Vitor Joaquim apresenta os 6ºs Encontros de Música Experimental - EME. Palmela, 4-7 de Outubro.Será possível determinar o ponto de fronteira que delimita a música composta da música improvisada? Ou mesmo, o ponto onde cessa o domínio da música e se inicia o do som? Existirá porventura uma fronteira, em qualquer dos casos? Fará sentido avaliar e separar a criação em função dos meios utilizados? Um piano não poderá ser tomado como um instrumento de elevada complexidade quando tocado por um nativo da Nova Guiné? Um computador portátil não representará a mesma proporção de análise aos olhos de um europeu médio?
A estas e outras questões, diferentes pessoas, dar-nos-ão diferentes respostas. E todas elas, em função do momento, do seu estado de espírito e sobretudo da memória que foram construindo ao longo dos anos (cultural em geral, e musical em particular).
Em valores absolutos, podemos dizer que a maior diferença entre um piano e um laptop está no peso de cada um.
Mais do que respostas ou verdades absolutas, pretendem estes EME lançar questões a partir de trabalhos de artistas com propostas musicais, sonoras e visuais bastante diversificadas. O campo de intervenção, vai muito para além da música, abrindo-se também às artes visuais e digitais ligadas ao vídeo e à dinâmica “hard disk, live processing”. Por fim, uma componente de dialogo entre escolas e criadores através da rubrica Encontro com Criadores.
Objectivo: o alargamento de fronteiras e um sentido de procura incessante, onde as ideias de sucesso ou fracasso não fazem grande sentido. A ideia de descoberta sobrepõe-se a qualquer ditadura estética, e quanto ao discurso –ou estilo- cada um tem o seu! Tal como os rostos.
Estes EME, pretendem pois ser um lugar de reflexão por oposição a um lugar de certezas, questionar mais do que responder, e sobretudo estimular, na esperança de que uma vez criado o estímulo, surja a reacção. E então sim, ver-se-á fechado o ciclo e chegado o momento da renovação, por meio de um novo ciclo: novas formas, novos criadores, novos públicos, públicos renovados.
Grande parte da música disponibilizada para descarga gratuita e directa através do site Avant Garde Project é uma bênção para o melómano interessado na chamada new music - clássica do Séc. XX, experimental e electroacústica. A esmagadora maioria dos projectos musicais agora ao alcance de um clique nunca foi editada em CD, e os LP’s de onde foi rippada e torrentada, muitos deles, são hoje iguarias apenas ao dispor de meia-dízia de conhecedores endinheirados e com tempo de andar atrás deles. Por essas e por outras, ter sido colocada à nossa inteira disposição é caso para dar pulinhos de contentamento físico-emocional. Coisas que valorizamos sobretudo na idade adulta. São mais de duas dezenas de projectos musicais de grande valor estético e artístico, postos ao alcance de quem, tendo gosto por sons fora da comum vulgaridade, apenas tenha que dispor de um pouco de espaço livre no disco do computador, e se quiser, de uns cd-r para fazer umas cópias, ou de um leitor de mp3 para atafulhar com o que é bom, barato e vale milhões. Entre outras peças de Josef Anton Riedl, Mauricio Kagel, Robert Erickson, Jacob Druckman, Philippe Mion, Morton Subotnick, Ezra Sims, New Phonic Art, Ben Johnston, Bernd Alois Zimmermann, Aribert Reimann, Dieter Schnebel, Luis de Pablo, John Cage, Jean-Claude Eloy e Harry Partch. É só procurar no arquivo do AGP.
Very RARE, edição revista e aumentada. A energia que este disco destila é bem o paradigma do drumming de Elvin Jones (1927-2004) e da especial idiossincrasia deste quarteto, com Sir Roland Hanna, piano, Art Pepper, saxofone alto, Richard Davis, contrabaixo, e o Dear Old Elvin, príncipe do full power com máxima sensibilidade e delicadeza. Ainda que este não seja o melhor Pepper que se conhece, longe disso, o saxofonista está bem, talvez um pouco “apertado” pelo impulso de Elvin, quem sabe. A primeira parte é uma sessão de estúdio de 1978, gravada em Nova Iorque. O remanescente do disco, que no total quase chega aos 70 minutos, inclui um concerto no Yomiuri Hall, em Tóquio, 1979, com dois saxofonistas, Frank Foster e Pat LaBarbera, e o baixista Andy McCloud III. O piano foi substituído pela guitarra de Roland Prince. Esta edição da Evidence Music inclui uma interessante versão de 26 minutos do clássico de Coltrane, A Love Supreme. Onde? A bom preço, na Evidence e na CD Universe.
Levado ou não pela onda dos códigos, que faz furor e enche livrarias e páginas de jornal ad nauseam, nem mesmo Rudresh Mahanthappa escapou ao sortilégio de um bom códigozinho (la mode oblige...?), que os há para todos os gostos e feitios. Inspirado em Code Book, livro recente do criptógrafo Simon Singh, best seller do momento, Mahanthappa pegou na ideia e pô-la em música. O novo disco, homónimo, aí está, na Pi Recordings.
Gravado ao vivo no CBSO Hall de Birmingham, em Outubro de 2004, Out of the Darkness, é o mais recente disco do pianista e compositor britânico John Law com o Cornucopia Ensemble. Um octeto “clássico” (dois violinos, Rita Manning e Emlyn Singleton; Andy Parker, viola; Nick Cooper, violoncelo; Bruce Nockles, trompete; Melinda Maxwell, oboé; David Purser, trombone; e John Orford, fagote), acrescido de um quarteto de jazz, com John Law, piano, Andy Sheppard, saxofones tenor e soprano, Chris Laurence, contrabaixo e Paul Clarvis, percussão. New music e free jazz convivem em síntese natural longo das 7 peças que constituem o políptico Out of the Darkness, apresentado em concerto como uma das obras mais ambiciosas e fascinantes de John Law. Notas do saxofonista e compositor Jon Lloyd. Produção de George Aslam para a sua editora, Slam Productions.
A Radio 3 da BBC faz sessenta anos este sábado e resolveu celebrar a ocasião emitindo obras encomendadas realizadas ao longo dos anos. Jez Nelson, do Jazz on 3, foi aos arquivos e recuperou uma pequena parte desse material. Assim, na emissão de hoje, e em webcast ao longo de toda a semana, a partir da meia-noite, poder-se-ão ouvir excertos de três encomendas a músicos britânicos de três gerações distintas: a primeira, de 1965, é uma composição de Richard Rodney Bennett, A Jazz Calendar; seguir-se-á That’s Right, de John Surman, gravada em 2000, e, para acabar em beleza, uma peça do tubista Oren Marshall (na foto), Ten Tall Tales. Este o prato principal. Mas também haverá Graham Collier, The Charles River Fragments, de 1994; Tim Berne, Untitled (Still); Brian Irvine, Montana Strange, e Kenny Wheeler, com Long Suite 2005, peça gravada no Queen Elizabeth Hall por ocasião do 75º aniversário do mestre trompetista, que partilhou o palco com estrelas como Lee Konitz, Dave Holland e Norma Winstone. Hoje, no Jazz on 3, quando for meia-noite em Londres.
Jazz'In Tondela 2006
Tondela, 4 a 7 de Outubro. ACERT.
Do saxofonista Rent Romus – fundador da Edgetone Records, produtor, director executivo da outsound.org, curador da SIMM Music Series, membro da Ultra Independent Recording Coalition e dinamizador de um sem-número de actividades relacionadas com a música improvisada californiana – há muito que se aguardava por uma segunda saída com o grupo Lords of Outland, depois de Destinations Suite, de 2000. Várias encarnações, entradas e saídas depois, eis que Romus reinstalou os Lords num novo figurino criativo, repartido pelos 12 temas do novo CD, Culture of Pain. As primeiras impressões, uma vez assente a poeira inicial, são confirmadas pelos subsequentes mergulhos de cabeça nesta extraordinária visão sobre a cultura da dor, revelam o lado demoníaco caricatural que, quer o vibrato do saxofone alto, quer a voz electronicamente processada de Rent Romus, instilam e simultaneamente exorcizam, num registo ambíguo entre seriedade e paródia.
Por sobre a cauterização de uma vasta wasteland, na qual já não possível traçar as antigas fronteiras do jazz, cujo corpo jaz exangue, o grupo procura reanimar e repovoar o espaço deixado vago com os resíduos daquele género, infundindo-lhes coerência e vida pulsante. Um estado em que é a liberdade de expressão sónica a reconstruir o tempo e o espaço multi-dimensional em moldes que, sendo embora reconhecíveis por referência ao passado, são já de uma outra dimensão, um passo que vai do fugaz presente em relação ao que está para vir.
Os efeitos de articulação entre luz e trevas materializam-se em multiplas combinações sonoras, amplificadas através de efeitos especiais criados por sons febris e extravagantes nascidos do cruzamento das guitarras eléctricas de C. J. Reaven Borosque e Ray Shaeffer, e da percussão restolhante de Phillip Everett. O conjunto efervescente é temperado por pinceladas da electrónica de belo efeito e por descargas eléctricas de noise controlado, que deixam o ouvinte com um sorriso irónico ao longo da hora de duração do disco.
O ambiente geral é o de um certo psicadelismo bizarro, que, preservando a qualidade experimental e de pesquisa desta música, serve de veículo de expressão às inquietações artísticas da mente obsessiva de Rent Romus, que simultaneamente fazem parte da cultura pop californiana.
Saliente-se o relevante contributo de um conjunto de convidados, eles próprios membros da comunidade de improvisadores do Norte da Califórnia: Jim Ryan, em saxofone tenor, Darren Johnston, trompete, Scott Looney, piano, e Damon Smith, contrabaixo, membros da Jim Ryan Forward Energy, acrescentam espírito de aventura à base flexível dos Lords of Outland.
Free music moderna e poderosa, disciplinada e harmonizada sob a direcção de Rent Romus, rende homenagem a uma das mais marcantes influências do líder – Albert Ayler, cujo fantasma passeia alegremente ao longo de todo o disco, materializando-se na releitura de Universal Indians e Saints, composições originais do saxofonista de Cleveland, Ohio.
Culture of Pain, grande sucesso artístico, é um acontecimento visionário na redefinição de novas coordenadas para a música improvisada que provém do jazz, sem compromissos nem preconceitos. “No rules, no borders”. Imperdível.
Rent Romus's Lords of Outland - Culture of Pain (Edgetone Records, 2006)
Village of the Pharoahs e Love in Us All, de, respectivamente, 1973 e 1974, os dois últimos discos da fase Impulse! de Pharoah Sanders, agora reeditados em CD pela Impulse! japonesa (Universal Music Japan). Não há razões para reclamar, a não ser do preço. Hot, hot, hot!
Roswell Rudd, lendário trombonista norte-americano, disponibiliza composições suas para quem quiser descarregar e tocar. Basta ir a Artists/Roswell Rudd/Compositions, na página da Soundscape. The pieces range from minimal lead sheets to more complete scores; I call them all consolidated scores. These compositions are melody-driven cartoons of people, places and situations . Use them by all means! Roswell Rudd, NY Sept 06
O grupo galego de improvisação livre VOLONTÈ, de Roberto Mallo Garcia (guitarra e efeitos), Rafael Mallo Garcia (bateria e percussão), Óscar Vilariño (baixo e efeitos) e Miguel Prado (guitarra e efeitos), depois de muito porfiar dentro de portas vai finalmente debutar ao vivo na cidade da Corunha (Fórum Metropolitano), no próximo 4 de Outubro. A performance de estreia servirá de banda sonora instantânea para o filme Celovek's Kinoapparatom, do realizador russo Dziga Vertov. VOLONTÈ NO FORUM METROPOLITANO DA CORUÑA
Volontè é un grupo coruñés adicado á música improvisada que debutará en directo no Fórum Metropolitano da Coruña o día 4 de outubro. No concerto o grupo porá banda sonora á película muda Celovek´s Kinoapparatom (O home da cámara) do realizador ruso Dziga Vertov (1895 – 1954).
O home da cámara está composto de esceas da actividade cotiá de San Petersburgo, sobre todo tomas das rúas pero tamén do traballo e a vida doméstica. Anacos de realidade tomados de improviso (Vertov chámaos “frases fílmicas”) que alternándose uns con outros nunha rápida sucesión trazan unha especie de alegoría real que identifica o vértigo da modernidade urbana e os seus contrastes sociais e económicos co proceso mésmo da documentación e edición cinematográfica.
O grupo Volontè nace na Coruña no 2005 ao unirse o guitarrista Roberto Mallo ao seu irmán Rafael Mallo (batería) e con Óscar Vilariño (baixo), compoñentes ambos do grupo Triquinoise (actualmente coñecidos como Devalo). Despóis de xuntarse para improvisar durante varios meses, convidan ao guitarrista Miguel Prado; compoñente ao mesmo tempo de Triquinoise/Devalo e Triángulo de Amor Bizarro. Unha vez como cuarteto, realizan varias gravacións que poñen a disposición do público a través do seu podcast: volonte.podomatic.com. Despois de case un ano de existencia deciden facer a sua presentación ao público poñendo banda sonora á película de Dziga Vertov Celovek’s Kinoapparatom.
O concerto terá lugar na sala de cine do Fórum Metropolitano da Coruña o mércores 4 de outubro ás 20:30. A entrada será de 3 €.
Acaba de me entrar pela casa adentro o novo do David S. Ware Quartet, Balladware. Novo de 1999, bem entendido, embora só agora editado. Revisões de Yesterdays, Dao, Autumn Leaves, Godspelized, Sentient Compassion, Tenderly e Angel Eyes. Edição Thirsty Ear.
The David S. Ware Quartet wanted to capture the energy of it's extended late 1999 European tour which also marked the first time drummer Guillermo E. Brown was in the group, so they scheduleed a recording session the day after they came back to the States. But the fickle finger of fate wagged at them, for they were all exhausted, effectively wiping out a high energy performance. So after a few futile attempts to record, the DSW Quartet came to a realization that the only way to match their energy level was in a ballad mode which caught everyone by surprise. The session was exlclusively done in this manner and has never been replicated by them since nor ever will. This session reveals a rarified side of the DSW Quartet whose beauty and majesty transcends all notions of free jazz.
Outra novidade interessante, na onda da redescoberta (ou descoberta) de gravações inéditas que se foram perdendo no tempo, é a deste At UCLA 1965, de Charles Mingus, que ontem, 26 de Setembro, foi publicado pela Sunnyside Records. A edição original, em LP duplo na East Coasting Records, de 200 exemplares, há muito que estava esgotada. Mingus lidera um concerto/workshop na UCLA com um octeto que incluiu Jimmy Owens, Lonnie Hillyer, Hobart Dotson, Charles McPherson, Julius Watkins, Howard Johnson e Dannie Richmond. A intenção inicial de Mingus era apresentar um conjunto de composições novas no festival de Monterey de 1965, uma espécie de suite pensada e estruturada com princípio, meio e fim. Sucedeu porém que, decorrida meia-hora, e sentindo Mingus que a audiência do Monterey não estava a prestar atenção ao que se passava em palco, resolveu interromper o concerto, arrumar a pasta e levantar ferro e ir pregar para outra freguesia. A segunda oportunidade surgiu logo na semana seguinte, com o convite para tocar na Universidade da Califórnia, Los Angeles, e então sim, expor a sequência na íntegra. A actuação, perante uma assistência entusiástica composta por jovens universitários, em que Mingus, além de tocar, desanca nos músicos entre outras razões por não terem estudado o papel, foi gravada por amadores; daí que o som seja tudo menos famoso, com tremelçiques e distorções amiude. At UCLA 1965 vale sobretudo pela qualidade musical e pelo valor documental do registo.
Frank Wright Unity: Live At The Moers Festival 1974. Absolutamente inédito, este disco do reverendo Frank Wright e seu quarteto, gravado ao vivo no Moers em 1 de Junho de 1974. A gravação do concerto, que até agora fazia parte dos arquivos pessoais do pianista Bobby Few, acaba de ser lançada oficialmente pela ESP Disk, em versão integral e som ao nível dos melhores padrões de meados de 70. Frank Wright (saxofone tenor), Bobby Few (piano), Alan Silva (contrabaixo) e Muhammad Ali (bateria e percussão). Disponível, para já, na página da ESP Disk e na Downtown Music Gallery. Um grande acontecimento editorial deste Outono.
Space.
Saiu na Staubgold o novo disco de Rafael Toral, músico com carreira e espaço próprios na música experimental de base electrónica feita por portugueses em Portugal, e no estrangeiro, com luminárias como John Zorn, Christian Fennesz, Thurston Moore, Phill Niblock, Keith Rowe, Alvin Lucier, Evan Parker, David Toop, Jim O’Rourke ou a MIMEO / Music In Movement Electronic Orchestra. É talvez do ponto de vista do jazz que este disco melhor se compreende, até por referência ao trabalho anterior de Rafael Toral. Como o músico assinala, em instâncias de fusão entre jazz e electrónica, o passo adiante na relação entre os dois sistemas seria o jazz em electrónica. Este é o ponto de partida conceptual para a recente jornada sonora de Rafael Toral, novo ciclo que ora se inicia. Encerrados que estão os anteriores, sem que encontre abismos ou evidências de corte radical com os discos que marcaram a última década – Wave Field (Moneyland, 1995), Aereola Frequency (Perdition Plastics, 1998), e especialmente Violence of Discover and Calm of Acceptance (Touch, 2001), à cabeça de um importante ciclo ambiental – urge agora dar ordem às novas inquietações e preparar‑lhes adequada tentativa de resposta, através da colocação de uma série de novas questões a que Rafael Toral chama Space Program, o seu breviário criativo para os tempos que se avizinham, de que Space constitui porventura a trave-mestra. Toral é um prático. Posta a guitarra entre parêntesis, ela que tão fielmente serviu o programa ambient, socorre-se das ferramentas que concebe e manufactura, e faz por progredir na exploração das propriedades físicas do som, matéria-prima de Space. A ligação artística a Sei Miguel é outra das chaves interpretativas da obra. É pelo jazz e seus sintagmas pós-Miles Davis, enquanto combinações de unidades da mesma e múltipla linguagem musical, que ambos vão. A participação do trompetista (e de Fala Mariam em trombone) no último dos três temas sublinha o concept de Toral e epitomiza esta ideia, mais que de convergência, de sobreposição no mesmo regime de dois sistemas de valores, som e silêncio, jazz e electrónica, que passam a ter um futuro e uma arqueologia comuns.
Ponto a ponto, átomo a átomo, os sons são agregados através de espaços de silêncio, que resumem o momento anterior e anunciam o passo seguinte. Através do uso de sons glaucos provenientes de teclados etéreos, Toral gere cor e textura com habilidade, via modelação sistémica e criação de ambientes hipnótico-futuristas, cromaticamente sedutores. Os espaços deixados por preencher só acentuam o dramatismo da orquestração. Voam vistosos pássaros celestes por entre poeira de estática e cristais que vibram à sua passagem. Sugestões de beleza zen carregada de radiação eléctrica, liquefacção sonora, domínio do imponderável ou da gravidade reduzida. Fica-se siderado no espaço sideral.
Edição da Staubgold, distribuída em Portugal pela ((flur)).
Rafael Toral apresenta o disco na ZDB a 21 de Outubro p.f.
Improvisação livre, tendência electroacústica berlinense deste início de século. Boris Baltschun (sampler), Axel Dörner (computador, trompete) e Kai Fagaschinski (clarinete) formam um trio de músicos empenhado em trabalhar sobre a essência e a musicalidade dos fenómenos sonoros. Realizam um interessante trabalho de pesquisa e investigação sobre texturas, granulados, superfícies lisas, finas ou espessas, linhas oblíquas, intersecções e sobreposições de planos, combinações e recombinações de timbres, diferentes durações e intensidades – tudo concorre para criar uma sensação de movimento, lento ou rápido consoante a “velocidade” mental que o ouvinte lhe queira ou possa imprimir. Porém, nada se move aqui; por isso a ilusão é perfeita. A ideia de Baltschun, Dörner e Fagaschinski, pode ter sido a de formular uma proposta que tem por base o uso do som enquanto valor acústico não concretamente referenciável a notas musicais, combinando-o, num contexto pré‑melódico, com notas longas, isoladamente consideradas. Deste modo estabelecem-se interessantes intercâmbios e transposições entre aqueles dois campos, de onde nascem módulos e estruturas que causam perplexidade pela forma como se estruturam e se organizam com o fito de interpelar o ouvinte, não apenas quanto à identificação da fonte ou fontes sonoras que se fazem ouvir num dado momento (em cada instante), mas – e sobretudo – para tentar apreender os vários níveis em que se desenvolve a macro-construção deste complexo mecanismo. Há em No Furniture (Creative Sources 009) uma curiosa geometria de limites ocultos que se vai revelando à medida que progride no tempo. E é justamente o tempo que dá forma ao espaço em cada instante, que lhe fixa os subtis contornos e direcções de expansão, como as linhas exteriores que desenham os módulos Chair (12'47), Table (16'38) e Bed (16'07). Três quadros de uma composição espacial, que, tal como a mobília, servem necessidades humanas, sejam elas básicas ou mais elaboradas.
VARIABLE GEOMETRY ORCHESTRA
23SET2006. ZDB, Lisboa
Quanto maior for a memória do ouvinte, mais vasto é o vasto acervo de memórias do jazz e da música improvisada reconhecíveis no nomadismo da Variable Geometry Orchestra (VGO), todo um amplo espectro de sinais de música moderna, actuais e de outros tempos, que lhe servem de inspiração e de motor interno.
Sob a direcção de Ernesto Rodrigues, a VGO, actuando um vez mais no palco da Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, pôs em prática o seu trabalho de modelagem sobre massa sonora compacta e homogénea, entrecortada por breves solos, pontos de partida para “conversas” no interior de pequenos conjuntos, secções organizadas como naipes circunstancialmente subdirigidos por Patrick Brennan, à direita, e Alípio C. Neto, do lado esquerdo.
Jogos interactivos de improvisação, linhas melódicas, permutações, ensaios de contraponto, simultaneidade, provocação e resposta, contraste e aproximação, grito, transe, imprecação, dança caótica de cordas, teclas, sopros e electrónica, batidos por fogachos, labaredas rítmicas, explosões de címbalos, ou simplesmente dispostos sobre as brasas de percussão. Preparações alternando entre a ocasional chuva de meteoritos sobre os telhados da vizinhança e o bombardeamento sonoro em larga escala, acentuado pelo uso de notas longas, exacerbação súbita, paroxismo transformado em drones fantasmagóricos que se fundem em extensões de magma sonoro, a perder de vista.
Apostado em aprofundar o trabalho sobre variações dinâmicas – uma das vias de orientação a seguir na incessante busca de diferentes soluções para este puzzle gigantesco –, a orquestra consegue ser tão eficaz na acção devastadora do seu poderio sonoro, como na subtil e delicada enunciação, emergente da estrutura massiva e dos profundos alicerces em que se estrutura o vasto campo de experimentação e de improvisação colectiva.
Com a VGO a viagem é sempre longa e sem escala. Em cima do palco, mais de 30 músicos pintaram a manta, detonaram cargas de profundidade em longos crescendos de intensidade, curvas de frequências que estimulam neurónios e insuspeitas secções da alma, sem no entanto revelar o núcleo essencial do segredo que colectivamente transportam e que a ninguém individualmente é dado o poder de conhecer.
Qual nave que se projecta no espaço, que visa ir cada vez mais longe na exploração do desconhecido, a Variable Geometry Orchestra, ultrapassando os seus próprios limites musicais e os obstáculos físicos do meio que a suporta, permite ver e sentir o mistério que está para lá de um ponto qualquer. Não se sabe como, nem para onde se vai a seguir; mas o que quer que seja que lá está emite sinais de vida.
Livre, selvagem e surpreendente.
Hello Pessoal!
Mais um acontecimento inexcedivel, ontem, com a VGO!!!
Não tão cataclítico como na minha primeira vez (Trem Azul), nem tão telúrico
como na segunda (Teatro D. Maria II), mas como numa montanha russa, tão variado,
imprevisto, intenso e até simples, cheio de oportunidades individuais, a
mostrar que a calmaria também existe e que o silêncio, ou quase, também é
possível; que num todo se transformam em arrebatamento planante, a terminar
numa praia, com um largo sorriso de contentamento e felicidade por mais este glorioso acto desta nossa orquestra de variáveis geometrias.
Venham mais!!
SEMPRE!
Um abraço a todos e OBRIGADO!
Rui Portugal (fotos)
ernesto rodrigues_violin, viola, conduction; guilherme rodrigues_cello; hernâni faustino_double bass; eduardo raon_harp; nuno rebelo_portuguese guitar; sei miguel_pocket trumpet; marcello maggi_trumpet, trombone; eduardo lála_trombone; eduardo chagas_trombone; ben stapp_tuba; bruno parrinha_clarinet, alto clarinet; miguel bernardo_clarinet; patrick brennan_alto saxophone; nuno torres_alto saxophone; lizuarte borges_alto saxophone; alípio c. neto_tenor saxophone; joão viegas_tenor saxophone; rui horta santos_tenor saxophone; peter baastian_poetry; ivan cabral_didgeridoo; mara mccann_voice; luís lopes_electric guitar; antónio chaparreiro_electric guitar; armando pereira_accordion; miguel martins_melodica; rodrigo pinheiro_piano; travassos_tapes; carlos santos_electronics; joão silva_field recordings; nuno moita_electronics; césar burago_percussion;
monsieur trinité_percussion, objects; josé oliveira_drums.
Setembro, que ainda corre, é mês de aniversário desta casa de pasto. Agradáveis, as surpresas irrompem de onde mais se espera. Neste caso, do lado de João Santos, todos o sabem, melómano, music writer, divulgador e distribuidor no mercado luso de interessantes edições discográficas sob o ainda discreto nome Dwitza.
Nos oitenta anos de John Coltrane:
Apanhou-me desprevenido mas, como sempre, com a camisola do clube de fãs colada ao corpo este segundo aniversário do Jazz e Arredores. O blog, mais do que ocupar um espaço vazio, acabou antes por inventar um inteiramente novo. E esse lugar – suspenso no imaginário do seu próprio enunciado – trata de se renovar e reorganizar a um ritmo que, de tão orgânico, não ilude quanto à sua natureza. Na prática, sublimou a topografia do género e é ao mesmo tempo seu retrato e seu inverso, seu prefácio, seu diário, sua versão corrigida e aumentada, sua crítica. Tão inflamado quanto discreto, o seu discurso não tem paralelo. Mas não sei o que o elogiará mais: se chamá-lo de isento ou parcial. Talvez – como nós, seus leitores – tenha um pouco de ambos. Mas nunca se esgotará em nada que simultaneamente não confunda e esclareça pela força da sua própria humanidade. Claro que, nessa perspectiva, encerrará em si mesmo visões discordantes ou complementares, sublinhará convergências e divisões. Porque – além dos concertos, dos discos, das palavras dos artistas – define-se num sistema de partilha, permeável e aberto, independente mas resultante das expectativas deixadas por quase um século de música gravada e tantas vezes vulnerável nas questões que levanta. Nunca vulgar, é raramente óbvio o Jazz e Arredores.
Também eu à sombra de Ra (conferir a minha modesta coluna Mundos Heliocêntricos, ao longo destes cinco anos de revista Op), assumo a tendência de procurar o essencial das coisas no que aos meus olhos surge apenas como seu indício; o que, arriscando a comparação e possível injustiça, servirá muito obliquamente para traduzir o fundamental da atenção dispensada pelo Eduardo a tantos autores, sites, músicos, eventos, etc, que não insistiriam sequer num alinhamento com a história do jazz ou que nem aí reconhecerão o seu centro de gravidade. Esse olhar – entre os de outros próximo dos interesses de Dan Warburton, Bill Shoemaker ou dos colaboradores do Bagatellen - mais do que mero fruto de uma era está antes em plena sintonia com o motor de paixões que em princípio nos une a todos. Tardou esta saudação, mas segue à boleia do aniversário de um eterno pai espiritual nestas andanças: John Coltrane. Como ele disse “There is never any end. There arealways new sounds to imagine; new feelings to get at”. Há que assumi-lo como evangelho. Obrigado Eduardo por continuares a imaginar.
João Santos
A triste notícia de hoje é a de que morreu o saxofonista, flautista e professor Jimmy Vass. Lembram-se dele? É natural, tem estado muito esquecido ultimamente. Mais uma daquelas perversas injustiças da história do jazz, tão lesta a promover a mediania e a mediocridade aos píncaros, como a esquecer os seus melhores filhos, apenas porque a imprensa do establishment – movendo-se por critérios tantas vezes extra-musicais, onde quem manda, directa ou indirectamente, são corporações poderosas como o Lincoln Center, e outros centros museológicos que se movem à força de muito buck – serve essencialmente para promover os Marsalis desta vida, deitando borda fora quem tanto contribuiu, se não para fazer avançar o jazz, pelo mais para lhe dar consistência, solidez e afirmação. Desta vez foi Jimmy Vass, homem sem nome próprio porque tudo deu a Charles Mingus (Fables of Faubus), Andrew Hill (Blue Black, Evolving, Divine Revelation), Rashied Ali (Moonflight, NY Ain't So Bad: Ali Plays the Blues), Richard Muhal Abrams (Blues Forever), Ronnie Boykins (The Will Come, Is Now), Charles Earland, Sunny Murray e muitos mais. RIP Jimmy Vass, "You ARE your music".
«Seeking the Mystical Inside the Music» - Ornette Coleman entrevistado no New York Times, edição de 22 de Setembro de 2006.
Elton Dean Headless Quartet (Culture Press). Elton Dean, Alex Maguire, Roberto Bellatalla e Tony Bianco, ao vivo em 1998. “Headless: We improvise, we organize collectively, we aim at Nothing, to discover the obvious”. O Headless Quartet é a base de outro grupo de Elton Dean, Headless Squad, composto por músicos sedeados em Londres que tinham por hábito improvisar nas tardes de domingo no Vortex Jazz Club, da capital inglesa. A música, encomenda de Enzo Hamilton para edição na Culture Press Records, e gravada no Vortex, possui o mesmo tipo de energia, intensidade e de exposição que a de outro quarteto homólogo, o Mujician, de Paul Dunmall, Keith Tippett, Paul Rogers e Tony Levin. O Headless Quartet improvisa longamente a partir de breves motes, assinaláveis no início e no fim dos três temas (Nasty.... Not Nice; Like Bacon; e Web Of Wyrd), que duram entre os 16 e os 25 minutos. A par de Elton Dean, que sopra com a mesma bravura dos melhores tempos do Soft Machine, ora doce e melódico, ora áspero e agressivo, Alex Maguire, pianista que também participa no quinteto Wishful Thinking (Alípio C. Neto, Johannes Krieger, Alex Maguire, Ricardo Freitas e Rui Gonçalves), que opera a partir de Lisboa, é o focal point do disco, tanto na distribuição de jogo, como na maneira encantatória como protagoniza alguns dos melhores momentos de improvisação, suportado noutros dos pontes fortes do momento – a secção rítmica de Bellatalla e Bianco. Alex Maguire, incompreensivelmente desvalorizado no ranking dos grandes pianistas da actualidade, das Ilhas Britânicas ou de fora delas, é um artista impressionante de verve, inventividade e capacidade de comunicação. O Headless Quartet é apenas uma boa amostra do seu imenso talento.
Sábado, 23.09, às 22h30, na GaleriArmazém (Rua da Vinha, 26, Bairro Alto, Lisboa), actuação a solo do saxofonista norte-americano Patrick Brennan, que na mesma noite participa no concerto da Variable Geometry Orchestra, na Galeria Zé dos Bois (Rua da Barroca, 59).
A 26, Brennan toca no LUSO CAFÉ (Travessa da Queimada, 14) com Manuel Mota e Rui Horta Santos (guitarras).
Sábado, 23 de Setembro, 23 horas
VARIABLE GEOMETRY ORKESTRA
ernesto rodrigues_violin viola conduction; guilherme rodrigues_cello, pocket trumpet; hernâni faustino_double bass; eduardo raon_harp; nuno rebelo_portuguese guitar; sei miguel_pocket trumpet; marcello maggi_trumpet; eduardo lála_trombone; eduardo chagas_trombone; ben stapp_tuba; bruno parrinha_clarinet, alto clarinet; miguel bernardo_clarinet; jorge lampreia_soprano saxophone, flute; patrick brennan_alto saxophone; nuno torres_alto saxophone; lizuarte borges_alto saxophone; alípio carvalho neto_tenor saxophone; joão viegas_tenor saxophone; rui horta santos_tenor saxophone; peter baastian_alto saxophone, poetry; luís lopes_electric guitar; antónio chaparreiro_electric guitar; armando pereira_accordion; miguel martins_melodica; rodrigo pinheiro_piano; travassos_tapes; carlos santos_electronics; plan_turntables; joão silva_field recordings; nuno moita_electronics; césar burago_percussion; monsieur trinité_percussion, objects; josé oliveira_drums, acoustic guitar.
Galeria Zé dos Bois. Rua da Barroca, 59 - Bairro Alto, Lisboa.
PICA, PICA. Soletrar este título traz-me à memória referências vagas ouvidas há anos sobre a gravação de um trio de Peter Brötzmann (saxofones alto, tenor e barítono, tarogato), Albert Mangelsdorff (trombone) e Günter “Baby” Sommer (bateria), como exemplo de uma grande actuação de Mangelsdorff (era dele o nome que me era apresentado como o senhor absoluto da sessão) em 1982, num LP homónimo da Free Music Production (FMP). Sim senhor, é justo destacar a voz do grande trombonista alemão, pela expressividade e uso criativo (e inovador) das técnicas do trombone; porém, o que aqui vale essencialmente é o trio, sem prejuízo das intervenções solísticas dos músicos, com destaque para o interessante despique entre os sopradores, contrastes e aproximações de um Brötzmann menos incendiário do que é costume e de um Mangelsdorff a puxar para territórios afins do jazz e da música contemporânea. Sommer, fino como sempre, sabe exactamente quando deve estar calado e quando deve estrondear, puxar pelos parceiros, sublinhar um ou outro aspecto, dar cor e acentuar uma ou outra nuance. Nada a mais, nada a menos.
Gravado ao vivo em Stadthalle, Unna, Alemanha, no âmbito do “Jazzfest Unna” de 1982 (Brötzmann nas notas conta que despacharam 20 litros de cerveja durante a actuação…), o LP de então passou agora a CD por obra e graça de John Corbett e do programa Unheard Music Series, da Atavistic. Com os mesmos três temas da edição original, Instant Tears (20’43), Wie Du Mir, So Ich Dir Noch Lange Nicht (17’05) e Pica, Pica (3’59), o disco é do melhor Brötzmann e Mangelsdorff de sempre. Bestial! O meu exemplar custou $ CAN 16 (€11), na Verge.
Já está à venda a última gravação, póstuma, de Derek Bailey (1930-2005), “To Play: The Blemish Sessions” (samadhisound). Derek Bailey, guitarra eléctrica e acústica, em sessão de estúdio efectuada no Moat Studio, Londres, a 18 de Fevereiro de 2003. Resultado da colaboração pedida por David Sylvian, que interpelara o guitarrista no sentido de o provocar artisticamente enquanto cantor. Da sessão de 18.02.2003 Sylvian escolheu três temas para incluir no CD “Blemish” (The Good Son; She is Not; e How Little We Need to be Happy). “To Play: The Blemish Sessions” é então composto pelo remanescente do trabalho de Bailey encomendado por Sylvian, à excepção de um tema comum a "Blemish".
«As fate would have it this was to be the last solo studio session Derek was to record before the onset of illness,” recalls Sylvian. “That might make the session valuable in itself but it’s the quality of the work that’s outstanding. The conversational quality, the apparent ease of facility in that ongoing search for what remains elusive. You witness up close the struggle and fluency, frustration and facility. It’s an intriguing dichotomy illustrated so beautifully on this recording. I’m reminded of the title of that Bill Evans recording Conversations with Myself. This is an external manifestation of one man’s internal dialogue. A struggle for eloquence using all the considerable skills at his disposal. Always attempting to push beyond the confines of the vocabulary, even one self-invented for this very purpose. That quixotic mission necessarily accompanied by plenty of humor and self-deprecation. A means of getting oneself out of the way, of not taking oneself too seriously but dedication to the process for it’s own sake perhaps?”
To Play’s title was suggested by writer/musician and longtime friend of Bailey’s, David Toop, after hearing the recordings, which he says are among his favourite solo recordings of the artist. Toop explains: “after my last face to face conversation with Derek, I was so struck by his emphasis on ‘just playing’ as a deep philosophy at the core of his work, and some of the anecdotes of his early life, that I thought of writing a stage play. My idea was that Derek would play within the play. I suggested this to him and he seemed agreeable, at least. The idea came to nothing, partly because of other commitments and partly because I don’t have a great love for most theatre and so couldn’t seem to get started on it, but I still like this word Play (much Beckett in there) in relation to Derek’s activity.
To play might mean: to do it now, as you are; to improvise, to use what is at hand; to enter into a game, not just to act according to someone else’s set of rules, but to invent processes, ways of doing things, protocols; to imagine new ways of being together, of proceeding. Derek Bailey did not fuck this up». - press release.
Steve Lacy Quintet, "Esteem". Live In Paris 1975.
Lacy, Potts, Irene Aebi, Kent Carter e Kenneth Tyler. Lacy, americano na primeira década de Paris, num disco inédito, gravado ao vivo em La Cour des Miracles e resgatado aos arquivos em fita do famoso quinteto. Parece que há muito mais tesouros destes à espera de quem os descubra, lhes limpe o pó e os ponha a circular. Em boa hora John Corbett começou esse trabalho para a Unheard Music Series / Atavistic.
The first in a series of recordings from Steve Lacy's cassette archive authorized by Irene Aebi.
"When Steve Lacy passed away in June, 2004, he left behind an archive of more than 300 private recordings - mostly cassette tapes of concerts dating from the 1970s up until his final months. Many feature his longtime quintet and subsequent sextet, as well as trio, duo and solo performances; some revisit old friendships, some present unique collaborations, while others document special projects that never quite found their way to the recording studio. In all of these, the same adventurous spirit prevails, the same calm integrity. This series, The Leap: Steve Lacy Cassette Archives, aims to make available significant performances in a remarkably fertile career. It will showcase Lacy with his regular associates as well as others, playing music heard elsewhere in different contexts and also music only heard just once. By so doing, may it deepen the listener’s sense of a singular body of work." - Jason Weiss, editor, Steve Lacy: Conversations.
Esteem features Lacy’s working quintet one lively night at La Cour des Miracles, a Paris club the group frequented at the time. The musicians were in residence there for most of February, 1975, and again through much of December. Featuring Lacy (soprano sax), Steve Potts (alto/soprano saxes), Aebi (cello/violin), Kent Carter (bass), and Kenneth Tyler (percussion). Lovely 10-panel folder, showcasing paintings by Chicagoan Jason Karolak.
"Space", de Rafael Toral, visto e ouvido por Brian Olewnick, da Bagatellen, Agosto passado. (Atenção à Wire de Outubro - "The Portuguese composer has jettisoned his electric guitar on the first stage of an ambitious, long-haul electronic Space Program. Dan Warburton visits mission control"). E também "Tone Gardens", belo disco de Sei Miguel, com Fala Mariam, Rafael Toral e César Burago. Os “Gardens” continuam a receber boas críticas da imprensa internacional online.
Luciano Vaz Correa, amigo, violoncelista e improvisador do Rio de Janeiro:
Por ocasião da minha última visita à maravilhosa cidade de Lisboa tive a oportunidade de tocar com músicos locais, dentre eles Eduardo Chagas.
Qual não foi minha surpresa ao descobrir que, além de improvisador, Chagas é o responsável pelo blog Jazz e Arredores que já está completando dois anos de intensa atividade em nome da música e da arte.
Parabéns Mestre Chagas e quem me dera que no Brasil houvesse mais jornalistas como você. Abraços,
(Lucky) Luciano Vaz
O New York Times noticiou e a página da MacArthur Foundation confirma: a violinista Regina Carter e John Zorn, saxofonista, compositor, fundador e director artístico da Tzadik e do clube nova-iorquino The Stone, estão entre os laureados de 2006 com a MacArthur Fellowship, prémio criado por John D. McArthur para distinguir personalidades que revelem "extraordinária originalidade e dedicação na sua actividade criativa", e que tem vindo a ser promovida pela MacArthur Foundation. Este ano os “genius awards” estendem-se a diversas áreas, ciência, literatura, medicina e artes plásticas e performativas, no valor de 500.000 dólares. Segundo o PÚBLICO de hoje, John Zorn virá a Portugal (Braga, Teatro Circo) a 27 de Outubro, como "maestro e desenhador de som" da estreia de "Moonchild", do grupo de Mike Patton, Trevor Dunn e Joey Baron, em espectáculo único.
Festival Música Viva 2006
Intersecções de novas linguagens e estéticas musicais
Metamorfoses da criação musical contemporânea
De 23 de Setembro a 27 de Outubro de 2006, em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian, no Instituto Franco-Português, no Mosteiro dos Jerónimos, no Centro Cultural de Belém e no Teatro Maria Matos.
Na Esquilo Records, entre outras novidades setembristas, o terceiro disco (duplo) do trio luso-espanhol constituído por Ferran Fages (gira-discos acústico, motores, timbalão), Ruth Barberán (trompete, objectos amplificados) e Alfredo Costa Monteiro (acordeão, aparelhos), "Semisferi".
Neste muito esperado seguimento para os dois álbuns lançados na
Rossbin e
Creative Sources, o trio português / espanhol surge na sua máxima força com uma visão refinada das estruturas improvisadas. Jogando com tensão, dinâmica e textura,
Ferran Fages, Ruth Barberán e Alfredo Costa Monteiro encontram o seu caminho através de instrumentos como o gira-discos acústico, o trompete, o acordeão e vários objectos. Este álbum é composto por dois discos: um disco de estúdio (gravado em Barcelona) e um disco ao vivo (gravado em Paris), melhor evidenciando as capacidades e contradições do trio em ambos cenários.
Edição em numa caixa de cartão de luxo gatefold com arte original em serigrafia.
Limitado a 300 cópias.
50 minutes of absolutly free improvisationby two well-known french improvisators, exploring the soundsrelations and combinations with a perfect recording quality.