Image hosted by Photobucket.com
9.11.04
  The Abstractions voltam à carga!
Os improvisadores improv-psicadélicos da Costa Oeste americana estão de volta com a terceira machadada na ordem caótica que têm vindo a criar. Baralham, partem e dão de novo, como em qualquer cartada. Música desta é um bem raro que importa acarinhar e preservar. Por muito que não nos custe nada. Estou a ouvir Novo Navigatio e por estes dias conto arraozar sobre ele, como fiz sobre o anterior Ars Vivende, editado em 2003 pela atrevida Pax Recordings. Disse assim:

Out Jazz, o que é? É isto, por exemplo. The Abstractions - um furioso assalto colectivo sob a forma de energia em bruto. Música brava e indomável, construída com base no cruzamento de génros e sub-géneros, do jazz e livre improvisação electroacústica, ao pós-rock, passando pela spoken word e pelo noise, que se atira com unhas e dentes ao ouvinte e, 76 minutos depois, o deixa na mais literal penúria física (que não emocional!). Muito por culpa de dois intrépidos guerrilheiros da Costa Oeste dos EUA, Rent Romus e Ernesto Diaz-Infante, que não se dão ao descanso na saudável actividade de animar a malta. O que faz falta.

Acima de tudo, The Abstractions, tocam música experimental que visa, entre outras possíveis finalidades, desassossegar mesmo o ouvinte mais preparado para a inquietação física e espiritual, e ao mesmo tempo, marcar terreno na cena esteticamente mais avançada no tempo corrente. É esta, em síntese, a proposta muito séria de Ernesto Diaz-Infante, Dina Emerson, Phillip Everett, Sandor Finta, Lance Grabmiller, Bob Marsh, Jesse Quattro, Alwyn Quebido, Rent Romus, e Stephen Ruiz.

Que fizeram um lindo serviço neste segundo episódio, isso é indesmentível. É que em Ars Vivende, realmente não fica pedra sobre pedra no edifício que já foi comparado a uma enorme tela do género das que pintava Jackson Pollock; só que, neste caso, em vez de pincéis, os artistas usam instrumentos musicais e todo o arsenal das mais desvairadas electrónicas passadas e futuras. E vale tudo, inclusive entornar o balde da tinta e mergulhar de cabeça sobre a superfície cromática. Um estoiro!

Falar de raiva, ira, energia primitiva, caos e trevas, de todo um pathos individual e social, decerto que não vem inteiramente a despropósito, não senhor. Aqui o caso inspira os maiores cuidados e ai daquele que se deixar apanhar pelo turbilhão sem estar bem preso a uma qualquer amarra virtual. Vai desta para pior. Porque esta é realmente música da melhor, no sentido em que provoca os mais ousados e inquietantes desafios. Fora disto, tenho como certo que uma parte importante da corrente musical mais estimulante e radical deste início de século passa justamente por aqui, ou seja, pelas mãos destes ferozes criadores da Califórnia. Que, afinal, não tem só praia e beldades curvilíneas.

Depois do que fica dito não seria necessário, mas ainda assim, aqui fica a prevenção: quem buscar facilidades melódicas e dócil contentamento auditivo, melhor é dar meia-volta e ir bater a outra porta. Porque, além do sangue, suor e lágrimas que o esperam, leva daqui uma resposta que é em sim mesma uma intrigante questão: o que vai ser da música criativa improvisada daqui para a frente!?
 


<< Home
jazz, música improvisada, electrónica, new music e tudo à volta

e-mail

eduardovchagas@hotmail.com

arquivo

setembro 2004
outubro 2004
novembro 2004
dezembro 2004
janeiro 2005
fevereiro 2005
março 2005
abril 2005
maio 2005
junho 2005
julho 2005
agosto 2005
setembro 2005
outubro 2005
novembro 2005
dezembro 2005
janeiro 2006
fevereiro 2006
março 2006
abril 2006
maio 2006
junho 2006
julho 2006
agosto 2006
setembro 2006
outubro 2006
novembro 2006
dezembro 2006
janeiro 2007
fevereiro 2007
março 2007
abril 2007
maio 2007
junho 2007
julho 2007
agosto 2007
setembro 2007
outubro 2007
novembro 2007
dezembro 2007
janeiro 2008
fevereiro 2008
março 2008
abril 2008
maio 2008
junho 2008
julho 2008
agosto 2008
setembro 2008
outubro 2008
novembro 2008
dezembro 2008
janeiro 2009
fevereiro 2009
março 2009
abril 2009
maio 2009
junho 2009
julho 2009
agosto 2009
setembro 2009
outubro 2009
novembro 2009
dezembro 2009
janeiro 2010
fevereiro 2010
junho 2011
maio 2012
setembro 2012

previous posts

  • Kali Z. Fasteau
  • Ivo Perelman
  • Duas da Leo Records a caminho
  • Música de barba (rija)
  • Jazz On 3
  • Naked City Complete
  • Jazz europeu. Inspirado na tradição Americana, pos...
  • O som é um castigo para os ouvidos. Mas a música ...
  • © Anna Demovidova Jazz Trombone and Bass oil on c...
  • 99 Hooker´s Generica (Pax Recordings)

  • links

  • Improvisos ao Sul
  • Galeria Zé dos Bois
  • Crí­tica de Música
  • Tomajazz
  • PuroJazz
  • Oro Molido
  • Juan Beat
  • Almocreve das Petas
  • Intervenções Sonoras
  • Da Literatura
  • Hit da Breakz
  • Agenda Electrónica
  • Destination: Out
  • Taran's Free Jazz Hour
  • François Carrier, liens
  • Free Jazz Org
  • La Montaña Rusa
  • Descrita
  • Just Outside
  • BendingCorners
  • metropolis
  • Blentwell
  • artesonoro.org
  • Rui Eduardo Paes
  • Clube Mercado
  • Ayler Records
  • o zurret d'artal
  • Creative Sources Recordings
  • ((flur))
  • Esquilo
  • Insubordinations
  • Sonoridades
  • Test Tube
  • audEo info
  • Sobre Sites / Jazz
  • Blogo no Sapo/Artes & Letras
  • Abrupto
  • Blog do Lenhador
  • JazzLogical
  • O Sítio do Jazz
  • Indústrias Culturais
  • Ricardo.pt
  • Crónicas da Terra
  • Improv Podcasts
  • Creative Commons License
    Powered by Blogger