"No Choice", recente edição da francesa Minium, é o título do novo disco de dois dos mais interessantes pianistas da actualidade, Bill Carrothers e Marc Copland, ligados por 20 anos de cumplicidade criativa. Dois americanos em Paris, por assim dizer. Que tocam Carrothers e Copland? Clássicos e originais com outras autorias, que vão de Ornette Coleman (Lonely Woman, em dois takes, a abrir e a fechar a sequência), a Neil Young (The Needle and the Damage Done), passando por Thelonious Monk (Bemsha Swing), Miles Davis (Blue in Green, divido em chorale/canon e theme/variations), Ellington e Strayhorn (Take the A Train), Wayne Shorter (Masqualero). Apesar do único original de ambos (Dim Some), o programa é todo ele de standards no sentido amplo que lhe quis dar Philippe Ghielmetti, quando idealizou uma secção da Minium ("Standard Visit”, de que este é o primeiro volume) exclusivamente dedicada à revisitação de material que o tempo se encarregou de ir tornando popular. Excelente dois em um, "No Choice" é um mar de tranquilidade, fruto da escuta atenta e recíproca de dois artistas que se respeitam e sabiamente se complementam numa leitura moderna, por via dos arranjos, da tradição clássica do piano jazz.
Sem exibição de virtuosismos estultos, pelo meio de uma tão grande variedade de moods e ambientes, Carrothers, no canal esquerdo, e Copland, à direita, conseguem encontrar o adequado ponto de equilíbrio na convergência para uma poética intimista de cores outonais. Complexa no mistério da profundidade emocional, a música flúi naturalmente num movimento com duplo sentido, para dentro e para forma das melodias, decantando técnica e imaginação num recital a quatro mãos sensíveis e inteligentes. Bonito serviço.