Retomo um dos meus favoritos de há muito, Lord of Lords (Impulse Records, 1972) – a marca profunda da espiritualidade de Alice Coltrane (1937-2007). Com Charlie Haden (contrabaixo) e Ben Riley (bateria), Alice (piano, órgão e harpa) explora a tensão dramática que se joga entre o trio e a ampla secção de cordas que preparou (11 violinos, 6 violas, 7 violoncelos). O contraste acentua o elemento cósmico presente na música de Alice Coltrane. O anterior World Galaxy (1971) já tinha dado sinais de que a senhora pretendia continuar a aprofundar a relação entre a música ocidental, através do free jazz e da composição contemporânea, e a música oriental, sobretudo na vertente indiana (Turiyasangitananda). Nascido fora da órbita pós-coltraneana em que a pianista se situou entre 1967 e 1971, Lord of Lords aponta para o transcendente e inspira a meditação sobre as coisas da vida. Em Julho próximo sai em LP, reedição japonesa (Impulse!).
1. Andromeda's Suffering; 2. Sri Rama Ohnedaruth; 3. Excerpts from The Firebird (I. Stravinsky ); 4. Lord of Lords; 5. Going Home.
Alice Coltrane. A Monastic Trio
http://www.jazzsupreme.com/
Four Eyed Monsters
Arin Crumley & Susan Buice
Music by: Golden Pastime, The Spinto Band, Giraffe, Gene Serene, Andrew A Peterson, Joel Kennedy, Apes and Androids, Magdon Osh, Courtier, Paper Jones, Stone Jack Jones, National Eye, The Legends, The Unicorns, Seve VS Even, Gingerbread Patriots, The Knife, Gene Serene, M. Craft, Joel Kenedy, Rocket Surgery Kevin Bewersdorf.
Redescoberta de HIROSHIMA, um dos mais psicóticos e desvairados discos da carreira de Sun Ra, que antecipa muitas das hoje tão reverenciadas aventuras da chamada New Weird America. Gravado ao vivo em Montreux, Suiça, em 1983, e publicado originalmente no ano seguinte, na Saturn Records. Uma vista de olhos pela nomenclatura da assim chamada Sun Ra All Stars Band. De uma assentada, John Gilmore, Marshall Allen, Archie Shepp, Don Cherry, Lester Bowie, Philly Joe Jones, Richard Davis, Don Moye e Clifford Jarvis. Juntos, preenchem na íntegra o lado 1 do LP. O programa do lado 2 é todo preenchido com Sun Ra em órgão de igreja, num concerto gravado em Atlanta, Geórgia. O acompanhamento é dado por breves intervenções de percussão e pouco mais. Reedição em vinyl de 180 gramas pela britânica Art Yard Records no âmbito do programa que tem vindo a pôr em prática, de devolver à circulação algumas das peças mais raras e inacessíveis da imensa discografia de Sun Ra.
Das notas: "I was about seven years old when on August 6, 1945 Hiroshima was the first city in the history of mankind to be struck by an atomic bomb -- dropped by the United States Air Force. In our days the only so-called democratic government which applied this mass-destruction weapon for the first time and would not hesitate to use it again, asks other countries to stop the development of nuclear power. What a miserable Christian hypocrisy. Why did Sun Ra title his only acoustic document performed on a church organ Hiroshima? Despite my young age in 1945 I can very clearly remember the gloomy atmosphere in 'bombed-out' Stuttgart with my family sitting around my uncle's place in Schwaebisch Gmnd during the twilight hour and talking about this unbelievable criminal act against Hiroshima. Beside the depressed mood of the talk I only remember the (surely false) fact, that 'Little Boy', as the United States offendingly called their bomb, was only as small as a tennis-ball. Beside the well-known political call and response ritual, 'Nuclear War,' 'Hiroshima,' has a pipe organ solo by Sun Ra, recorded in a theatre in Atlanta, Georgia. By attentive listening, one can discover some other instruments too. One can hear a triangle, a bird whistle, a slap-stick or castanets, a tambourine ring, cymbals, and most likely, different drums. The record was released in 1985 on one of Sun Ra's Saturn long playing records with the number 11-83. The flip side of this record is titled 'Stars That Shine Darkly...' Recorded live at Montreux, Switzerland during the tour of The Sun Ra All Stars, early November 1983." - Hartmut Geerken
Tomai lá do Brötzy...............
American Landscapes Vol. 1 and 2 (Okka Disk): "The Peter Brötzmann Chicago Tentet celebrates its first decade of work together with the release of two new cds on Okka Disk, both recorded in performance at the Stirling Jazz Festival in Scotland last spring. The two albums present the music played at the concert that night in its entirety, each disk contains the music from one complete set. Buy both and a take a full sonic expedition with the band. These documents present the first examples on record of the current working methods of the group; for the last two years the band has been a total improvisation unit. Nothing scripted, nothing written, nothing predetermined. The lineup on American Landscapes features Johannes Bauer, Peter Brötzmann, Mats Gustafsson, Per-Ake Holmlander, Kent Kessler, Fred Lonberg-Holm, Joe McPhee, Paal Nilssen-Love, Ken Vandermark, and Michael Zerang. This group just completed a European tour, with the return of Jeb Bishop to the ensemble, and will present their music stateside on December 1st at the Museum Of Contemporary Art in Chicago".
The Peter Brötzmann Chicago Tentet, a dobrar
Novidades ESP-DISK (para Agosto):
- DON CHERRY, "LIVE AT THE CAFE MONTMARTRE" esp4032
- NORMAN HOWARD, "BURN BABY BURN" esp4033
- VARIOUS ARTISTS, "MOVEMENT SOUL VOLUME II" esp4034
Luther!
23 de Junho foi dia de aniversário do grande
Saxcrobatic Fanatic Luther Thomas, o 57º.
Thomas, membro do
BAG -
Black Artist Group (1968-1972) e
co-fundador do Human Arts Ensemble. Submergiu no início dos anos 80, para mais de uma década depois reaparecer fulgurante, a tocar melhor que nunca, como se pode ouvir na série de discos trepidantes que gravou para a CIMP - Creative Improvised Music Projects: Bagin' It, Saxcrobatic Fanatic, Realities: Old & New e Leave it to Luther. Luther Thomas merece muito mais exposição e reconhecimento do que aquele que tem tido.
Anthony Braxton, Performance (Quartet) 1979
(Hat Hut, 1981)
1. Comp. 69 C (Braxton) 1-4 [36:47]
2. Comp. 69 E (Braxton)
3. Comp. 69 G (Braxton)
4. Comp. 40 F (Braxton)
5. Comp. 69 F (Braxton) 5-7 [34:26]
6. Comp. 23 G (Braxton)
7. Comp. 40 I (Braxton)
Anthony Braxton (saxofones, clarinetes); Ray Anderson (trombone); John Lindberg (contrabaixo); Thurman Barker (percussão, xilofone, gongs).
Jazz Festival Willisau ’79 - Willisau (Suiça), 01/Set/1979
Ted Daniel Quintet – "Tapestry” (Sun Records, 1974)
"Ted Daniel is an American trumpeter in the NYC loft scene who has been sorely under-recorded over the years. This is one of his three full-length albums, recorded in 1974, and features a cast of Jerome Cooper, Khan Jamal, Tim Ingles, and (brother) Richard Daniel. Strangely, this is not the expected free jazz blowout like his self-titled private pressed album is. Instead, Rhodes driven too hot through a leslie with placid improv by Khan and Ted over the top is the order of the day. The result is a gorgeous album that is mellow, modal, and perfectly aimless". - Soul Strut
Ernesto Rodrigues / Manuel Mota / José Oliveira + Nuno Torres, em concerto na Cafetaria Quadrante, do Centro Cultural de Belém, Lisboa, no âmbito do programa Jazz às 5as (21.06.2007). A primeira parte serviu para o grupo tomar a temperatura à sala, cheia com um público heterogéneo, entre curiosos, desatentos, palradores compulsivos, e uma larga maioria de público disponível para se deixar desafiar pelo desconhecido. Ajustados os níveis, feito o aquecimento e preparados os processos, o quarteto arrancou então para uma segunda parte a todos os títulos memorável. Desde logo, pela empática associação entre o trio formado por Ernesto Rodrigues (violino), Manuel Mota (guitarra eléctrica) e José Oliveira (percussão), três dos mais destacados improvisadores da cena lusa, com muitos anos de experiência nos mais diversos cruzamentos e intersecções. À partida o desafio era deveras interessante, posto que Rodrigues, Mota e Oliveira são uma fórmula testada, capaz de nos surpreender pela qualidade e diversidade da oferta estética em cada momento. Ao trio base inicialmente previsto e anunciado, juntou-se o saxofonista alto Nuno Torres. Excelente ideia, aditar este reforço de última hora. Porque o som de Torres tem propriedades acústicas que casam na perfeição com as demais. Daí a naturalidade com que entrou no fluxo, acrescentando um som de saxofone moderno e personalizado.
Para o Jazz às 5.ªs do CCB, a proposta do trio passado a quarteto foi pensada e mentalmente estruturada como uma sessão de improvisação livre, desenvolvida em várias direcções, reconhecíveis como pertencentes às estéticas da livre-improvisação europeia, da música contemporânea de base escrita, e do free jazz moderno, neste último caso, com poucos pontos de contacto com o vocabulário do free clássico, mesmo quando, numa passagem ou outra, se sentisse a presença espiritual do Revolutionary Ensemble, de Jerome Cooper, Leroy Jenkins e Sirone.
Iniciado o andamento, ressaltou de imediato a afinada disciplina de grupo, combinada com a mais ampla liberdade de comunicação, sem quebras ou hesitações na gestão das dinâmicas. Momentos meditativos, subidas graduais de intensidade, trajectórias de crescente tensão, controlo e explosão multicolor.
Nas duas peças de fundo, e a nível individual, destaque para a percussão assertiva e multicolor de José Oliveira, a abrir espaços para as entradas do violino de Ernesto Rodrigues, com passagens expressivas por toda a gama de registos, secundado pela guitarra pós-Bailey, electrizante, esfalfada e virada do avesso, de Manuel Mota, e pela sobriedade rica e elegante do som do saxofone alto de Nuno Torres, que, conhecendo embora as invenções de Evan Parker e John Butcher, segue a sua própria via de afirmação por paragens onde também se pode encontrar o saxofonista francês Heddy Boubaker, por exemplo.
Mais importante que pôr em evidência o trabalho individual de cada improvisador, importa referir que o concerto valeu sobretudo pelo trabalho de escultura sonora. Nessa medida, assinale-se a forma empática como os quatro músicos souberam ouvir-se, reagir e interagir. Musicalidade e controle da energia articulados modo a fazer funcionar o processo criativo enquanto actividade de grupo – o fulcro da música improvisada moderna.
Fred Anderson & Harrison Bankhead - The Great Vision Concert
Exploding Customer - At Your Service
The Fish
Ravi Shankar, The Sounds of India (1968)
Ravi Shankar (sitar), Chatur Lal (tabla), N.C. Mullick (tamboura)
Jerome Cooper & Oliver Lake - For the People (hat hut, 1978)
Jerome Cooper (bateria, percussão)
Oliver Lake (saxofone alto, flauta)
Vai-se aos sótãos das editoras e por vezes encontram-se preciosidades como esta "nova" gravação de Andrew Hill, original de 7 de Março de 1966 (Blue Note, Connoisseur Series), poucos meses depois de Compulsion. Change – o título sugere uma mudança de direcção na música do pianista, já iniciada no disco precedente – é uma atípica sessão New Thing em quarteto, com Sam Rivers (saxofone tenor), Walter Booker (contrabaixo) e J.C. Moses (bateria). Todas as composições são de Andrew Hill. Não é propriamente um inédito do pianista, pois já havia sido editado em meados da década de 70, sob o nome de Sam Rivers, no LP duplo Involution, e fez parte de The Complete Blue Note Andrew Hill Sessions (1963-66). É caso para festejar.
... Entretanto, o disco de David Torn é mesmo um tornado... (adoro fazer trocadilhos fáceis). Ainda há dias aqui comentei sobre Prezens (ECM), quando só tinha um dia de rodagem. Agora que papei o disco todo e já lhe conheço as manhas e os interstícios – mesmo que cada vez que o ouça descubra coisas que ainda não tinha ouvido, tal é sensação de permanente descoberta – posso afirmar que Mr. Torn meteu a mão na massa, radicalizou o discurso como lhe competia, elevando-o a um ponto de refinamento extremo, ao nível da colagem sonora e da improvisação por sobre e entre placas. Mestre Tim Berne dá uma ajuda preciosa, tal como Tom Rainey e em especial Craig Taborn, que aqui veste a farpela de mago da electrónica, excelente duplo do próprio David Torn, à frente a abrir caminho por entre o nevoeiro. Mesmo sendo expectável (e esperado) que Torn sacasse um disco destes mais cedo ou mais tarde, vinte anos depois de Cloud About Mercury, a surpresa é enorme. É que Prezens enche realmente um homem de emoção e contentamento. Disco do ano, já(zz)! Ai e tal, não tem swing e o Duke Ellington e o Irving Mills disseram que sem swing não se faziam omeletas... Pois, pois, é melhor não ouvir... Inclassificável e muito bom.
Futurismo Retro
"David Torn, guitar hero, produtor de dezenas de discos de referência (Ryuichi Sakamoto, David Sylvian, Drew Gress, David Bowie, entre muitos outros), e um dos mais requisitados compositores de música para cinema (“Traffic”, “The Departed”), regressa à casa de Manfred Eicher com um novo disco que não deixa ninguém indiferente. Em “Prezens, Torn reúne três dos maiores improvisadores nova-iorquinos, o saxofonista Tim Berne, o teclista Craig Taborn e o baterista Tom Rainey, e realiza uma obra maior que destila de forma única o orgânico e o sintético. Na primavera de 2005 os quatro músicos juntaram-se num estúdio no vale do rio Hudson e gravaram cerca de doze horas de improvisação colectiva. Dessas fitas nasceu “Prezens”, um dos mais fascinantes objectos audio a marcar o ano de 2007. E um dos seus maiores fascínios deve-se à característica, bem própria dos métodos de produção de Torn, da ambiguidade; Quem toca o quê? De onde vêm aqueles sons? O que se ouve é o saxofone processado de Berne ou a guitarra distorcida de Torn? O que foi realmente tocado “live” e o que foi posteriormente editado em estúdio?
Todas estas questões, que ganharam particular relevo na recente reavaliação da obra de Miles Davis e do trabalho para si realizado pelo mago de estúdio Teo Macero, perdem a sua importância ao sermos envolvidos pelos sons de “Prezens”. Rasgos metálicos, negros, atravessam uma música atmosférica, espacial, desconstruida, que pega em direcções do melhor progressivo do séc XX, e as projecta directamente no futuro daquilo que imaginamos possa ser o jazz criativo do séc XXI. Algo que poderia resultar das personalidades musicais conjuntas de King Krimson, Laurie Anderson e Radiohead, todos eles sob o espírito libertário de Sun Ra.
O início do disco, “AK”, surpreende de imediato quando, após uma introdução estratosférica de Torn, surge o órgão Hammond deliberadamente hesitante de Taborn. Ecos longínquos do blues de Lightnin’ Hopkins, Booker-T ou John Patton, resgatados para um futuro cibernético. O “grito” do saxofone alto de Berne manipulado e convertido em pura distorção digital. Os blues irão um dia soar assim. No segundo tema, “Rest & Unrest”, dá-se uma mudança súbita de registo e surge uma voz que recorda por momentos a poética futurista de Laurie Anderson, envolvida na electrónica digital narcótica de Torn e Taborn. A colisão de sons continua, por vezes próximo do puro “noise” (como em “Sink”), com Torn a exibir o seu característico virtuosismo, contido, altamente sofisticado, bem longe da pirotecnia que afecta muito do jazz dito progressivo que se faz actualmente. Em “Prezens”, cada tema funciona como um organismo vivo, em constante mutação, sendo frequente os temas terminarem de forma totalmente diferente da que começaram. “Neck deep in the harrow...” arranca com um groove que poderia ter sido gravado nas sessões de “Agartha” de Miles Davis, para depois derivar, de forma progressivamente intensa, para uma malha totalmente abstracta de som. Em “Prezens”, David Torn alcança um equilibrio notável entre composição e improviso, uma dialética que é, cada vez mais, o santo graal do jazz contemporâneo. Concentração total e abandono espiritual" - Rodrigo Amado, in Público (Y, 15/06).
Lezrod - Genki Vol. I ()
marcello maggi_trompete
pedro roxo_contrabaixo
bechir saade_clarinete baixo
josé oliveira_percussão
joão silva_laptop + video
nicholas christian_baixo eléctrico
26 de Junho, 19h30_Bacalhoeiros, Lisboa
Chris McGregor's Brotherhood of Breath
Chris McGregor (piano); Dudu Pukwana (saxofone alto), Evan Parker (saxofone tenor), Gary Windo (saxofone tenor), Mike Osborne (saxofone alto), Mongezi Feza (trompete), Harry Beckett (trompete), Marc Charig (trompete), Nick Evans (trombone), Malcolm Griffiths (trombone), Harry Miller (contrabaixo), Louis Moholo (bateria).
A Brotherhood Of Breath, orquestra de Chris McGregor, integrou os extintos Blue Notes, grupo formado em Londres por expatriados sul-africanos durante a década de 60, a que o pianista acrescentou alguns dos melhores improvisadores britânicos. Apesar de muito activa durante a primeira metada da década seguinte, editou apenas três álbuns. Travelling Somewhere foi gravado num clube de jazz de Bremen, Alemanha, para transmissão radiofónica. Recuperada a gravação, este é o melhor documento da Brotherwood of Breath ao vivo que se conhece. Gravação ao vivo, a 19 de Janeiro de 1973, Bremen, Alemanha.
MRA (12.14); Restless (09.47); Ismite is might (03.58); Kongi's theme (06.44); Wood fire (13.41); The bride (06.26); Travelling somewhere (07.21); Think of something (09.55); Do it (09.19).
VARIABLE GEOMETRY ORCHESTRA
ernesto_rodrigues viola, conduction; guilherme_rodrigues cello; sei_miguel pocket trumpet; pedro_portugal trumpet; marcello_maggi trumpet; fala_mariam trombone; eduardo_chagas trombone; gil_gonçalves tuba; jorge_lampreia flute, soprano saxophone; nuno_torres alto saxophone; abdul_moimême tenor saxophone; peter_bastiaan alto saxophone, melodica, poetry; miguel_bernardo clarinet; bruno parrinha alto clarinet; joão_viegas bass clarinet; olympia_boule voice; armando_gonçalves_pereira accordion; antónio_chaparreiro electric guitar; carlos_santos electronics; travassos electronics; joão_pinto electronics; nuno_moita electronics; andré_gonçalves electronics; adriana_sá electronics; rafael_toral electronics; plan turntables; hernâni_faustino double bass; rachiim_ausar_sahu double bass; pedro_castello_lopes african percussion; césar_burago percussion; josé_oliveira drums.
Matthew Shipp (piano), Frank Lacy (trombone), Sabir Mateen (saxofone tenor), Zane Massey (saxofone tenor), Tulivu Cumberbatch (voz), Lee 'Beaver' Pearson (bateria), Ras Tschaka Tonge (congas, shekere), Amos Oscar Debe (percussão), Sawadogo Levi (percussão), Rachid Rivers (percussão), Joy Chatel (percussão).
Karlheinz Stockhausen - Elektronische Musik 1952-1960. Part 1 & Part 2.
Entrevista/ensaio de 2001, com William Parker, publicada no 50 Miles of Elbow Room. O contrabaixista elabora livremente sobre os primeiros tempos da sua carreira, a vivência, durante boa parte dos anos 70, da fase Loft Jazz, em Nova Iorque. Fala sobre Charles Tyler, o quarteto Other Dimensions in Music, Sound Unity – tudo o que preparou o caminho para a criação do Vision Festival, cuja XII edição terá início dentro de dias (de 19 a 24 de Junho).
(Caprice, 1972)
Disco obscuro na carreira de Don Cherry. Duplo LP de free folk, gravado na Suécia durante o período em que Cherry viveu no seio da comunidade hippie local. Inclui uma versão curta (6'35) de The Creator Has A Master Plan, original de Pharoah Sanders.
O assunto é
podcast? Então vamos lá visitar a
Rare Frequency (
experimental, electronic, improv, noise, avant-pop, and other out-there music), que, como a
Nau Catrineta, tem muito que contar.
Right click, para quem não sabe como se faz para ouvir. Depois, botem no leitor de mp3 e vão dar uma curva. O
mais recente pod (nº 16) é do artista sonoro
Ernst Karel (electrónica analógica e trompete). Para conhecer melhor o trabalho de Ernst Karel, ver
entrevista publicada na página da
Rare Frequency.
Muito aguardado, Prezens, de David Torn está aí. E vai dar que falar. Torn é guitarrista que já ultrapassou esse "problema". O papel da guitarra, aquilo que se espera dela em termos sonoros e conceptuais – o que afinal identifica um som como tendo origem numa guitarra eléctrica – há muito que foi por ele posto em crise. David Torn inclui muito pouco do que tradicionalmente se poderia esperar das seis cordas electrificadas, e quando o faz, fá-lo mais sob a forma de vestígios do que ficou, memórias de como o instrumento soa habitualmente noutras mãos que não as dele. O investimento é posto na concretização de uma outra ideia, a da busca de novos sons, padrões rítmicos e texturas. A tarefa de abrir caminho para um novo papel da guitarra no jazz contemporâneo – uma mudança de paradigma na abordagem do instrumento. Não se ouvem solos de guitarra convencional, substituídos por ambientes e paisagens que podem parecer de fonte electrónica, como drones e outras soluções estéticas, bastante na linha do que já vinha de outro conceito arrojado, o de Science Friction, de Tim Berne. A prolongada colaboração com este projecto do saxofonista, e com Hard Cell do mesmo Berne, já nos tinha dado a conhecer uma parte do trabalho de Torn enquanto músico e produtor. Designer sonoro, melhor dito. E hábil manipulador, que sabe usar a pós-produção como forma de afirmar a sua estética personalizada, em permanente reconfiguração. Foi pois um longo caminho aquele que trouxe David Torn até Presenz, disco prontamente apadrinhado pela ECM Records, que assim também refresca o seu projecto editorial, ao dar guarida a um trabalho desta natureza, desafiante dos conceitos e convicções que todos temos sobre o que são hoje o jazz, a música improvisada, o rock progressivo e a música electroacústica. Não se trata de um pós-tudo, como tanto por aí se ouve. O que Prezens representa é antes o abrir de um novo curso para o rio que já vem de muito longe, desvio que inclui na corrente antigos e novos afluentes, para formar uma nova identidade sonora. Uma obra-prima? Provavelmente sim. Gravação de Março de 2005, no Clubhouse Studio, Rhineback, Nova Iorque, com Tim Berne (saxofone alto), Craig Taborn (órgão Hammond B-3 e piano Fender Rhodes, Mellotron, bent circuits), e Tom Rainey (bateria). Num dos temas (Miss Place, the Mist...), Torn adicionou outro baterista, Matt Chamberlain.
Pharoah Sanders (saxofone tenor, flauta) em concerto no Antibes Jazz Festival, edição de 1968. Com Lonnie Liston Smith (piano), Sirone (contrabaixo) e Majeed Shabazz (bateria).
A mais recente fornada saída da
LJ Records, com cinco novas edições, impressiona pela riqueza de conteúdos e pela variedade das propostas, ainda que se possa dizer que os discos têm em comum uma linha estética dominante, dentro do que poderia designar por jazz moderno de base electroacústica.
Ove Johansson, e a parceira
Susanna Lindeborg, além de curadores da editora (as iniciais LJ), exemplo feliz de empresa gerida pelos próprios músicos, onde têm realizado um trabalho assinalável no lançamento e na divulgação de nomes importantes do jazz nórdico, também são exímios criadores musicais. Veteranos, há muito que têm vindo a deixar a sua marca no panorama do jazz europeu. E continuam a surpreender, pela capacidade de apresentar hoje algumas das propostas editoriais mais interessantes, projectos de duvidoso retorno económico, mas de sucesso artístico garantido.
O primeiro disco desta sequência reúne o duo da casa,
Susanna Lindeborg e
Ove Johansson. A dupla embrenha-se numa sequência de temas improvisados, criados a partir de uma base escrita mínima; saxofone e piano “picam-se” reciprocamente por entre trepidações e assimetrias rítmicas com origem no tratamento da electrónica em tempo real. É desta combinação que se desenvolve a estrutura dos temas. Pessoalmente, dar-me-ia melhor com um pouco menos de sintetizador, que umas vezes acrescenta
momentum, outras parece querer atravessar-se no caminho dos instrumentos acústicos, fazendo-os atrasar o passo. Seja como for, de um modo geral,
Lines é muito satisfatório e aguenta muitas audições, ao cabo das quais o sintetizador já não satura tanto a panorâmica.
O mesmo carácter inquietante e sentido de movimento contínuo vão ser reencontrados em
Like Jazz, disco do trio
Natural Artifacts. De novo o par
Ove Joahnsson e
Susanna Lindeborg, que aqui deixa a electrónica a cargo de
Per Anders Nilsson. O resultado deste entendimento a três é um set arriscado que combina free form e electro-jazz. Texturas e ritmos fracturados, de criação laptópica, provocam a execução pianística de Lindeborg e contagiam o sax tenor de Joahnsson, que se lança para criar os momentos mais intensos do disco. Três vozes individuais empenhadas em servir a expressão colectiva. Atento às diferentes formas de expressão da música contemporânea, o grupo vê no jazz, menos um género musical que uma atitude criativa. Resulta, e é isso que importa.
Com
Triolos, do
Christer Bothén Trio, o caso muda formal e substancialmente de figura. Ao clarinete baixo e cordofones de origem africana do líder, agregam-se as guitarras de David Stackenäs e o alaúde e a guitarra de Peter Söderberg Teorb. Ambos os guitarristas têm ainda um fraquinho pelo que designam por
low budget electronics, o mesmo que electrónica de trazer por casa. Muito interessante, o que este trio sueco (uma vez mais) consegue com tão invulgar instrumentação. Com arrojo e criatividade, eles pegam-se, despegam-se, seguem caminhos paralelos do jazz, world e new music, convergem numa base comum, para depois partirem nas direcções mais díspares, sem que se saiba de antemão qual vai ser o próximo passo, tanto nos solos de clarinete baixo, como nas combinações deste com as cordas. Som da surpresa, diz-se tantas vezes a despropósito em relação a certas manifestações jazzísticas, afinal tão previsíveis. Este caso é verdadeiramente surpreendente. Ouvido de ponta a ponta, o melhor elogio que se lhe pode fazer é que apetece sempre voltar ao princípio para novas viagens.
“Contemporary ethnic music from the Baltic Sea with Sten Sandell”. Assim se anuncia o novo disco do pianista sueco, um conjunto de temas no formato canção, executadas em piano, electrónica e processamento vocal. Uma das figuras cimeiras da improvisação contemporânea, Sten Sandell oferece-nos em
Music in the World of Sten Sandell um dos seus grandes momentos como pianista, o quarto a solo para a LJ Records. Hábil gestão dos contrastes claro/escuro, luz/sombra, tensão/distensão. Piano solo intimista e aberto às pequenas coisas que, estando para lá do piano, compõem o seu imaginário pessoal. Música absolutamente invulgar, “clássica” na concepção e moderna na expressão, liberta das regras formais é diferente de tudo o que se possa ouvir rotulado como piano solo e efeitos. Sten Sandell, ainda não conhecido e valorizado pelo público do jazz em geral, afirma-se solidamente como um dos grandes pianistas contemporâneos. Este
Music in the World of Sten Sandell é um passo de gigante nesse sentido.
Um dos grupos mais afamados em círculos conhecedores do que se tem passado no jazz europeu dos últimos 30 anos, é o
Mwendo Dawa. Liderado pela pianista/teclista Susanna Lindeborg, o quarteto completa-se com Ove Johansson, sax tenor e electrónica; Jimmi Roger Pedersen, baixo e laptop; e David Sundby, bateria. O quinto disco desta série LJ Records,
Live at Fasching, suporta a gravação de um concerto do grupo no clube Fasching, em Estocolmo, Suécia, em Setembro de 2005. Muito virado para exploração sonora de todo o tipo de combinações tímbricas e de cores em ambiente de improvisação sobre composições abertas, o Mwendo Dawa unifica os universos do jazz americano e europeu, aproveitando o melhor de dois mundos. Nessa medida, o grupo evoca episódios do histórico Circle, de Chick Corea, com Anthony Braxton, Dave Holland e Barry Altschul. Muito bem feito, à maneira nórdica. Distribuição em Portugal pela
Sonoridades, Porto.