JAZZ EM AGOSTO - Dia IQue tal o concerto da Globe Unity Orchestra ontem à noite?! Uhm?! Telegraficamente, alguns pontos (muito) a favor:
- A orquestra tocou um único tema com cerca de 90 minutos, dedicado por Schlippenbach à memória de Albert Mangelsdorff, trombonista e membro durante vários anos da Globe Unity Orchestra, falecido em 25 de Julho passado.
- Corpo colectivo multifacetado do qual emergem, à vez, para dizer algo de relevante, cada uma das onze cabeças pensantes;
- Caos organizado e posto em forma de discussão dialética entre improvisação colectiva, solos individuais e solos em duo, neste último caso com os sopradores a chegarem-se à boca de cena aos pares, por naipes: dois trombones, dois saxofones tenor, duas trompetes, dois clarinetes;
- Impressionante gestão das dinâmicas, com oscilações, curvas de nível, balanceio em revoadas ascendentes e descendentes, vibrantes de cor, textura e movimento;
- Sentido de risco e equilíbrio nas proporções;
- Música inteligente e sensível, em permananente reafirmação da sua própria modernidade;
- Em suma: mais do que ouvir a história da Globe Unity, formação em vias de completar 40 anos de existência (o que por si só infunde respeito e admiração), e apesar de ser composta por músicos todos eles veteranos, o concerto de abertura do Jazz em Agosto 2005 serviu sobretudo de indicador do estado da arte da música colectiva livremente improvisada, de fonte acústica, que se pratica hoje na velha Europa. Ou, se se quiser, outra forma de ver como bem se casam as escolas britânica e alemã do free jazz / improv - a Moeda Única, como a propósito bem observou o Francisco Girão.
Hoje, prossegue a festa com Jean-Marc Folz e Bruno Chevillon, em duo de contrabaixo e clarinete, às 15h30; o Trio de Alexander von Schlippenbach (com Evan Parker e Paul Lovens, às 18h30; e fechar a jornada, o Gebhard Ullmann's TÁ LAM ZEHN, às 21h30. Uma barrigada!