Hoje à noite, no concerto de abertura do Jazz em Agosto, edição de 2005, toca em Lisboa a Globe Unity Orchestra, uma das mais antigas e prestigiadas formações do free jazz europeu. E quando a orquestra soar, dirigida pelo fundados e pianista Alexander von Schlippenbach (na foto), vai-se ouvir o resultado consolidado de quatro décadas de descoberta, experimentação e invenção sonora, muito para além dos limites do jazz comum. O trabalho da Globe Unity é de tal modo assente na espontaneidade e na abstracção, que, progredindo ao longo dos anos para estádios evolutivos cada vez mais afastados da composição tout court, foi-se gradualmente tornando numa big band totalmente free, no conceito e na atitude. A gravação do concerto de 2002 (Globe Unity 2002, Intakt Records), assim o demonstra. Ver hoje a GUO será também uma oportunidade imprevista de homenagear o grande trombonista alemão Albert Mangelsdorff, recentemente desaparecido, ele próprio em tempos um distinto membro da família Globe Unity.
Não será exagero dizer que, dada a aura e o prestígio que a formação possui, a abertura do Jazz em Agosto 2005 com a Globe Unity Orchestra será “o” momento de maior impacto do evento, sem menosprezo ou desvalor para qualquer das outras desaseis propostas que, entre hoje e 13 de Agosto, desfilarão pelos anfiteatros da Fundação Gulbenkian. A não perder.
Globe Unity Orchestra: Manfred Schoof (trompete), Jean Luc Cappozzo (trompete), Evan Parker (saxofone tenor, soprano), Gerd Dudek (sax tenor, clarinete), Ernst Ludwig Petrowsky (sax tenor, sax alto, clarinete), Rudi Mahall (clarinete baixo), Paul Rutherford (trombone), Johannes Bauer (trombone), Alexander von Schlippenbach (piano), Paul Lytton (bateria), Paul Lovens (bateria).