Foi pena o público ter sido escasso, porque o recital do português Carlos Bechegas (flautas e electrónica) e do britânico Barry Guy (contrabaixo de cinco cordas), no âmbito do Festival Música Viva / Entr'Artes 2005, merecia ter tido mais gente na assistência. As altas expectativas para o encontro entre os dois improvisadores foram totalmente cumpridas. Assistiu-se ao desvendar de um vasto universo de concepção improvisada, na permanente procura das possibilidades expressivas dos instrumentos. As intervenções alternaram-se entre duos e solos, explorando intensamente técnicas, registos e timbres, do suave e subtil ao mais extremo. Carlos Bechegas e Barry Guy entenderam-se bem, numa conversa inventiva e original, que primou pelos contrastes, oposições e aproximações, diálogo vivo e estimulante. Dois artistas no topo da investigação sonora, no melhor da sua forma e sensibilidade. Excelente concerto, de dois em pipa.