 de Junho, o multi-instrumentista / compositor / escritor / professor / “Genius” da MacArthur Fellowship, ANTHONY BRAXTON completou 60 anos de idade e 38 de carreira. Foi em 1967 que A. Braxton se estreou em disco, com uma participação em Levels And Degrees of Light, de Muhal Richard Abrams, pontapé de saída para uma carreira discográfica de qualidade e quantidade impressionantes, a rondar os 250 títulos.
Esta será uma excelente oportunidade para conhecer ou aprofundar a conhecimentos sobre a música de um dos maiores criadores deste e do século passado. A propósito, quem sabe se é agora que os álbuns da fase Arista regressam ao convívio dos admiradores do compositor, discos cujas cópias circulam por aí clandestinamente e em abundância entre os traders, facto que Braxton não ignora e inclusivamente incentiva.

Entretanto, prosseguem as actividades do festival ANTHONY BRAXTON AT 60: A CELEBRATION, que cobre os meses de Setembro, Novembro e Dezembro, dividido em três partes. Sexta-feira passada, dia 16, no WESLEYAN UNIVERSITY’S CENTER FOR THE ARTS AND MUSIC DEPARTMENT, ouviu-se a Composition 103 for 7 Trumpets, em estreia mundial, peça interpretada pelo Braxton Trumpet Ensemble: Taylor Ho Bynum, Tim Byrnes, Peter Evans, Sam Hoyt, John McDonough, Kelly Pratt, Nate Wooley, seguido de Diamond Curtain, pelo Wall Trio: Anthony Braxton (sopros e electrónica), Tom Crean (guitarra) e Taylor Ho Bynum (trompete e fliscórnio).

Um “hardcore fan” de Anthony Braxton, que assina mstfreejazz, mandou-me as suas impressões do concerto que abriu as comemorações:

I attended the Braxton at 60 concert last night. This was my first time seeing AB live after many years of being a hardcore fan. He didn't let me down.

Composition 103 for 7 Trumpets received its world premier. The piece reminded me somewhat of Comp 96 with its overlapping layers of sound. It also had a taped intro of Spainsh music that Talor Ho Bynum soloed over at the start. The combinations of sounds and textures generated by 7 trumpets (each with 4 or 5 trumpet mutes) was astounding and nothing like I have ever heard. The composition is one of the Ritual pieces and all musicians were dressed in Spanish/Latin costumes with AB conducting. All of the trumpet players made impressive contributions to the piece. What a variety of sounds!

After the intermission the US premier of the Diamond Curtain/Wall Trio took place. Interesting to note, AB only played his large saxophones and electronics. (Contra-bass, baritone and one in-between). Tom Crean has an entirely unique way of playing guitar and stringed instruments. I haven't listened to much Derek Bailey, but I imagine that Crean is influenced by Bailey with his non-traditional fingering. Several passages almost had some hard rock fingering which was amusing to see AB in this context. Taylor Ho Bynum played multiple brass (tr, flg, tb) and he is an up and coming major player. I have never seen anyone get the variety of sounds from a trumpet. As far as the music, I don't know how to describe it. It is unlike anything Braxton has ever done. Electronics are used but are supportive to the music and not front and center. As far as I could gather, the electronics are used in the backgound and also to signal transitions in the compositions. The sounds and textures created by Crean lay a foundation that AB and Bynum improvise over. My overall impression of the Diamond Curtain/Wall musics was favorable although the composition was a little flat at the end of the piece. I expect that these musics will evolve quickly like the GTM series has.

Tonight is the Ghost Trance Twelvtte with Electronic Components. I can't wait!

 
 

> Novidades editoriais na Bruce's Fingers:

- ZFP QUARTET (Carlos Zíngaro, Márcio Mattos, Simon H. Fell e Mark Sanders - Music For Strings, Percussion & Electronics
- SU LYN - Clay Angels
- SIMON H. FELL - Composition No. 62
- IAN SMITH / SIMON H. FELL / HARRIS EISENSTADT - K 3
- ALEX WARD / LUKE BARLOW / SIMON FELL / STEVE NOBLE - Help Point
- LONDON IMPROVISERS ORCHESTRA - Responses, Reproduction & Reality


 
17.9.05
 


WISHFUL THINKING 5tet

Alípio Carvalho Neto, sax tenor
Johannes Krieger, trompete
Alex Maguire, piano
Ricardo Freitas, baixo eléctrico
Rui Gonçalves, bateria

«Fundado pelo saxofonista brasileiro Alípio Carvalho Neto, residente em Portugal, e pelo reputado pianista britânico Alex Maguire, este é um dos melhores grupos que circulam no momento em Portugal, revelando superiores instrumentistas dotados de grande empatia. O trabalho de composição é original, oposto a veleidades mainstream e optimizando as potencialidades de cada um dos seus instrumentistas, também interessados em transcender os limites que habitualmente se colocam ao jazz, explorando a improvisação e estéticas contemporâneas» - Jazz im Goethe-Garten

 
 

Depois de há 10 anos atrás ter gravado The Crux (Leo Records), Intervals, Solo Work for Woodwinds, 2001, saberá quem já o ouviu, é um disco solo de Ned Rothenberg (na foto, com o contrabaixista Mark Dresser ao fundo), a estreia da marca de discos por si fundada, a Animul Records. Intervals é um CD duplo que recolhe gravações de um dos grandes improvisadores do saxofone alto, clarinete, clarinete baixo e shakuhachi, com mais de 20 anos de trabalho no formalo solo. Um compêncio da arte de bem tocar instrumentos de sopro com absoluto controlo, concentração, sentido espacial e capacidade de compor enquanto executa, daí resultando peças estruturadas e desenvolvidas no momento, tão bem acabadas que mais parecem ter sido previamente escritas. Rothenberg, nome que inexplicavelmente é raro aparecer citado na imprensa, ombreia sem favor com os grandes sopradores multi-instrumentistas mais conhecidos, como John Zorn, Roscoe Mitchell, Anthony Braxton ou Evan Parker, com quem gravou uma série de duetos que bem gostaria de conhecer. Por enquanto, revisito Intervals, um disco a ouvir com a máxima atenção, para não perder pitada do muito que cá se passa.

 
 



RECO-RECO ou TRATACTUS PORCOMUSICOLOGICUS


A musicologia oficiosa é uma rosquinha de merda de porco - a estética académica nunca desceu tão baixo; dois ou três recos jet set e mais a legião de imbecis ministeriáveis e/ou deputáveis a roncar teorias sobre música e mais o cochon comissário de festival suinóide e os agentes da porcaria, em lavagices capitalizantes; pigs…etnoporquitos cor-de-rosa, instrumentistas que aspiram a cevados compositores, famosos porcalhões do empresariado, berrões a guinchar pelo lugar na chafurdice máxima. Acontece - umas focinhadas na pauta e mais umas iconografias porcinas a armar ao ciberporco, ronco-reuniões, conferências-saca-rolhas como as pirocas dos porcos; sectores votados à música de instituições genoporcinas; netmerda de cochino multicultural, cibercaca musical; musicografia/gamela.

Assim ficamos reduzidos a montes de estrume literário, crítica vendida à ração, propaganda-brucelose – ainda por cima apresentando-se como porcus musice – pocilga político-partidária de qualquer burovarrão - …pimba pigs…todos interligados pela música via TV, exclusivamente caganeira ligeira em dó maior, e na rádio a debitar salsichas com emulsionantes e conservantes; vejam lá! chama-se música àquele pacote mercantil hemorroidal e estandardizado peidolar e grunhir…como acontece entre os porcalhões no lar-doce-lar: putedo de marrã, paneleiragem, peidofilia, fressura, e vice-versa de erotismo cropófago…lamentável! pigs…não interessam nem à Musicologia nem à Veterinária nem ao menino Jesus… narinas de reco, tomadas eléctricas conectadas ao talho da censura, traques badalhocos via satélite, bandeira-forriqueira-cagofonia, terrorismo escroto de berrão - onde os artiodáctilos suídeos se emboligam tipo perfodança ao som de cagadelas new wave…pigs… fato com reflexos asa de mosca da merda, e gravata porky: em limusinas matadouros; mamões! sempre a cobiçar um lugar no pestilento pocilgo da publicidade; varas de júris suinomusicólogos, só para punir ou eleger as estrelas do estrume, pela rara sabedoria de imitar, continuar a fétida pseudo-música canónica; camarilha a babar ideologia musical sebenta, indigna dum leitão da Bairrada que se preze. Pusmoderno, porcópera, escatomerdalogia sónica.
Filas de porquinhos lambões a baterem-se à condecoração, ao prémio, ao subsídio chorudo.
Trabalho multimerda suplementado por uma hóstia de schwein mal cagada dita CD; infodarte reca; um chiqueiro sonoro mixfedor…pigs...enfim…pigs… moral da história: quanto mais a porcalogia musical alçava o rabo mais o sumo porcalhote lhe enterrava o nabo…os sons que daí se ouviam eram escatofetos uma suínaria inaudível….tudo uma grande porcaria…pigs…estamos ameaçados por uma nova espécie genética:
o musoporco.
Para o forno, orelhas bem tostadinhas, JÁ!

Jorge Lima Barreto

 
 
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Começa a jornada com a audição do de disco Thollem / Rivera, Everything's Going Everywhere, um suplemento de energia positiva que se liberta deste piano e desta bateria, em perfeita concomitância. Discos deste nível não há muitos e os que há devem fazer bom proveito.

 
16.9.05
 
Não sei já quem me disse há dias que este novo disco do saxofonista canadiano, Michael Blake, Right Before Your Very Ears, não era grande coisa. Alertado pelo aviso, ouvi-o um pouco de pé atrás, como à espera de poder confirmar aquela acepção. Nada de mais enganador. Michael Blake, Ben Allison e Jeff Ballard empreendem um percurso muito interessante pelos caminhos do trio de saxofone, contrabaixo e bateria, terreno já muito pisado mas em que ainda é possível chamar a atenção pela positiva, desde que para tal se possua engenho e arte; e uma boa dose de frescura e originalidade. É esse manifestamente o caso de Michael Blake e companhia, músicos com jeito tanto para a arquitectura sonora, como para a esforçada construção do edifício.
O trio beneficia do facto de estar muito rodado, o que empresta consistência e fluidez ao desempenho. Por outro lado, Blake, Allison e Ballard, jogam sempre ao ataque, sem tentarem imitar ninguém ou encostarem-se às tábuas da catalogação fácil, mesmo quando entram por territórios demarcados por Monk (San Francisco Holiday), compositor por quem Michael Blake parece ter especial admiração, ou se embrenham no trabalho sobre standards (Careless Love recebe um tratamento condigno). A contribuir para a felicidade do produto final está uma gravação sem arredondamentos de estúdio, que preserva o timbre natural dos instrumentos. Com Right Before Your Very Ears Michael Blake deu o seu tempo por bem empregue e conseguiu um bom disco de jazz moderno.
Michael Blake Trio - Right Before Your Very Ears (Clean Feed, 2005)

 
 
Prosseguem alegremente as comemorações do aniversário de Anthony Braxton, que este ano apaga 60 velas. As festividades decorrem até Dezembro, um programa extenso e diversificado, com ênfase na multifacetada pesonalidade musical de Braxton, que ao longo dos últimos 40 anos fez avançar as linguagens do jazz e da new music, enquanto compositor, saxofonista improvisador e professor. Braxton at Sixty.

«On the event of his 60th birthday, Wesleyan University's Center for the Arts, Music Department, and a wide array of scholars, students and professional musicians have joined forces to perform and examine his work».

 
15.9.05
 
Este mês (daqui a dias), em Nova Iorque, nas instalações do clube Collective: Unconscious, 279 Church St, tem lugar o Second Annual ErstQuake Festival - o festival da Erstwhile.

Sexta, 23 de Setembro:

Mark Wastell/Tim Barnes
Keith Rowe/Tomas Korber
Julien Ottavi/Dion Workman
Joe Colley/Jason Lescalleet
Keith Rowe/Toshimaru Nakamura

Sábado, 24 de Setembro:
Joe Colley solo
Toshimaru Nakamura/Taku Unami/Sean Meehan
Tomas Korber/Tim Barnes
nmperign/Jason Lescalleet
Keith Rowe/Julien Ottavi

Domingo, 25 de Setembro:
Greg Kelley/David Daniell/Sean Meehan
Keith Rowe/Mark Wastell
Taku Unami/Margarida Garcia
Tomas Korber/Julien Ottavi
Toshimaru Nakamura/Mark Wastell/Tim Barnes

 
jazz, música improvisada, electrónica, new music e tudo à volta

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