Retomo um dos meus favoritos de há muito, Lord of Lords (Impulse Records, 1972) – a marca profunda da espiritualidade de Alice Coltrane (1937-2007). Com Charlie Haden (contrabaixo) e Ben Riley (bateria), Alice (piano, órgão e harpa) explora a tensão dramática que se joga entre o trio e a ampla secção de cordas que preparou (11 violinos, 6 violas, 7 violoncelos). O contraste acentua o elemento cósmico presente na música de Alice Coltrane. O anterior World Galaxy (1971) já tinha dado sinais de que a senhora pretendia continuar a aprofundar a relação entre a música ocidental, através do free jazz e da composição contemporânea, e a música oriental, sobretudo na vertente indiana (Turiyasangitananda). Nascido fora da órbita pós-coltraneana em que a pianista se situou entre 1967 e 1971, Lord of Lords aponta para o transcendente e inspira a meditação sobre as coisas da vida. Em Julho próximo sai em LP, reedição japonesa (Impulse!).
1. Andromeda's Suffering; 2. Sri Rama Ohnedaruth; 3. Excerpts from The Firebird (I. Stravinsky ); 4. Lord of Lords; 5. Going Home.
Alice Coltrane. A Monastic Trio