JAZZ EM AGOSTO - Dia II
O segundo dia do festival começou luminoso ao romper das 15h30, com a música de tons outonais de Jean-Marc Foltz (clarinetes) e Bruno Chevillon (contrabaixo). Mais que uma exibição virtuosística das capacidades intrumentais do duo, que são enormes, Chevillon e Foltz golpearam o silêncio com a sua poética de contenção, feita de muitos matizes e alongamentos tímbricos na liquidez do tempo. Caminho singular no jazz dos dias de hoje.
Rigores sombrios, por vezes crepusculares, da música do germânico berlinense Gebhard Ullmann, para fecho da noite (21h30). Ênfase na forma, composição e contraponto, especialidades de Herr Ullmann, que o tenteto Tà Lam Zehn interpretou com rigor e inventividade. Entre o jazz e a new music há um amplo espaço de possibilidades, zona em que Gebhard Ullmann explorou com competência, criando e desenvolvendo as suas estruturas harmonicamente complexas, servido por um colectivo de músicos mais que aptos para a tarefa.
Entre aqueles dois polos, à tardinha, o Schlippenbach Trio, com Alexander von Schlippenbach, piano, Evan Parker, saxofones tenor e soprano, e Paul Lovens, bateria e percussão, transportou o público numa imensa trip através da sua improvisação total, de uma imensidão a todos os níveis, quaisquer que sejam os critérios de análise e de fruição. Quase não dava para acreditar que se estava a gerar ali à nossa frente, feita por três pessoas, gente como nós. Energia exultante. --------------------------------------------------------
Programa para hoje, 7 de Agosto:
15H30: Jean Luc Cappozzo / Axel Dörner / Herb Robertson
18H30: Irène Schweizer / Pierre Favre
21H30: ATOMIC