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31.7.06
 
Cinquenta anos de carreira, dezenas de discos (três deles a solo) depois, eis que René Urtreger aí está de novo, com a sua maneira leve e suave de abordar o piano. Nove standards e um original servem de pretexto para o regresso numa editora de recente criação, a francesa Minium, cuja secção Standard Visit convida artistas a revisitarem temas que marcaram o respectivo percurso pessoal.
Autumn in New York, What is this Thing Called Love?, Laura, I'll Remember April, Someday my Prince Will Come, Dear Old Stockholm, My Funny Valentine, Cherokee, I didn't Know What Time it Was, são os títulos dos ever green escolhidos para este sessão de Janeiro de 2005, mais Il Neiga sur Pernes, um solo improvisado pelo pianista que amaciou os ímpetos de bopper que lhe ficaram do estudo de Bud Powell e de Red Garland, o mesmo que acompanhou Miles Davis em "Ascenseur pour L'échafaud", música do filme homónimo de Louis Malle (1958).
Menos uma homenagem ao jazz, ao piano ou aos criadores dos temas originais, do que uma celebração da vitalidade da transformação sonora de material já com longas barbas, Urtreger preparou e apresenta em "Tentatives" um belo programa, uma leitura muito conforme com o tempo e o modo dos originais, ideal para o entardecer de dias de verão, quando as sombras se alongam e há que fazer tempo para o jantar. Long drinks vêm a propósito.
Edição Minium, distribuída em Portugal pela Dwitza.

 
 
A Fera Amansada
Jazz em Agosto / 2006

 
 

A 16 de Junho, numa cada vez menos frequente aparição pública, Ornette Coleman deu um concerto no Isaac Stern Auditorium, sala do famoso Carnegie Hall. Com Greg Cohen, Tony Falanga (contrabaixos) e Denardo Coleman (bateria), quarteto a que foi aditado um terceiro baixista, Al McDowel, da Prime Time, Ornette tocou saxofone e violino, este último da maneira “errada” que uns criticam e outros louvam (incluo-me nestes últimos), hoje como há quarenta anos. Dos 90 minutos que durou o concerto do Carnegie Hall, o blog Destination Out disponibiliza três temas (Lonely Woman incluído), num total de 21 minutos, captados por um tapper anónimo no meio do público. Aguarda-se pela publicação “oficial” deste concerto, ou dos que se lhe seguiram, Madrid a 29 de Junho, Montreux a 2 de Julho, ou ainda do próximo, que será Paris, a 29 de Agosto próximo. Aos 76 anos, Ornette está em boa forma.

 
28.7.06
 


David [Sylvian] has just completed mixing
and mastering the session that Derek Bailey
recorded for the album 'Blemish'...

"To Play: The Blemish Sessions"

 
 


«O objectivo da minha música é a construção e organização de um novo e pessoal mundo sonoro. Explorei profundamente e intensivamente todas as relações entre a harmonia e o timbre para construir uma espécie de rede muito densa de sons transformados. A característica principal da minha música é uma espécie de “atmosfera sonora onírica”, na qual surgem pequenas transformações através de artifícios contrapontísticos, filtragens harmónicas e tímbricas, etc. Dou também muita importância à ambiguidade entre a continuidade e a descontinuidade». Jorge Peixinho (1940-1995).

 
 
Na netlabel francesa Insubordinations, duas novas edições de estalo:

[insub08] - Crashbonsai, "shit on scissors: splatter data for fake minds"
Laptop improvisations em ambiente doméstico confortável. A estreia na Insubmissions da electrónica digital a 100%.

[insub09] - Tutu Combo & Heddy Boubaker, "Le Grain de L'avoine"
Lances e ensaios de improvisação electroacústica.

 
 
Esta recente edição da Creative Sources Recordings (cs068)capta em estúdio um quarteto formado por Wade Matthews, Ernesto Rodrigues, Bechir Saadé e Guilherme Rodrigues. Em “Oranges” (temas 1 a 9, num total de 42’58’’) Wade Matthews arma teia e trama electrónica focada na criação de texturas, acidentes e rugosidades, por onde amarinham sons animados, pequenos pontos de luz que, vistos à distância, iluminam uma tela de consideráveis dimensões e traduzem a imensa quantidade de eventos sonos que aqui se produzem.
Clarinete baixo (Matthews e Saadé), nay, flauta alto, viola, violoncelo e electrónica estabelecem subtis ligações electroacústicas em cadeia, o sopro como espevitador de um fogo que arde lento, brasas sobre as cordas, alimentado por uma permanente e quase imperceptível variação dinâmica em que detalhes e fragmentos marcam a progressão no terreno, apelando à concentração do ouvinte. No seu constante processo de transmutação, os sons adquirem formas estranhas, uma certa fluidez e imponderabilidade, como gritos surdos e rumores em tensão permanente. Música parente da escrita contemporânea, que dela difere na medida em que os momentos de composição, execução e registo ocorrem simultânea e instantaneamente, fundindo-se numa delicada amálgama de sons e silêncios profundos. Gravação de Janeiro de 2006, realizada no Estúdio Tcha Tcha Tcha, em Lisboa.
W. Matthews / E. Rodrigues / B. Saadé / G. Rodrigues - Oranges (Creative Sources)

 
 


Alípio C Neto (saxofone tenor, flautas e apitos) e Jean-Marc Charmier (trompete, fluegelhorn e pocket trumpet) convidaram os suecos Torbjörn Zetterberg (contrabaixo) e Joakim Rolandson (saxofone alto e flauta), e o baterista português Paulo Bandeira para uma sessão de estúdio em Lisboa, com o técnico de som Luís Delgado. Foi na tarde de 15 de Julho passado. Assistiram a tudo o artista gráfico Lizuarte Borges e eu próprio.
Em cinco temas, todos gravados num único take, o quinteto deixou pronta uma rough mix que ando há dias a ouvir. Dos cinco temas, três são de Alípio (Pajeú, Aboio 1 e Violet Furs) e dois de Jean-Marc (Fujiamor e Une Rose Rouge), composições que o grupo atacou sem ensaio e sem que antes os músicos tivessem tocado juntos. Fácil foi a comunicação e a empatia que espontaneamente se estabeleceu entre cinco pessoas com percursos e vivências muito diversificadas, característica que se converteu em enriquecimento musical.
Ambos membros do iMi Kollektief e de uma série de outros grupos passados e presentes, Alípio e Jean-Marc conhecem-se bem, longa foi a década em que tocaram juntos na rua e debaixo de telha. Representam duas maneiras de ser e estar que se complementam e prolongam musicalmente, que vivem no encontro e no cruzamento das linhas contrapontísticas, um mais agreste e anguloso, o outro mais suave e melódico.
Interesse acrescido viria do lado de Torbjörn Zetterberg e de Joakim Rolandson, dois jovens músicos do novo jazz sueco, à data em excursão surfista por Portugal. Joakim com um saxofone alto marcadamente ornettiano, a que não falta um toque de Coltrane nos registos mais graves, e Torbjörn com Mingus a correr-lhe nas cordas, tocaram com a garra que se lhes conhece de anteriores trabalhos em disco, que por isso mesmo deixava antever boas parcerias. Paulo Bandeira, músico mais associado à prática do jazz mainstream, mostrou ser versátil e ter capacidade de se adaptar aos vários estilos. Formou sólida dupla rítmica com Zetterberg, impulsionando o trio de sopros de modo a fazê-lo colocar sempre mais ardor na tarefa.
Fruto de uma bela sessão, equilibrado nas proporções, o disco tem potencial para agradar tanto aos cultores de um jazz mais arrojado e exploratório, em que os solistas pulam a cerca e acabam por regressar ao redil, como aos apreciadores da improvisação estruturada dentro dos temas, com uma variedade considerável de moods, cores e ritmos ao longo de 50 minutos de denodada entrega à causa.
Depois de masterizado, rua! Porque esta música merece ser ouvida.

 
27.7.06
 

"Electronic Panorama": Paris, Tokyo, Utrecht, Warszawa (LP Philips 6740 001)
Around 1970 Philips had its own recordlabel (as well as its own electronic studio, btw) and it released a series of records with state of the art electronic and electro-acoustic music which were all encased in a shiny silver sleeve. The series was called Prospective 21e Siecle. Currently these releases are well sought by collectors of ancient electronic music. One of these release was a box with 4 records, each presenting the latest or the best of 4 electronic music studios: Utrecht, Warsaw, Paris and Tokyo. Program notes by Maurice Fleuret. Recorded at Groupe de Recherches Musicales de l'O.R.T.F. (Paris, France), Studio voor Elektronische Muziek (Utrecht, The Netherlands), Studio of Radio NHK, (Tokyo, Japan), Studio Eksperymentalne Polskie Radio (Warszawa, Poland).
Obras de Ivo Malec, Luc Ferrari, Guy Reibel, Bernard Parmegiani, Pierre Henry & Pierre Schaeffer, François Bayle, Jaap Vink, Milan Stibilj, Frits C. Weiland, Jacob Cats, Alireza Maschayeki, Luctor Ponse, Jos Kunst, Gottfried Michael Koenig, Toshiro Mayuzumi, Minao Shibata, Makoto Moroi, Krzysztof Penderecki, Andrzej Dobrowolski, Arne Nordheim, W³odzimierz Kotoñski e Boguslaw Schaeffer.

 
26.7.06
 

«Much is made of the ‘space oddity’ of Sun Ra but this guy probably had it all, jazzman, bandleader, composer, Egyptologist, lecturer, thinker, time traveller and snazzy dresser. It is little wonder then that he had trouble just sticking to his birth name, Herman Poole “Sonny” Blount».
Sun Ra - Brother from another Planet, Part 1, Part 2, Part 3 & Part 4.

 
 

STARRY NIGHT (excerpt) 6.31 - minimalistic improvisation by mazen kerbaj / trumpet. the israeli air force / bombs. recorded by mazen kerbaj on the balcony of his flat in beirut, on the night of 15th to 16th of july 2006. © mazen kerbaj 2006

 
 
Como um enclave dentro do Appleby Jazz Festival, a Free Zone Appleby, sob a direcção artística de Evan Parker, tem vindo, desde 2002, a acolher anualmente propostas de improvisadores relacionados com a cena britânica, que giram em torno de Evan Parker e amigos, por assim dizer. A mais recente edição da Free Zone, que teve lugar a 31 Julho de 2005, desdobrou-se em grupos formados a partir de um conjunto de nove músicos, desdobrado em três diferentes trios, um quarteto e, no final, um noneto. O espaço e o som de Chris Trent possibilitaram condições acusticamente perfeitas. No Ancient Space da St. Michael’s Church, em Appleby, Inglaterra, tocaram Evan Parker, Gerd Dudek, Paul Dunmall, Paul Rogers, Philipp Wachsmann, Kenny Wheeler, John Edwards, Tony Levin e Tony Marsh, dispostos em quarto sets. O disco agora editado pela Psi Records de Evan Parker – "Free Zone Appleby 2005" – , das mais de cinco horas de improvisação (uma tarde inteira, que começa cerca das 13h00 e fecha para jantar), recolhe 75 minutos de actuações essencialmente viradas para o free jazz de roupagem britânica, abrindo com o trio de Kenny Wheeler / Paul Rogers / Tony Levin, prosseguindo com o quarteto de Gerd Dudek / Evan Parker / John Edwards / Tony Levin, e com os trios de Gerd Dudek / John Edwards / Tony Marsh, e de Paul Dunmall / Phil Wachsmann / Tony Levin. O grande final inclui a família completa (noneto), encerrando em grande animação aquela que deve ter sido uma das mais vibrantes edições da Free Zone. A avaliar pela amostra...

 
 

«Guitariste, compositeur et chef d'orchestre virtuose, Zappa reste aussi célèbre que méconnu, résistant à toute classification, à toute normalisation. C'est cette résistance elle même qui constitue le noyau vital de ses compositions. Par quel moyen restituer à la musique sa toute puissance déflagratoire? Comment éviter les pièges de l'enfermement de toute musique dans la redondance et/ou 1e stéréotype? Grâce à un humour féroce et radical qui, introduit au cœur même de l'écriture, absorbe et dépasse tous les genres. Au moment où l'homogénéisation universelle des modes musicaux fait écho à la mondialisation idéologico-économique, la musique de Zappa ne néglige aucune forme musicale mais les sublime et les dynamite toutes. L'humour est le moyen le plus radical de cette ambivalence polymorphe qui fait exploser toute censure dans l'émergence d'un univers sonore construit comme un scénario de rêve, absurde mais tellement libérateur» - "One side fits all. Clés pour une ecoute de Frank Zappa". Autor, Rémi Raemackers; edição La Mémoire et la Mer, 2003.

Inca Roads. "One Size Fits All" (1975) - Frank Zappa and The Mothers of Invention: Frank Zappa, George Duke, Napoleon Murphy Brock, Chester Thompson,Tom Fowler, Ruth Underwood.

Frank Zappa - The Torture Never Stops
Frank Zappa - Peaches En Regalia
Frank Zappa - Montana
Frank Zappa - St. Etienne
Frank Zappa - Honey, Don't You Want A Man Like Me?
Frank Zappa - Documentary (part 1, part 2, part 3, part 4, part 5, part 6)



 
25.7.06
 
Hoje, 25.07.2006, às 19h00, Mechanics (Lars Arens, Johannes Krieger, Alípio C. Neto, Ricardo Freitas e Rui Gonçalves) ao vivo no ciclo Jazz im Goethe Garten, no Goethe-Institut - Campo dos Mártires de Pátria, 37 - Lisboa.
«O trombonista alemão Lars Arens residente em Lisboa reúne um grupo entrosado que cultiva há três anos, veículo ideal para as suas composições elaboradas e festivas. Coeso e interactivo o quinteto desmultiplica a soma dos talentos individuais em presença, confirmando o facto recente de encontros frutuosos de músicos internacionais que aportam a Lisboa, nela estacionando e fazendo parte da vívida cena local».

 
 

Sabir Mateen's Shapes, Textures & Sound Ensemble, grupo do multi-instrumentista novaiorquino Sabir Mateen tem um primeiro disco de cortar a respiração. “Prophecies Come to Pass”, energia e potência sonora organizadas em seis composições, tem Sabir em saxofones alto e tenor, flauta e clarinete; Matt Lavelle, trompetes; Steve Swell, trombone, Matt Heyner, contrabaixo; e Michael T. A. Thompson, bateria. A equipa é impressionante por si só. O disco saiu este mês na 577 Records, do baterista Federico Ughi. “Prophecies Come to Pass” é dedicado a Raphe Malik.

 
 

Simon Nabatov & Tom Rainey. Juntos pela primeira vez em duo para uma gravação na NDR Radio, Hamburgo, em Agosto de 2005. Improvisação livre em piano e percussão. "Steady Now", na Leo Records.

 
24.7.06
 

John Surman, Mike Osborne, Alan Skidmore, Polar Bear, Arve Henriksen, Jan Garbarek, Bobo Stenson Quartet, John Surman, Jack Bruce, Jon Hiseman, Kevin Norton's Metaphor Quartet, Joe McPhee. Jazz & improvised music. Live & rare recordings. Melodiradion.

 
 

Joe McPhee saxofone tenor solo é aqui, não é preciso ir mais longe. Considerado o correlativo de “For Alto”, de Anthony Braxton, gravação que Mcphee teve em mente na escolha, preparação e execução do material, "Tenor & Fallen Angels" (HatOLOGY, 1976/1977), que agrupa as quatro peças de “Tenor” (Knox; Good-Bye, Tom B.; Sweet Dragon e Tenor) e uma exposição de maior fôlego e aspereza que é “Fallen Angels”, constitui a súmula da primeira década de trabalho de McPhee no instrumento, o estado da arte do saxofone tenor de Coleman Hawkins para a frente. Por isso, além de ser um disco rico em tonalidades e um prodígio de invenção rítmica e melódica, é também um documento importante do jazz dos anos de 1970.

 
 


Variable Geometry Orchestra (VGO) ao vivo na Bomba Suicida. Lisboa, 15.07.2006
 
 


Em revisões da matéria dada, preguiçando um pouco em tempo de férias, há um disco de Fred Anderson – o padrinho do jazz de Chicago, co-fundador da Association for the Advancement of Creative Musicians (AACM) – que me tem acompanhado nas deambulações próprias da saison: “Fred: Chicago Chamber Music” (Southport). Fred Anderson pratica aqui um estilo próximo da mistura bop e blues, o que constitui uma espécie de hiato em relação ao expressionismo free que o caracteriza de forma mais marcante e imediatamente reconhecível. "Fred: Chicago Chamber Music" veio ao mundo numa micro-editora de Chicago, a Southport Records, e em edição limitada, pelo que acabou por adquiri o estatuto transitório de iguaria servida restritamente dentro do nicho a que se destinaria. Pior ainda, tem estado out of print (embora ainda seja possível encontrá-lo e a bom preço). Pena, porque este duplo CD tem muito com que entreter o genuíno jazz lover. Vejamos: o primeiro disco apresenta um trio com o contrabaixista asiático-americano Tatsu Aoki e com o baterista Afifi Phillard, dupla com a qual Anderson desfia boa parte do que é capaz com o saxofone tenor, bastas vezes a puxar para o extremo Sonny Rollins. O segundo disco acrescenta o pianista Bradley Parker-Sparrow (fundador da Southport, “Real Jazz made in Chicago”) em dois temas, reservando Fred Anderson o resto do espaço para dialogar mano-a-mano com o grande Tatsu Aoki. Gravação de Maio de 1996, quando Fred contava 68 anos. Vimo-lo em Lisboa, ao vivo no Jazz em Agosto de 2002, numa forma física e criativa impressionantes. Em 2006, está aí para as curvas, pronto para reabrir o seu afamado Velvet Lounge, em Chicago.

 
 

Misha Mengelberg em DVD: "Afijn". Documentário realizado por Jellie Dekker.

 
18.7.06
 

Primeiro que tudo, é preciso manter um lume permanentemente aceso. Depois, um fornecimento constante de água a ferver. Em seguida, um chão sempre limpo. Depois, é a vez dos utensílios para limpar, moer, desossar, pelar e cortar. Seguidamente, um dispositivo para manter a cozinha livre de odores, enriquecendo-a com uma atmosfera limpa e sem fumos. E música, porque os homens trabalham melhor e mais alegremente quando há música.
Leonardo da Vinci, Notas de cozinha (Codex Romanoff)

Como Leonardo, acreditamos que com música na cozinha se trabalha melhor e mais alegremente. Com Sonic Kitchen, o espectáculo que esta semana apresentamos em destaque, veremos que é a própria cozinha que faz a música. E a comida e a alegria, enquanto os utensílios limpam, moem, desossam, pelam e cortam, com sons para ver e ouvir e saborear. A 20 de Julho em Odemira, no Mercado Municipal (Sopa dos Artistas) e a 22 de Julho no Jardim dos Livros (Biblioteca) do Alvito. Informações e reservas: 933 241 175, info@escritanapaisagem.net

Ensemble JER
Cozido à portuguesa é um concerto de música exclusivamente portuguesa, apresentada com o humor e a mestria deste ensemble que utiliza instrumentos de plástico, sob a rigorosa direcção de José Eduardo Rocha.
26 de Julho, Centro de Artes de Sines. Co-produção Festival Músicas do Mundo

Fruit Music
Concerto de música improvisada com frutos como tema. Um quarteto de músicos de excepção no panorama nacional e internacional: Franziska Schroeder, Pedro Carneiro, Pedro Rebelo e Ulrich Mitzlaff.
28 de Julho, Centro de Artes de Sines. Co-produção Festival Músicas do Mundo
29 de Julho, Praça 1º de Maio, junto ao mercado de Évora
Co-produção VI Encontro do Alentejo de Música do Século XX.I

Mostra de vídeo
Últimos dias para ver os trabalhos da Secção Gargântua (António Preto, João Garcia Miguel, Mimi Oka & Doug Fitch) e as etnoscapes de Pedro Gil, Regina Guimarães & Saguenail e Tomas Aragay. Só até 20 de Julho.

Margarida Chambel. Até 31 de Julho, Biblioteca Municipal de Arraiolos

Nova crónica
Um texto de José Rodrigues dos Santos, sociólogo, antropólogo, investigador da Academia Militar de Lisboa e do Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades (CIDEHUS) da Universidade de Évora, escrito para o concerto Ervas & Aromas.

 
 


«Charles Gayle: Always Reaching»
Entrevista de Rex Butters, na AAJ (foto John Rogers)



 
 



Mazen Kerbaj
, de Beirute, Líbano, tem um blog. Kerblog.

 
17.7.06
 

FILMED - Derek Bailey solo guitar
Recorded Setember 1993. Solo Guitar Series, No 4

 
 

11ª edição da série Document Chicago que a bem apurada 482 Music tem vindo a empreender, "Rip Tear Crunch" traz de volta o saxofonista Dave Rempis, lírico e explosivo, à frente do seu muito activo Rempis Percussion Quartet, com saxofones, contrabaixo e duas baterias. Para boa parte da crítica, entre a qual se conta o influente Chicago Reader, «this might be the best new jazz band in town». Rempis, que tem feito mossa no Triage, Vandermark 5, The Engines, The Rempis/Daisy Duo, no Dave Rempis Quartet e no abrasivo Brötzmann Chicago Tentet, apresenta-se uma vez mais com gente local, como o contrabaixista Anton Hatwich (Indoor/Outdoor, Festival Quartet), e os bateristas Tim Daisy (Triage, Kyle Bruckman's Wrack e ex-Vandermark 5) e Frank Rosaly (Fred Lonberg-Holm Trio, Ken Vandermark's Crisis Ensemble). Estilisticamente, em "Rip Tear Crunch" reconhecem-se as personalizadas composições do líder, temperadas por influências afro-latinas nos seus vários matizes e ritmos, ambientes de free jazz e funk, com particular ênfase na improvisação colectiva. Conhecendo o percurso deste extraordinário músico, compositor e saxofonista de Chicago, é caso para perguntar porque é que Ken Vandermark fica com toda a fama e proveito, e Dave Rempis, que não lhe fica nada atrás em técnica, inventividade, composição, energia, ferocidade e até em actividade frenética, continua a ser um músico conhecido apenas em círculos restritos, felizmente cada vez maiores. Obra do poder mediático, claro está. A realidade é dinâmica e as coisas mudam, porém.

 
16.7.06
 


Frank Zappa & The Mothers of Invention: King Kong, Parts One & Two.
BBC, 1968 - FZ & The Mothers: Frank Zappa, Jimmy Carl Black, Aynsley Dunbar, Roy Estrada, Don (Dom De Wild) Preston, Bunk Gardner, James "Motorhead" Sherwood, Ian Underwood. King Kong, em versão de estúdio, foi incluída pela primeira vez em "Lumpy Gravy", de 1968, e depois em "Uncle Meat", disco dos Mothers de 1969. «Hello, teenage America (heh), my name is Suzy Creemcheese...». Há muito boa gente que se convenceu de que o jazz-rock/fusion é uma "invenção" revolucionária de Miles Davis, em "Bitches Brew" (1969), quando Zappa navegava nestas águas havia dois anos. Pois é. E que tal uma animaçãozinha de Willie the Pimp, de Frank Zappa & Captain Beefheart?!

 
 

Com as duas últimas saídas ("Intersecting a Cone with a Plane" (cs069), do trio Ricardo Arias/Günter Müller/Hans Tammen, e “Alud" (cs070), da dupla ibérica Pablo Rega e Alfredo Costa Monteiro, a editora de Ernesto Rodrigues, Creative Sources Recordings, perfaz o número redondo de 70 títulos colocados no mercado. É obra! Sobretudo num segmento – o da chamada nova música improvisada – em que os escolhos, atenta a putativa “dificuldade” do produto, são bem maiores que os vividos no mercado do jazz, pois escassíssimas são as recensões ou referências críticas nos media, a imprensa, a rádio ou a televisão incluidos, que, por junto, nem meia nota de rodapé apresentam. Cá na Paróquia, atrasada, a acefalia da crítica “institucional”, jovem ou bastante usada, fá-la fugir disto como o diabo da cruz, mais por preconceito, tacanhez ou ignorância, que por quaisquer razões intrínsecas ao produto musical. Nesta matéria, estamos conversados.
Num trabalho de paciência e dedicação, mercê de uma escolha criteriosa do produtor e da tomada de decisões editoriais baseadas numa escuta atenta e ponderada, a Creative Sources Recordings publicou setenta títulos cuja qualidade média é bastante elevada, e assim nos dá a oportunidade de nos familiarizarmos com boa parte do que melhor e mais esteticamente relevante se vai passando no mundo da moderna música improvisada. E isso, por si só, deve constituir motivo de orgulho para qualquer cidadão decente, despreconceituoso e musicalmente interessado. Nota alta para o trabalho de Carlos Santos, autor da quase totalidade das capas, que interpretam e acompanham graficamente o conteúdo do produto que embrulham.
Ainda mal refeito das gratas impresões provocadas pelos recentes discos de Sei Miguel, com Fala Mariam, Rafael Toral e César Burago ("The Tone Gardens" - cs067), e de Ernesto Rodrigues, com Guilherme Rodrigues, Wade Matthews e Bechir Saade ("Oranges" - cs068), eis que surgem “Alud”, do duo Neumática, radicado em Barcelona e formado por Pablo Rega e Alfredo Costa Monteiro. Música de fonte electrónica, com a particularidade de, na origem do som, estar material de construção doméstica e simples pick-ups em gira-discos. O fluxo sonoro originado é contínuo, sem grandes oscilações, cortes ou abruptas mudanças de direcção, tendo os artistas optado por focar aspectos relacionados com a duração e com a subtil modulação do ruído, dessa forma criando estruturas densas, espessas e saturadas, ainda assim muito fáceis e agradáveis de ouvir.
Ensinava a geometria euclidiana desde há mais de 2000 anos que a Terra é uma esfera e que a órbita desenhada pelo planeta à volta do sol é uma elipse. Na representação laboratorial dessa ideia, um cone projectado no espaço, cortado por um plano imaginário, também forma uma elipse. Transpondo essa experiência da física para a criação acústica, enquanto ramo da física, o trabalho com curvas sonoras que nascem da intersecção de diferentes planos e linhas imaginárias está na essência do novo disco de Ricardo Arias, Günter Müller e Hans Tammen, “Intersecting a Cone with a Plane”. Arias, Colombiano de Bogotá radicado em Nova Iorque, o suíço Müller e o alemão Tammen improvisam com instrumentos comuns e outros menos ortodoxos, como o "bass-balloon kit", formado por pequenos balões de borracha presos a uma estrutura, tocados com as mãos ou com acessórios diversos, electrónica sortida e guitarra preparada, que Tammen designa por "endangered guitar".
As mudanças e oscilações são bastante sensíveis, o passo é lento e o restolhar quase permanente. É praticamente impossível determinar quem faz soar o quê, tal é a ilusão e a homogeneidade dos sinais emitidos, nos quais se confundem os sons electrónicos de Günter Müller, marcadamente percussivos, ou não fosse ele um percussionista que exerce essa actividade em “Intersecting a Cone with a Plane”.
Um disco-instalação sonora que apresenta alguns dos sinais caracterizadores e representativos das correntes actuais da música improvisada de matriz europeia, um work in progress que, pessoalmente, considero dos melhores que me foi dado ouvir em 2006, nesta especialidade.

 
 

Londres, 1970. Com este disco Derek Bailey (guitarra), Evan Parker (saxofones soprano e tenor) e Han Bennink (percussão) estreavam a Incus Records - Compatible Publishing, Ltd. Além do mais, "The Topography of the Lungs" é uma obra-prima da música improvisada europeia. Pela primeira vez editada em CD, agora sob o nome exclusivo de Evan Parker (Psi Records, editora do próprio), vem acrescida de duas outras peças da mesma sessão, num total de 9 minutos, que tiveram que ficar de fora por razões de espaço. As imagens mostram a capa original (à esquerda, homenzinho de frente) e a actual apresentação (à direita, homenzinho de costas).

 
 

Novos CIMP:

- "Ins And Outs": Burton Greene (piano), Ed Schuller (bass), George Schuller (drums)
- "Infinite Potential": Lou Grassi (drums, percussion), Perry Robinson (clarinet, ocharina), David Taylor (bass trombone), Herb Robertson (trumpet, pocket trumpet, flugelhorn), Adam Lane (bass)
- "Loaded Basses": Joe Fonda (bass), Claire Daly (baritone sax), Joe Daley (tuba), Gebhard Ullmann (bass clarinet), Michael Rabinowitz (bassoon), Gerry Hemingway (drums)
- "Younger Dryas": William Gagliardi (alto, soprano & tenor sax), John Carlson (trumpet, pocket trumpet), Ken Wessel (guitar), Dave Hofstra (bass), Lou Grassi (drums)
- "The Rain In Spain": Sophie Duner (vocals), Rory Stuart (guitar, voice), Matt Penman (bass), Kahlil Kwame Bell (bongos, chimes, udu)

 
 

Na sequência de "Abstract", "Free Form" e “Movement”, discos com que Joe Harriott (1928-1973) quase de uma assentada entrou a matar na morna cena jazz britânica do início da década de 60, mais exactamente à razão de um disco por ano, entre 1961 e 1963, provocou um tsunami correlativo daquele com que Ornette Coleman já andava submergir as ruas de Nova Iorque (e arredores) desde finais dos anos 50. Como é sabido, de ambos os músicos o status quo do jazz disse cobras e lagartos, que não era jazz, um horror inominável, que estavam a dar cabo da boa e velha tradição, porque torna, porque deixa, e todo o habitual chorrilho de baboseiras, disparates e alarvices avulsas com que o conservadorismo reaccionário, cá como lá, geralmente brinda quem se atreve a sair do rêgo e a pôr a cabecinha de fora (entretanto, com o tempo, que tudo cura, até a estupidez, adquiriram outro estatuto, de párias passaram a ser os maiores, coisa e tal...).
Não é muito comum ouvir-se dizer, mas a importância de Joe Harriott para a cena jazz/improv britânica é enorme. Basta pensar que ele foi uma influência determinante em John Stevens e Evan Parker, para não ir mais longe. Mesmo na América dos dias de hoje se podem encontrar vestígios múltiplos da influência do saxofonista em saxofonistas como Ken Vandermark, por exemplo.
Depois daquelas três bombocas, o saxofonista de origem jamaicana experimentou outro tipo de abordagem, eventualmente como reacção ao falatório que o acusava de anti-jogo e de ser um autêntico coveiro do jazz (as coisas que se dizem...). A dada altura, ainda em 1963, numa opção que deve ter tido em conta pressões e outras considerações extra-musicais, Harriott resolveu gravar ao vivo um set inteiramente preenchido com standards. Talvez para provar alguma coisa a si próprio ou a terceiros, quem sabe? O resultado foi "Live at Harry's 1963", gravação que representa o regresso do artista à forma bop, cuja Harriott praticava desde que, em 1951 ou 1952, mudara de ilha, gravação que não chegou a ser prensada, nem mesmo no Japão, país onde desde há muitos anos floresce o mercado das raridades e bizarrias.
Deste Harriott não se pode dizer que é bizarro, antes raro. E mais ainda porque ao vivo. Os cinco standards da sessão, Sandu, Cherokee, Night In Tunisia, I'll Remember April e Just Friends, recebem um tratamento distendido, com longos e imaginativos solos, Harriott e a rapaziada a puxar ora para o lado Dolphy, ora a flanquear para as bandas de Ornette, sem nunca perder a forma de vista. Bela banda esta que em Abril de 1963 gravou em Leicester num clube de jazz de Harry Flick, que no fundo é Johnny Collins Quartet aumentado, com Johnny Collins, saxofones alto e barítono, Colin Willets, piano, Fred Barnsley, contrabaixo, e Tony Levin (esse mesmo), bateria. Edição britânica da Rare Music, acabadinha de sair. Ide por ele antes que se torne outra vez uma iguaria apenas ao alcance dos escassos felizardos que em devido tempo esticarem a mãozinha para agarrar o seu bendito exemplar. Não sei se a edição é limitada, mas há-de ser curta para as encomendas.

 
15.7.06
 


Este sábado, 15 de Julho, às 22 horas, toca a Variable Geometry Orchestra no Festival MASCAVADO, organizado pela Ristretto e montado nas instalações pela Bomba Suicida, que deflagra na Rua dos Caetanos, 26, ao Bairro Alto, em LISBOA. Apoio da Fonoteca Municipal de Lisboa.

Ernesto Rodrigues (viola, direcção), Guilherme Rodrigues (violoncelo), Hernâni Faustino (contrabaixo), Sei Miguel (pocket trumpet), Eduardo Chagas (trombone), Miguel Bernardo (clarinete), Jorge Lampreia (flauta, saxofone soprano), Lizuarte Borges (saxofone alto), Abdul Moimême (saxofone tenor), Alípio C Neto (saxofone tenor), João Viegas (saxofone tenor), Luís Lopes (guitarra eléctrica), Adriana Sá (electrónica), Carlos Santos (electrónica), Travassos (tapes), Peter Baastian (saxofone alto), Armando Pereira (acordeão), César Burago (percussão), Monsieur Trinité (percussão) e José Oliveira (bateria).

 
 

Através da SquidCo, algumas saídas recentes que vale a pena investigar:

- Brötzmann Group, Peter: Alarm (Atavistic)
- Bruise with Derek Bailey: Bruise with Derek Bailey (Foghorn)
- Cyrille, Andrew / Osby, Greg: Low Blue Flame (Tum Records)
- Gjerstad /Carter /Shurdut: Behind The White Fence (No Labels)
- Gottlieb, Ayelet Rose: Mayim Rabim (Tzadik)
- Lacy, Steve / Heward, John: Recessional (Mode Records)
- Lavelle, Matt: Trumpet Rising Bass-Clarinet Moon (577)
- Levin Quartet, Daniel: Some Trees (Hatology)
- Marclay, Christian: Guitar Drag 12" (Neon Gallery Brösarp)
- Murray, Sunny / Edwards, John / Bevan,Tony: Home Cooking in the UK (Foghorn)
- Nmperign / Lescalleet, Jason: Love Me Two Times (Intransitive Recordings)
- Oliveros, Pauline: The Roots Of The Moment (Hatology)
- Spin Ensemble (Ostendorf / Lauzier / Myhr / Taxt / Gouband): Spin Ensemble (Spin)
- Sun Ra: Research (Sun Ra Research)
- Tchicai, John / Workman, Reggie / Cyrille, Andrew: Witch's Scream (Tum)
- The Year Of: Slow Days (Morr Music)
- Trio 3 (Cyrille / Lake / Workman): Time Being (Intakt)
- Ultralyd: Throb and Provision (Utech Records)

 
 

A Ayler Records apresenta o segundo ensaio da dupla Hamid Drake e Assif Tsahar, gravado em Novembro de 2002 no Glenn Miller Café, Estocolmo, segunda parte do empolgante "Soul Bodies, Vol. 1", também publicado pela editora de Jan Ström. Cotejados ambos os discos, pessoalmente, ainda me agrada mais este segundo volume das aventuras de Drake & Tsahar, descendente em linha recta da mais genuína cepa saxofone tenor/bateria, que tantos e tão bons frutos tem dado ao mundo do jazz, o mais famoso dos quais será talvez "Interstellar Space", produto do labor de John Coltrane e Rashied Ali, cunhado em 1967. Relativamente a Rashied, que naquele ano chegava lume intenso aos pés de Coltrane, Hamid acrescenta maior variabilidade rítmica, que vai do swing ao funk, passando pelo blues e pelo calipso; Tsahar exibe a sua imensa gramática no saxofone tenor, instrumento de que é um dos maiores praticantes na actualidade, como este "Live at Glenn Miller Café, Soul Bodies Vol. 2" bem atesta e não me deixa mentir. Numa viagem que, em termos estilísticos, vai de Sonny Rollins a Albert Ayler, passando por Coltrane, o disco trata de quatro originais compostos no momento, passa por Mother and Father, de Peter Kowald, e fecha com o popular Saint Thomas, imortalizado por Sonny Rollins. Confirmação para os bem-aventurados conhecedores, revelação para quem ainda não se tenha atrevido a estes sons com pouca forma mas muito espírito. A uns e a outros é disco para encher as medidas, por mais avantajadas que elas sejam.

 
 

Jazz em Agosto 2006

«O jazz regressa em Agosto ao jardim da Fundação Gulbenkian, em Lisboa, com uma semana de concertos "sob o signo de Coltrane" e "forte preponderância" dos Estados Unidos, anunciou o director artístico do festival, Rui Neves.
No cartaz do "Jazz em Agosto 2006" figuram, entre outros, o sexteto de Anthony Braxton, The Cláudia Quintet, Rova Orkestrova Electric Ascension, Craig Taborn's Junk Music, Corkestra, Nels Cline e Evan Parker.
Trata-se de "um leque abrangente do mundo contemporâneo do jazz", desde o "neo free" e o "electrojazz" ao "jazz de câmara" e ao chamado "noise", diz Rui Neves.
O programa, que decorrerá de 03 e 12 de Agosto, inclui uma palestra de Evan Parker sobre Coltrane, uma das figuras míticas do jazz moderno, falecido em 1967 com apenas 41 anos, e a exibição de um filme com Coltrane, Miles Davis e Gil Evan, cedido pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos.
O "Jazz em Agosto" da Gulbenkian começou em 1984 e desde então já acolheu cerca de 180 concertos, a maioria deles no anfiteatro ao ar livre dos jardins da Fundação, com 900 lugares.
Segundo os organizadores, nos últimos anos, o festival "ganhou projecção internacional" e é hoje citado nas "melhores publicações do jazz actual"» - Lusa.

 
 

Este foi daqueles que perdi e tive realmente pena: o concerto de Rodrigo Amado, Paulo Curado, Luís Lopes e Rui Faustino - PICTOGRAPHS / PETROGLYPHS, a 12 de Julho, no âmbito do DER GELBE KLANG (O SOM AMARELO), da Granular. O ciclo prossegue no Museu do Chiado, em Lisboa. (Fotos: Crista)

«O jazz e a improvisação como correspondências do Expressionismo Abstracto. Imagine-se um pictograma (de Adolph Gottlieb, por exemplo) não como a representação visual de um som, mas como a representação sonora de uma imagem... Amado, Curado, Lopes e Faustino são todos eles improvisadores e de comum têm uma ligação privilegiada com o jazz, mas a sua perspectiva deste idioma musical é suficientemente aberta para o questionarem com alguma distância crítica. Só assim, de resto, o jogo a realizar seria possível. Com os Lisbon Improvisation Players, grupo de formação variável que tem reunido portugueses e importantes nomes do circuito internacional, Rodrigo Amado concilia o free jazz com a livre-improvisação. Fora dos LIP a sua presença faz-se notar nas mais diversas áreas, do colectivo de hip-hop Rocky Marsiano a uma colaboração com a electrónica experimental de Vítor Joaquim. Paulo Curado concilia a militância jazzística com o acompanhamento de nomes da MPP e a composição para teatro e cinema de animação. Luís Lopes tem um “background” de rock referenciado em Jimi Hendrix, e se Rui Faustino é uma das revelações da bateria na nova geração do mais avançado jazz nacional, o que quer dizer que busca inspiração também em outras músicas».

No dia seguinte, 13 de Julho, com Eduardo Lála (trombone) no lugar de Paulo Curado (saxofone alto) actuou n'A Barraca, a Santos, o Luís Lopes Humanization Quartet.



 
11.7.06
 


«(...) Then Katrina hit. Kidd's home was of the more than 100,000 wiped from the map of Louisiana. When we were finally able to reach Kidd after the storm and ask if he would still be able to make the session, he said simply,"Yeah man, let's do it!"/».
"Palm of Soul" = Kidd Jordan // Hamid Drake // William Parker. É ouvir para crer.

 
10.7.06
 


Jan Ström, da Ayler Records, estreou uma nova secção na página da editora que dirige a partir de Gusum, Suécia, através da qual Ström dá a conhecer ao público visitante trabalhos artísticos diversos relacionados com a música e com o grafismo das edições. Para começar, duas mini-galerias com pinturas de Åke Bjurhamn, o autor de todas as capas da Ayler; outra com fotografias de Heiko Purnhagen, e uma referência a "The Final Nite & Other Poems", o mais recente livro do poeta norte-americano Steve Dalachinsky, inspirado em Charles Gayle e apresentado pelo autor em Nova Iorque, no decurso da edição de 2005 do Vision Festival (video).

«We're proud to announce the launch of a new section on the website. Accessible from the bottom of this page, the artwork section's aim is to share the interest we have in other art forms, through our collaboration and friendship with various artists over the past 6 years.We start with three artists. One of the artists presented is Steve Dalachinsky. During the Vision Festival in NYC in June, he released his new book, The Final Nite & Other Poems, based on the artistry of Charles Gayle. The book was co-published by Silkheart Records & Ugly Duckling Presse and will be distributed and marketed by Ayler Records soon.The book is printed in a very limited edition and you can already now indicate your interest to us. We will soon inform about the price and all other relevant information. The book is already reviewed by Downtown Music Gallery in New York. Also, take a look at the new, enhanced AYVI-System, an exclusive feature that brings you unique additional value in forms of photo and/or video content from most of our recorded concerts when you purchase one of our releases.It comes with completely redesigned content and re-encoded videos, and it is simpler to use than ever. Enjoy!» - Jan Ström

 
 

Jack Wright


 
 

Uma demo com três temas gravados em 2002, na Alemanha. Vinte e quatro minutos de música servem para provar o que nem de longe suspeitava antes de ouvir: a arte de Felix de Barros, pianista e saxofonista alemão de ascendência brasileira. Felix mostra ser um pianista muito interessante, com a mão formatada pelo bop mais esclarecido e aberto à novidade. As sessões de Wayne Shorter com Lee Morgan do período Vee Jay, à volta de 1960, poderão ser consideradas o paradigma ou pelo menos a fonte de inspiração, consciente ou inconsciente, deste trabalho, embora se note que Felix e o seu grupo de músicos alemães, através de um olhar revisor, distanciado e original sobre o hard bop, alargaram o seu próprio léxico e para incluir elementos que transportam a música para a actualidade, por vezes às portas do que se convencionou designar por freebop. Tal é particularmente reconhecível no primeiro e terceiro temas da demo, sendo a peça do meio uma abordagem que evoca Coltrane de finais de 50. Nos três originais, não titulados, tocam Christian Grabant (trompete), Felix Wahnschaffe (saxofone alto), Walter Ganchet (saxofone tenor), Felix de Barros (piano), Oliver Potratz (contrabaixo) e Eric Schaeffer (bateria). Música de grande nível, a prova revela um grupo com energia, versáti e inventivo, capaz de se atirar para mais longe. Felix de Barros reside actualmente em Portugal, na zona de Lisboa, pelo que não será de espantar que uma noite destas o possamos ver e ouvir a tocar piano (ou saxofone alto) algures por aí. Espero bem.

 
9.7.06
 

Steve Lacy, Derek Bailey, Kent Carter, Anthony Coleman, John Zorn, Kent Carter, Alvin Curran, Evan Parker, Rova Saxophone Quartet, John Carter, John Fisher, Vinnie Golia, Tom Corra, Toshinori Kondo, Jack Wright, Ladonna Smith, Davey Williams, Eugene Chadbourne, Franz Koglmann, Gregg Goodman, Polly Bradfield, Radu Malfatti, Albert Mangelsdorf, Mitteleuropa Orchestra, Carlos Zíngaro, Lol Coxhill, Martin Joseph, Melvin Poore, Gianluigi Trovesi, Marco Cappelli, Teo Jorgesmann, Lester Bowie, Tony Oxley, Andrea Centazzo e muitos mais, na Ictus Records' 30th Anniversary Collection, caixa de 12 discos que assinala o 30º aniversário da ICTUS Records, editora do percussionista Andrea Centazzo, pioneiro da edição independente que desde a década de 70, com altos e baixos, tem vindo a gravar boa parte da actividade de improvisadores europeus e norte-americanos.

 
8.7.06
 

Frank Black, Kim Deal, Joey Santiago e David Lovering.
PIXIES. Dia 20, Pavilhão Atlântico, Lisboa


 
 

Joëlle Léandre e India Cooke. Contrabaixista francesa e violinista norte-americana. "Firedance", gravação ao vivo no canadiano Guelph Jazz Festival, em 11 de Setembro de 2004 (a edição deste ano do Guelph decorrerá entre 6 e 10 do mesmo mês). No Youth Music Center, Joëlle, a grande, a poli-facetada instrumentista, dilecta de Steve Lacy, senhora do jazz, da clássica (Conservatoire National de Musique, Paris) e da improvisação livre, com discos na Victo, Intakt, Leo, Hatology, Red Toucan... , juntou esforços com a menos badalada e discreta India Cooke, embora tenha tocado com grandes orquestras e com Sarah Vaughan, Ray Charles ou Frank Sinatra; ou com Cecil Taylor e Sun Ra. Cooke é uma violinista da Bay Area de S. Francisco, autora de "Redhanded", obra-prima publicada há uns anos pela Music & Arts, com Lisle Ellis, George Lewis, Larry Ochs e Donald Robinson.
O duo lança-se num desafio de troca de ideias, com todo o arsenal de técnicas de execução dos instrumentos, arcos, pizzicati, percussões e vozes expõem toda a delicadeza a agressividade de que as artistas são capazes, em diálogos, danças e rituais pagãos que têm no fogo o elemento central. O set é composto por sete improvisações muito variadas na forma, no estilo e na toada, entre o abstraccionismo expressionista e os mais arrebatadores esquiços de melodias cravadas na tradição do jazz. Mas também da clássica e da música oriental. Um pormenor curioso: o concerto teve lugar às 10 da manhã, perante um público interessado e participativo.
Edição de 2005 da canadiana Red Toucan, uma micro-editora bastante activa, que tem publicado obras muito interessantes e arriscadas, como é o caso de "Firedance", de Joëlle Léandre e India Cooke. Discos destes nunca cansam. O mais recente da Red Toucan é "Kamosc", do pianista Achim Kaufmann, com Michael Moore e Dylan Van der Schyff, outro a não perder. A Verge Music tem, e a muito bom preço.

 
 

PISCIS <º((((>< [PNA029] "Render Metafisico": «El universo de Piscis [aka Arturo Ortega, Guadalajara, México] es tan paradisíaco como inquietante, y tan imprevisible como lleno de magnetismo. Grandes dosis de hipnotismo para un mundo selvático construido sobre ruidos mínimos y en el que nacen y se desarrollan frutos de deliciosa tentación. Nos introduce en él un canto muy dulce, palpable y cariñoso, al que es imposible decirle que no. Sus encantos te llevan mente adentro, por lugares cada vez más recónditos e irreconocibles. (...) Ocurren muchas cosas diminutas y un sinfín de nuevas sensaciones que mantienen muy activa la atención. Llegamos muy hondo». - Sarah Vacher: "Mille Brûlures" [PNA028], un cóctel particular de ruido, ambient, melodía, glitch, silencio, amor, nervio, soledad, obsesión, máquinas y bastante tranquilidad también».


 
7.7.06
 

El ruido como medio de expresión

 
jazz, música improvisada, electrónica, new music e tudo à volta

e-mail

eduardovchagas@hotmail.com

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