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16.11.04
 

The Charles Gayle Trio
Sexta-feira, 19 de Novembro, no Zebulon
258 Wythe Ave, Brooklyn, NY, dois trepidantes sets, com:

Charles Gayle - alto sax
Hill Greene - bass
Lou Grassi - drums


Os biógrafos e críticos musicais que se debruçam sobre a figura de Charles Gayle, nado e criado em Buffalo, Nova Iorque (1939), são geralmente unânimes em fazer sobressaír o lado físico e a intensidade das suas actuações ao vivo, bem como a sua mitológica ascensão a partir da condição de sem-abrigo, vivendo e tocando nas ruas e nos corredores do metro de Nova Iorque durante perto de vinte anos, até se tornar na "estrela" que hoje é nos meios jazz mais vanguardistas. A imagem do sem-abrigo que Gayle efectivamente foi colou-se-lhe à pele até aos dias de hoje, apesar de actualmente ser uma figura disputada para actuar nos melhores palcos internacionais, e de possuir uma discografia relativamente vasta. Foi a editora americana Knitting Factory quem primeiro descobriu e procurou valorizar o que à época (anos 80) lhe pareceu um diamante em bruto que merecia ser conhecido de audiências mais atenta sque os distraídos transeuntes.
Anos passados, é possível afirmar que raras são as figuras do jazz actual tão pouco consensuais, num espectro que vai da fervorosa admiração à repulsa e até à indignação. Porquê? Simplesmente, porque Charles Gayle toca uma música visionária, de uma intensidade emocional por vezes difícil de suportar, crua, despojada, gritante e indomável, mas simultaneamente tão bela quanto o pode ser a natureza em estado selvagem. Charles Gayle é um místico, um profeta de rua que fala aos homens sobre Deus e a comunhão com a divindade. Fá-lo através do som apocalíptico que extrai do saxofone tenor, sem menosprezar outros veículos, como o clarinete baixo, o violino e o piano, que aborda da mesma forma electrizante. Sem ser um músico de escola, Gayle chega a espantar os seus detractores pela emoção com que toca, invulgar capacidade técnica e coesão das suas coruscantes livre-improvisações. Se ele diz amar Armstrong acima de tudo, certo é que também cultivou Charlie Parker, Coltrane, Cecil Taylor e Albert Ayler, influências que se manigfestaram na construção da sua controversa persona.
Charles Gayle é o tenor mestre do registo altíssimo, o mais free dos saxofonistas free. Por esse facto, discos como Repent, Testaments, Consecration e More Live at the Knitting Factory, são peças de difícil abordagem para o comum dos amantes de jazz. No entanto, muito para lá de alguma superficial "gritaria", é possível perceber-se um instrumentista cheio de soul, pleno de capacidade improvisacional e fervilhante de ideias musicais, que fazem dele um saxofonista de primeira água. Que o digam William Parker e Rashied Ali, que com ele gravaram o já clássico Touchin' on Trane (FMP), e Cecil Taylor, que o convidou para integrar asua banda e gravar o fantástico Always a Pleasure (FMP). (Foto: © Nuno Martins)

 


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