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18.1.05
 

Na transição da década de 50 para a de 60, sobretudo nos anos finais da primeira e nos primeiros da segunda, o quarteto de Ornette Coleman sofreu abalos sucessivos, por duas ordens de razões: estéticas, que tinham a ver com o caminho que Ornette pretendia trilhar depois do grande tremor de 1959, com epicentro no Five Spot de Nova Iorque, relacionadas com as inovações introduzidas pelo saxofonista, entre as quais a improvisação liberta de acordes, alvo de muita incompreensão e reacção negativa da crítica, dos empresários artísticos, dos proprietários de bares e salas de concertos e dos próprios ouvintes. Por outro lado, o contrato que o ligava à Atlantic andava num tem-te não caias, até que terminou mesmo na Primavera de 1961.
Seguiu-se um período de alguma indefinição, que levou a mudanças na composição do quarteto formado por Don Cherry, Charlie Haden e Billy Higgins. Para o lugar de Cherry entrou Bobby Bradford, texano como Ornette. O lugar do contrabaixo, ocupado com estabilidade por Charlie Haden até então, foi sendo sucessivamente ocupado, primeiro por Scott LaFaro, depois por Jimmy Garrison, até parar em David Izenzon. Entretanto, também Bobby Bradford tomou a decisão de regressar ao Texas durante o ano de 1961. No fim do ano, Ornette via-se, não com um quarteto, mas com um trio, somando o contrabaixista David Izenzon e o baterista Charles Moffett.

Em 1962, o trio apresentou-se em público apenas por três vezes, duas na Jazz Gallery e uma terceira, em 21 de Dezembro, no Town Hall de Nova Iorque, num concerto que o próprio Ornette produziu. Um sucesso artístico (Ornette experimentou várias ideias novas, como a improvisação "harmolódica" e a combinação do trio com um quarteto de cordas de estrutura clássica, que pôs a improvisar conjuntamente), mas sofreu tamanho desaire financeiro que o remeteu para o silêncio durante um pouco mais de dois anos. Tempo que Ornette Coleman aproveitou para aprofundar a técnica e os conhecimentos teóricos de trompete e violino, antecipando as novidades que iria tentar na década seguinte.
Em Janeiro de 1965 tocou com o trio no Village Vanguard. Em Julho e Agosto do mesmo ano tocava em Londres com o trio, passando a Espanha, França e países nórdicos. Em Dezembro de 1965, três anos depois do célebre concerto do Town Hall, o Ornette Coleman Trio toca no Golden Circle, em Estocolmo. A Blue Note, que estivera a um passo de editar o Town Hall, 1962 (como teria sido a carreira de Ornette Coleman se isso tivesse acontecido?), assinara entretanto um contrato com Coleman, ao abrigo do qual gravou e editou os concertos do Golden Circle.
Para a história, Town Hall, 1962 (ESP-Disk) ficou como um importante ponto de viragem na música de Ornette Coleman.


 


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