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16.6.07
 

Muito aguardado, Prezens, de David Torn está aí. E vai dar que falar. Torn é guitarrista que já ultrapassou esse "problema". O papel da guitarra, aquilo que se espera dela em termos sonoros e conceptuais – o que afinal identifica um som como tendo origem numa guitarra eléctrica – há muito que foi por ele posto em crise. David Torn inclui muito pouco do que tradicionalmente se poderia esperar das seis cordas electrificadas, e quando o faz, fá-lo mais sob a forma de vestígios do que ficou, memórias de como o instrumento soa habitualmente noutras mãos que não as dele. O investimento é posto na concretização de uma outra ideia, a da busca de novos sons, padrões rítmicos e texturas. A tarefa de abrir caminho para um novo papel da guitarra no jazz contemporâneo – uma mudança de paradigma na abordagem do instrumento. Não se ouvem solos de guitarra convencional, substituídos por ambientes e paisagens que podem parecer de fonte electrónica, como drones e outras soluções estéticas, bastante na linha do que já vinha de outro conceito arrojado, o de Science Friction, de Tim Berne. A prolongada colaboração com este projecto do saxofonista, e com Hard Cell do mesmo Berne, já nos tinha dado a conhecer uma parte do trabalho de Torn enquanto músico e produtor. Designer sonoro, melhor dito. E hábil manipulador, que sabe usar a pós-produção como forma de afirmar a sua estética personalizada, em permanente reconfiguração. Foi pois um longo caminho aquele que trouxe David Torn até Presenz, disco prontamente apadrinhado pela ECM Records, que assim também refresca o seu projecto editorial, ao dar guarida a um trabalho desta natureza, desafiante dos conceitos e convicções que todos temos sobre o que são hoje o jazz, a música improvisada, o rock progressivo e a música electroacústica. Não se trata de um pós-tudo, como tanto por aí se ouve. O que Prezens representa é antes o abrir de um novo curso para o rio que já vem de muito longe, desvio que inclui na corrente antigos e novos afluentes, para formar uma nova identidade sonora. Uma obra-prima? Provavelmente sim. Gravação de Março de 2005, no Clubhouse Studio, Rhineback, Nova Iorque, com Tim Berne (saxofone alto), Craig Taborn (órgão Hammond B-3 e piano Fender Rhodes, Mellotron, bent circuits), e Tom Rainey (bateria). Num dos temas (Miss Place, the Mist...), Torn adicionou outro baterista, Matt Chamberlain.

 


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