«A música produzida pela Orquestra da Geometria Variável resulta do jogo do material acústico versus o electrónico, numa contínua busca de pequenos detalhes e significados - o som rompe do silêncio para nele voltar a megulhar... Com esta organização formal do caos, tenta-se aplicar novos conceitos de indeterminação e composição instantânea, através da erupção assimetricamente alternada de momentos de som e silêncio (ausência de som identificável) com predominância para estes últimos, seja pela emissão de sons de características subliminares e psico-acústicas, seja pela completa ausência de sons, permitindo assim aos músicos recuperar o seu ritmo natural de respiração e sentido aleatório de pulsação, bem como escutar toda a espécie de acontecimentos sonoros que estejam a ocorrer nesse preciso momento no espaço envolvente, ou então “simplesmente” escutar o que outro músico tenha começado, entretanto, a fazer, sem a preocupação de responder imediatamente e assim encher de forma inútil o espaço sonoro».
Ernesto Rodrigues - violino, viola, direcção de orquestra Pedro Costa - violino Guilherme Rodrigues - violoncelo Hernâni Faustino - contrabaixo Sei Miguel - trompete Marco Franco - saxofone soprano Nuno Torres - saxofone alto Helena Ornelas - saxofone tenor Rui Horta Santos - saxofone tenor Bruno Parrinha - clarinete, clarinete alto Manuel Mota - guitarra eléctrica Ivan Cabral - didgeridoo Carlos Santos - electrónica João Silva - gravações de campo, caixa de ruído Plan - gira-discos Jorge Travassos - fita magnética Miguel Martins - vibrafone César Burago - percussão José Oliveira - bateria, guitarra acústica
Ernesto Rodrigues (direcção) Violinista / violista de formação clássica e interesses que vão da música contemporânea (é um habitual frequentador dos seminários de Emmanuel Nunes) ao free jazz e à livre-improvisação, Ernesto Rodrigues tem protagonizado uma abordagem reducionista e de «near silence» em que a nota é substituída pelo som puro (ou pelo ruído) e a estrutura pelas texturas, com deflagração dos fraseados em elementos atomizados, quase total desaparição dos três factores essenciais da musicalidade convencional (melodia, harmonia e ritmo) e utilização de microtons ou total atonalidade.