Ao terceiro dia, três boas propostas deixavam antever melhores sessões musicais. Porém, nem tudo o que luz é oiro...
Jean-Luc Cappozzo, Axel Dörner e Herb Robertson, três dos mais talentosos solistas da actualidade do jazz / improv. Melodias fragmentadas, estilhaços, ruído, texturas, paleta de cores variadas. Notável capacidade de interacção dos três instrumentistas, a tocar juntos pela primeira vez. Arsenal de diferentes técnicas e saberes fundidos numa linguagem comum inovadora e extremamente convincente.
Irène Schweizer / Pierre Favre. Assente num reportório variado, em que fez ouvir as suas próprias citações e referências ao ragtime e ao bop, Schweizer, contra todas as apostas e expectativas, teve uma prestação a pender para o descolorido e rotineiro, sem a chama que emana dos concertos gravados para a Intakt em meados dos anos 90. Favre, bateur, bateu em demasia. O que lhe faltou em graciosidade e subtileza sobrou-lhe em músculo e espavento. Desencantou pelo lado previsível e convencional da sua actuação. A força do hábito a secundarizar tudo o resto, numa sessão em que o risco esteve ausente.
A noite foi de fusão do átomo. ATOMIC, quinteto nórdico de jovens artistas, teve uma prestação ao nível do que se pode ouvir nos discos, dois de estúdio e um terceiro live, o triplo Bikini Tapes, que recolhe actuações de uma recente digressão por terras da Noruega. Sem desvios do figurino conhecido, o ATOMIC deu boa conta de si, evidenciando a competência e o saber dos cinco bravos improvisadores que o compõem. Gostei da forma como o quinteto improvisa sobre o groove em movimento, integrando sinais de outras músicas com o espírito e as convenções do jazz.