A sustentação é do contrabaixista Gerald Benson e do baterista Michael Wimberly. A inspiração continua a vir de Albert Ayler. Charles Gayle, fixado exclusivamente no saxofone alto, novo modelo em plástico de cor branca, toca peças suas, umas escritas outras apenas improvisadas, e material com história e peso simbólico no mundo do jazz, como Cherokee, Giant Steps, Softly in a Morning Sunrise (emparceira bem com a versão de John Coltrane no Village Vanguard, em 1961) e What's New.
A arte de Gayle continua a dar bons resultados, como este gravado ao vivo no Glenn Miller Café, em Estocolmo, Suécia, a 12 de Fevereiro de 2006. O mais "convencional" dos discos de Charles Gayle? Provavelmente sim, depois de "Shout!", título que imediatamente antecede "Live at Glenn Miller Café", descontando o solo de piano de permeio. A maior aproximação ao convencionalismo (no sentido que se pode aplicar a Charles Gayle) nada o diminui; apenas permite descobrir o outro lado de um saxofonista herdeiro da melhor tradição do free jazz (o disco encerra com Ghosts, de Albert Ayler) um aspecto mais da sua complexa idiossincrasia. Ou como o rastilho curto, a explosão e a chama viva de outrora (Silkheart, Knitting Factory e Les Disques Victo guardam todos os vestígios relevantes) se transformam no magma incandescente de hoje. O calor, a energia produzida e a autenticidade são os mesmos de sempre. Viva Gayle!
Charles Gayle Trio - Live at Glenn Miller Café (Ayler Records, 2006)