Cheguei agora do Patrick Brennan, na Trem Azul. O homem está a tocar saxofone alto duma maneira... Mais em jeito que em força, como se diz no futebol, subtil, fresco e vigoroso na concepção sonora. Ouvido fino e resposta pronta de saxofonista free completo, neste sentido: de todas as opções possíveis em cada momento, Brennan faz instantaneamente a melhor escolha, com total controlo e liberdade de direcção. A acentuada complexidade rítmica, o bom domínio das técnicas do instrumento e uma equilibrada gestão do tempo e das dinâmicas, foram decisivos para o bom resultado. Meia casa para assistir a uma sessão suave e intimista, uma hora de jazz sem espinhas mas não isento de interrogações e propostas interessantes para o ouvinte, fossem elas sob a forma de questões antigas de Ornette (abriu com Chronology) ou de Monk – duas das mais marcantes e assumidas influências do som, fraseado e da composição de Brennan, oportunamente recolocadas em jogo pelo saxofonista – ou originais seus, reestruturados com arranjos diferentes daqueles com que os vestiu em disco, moldados à medida em que os episódios se iam sucedendo, como foi o caso feliz de Which Way What, tema com que Patrick Brennan fechou o recital. Daqui a pouco sigo para a ZdB, sala que se afeiçoa a este som. Para mais, será um set de Brennan ao desafio com Peter Bastiaan. À vista do que ouvi cá em baixo, lá em cima a coisa promete Arte. Suspeito disso. Até depois, que se faz tarde.