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13.8.05
 
JAZZ EM AGOSTO - DIA VI

Jorge Lima Barreto, autodidacta, músico prático e intuitivo, montou uma instalação sonora associando o piano e o rádio de ondas curtas, aparelho gerador de ondas de alta frequência no espectro magnético, utilizado tanto na audição de emissoras internacionais, como na experimentação sonora (Cage, Stockhausen).
Lima Barreto foi ao fundo de catálogo da criação musical do nosso tempo e procurou sintetizar tendências da pós-modernidade do jazz. Ofereceu um concerto interessante, que sugeriu diferentes conceitos, ideias e formas, a partir de fragmentos de melodias simples e da discreta execução de arpegios em ambiente quase minimal. Numa lógica discursiva esteticamente politizada, o performer, improvisando no piano e interagindo com as ondas sinusoidais, questionou as noções clássicas de harmonia e melodia, com a utilização do fragmento, repetição e dissonância, procurando novas métricas e articulações rítmicas.


Koch-Schütz-Studer. Hans Koch, sopros e electrónica, Martin Schütz, violoncelo eléctrico e electrónica, e Fredy Studer, bateria. Especialistas suiços da arte da manipulação electrónica, improvisação livre e intensa exploração textural. O concerto começou bem, com Hans Koch à esquerda a liderar os movimentos iniciais. Excelentes primeiras impressões. À direita do palco, Martin Schütz, aproximava-se num crescendo de riffs tocados no violoncelo eléctrico, um drone cheio e potente, carregado de sinais de electónica. Um início auspicioso para um concerto de experimentação sonora, que teria tido outro desfecho, não fora a excessiva intromissão e volume do baterista/percussionista Fredy Studer. Ávido de emoções fortes, o homem ao centro, irrepreensível no primeiro quarto de hora, tomou-se entretanto de inusitados ímpetos percussivos, por vezes justamente nos momentos em que a música clamava por mais contenção, para que se pudesse desenvolver a vasta gama de detalhes resultantes da interacção entre a acústica de cordas e sopros, e a torrente dos laptops. Se não fosse aquele desacerto, a somar às as incursões menores pelo dub e pelo rock, a prestação de Koch-Schütz-Studer poderia ter sido um grande concerto de música moderna improvisada, de base electroacústica.

Da Noruega, à útima da hora, chegaram os Wibutee, um quarteto de jovens músicos que veio substituir os programados Jaga Jazzist, ausentes “por motivos de força maior”. Håkon Kornstad (saxofone), Wetle Holte (bateria e electrónica), Marius Reksjo (baixo eléctrico), Rune Brondbo (sampling e electrónica), tentaram combinar a improvisação do jazz com a electrónica e os ritmos de dança. Acabaram por mostrar um electrojazz superficial, à base de samplagem jazz misturada com beats, inspirado na cena DJ, que não convenceu especialmente. Pode ser que em disco funcione, mas esta foi uma sessão algo aborrecida de lounge jazz, música papel de parede, de elevadores ou de aeroporto, como também lhe chamam. Som irrepreensível.

 


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