O Peter Brötzmann Trio - Peter Brötzmann, sax tenor, tarogato e clarinete; Kent Kessler, contrabaixo, e Hamid Drake, bateria - tem feito furor por onde passa. No passado 12 de Janeiro tocou em Chicago. Eric Benson, jornalista do Chicago Maroon, periódico da Universidade de Chicago, assistiu ao concerto e, a avaliar pela reportagem, ficou siderado com o que viu e ouviu. "Music like this makes me proud to live in a city with players like Drake and Kessler—and makes me long for the day when we will be lucky enough to once again host Brötzmann, the patriarch of free jazz", escreveu ele. Por enquanto, aqui no Torrão, apenas nos podemos deliciar com Never Too Late but Always Too Early (Dedicated to Peter Kowald), com William Parker em vez de Kent Kessler, editado pela Eremite. Uma bomba de 2003, a não perder. Nem que a vaca tussa!
"This free blowing monster of a set very nearly eclipses machine gun, brötzmann's legendary 60s big band lp." - Edwin Pouncey, The Wire
Não será tanto assim, mas compreende-se que o entusiasmo provocado pela audição daquela obra monumental do trio de Brötz possa levar a exageros como o do comentário supra, que aponta para o eclipse de Machine Gun por via de Never Too Late but Always Too Early. São contextos políticos e musicais muito diferentes, desde logo. Agora, que Never... é um disco potente, isso é inegável. O que eu estranho é que jazz deste calibre e qualidade musical ainda provoque escândalos e rejeições que se fundam em razões tantas vezes extra-musicais, que pelas outras (as musicais) é bom que as águas do jazz se agitem e se inquietem, de tão paradas e conformadas que estão de tempos a tempos.