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31.5.06
 

SEI MIGUEL, THE TONE GARDENS
Creative Sources 067
Sei Miguel, pocket trumpet
Fala Mariam, alto trombone
Rafael Toral, sinewaves, feedbacks, noise
César Burago, percussion



 
 
... Entretanto, na POTLATCH...
«During the whole month of june 2006.
All back catalogue CDs: 12 euros (double CD : 15 euros)
New release (The Contest of Pleasures/Albi Days - P205) : 15 euros. Shipping is free. Any country in the world».

 
30.5.06
 

Duas novas de Ken Vandermark na Atavistic: "Gate", do Sound in Action Trio, com dois bateristas, o raiano baterista Robert Barry, e mais recente Tim Daisy. «Dig deep and find the spirit willing and no resistance while conjuring their second studio effort as SIA. Superb Homages and collages to and by Albert Ayler, John Coltrane, Eric Dolphy, Dotson/Ra, Ed Blackwel l- and Herbie Nichols' sublime "House Party Starting" complete & compliment five SIA originals on Gate».
A outra novidade, "Journal", apresenta um novo grupo de Ken Vandermark, desenhado à imagem e semelhança do Spaceways Inc. - BRIDGE 61, grupo formado em Dezembro de 2004 pelo saxofonista de Chicago. «The birth of BRIDGE 61, featuring KV, Spaceways Inc. bassist Nate McBride, V5 trapman Tim Daisy, and newcomer Jason Stein on bass clarinet. With tunes crafted by these stalwarts, and dedications to THIS HEAT, JACKSON POLLOCK & SONNY SHARROCK- how can Bridge 61 miss?» How?!

 
 


Heddy Boubaker, saxofonista de Toulouse, responsável por La Maison Peinte (local vocacionado para a prática da música improvisada, em Labarthe sur Lèze, a 20 Kms daquela cidade francesa) prossegue a sua actividade de experimentador e investigador das possibilidades sonoras do saxofone, aplicadas ao que designa por “technico/poetic sound work” – um mergulho nas águas profundas da música improvisada. Fazendo uso de microfones de contacto (desde há muito que o estúdio assume um papel fundamental no trabalho da última geração de improvisadores), Boubaker, nas nove composições/improvisações contidas em “Lack of Conversation” (Creative Sources Recordings 066), extrai vibrações acústicas do interior e da superfície exterior do saxofone alto. Sopro metalizado, pulsações irregulares, ruidismo discreto, técnicas de respiração (circular, triangular, rectangular…), utilização hábil do espaço e da panorâmica – um mundo de descobertas tímbricas e de novas tonalidades ondulantes que forma uma cadeia de sons em mutação e compõem uma linguagem não-codificada em que se pode ouvir coisas como o vento que vem do mar carregado de sal e humidade. Poesia, emoção e energia refrescante.
A ouvir: "The destruction by the water" e "02-03", primeiro e segundo álbuns a solo de Heddy Boubaker.

 
 

Improvisation Database
web design & development: Lê Quan Ninh
 
29.5.06
 

Bow-Arrow Trip


 
 
Mathias Forge_trombone, objects
Cyril Epinat_acoustic guitar, objects
Ernesto Rodrigues_violino, viola
Terça 30, 19h30_Trem Azul Jazz Store



 
 
LISBON UNDERGROUND MUSIC ENSEMBLE (LUME)
MAXIME
1 de Junho - 23h00
Praça da Alegria, 58 - LX


Marco Barroso - Direcção e composição
Flauta - Manuel Luís Cochofel
Clarinete - Paulo Gaspar
Sax Soprano - Jorge Reis
Sax Alto - João Pedro Silva
Sax Tenor - João Mortágua
Sax Baritono - Elmano Coelho
Trompetes: Jorge Almeida/ João Moreira/ Pedro Monteiro
Trombones: Luis Cunha/ Eduardo Lála/ Pedro Canhoto
Piano - Marco Barroso
Contrabaixo/Baixo Eléctrico - Yuri Daniel
Bateria - Pedro Silva


 
 
Deste já estava à espera há algum tempo. Através das movimentações à volta do Trummerflora Collective, a que pertence o percussionista Marcos Fernandes, foi-me possível antecipar o encontro, mesmo tendo em conta que tal poderia nunca passar de um hipotético desejo, considerando a distância física que medeia entre os membros deste colectivo de improvisadores. Que agrupa, além do percussionista nipo-americano, repartido entre Yokohama e San Diego, o também californiano Hans Fjellestad, do duo Donkey, em sintetizadores, o japonês Haco, em voz e electrónica, e o dinamarquês Jakob Riis, em laptop. Em “Haco Hans Jakob Marcos”, gravado em Tijuana, México, a receita é combinar eficazmente sons electrónicos e orgânicos de modo inventivo, estabelecer pontes entre dois mundos, realidades culturais que tanto têm de próximo como de distante, assimilar a reverberação de sons antigos que ecoam juntamente com o último grito da fonte digital. A arte está no saber dosear os ingredientes, improvisações vocais e instrumentais; saber usar o tempo e o espaço como base de trabalho e com eles confeccionar um produto musical capaz de comunicar uma extraordinária vitalidade. Num mercado em que proliferam edições de música electroacústica improvisada, esta edição é um caso bem sucedido de intercâmbio estético sem constrangimentos de ordem formal, eivado de um certo pragmatismo sonoro e assinalável empenhamento artístico. Tudo concorre para estimular a imaginação do ouvinte. Excelente entretenimento, este "Haco Hans Jakob Marcos", a mais recente edição da norte-americana Accretions.

 
28.5.06
 

Alípio C. Neto e Luciano Vaz, ao vivo no Luso Café - Lisboa, 21.05.2006


 
 
O violoncelista Thomas Charmetant tem uma nova edição na netlabel suiça Insubordinations: "indoor/outdoor" [insub06].
Três temas de violoncelo solo.

Thomas Charmetant is as a cello improvisator as an electroacoustic composer. His works in this two domains are influenced ones by others. He's collaborating with Jean-Luc Guionnet, Eric La Casa, Bertrand Denzler, Paul Dutton or Charles Pennequin. He's living in Paris.

Ainda recentes e totalmente recomendáveis, são as edições, na Insubordinations, do solo de piano improvisado de Jacques Demierre, "Black/White Memories" [insub05]; e do duo de trombone e trompete de Fabrice Charles e Sébastien Cirotteau, "Rumeurs" [insub04].


 
 
A Transparency publicou a 23 de Maio passado um triplo CD de Sun Ra com a Arkestra contendo gravações realizadas no Myron's Ballroom, Los Angeles, em 2 de Abril de 1981. Esta sessão californiana quebrou o jejum de mais de uma década sem tocar em LA, como que a encerrar o período de ouro da criatividade de Sun Ra. "Live at Myron's Ballroom" são três horas de Arkestra em concerto, que incluem as habituais vocalizações de June Tyson e a família alargada de teclados e sintetizadores de Sun Ra. "Space Is The Place"!

 
27.5.06
 


Astronaut Trio, ao vivo no Luso Café - Lisboa, 21.05.2006


Alípio Carvalho Neto, saxofone tenor
Luciano Vaz, violoncelo
Eduardo Chagas, trombone


 
26.5.06
 

Brodas ande sistas, preparai-vos! Regular como tudo o que é regular, eis que de mansinho assoma à porta o viçoso Jazz ao Centro, também conhecido pela extensa marca de Encontros Interncionais de Jazz de Coimbra. De 1 a 3 de Junho p.f., ser-nos-á servida a 1.ª Parte. A 2.ª, lá para Novembro, com o cair da folha. Para melhor assimilação. iMi Kollektief, The Thing vs. Scorch Trio, Mario Pavone, Ken Vandermark & Adam Lane. Pas mal...

 
25.5.06
 


Foram boas as propostas apresentadas em série pelo trio que agrupou Alípio Carvalho Neto, Luciano Vaz e Ernesto Rodrigues para uma sessão de improvisação livre ao cair da tarde, intramuros da Jazz Store da Trem Azul, à Rua do Alecrim, em Lisboa.
Aliciante era, à partida, poder assistir em directo à maneira como os três músicos, com backgrounds diferentes e estilos muito diversos, iriam suscitar e resolver os problemas postos por esta especial forma de comunicação e criação musical, potencialmente reforçada pelo facto de os três nunca antes terem tocado juntos.
Percursos e discursos pessoais diferentes e no entanto três músicos com uma característica comum: a vontade de se questionar e de procurar outras formas de expressão individual e colectiva, enquanto extensões do trabalho anteriormente produzido, ou como rupturas com métodos e fórmulas habitualmente praticadas, mercê das novas possibilidades sonoras que só podem nascer do compromisso que os músicos estabelecem entre si, tacitamente. O processo é o da comunicação via improvisação total; o fim, assume uma face dupla: o da criação musical estimulada pelo ambiente de ampla liberdade e simplicidade formal; e a entrega ao público, instantaneamente, dos resultados assim obtidos.
Alípio Carvalho Neto investiu em novas soluções harmónicas no saxofone tenor, explorando com eficácia técnicas e enunciados caros a um estilo híbrido de jazz e de improvisação livre, a caminho de se transfigurar através do enriquecimento da sua própria linguagem. Luciano Vaz, violoncelista de orquestra sinfónica (Rio de Janeiro), de passagem por Lisboa, lançou-se por caminhos de pesquisa sonora que remetem para um universo próximo da composição contemporânea. Bom improvisador (tive a oportunidade de assistir a três das suas apresentações ao vivo em Lisboa, em diferentes contextos e formações), subtil, delicado e atento aos detalhes do ambiente sonoro geral, que instigava e ao qual reagia, Luciano Vaz soube gerir com parcimónia esse poder que está na mão do músico improvisador: o de intervir e o de saber escutar, para de novo entrar no discurso.
Ernesto Rodrigues, dos três porventura o músico mais familiarizado com a “teoria” e a prática da improvisação livre, deu uma importante contribuição para a solidez da proposta global, introduzindo as nuances e os matizes de cor e textura que o desenvolvimento das operações pedia, problematizando a direcção e orientando o fluxo colectivo da improvisação em trio.
Para a despedida de Luciano Vaz, fechando o ciclo da sua estadia entre nós, está em curso a preparação de um concerto final de improvisação livre, com violoncelo, saxofone tenor, violino, trombone e percussão, a ter lugar esta semana, em Lisboa. (Fotos: Rui Portugal)

 
 
Op.
Todas as artes #18 - ano 6 - Primavera 2006

Regressa a Op., (#18, preço de capa €3,50) empreendimento editorial que há cinco anos se apresenta sob a forma de revista, dirigida por Bruno Bènard‑Guedes (Editor). A companhia é sensivelmente a mesma de antes, descontando eventuais reforços ou baixas a cujo movimento que não prestei atenção. Pelo menos alguns dos nomes continuam a soar-me amigáveis ou reconhecíveis: João Santos, João Lopes, Rui Miguel Abreu, Pedro Santos, Mário Lopes (Santos & Lopes…), o amigo e oficial do mesmo ofício Adolfo Luxúria Canibal e uma quantidade de outros bons escribas asseguram a qualidade do projecto.
Outrora cripticamente epigrafada “Visões da matéria” (soava bem, como tal), a revista anuncia agora na capa um ambicioso “Todas as artes”. Não cuidando de analisar os eventuais reflexos ou implicações desta putativa mudança de paradigma, atenho-me apenas aos aspectos relacionados com, por um lado, o objecto da publicação, e, por outro, o tratamento que dele é feito ao longo das páginas da Op.. Objecto que não é “artes e letras”, nem apenas “artes”; mas “todas as artes”.
Constato que, afinal, nem uma coisa, nem outra; nem outra ainda. Folheando a revista, pode o leitor verificar que por “todas as artes” deve figurar-se antes “todas as artes que cá estão”, pois que dumas não há vestígios e doutras apenas resquícios ou breves passagens.
Há a moda, desde logo, com generosas quatro páginas que exibem um rosto e um corpo enquadrado nos padrões actualmente em voga, envergando uma camisola branca e algo mais com um par de argolas (giro que se farta) que não sei se devo tomar por roupa interior ou exterior, mas que, seguramente, cai muito bem à manequim Joana Hilário. E isso é que interessa no fim de contas. Os meus parabéns!
“Todas as artes”. Teatro, por exemplo. Há uma referência, encontrei uma, relacionada com a edição de “D. João ou o banquete de pedra”, de Molière, pela Campo das Letras. Dança? Escultura? Fotografia? Além de algumas boas reproduções, como as da moda a que fiz referência (que lindas argolas!), que, ou são instrumentais ou servem necessidades básicas de grafismo, não trata a Op. de dar notícia, comentário, análise crítica ou reflexão sobre manifestações daquela arte.
Das outras artes plásticas (pintura) há alguma coisa, mas remete para a condição vestigial, como nota de agenda ou rodapé. "Todas as artes" são, afinal, a ilustração, a moda, a internet, televisão, livros, cd´s e dvd´s e já chega. Cinema, sim, mas preservado em dvd, tal como as séries passadas da televisão para aquele formato (as bombas da HBO, in casu); nada sobre estreias ou reprises nas salas do país, ciclos, programas… Há uma vastidão de bons textos de recensão e análise crítica de João Lopes, mas sempre sobre o enlatado que acaba de sair, seja ele a novidade ou a reedição. Jamais sobre o que está nas salas (ou esteve, visto que a revista sai ao ritmo das estações do ano), vai estar, é pena que não esteja ou que não tivesse estado.
Daqui para a frente, impera em absoluto a crítica a alguns livros e a muitos discos – o prato forte da Op. –, a que não faltam, porque se trata de número novo e primeiro de 2006, as escolhas ou balanços do ano transacto no domínio da edição discográfica, videográfica, etc.
Pena é que a Op. continue a desvalorizar (ou a desprezar) a reportagem ou a crítica do acontecimento ou da criação cultural em directo e ao vivo. Quanto a isto, aos costumes disse nada... Sobre este aspecto, não deixa de ser curioso que muitos dos escribas que apresentam os seus balanços de 2005, por exemplo, listem os melhores concertos do ano, elenquem as melhores exposições ou outra programação a que assistiram, mas, por questões de feitio ou de orientação editorial (propendo para esta segunda hipótese), guardem no mais fundo de si mesmos as impressões que tais eventos porventura lhes tenham causado, abstendo-se de as partilhar com os leitores da Op., e de suscitar, assim, o debate e a reflexão a partir dos diferentes olhares que o mesmo acto de criação cultural potencia.
Louvo a escolha das matérias e o olhar plural, que só o não é mais e em maior nível, porque posicionado predominantemente numa perspectiva pop (mesmo quando trata de géneros como o Jazz, o que só enriquece a experiência), quando aborda o pop brasileiro, tão em moda, de Marisa Monte, ou o pop-afro de Ablaye Cissoko – por onde perpassa o que descreveria como uma tendência dominante liberal-situacionista, patente nas escolhas das matérias, nos objectos culturais criticados e no tipo de abordagem, frequentemente descritiva e não comprometida (comprometedora), que olha ao de leve para o que há, conformando-se com os acidentes na paisagem pop.
O grafismo, sendo agradável no geral, peca por um certo conservadorismo poppish pós-moderno e bem comportado, que, não matando, também não engorda.
Tal não compromete a qualidade geral do produto, que é maduro (neste sentido, uma revista para adultos), muito bem feito, bem escrito, interessante e bom de ler (com a nova fonte Utopia, incensada por Bruno Bènard-Guedes logo a abrir, e que, segundo o próprio, “materializa de forma mais iluminada a intenção editorial de sobriedade, versatilidade e classicismo que a Op. sempre advogou”). Ah, e a BD de Edna Lopes – a grande família Lopes... (do ramo brasileiro, ao que suponho, pela grafia das palavras e pela típica construção frásica), que conta a história pungente de uma jovem urbana que comeu (ou ia comendo) o próprio cérebro à milanesa. Verdadeiramente impressionante. Felizmente para todos nós tudo não passou de um pesadelo. The End. All is well when ends well...
Coisas pop desta vida pop de que a Op. é uma janela. Aberta.

 
24.5.06
 

Festival MUSA!
Confirmadas estão as datas da edição deste ano (a 8.ª!) do MUSA, festival de música organizado pela Criativa, em Carcavelos: 30 de Junho e 1 de Julho.
«Este ano, a 8ª edição do MUSA, além do habitual objectivo de promoção de bandas em início de carreira, vai associar-se à maior campanha social a nível internacional, conhecida por "Global Call to Action Against Poverty", representada em Portugal pela plataforma "Pobreza Zero". Ajuda a construir a maior moldura humana vestida de branco num festival de música em Portugal.
Até dia 2 de Junho, as bandas interessadas em participar na 8ª edição do Festival MUSA, devem enviar as suas maquetas - com pelo menos 4 músicas - em formato CD, para Rua General Norton de Matos, 131, 2775-132 Parede».
 
 

A secção de "live sets" da excelente netlabel galega alg-a, fundada em 2004 por Berio Molina e Xesús Valle Pazos, acolheu na sua estreia em finais do ano passado um concerto de Plumb & Plumber, aka Xesús Valle Pazos (Vigo, 1970), artista sonoro com trabalhos publicados nas netlabels nishi e test tube. "alg-a a superficie" é um set de 26 minutos de improvisação electrónica apresentado no âmbito das "I Xornadas Alg-a", na Faculdade de Belas Artes de Pontevedra, Galiza, em 11 de Novembro de 2005. Experimentação electroacústica com laptop, manipulações de ruído, micro-sons, frequências, field recordings, etc.



 
 
«Inspirados em ‘The Doors of Perception’ de Aldous Huxley, os The Crack decidiram perseguir a senda dos shaman, usando a improvisação espontânea como veículo para ultrapassar os limiares da percepção e vislumbrara o que está para alem das portas percepção. A simbiose gerada entre instrumentos da china antiga, da música clássica e os aparelhos produzidos em massa do mundo mecanizado de hoje, procuram gerar o estado hipnótico que permitirá passar para o outro lado da fenda e captar esse momento fugaz. A improvisação assenta sobre estruturas mínimas de composição, onde cada músico encontra o espaço necessário para interagir com uma forma musical aberta.
Abdul Moimême - sino de água/clarinete/percussões; Guilherme Rodrigues - violoncelo/percussões; Hernâni Faustino - contrabaixo/percussões; Travassos - crackle box/tapes analógicas/percussões. Convidado especial: Ernesto Rodrigues - violino/viola
25 de Maio - Luso Café, Lisboa

 
23.5.06
 
"Kinetics", gravação de 2004 de um quinteto de improvisação liderado por Ernesto Rodrigues, realizada no Estúdio Tcha Tcha Tcha, em Lisboa, foi recentemente publicada sob o selo Creative Sources Recordings. Música concentrada no detalhe microscópico, que ainda assim não perde a visão de conjunto. As passagens de arco de Ernesto Rodrigues, a informação electrónica de Carlos Santos, os murmúrios do violoncelo e do trompete de Guilherme Rodrigues, o insuflar das bombas da tuba de Oren Marshall, e a percussão larvar de José Oliveira – são contribuições pertinentes e oportunas no modo como organizam o som, colectiva e individualmente.
Do grande plano faz-se zoom para a partícula, regressando de pronto ao olhar macro. Os silêncios dentro dos sons (e entre eles) pertencem à própria forma musical. Com ela estabelecem relações de descontinuidade, acentuando o binómio imagem/reflexo. Nestes andamentos não há superfícies estáticas; todos os movimentos são interiores ao próprio desenho sonoro. Incorporam vibrações numa gama ampla de frequências e polifonias micro-tonais. Daí que o enfoque seja posto no átomo, reconhecível tanto nas baixas frequências, quase inaudíveis, como nos picos (melhor dito, saliências) que de quando em quando irrompem sob a forma de estalidos de cordas, percussão ou ruídos de electrónica. Fragmentações, estilhaços, fracções, fissuras – sons com diferentes durações e intensidades. Na quase ausência de linhas ou frases melódicas, o cimento agregador é o conjunto articulado de fenómenos sonoros, aliado à actividade criativa do ouvinte, ele próprio convocado para encontrar e compreender o nexo lógico no qual as peças, em equilíbrio instável, se encaixam harmoniosamente em conjuntos de unidades que, noutros sistemas, se poderiam chamar notas, mas que aqui adquirem validade enquanto sons e extensões em movimento. "Kinetics" bem merece um mergulho em profundidade.

 
 
JAZZ NOW - COSMIC REALITY STREAM
TERCEIRA NOITE MODULAR


terça, 23 maio, 23h

SM - trompete
Fala Mariam - trombone
Rafael Toral - echo feed
Pedro Lourenço - baixo
César Burago - percussão

http://www.leftbar.net/


 
 

Alípio C. Neto DIGGIN'
ao vivo no Bar Irlandês do Cais do Sodré, Lisboa. 23/23

 
22.5.06
 

A cena laptop lusa em geral e, neste caso, aquela que se difunde a partir do Porto, está mais vital que nunca. Estão constantemente a surgir novos artistas, sucedendo-se as propostas, umas mais interessantes e originais, outras porventura ainda a tentar encontrar a sua própria forma de expressão. Seja como for, um ouvido atento e interessado em descobrir a paisagem sonora construída a partir das vastas possibilidades tecnológicas oferecidas pela electrónica de computador, encontra hoje no panorama nacional uma relação muito equilibrada entre quantidade e qualidade.
Uma das mais recentes manifestações da arte de combinar sons gerados e/ou processados através das maravilhosas máquinas digitais chega via e:4c, um duo de criadores da expressão sonora electrónica, formado por H. Vasconcelos e J. Correia. Em "Documents", ep editado pela netlabel de referência test tube, o e:4c apresenta duas instalações sem título, com 10 e 16 minutos de duração, respectivamente. As composições, diversas na estratégia e no enunciado, mas afins no método e na linguagem que exercitam, combinam séries de sons electrónicos experimentais, dispostos em camadas que se agregam através de drones subtis, massas de glitch, com o restolhar de resíduos digitais, vestígios de vozes humanas e gravações de campo sintetizadas (“#2”) num trabalho textural de bom nível, constituindo assim uma amálgama leve de poeira espacial que ora levanta ao sabor de ventos que sopram de várias direcções, ora assenta formando um depósito de cristais finos, coloridos e multiformes. H. Vasconcelos e J. Correia assinam um trabalho de improvisação digital muito interessante, equilibrado e com sentido direccional.

 
21.5.06
 
Alípio C. Neto_saxofone tenor
Luciano Vaz_violoncelo
Eduardo Chagas_trombone

Domingo, 21 de Maio, 23h00
Luso Café (Travessa da Queimada, Bairro Alto, Lx)



 
 

Foi um sóbrio e discreto Alan Silva que ontem actuou durante cerca de meia-hora no palco da ZDB, em Lisboa, no fecho dos três dias de festival Where is the Love?. Na bagagem, memórias de um passado histórico muito importante, uma arca cheia cujo conteúdo o músico de ascendência açoreana (uma avó era oriunda dos Açores) revelou a um público entre o conhecedor e o simplesmente atraído pelo peso da lenda.

A todos Alan Silva ofereceu um recital de contrabaixo solo que, sem ter tido a centelha do extraordinário, foi honesto e farto em momentos evocativos de um tempo em que andou na boa vida com Cecil Taylor, Albert Ayler, Archie Shepp, Sunny Murray, Bill Dixon, Frank Wright, Andrew Hill, Jimmy Lyons e muitas outras figuras de topo do movimento. Um homem no epicentro do free jazz desde os anos 60 para cá, com passagem pela Arkestra de Sun Ra e pela Jazz Composer's Guild. O exílio parisiense, entre 1968 e 1972, serviu-lhe para arquitectar e pôr em funcionamento a Celestrial Communications Orchestra.

De há uns anos a esta parte, Alan Silva, além de contrabaixo, também toca sintetizador (expandiu formal e substancialmente a linguagem inventada e desenvolvida por Sun Ra) a solo ou com o In The Tradition, trio com o trombonista alemão Johannes Bauer e o percussionista britânico Roger Turner.

Alan Silva com beldade, emoldurado por Hernâni Faustino e Lizuarte Borges.

(Fotos de Rui Portugal)


 
 

Dois temas em podcast de the crack em versão septeto. Concerto ao vivo realizado no Luso Café, em Lisboa, no passado 2 de Março de 2006. Para ouvir os temas basta carregar nas setinhas brancas em fundo verde ou descarregar para o disco. De uma maneira ou de outra, a satisfação é garantida.


 
 
O britânico George Haslam é credor do apreço do povo do jazz por várias e relevantes razões. Além de um grande saxofonista, grandeza inversamente proporcional ao conhecimento que dele se tem e à divulgação da sua obra gravada, em 1989 Haslam fundou, e desde então mantém activa, a editora SLAM Productions, que conta perto de 100 títulos editados. Elton Dean, Lol Coxhill, John Law, Paul Dunmall, Keith Tippett, Howard Riley, Neil Metcalfe, a nata do free jazz e free improv britânica e americana (também Mal Waldron, Steve Lacy, ...) são alguns dos artistas a quem George Haslam abriu as portas da SLAM e concedeu extensa exposição discográfica.
Prosseguindo as actividades editoriais, em Março de 2004, a SLAM Productions publicou "The Mahout, um disco em trio de Goerge Haslam (saxofone barítono e tarogato) com o pianista norte-americano Borah Bergman e o baterista britânico Paul Hession. Gravação de estúdio datada de Junho de 2003, The Mahout, mistura livre-improvisações pelo trio homónimo e temas a solo por cada um dos intervenientes. No primeiro tema, The Mahout, George Haslam abre a refrega em tarogato, instrumento de madeira com um timbre a meio caminho entre o clarinete e o saxofone soprano, elaborando séries de espirais e erupções descontínuas. Bergman rasga pano secundado por Hession, desafiando-se mutuamente e transformando o tema num aceso despique a três vozes.
Refreando o entusiasmo em que a música já ia lançada ao cabo dos primeiros 10 minutos, entra o segundo tema, M.E.V, sigla que toma as iniciais de Malcom Earl Waldron, mais conhecido por Mal Waldron, o pianista e compositor norte-americano com quem o saxofonista tocou e a cuja memória o tema é dedicado. M.E.W., é um solo elegíaco de Haslam, primeiro em barítono solo, depois no uso simultâneo da big horn e do tarogato. Segue-se Streams, um solo de piano de Borah Bergman. Segundo as notas da edição, o título do tema alude às correntes sonoras de harmonia e ritmo criadas pelas mãos do pianista, que ora tocam totalmente independentes uma da outra (esta é uma das características mais marcantes do estilo de Bergman, para quem os termos "mão esquerda" e "mão direita" não se aplicam, visto ter desenvolvido uma técnica muito própria traduzida na total independência de mãos), ora trabalham em interdependência e complementaridade, como é mais comum ouvir-se tocar o instrumento. Streams é bem um repositório das capacidades técnicas do pianista, dos avanços técnicos e do léxico do piano na música improvisada mais energética, veículo de comunicação da intensidade emocional de Bergman.
Com Ancient Stars regressa a plenitude da comunhão em trio. George Haslam está no centro das atenções com um impressionante solo de saxofone barítono, à volta do qual piano e bateria executam uma dança encantatória. Haslam soa ao mesmo tempo agreste e macio, algo que se situa entre as marcas pessoais de Paul Dunmall e Evan Parker, duas das mais distintas vozes britânicas do saxofone.
O solo de Paul Hession, The Varmint, é dedicado pelo baterista à memória de Jack Elam, o façanhudo mau da fita dos filmes de cowboys (em Once Upon a Time in The West, ficou famosa a cena em que Elam apanha uma mosca com o cano do Colt), ídolo da adolescência de Hession, falecido por alturas da gravação do disco. Um solo cinematográfico perigoso e com a barba por fazer, à imagem do homenageado.
Dusk é a reprise de Borah Bergman, agora introspectivo e inspirado nas emoções sugeridas pelas horas crepusculares. Serve de introdução ao tema final, Zircon, o terceiro encontro do trio, mais explosivo que os outros dois, como que a encerrar a festa com fogo de artifício. Borah Bergman está como peixe na água, assim como George Haslam e Paul Hession, que ateiam fogo ao rastilho, com mais que provável satisfação pelo resultado obtido.
George Haslam / Borah Bergman / Paul Hession - The Mahout (Slam Productions)

 
20.5.06
 
Alto e pára o baile!
Hoje, na ZDB, há Alan Silva, ladies and gentlemen!!! Esse mesmo, o da
Celestrial Communication Orchestra, antepassada da VGO, do tempo em que os animais falavam. Mesmo assim, não sabem quem é?! Ai não?! Então, de duas, uma: ou ainda é cedo, ou talvez já seja tarde demais para saberem. Até eu, que nunca fui caçador de autógrafos e não abono a favor de tal actividade para-paparazzica, abri um dia uma excepção para mestre Silva, uma das duas únicas que concedi nestes mais de 20 anos que levo de vida!!! (adivinhai lá qual foi a outra). Tenho aqui comigo o disco "Transmissions", da Eremite, que não me deixa mentir e estou pronto a exibir a todas as senhoras que demonstrarem genuíno e muito empenhado interesse nessa descoberta. Seja como for, para especialistas e neófitos, Alan Silva toca esta noite no encerramento do festival WHERE'S THE LOVE?.

 
 

Da Galiza, bons ventos e bons lançamentos. Tal é que, via podcast, o guitarrista improvisador Roberto Mallo nos faz chegar a primeira edição, estreia mundial do VOLONTÈ, um quarteto que nesta versão se fica pela metade, apenas com os irmãos Mallo a improvisar em guitarra e bateria. Roberto Mallo conta: "Volontè é un grupo formado por mín mesmo e tres membros de devalo para poder calmar a nósa sede de práctica improvisatoria. Normalmente gravamos como cuarteto no local de ensaio, mais o primeiro capítulo do podcast mostra unha formación "parcial" de volontè: guitarra e batería. Eu e meu irmán improvisando un domingo á mañá».
Comentários devem ser enviados para volonte.imp@gmail.com
VOLONTÈ: Rafael Mallo: batería e percusións / Óscar Vilariño: baixo e efectos / Miguel Prado: guitarra e efectos / Roberto Mallo: guitarra e efectos.

 
19.5.06
 
JAZZ AO CENTRO
ENCONTROS INTERNACIONAIS
de JAZZ de COIMBRA / 2006

1.ª Parte
1, 2 e 3 de Junho


 
 

Em lugar das habituais incursões pelos ambientes weird rock e punk jazz furioso do Old Time Relijon, Arrington De Dionyso (n. 1975), clarinetista e artista plástico de Olympia, Washington, membro daquele ente extremo e insano, apareceu recentemente com um disco a solo, o primeiro da carreira, tanto quanto sei.
"Breath of Fire" (K Records) será talvez um título excessivo, susceptível de levar ao engano (a não ser que se tome à conta de ironia). Trata-se de 21 curtos temas gravados em casa de Fabio Magistrali, em Itália, com a duração total de 40 minutos. Arrington De Dionyso dá largas a investidas um pouco agrestes, sim, mas não tão tórridas como o título poderia sugerir, pelos territórios da improvisação com voz, clarinete baixo, "chaleira, jornal e khomuz siberiano" (algo que soa a berimbau), sem o uso de overdubbing ou efeitos electrónicos. Esta prevenção é importante, porque frequentemente os sons produzidos pelo solista parecerem ter origem em fonte electrónica ou ter ocorrido em momentos diferidos.
Além de shamanista invocador de espíritos e de aqui e ali debicar no folk judaico, Arrington de Dionyso é, sobretudo, um bom clarinetista e improvisador. Numa linguagem musical moderna, combina o som ácido que extrai dos instrumentos, com interessantes vocalizações guturais em simultâneo, efeitos sonoros que recuperam boa parte da adrenalina e da iconoclastia do Old Time Relijun. De Dionyso, personagem de mistério, cria um complexo desenho musical com os traços bem marcados das suas fantasias primitivistas. "Breath of Fire" não queima, mas, com artes de magia, tanto consegue inspirar os mais elevados pensamentos como agarrar o ouvinte pelos tomates. Lançamento oficial pela K a 11 de Julho.

 
18.5.06
 

All Roads Lead to Wisconsin. The Utech Records Special

 
 

Heinrich Mucken Saalorchester: "Mercy Valley Days" - 8 CD Box 2006

... years ago
Dieter Schlensog started tinkering with chips of tapes from the recordings of his Heinrich Mucken Saalorchester. Out of that developed an 'underground' music production of a special kind: 'NURNICHTNUR' - for sound crazies like string tub virtuosi or friends of prepared turntables. (WDR Cologne).
In August 1982 the participants of the second 'Workshop: Experimentelle Musik' at Schloss Gnadenthal in Cleves/Lower Rhine had their first public performance under the name of 'Das Heinrich-Mucken-Saalorchester'. The name later on was reduced to 'Heinrich Mucken'. By the way 'Heinrich' was just how we called some rubber mask someone brought in, and 'Mucken' was what we were doing: trying to make music, sounds and noises, performing strange and behaving naughty.
We were Claus van Bebber, Karl van Betteraey, Paul Hubweber, Helmut Lemke, Dieter Schlensog, Henning Schweichel, Hans-Wilhelm Specht, Michael Vorfeld and a few others.
Spring next Year saw the foundation of '
NURNICHTNUR Kunst- und Musikproduktion', a label with the task of producing, promoting and distributing the mostly live recordings of 'Heinrich Mucken', its subgroups, single members and a few friends.

 
 

MatériaPrima. Maio de 2006

 
 

Ernesto Rodrigues publicou em 2004, na sua Creative Sources Recordings, METZ, pelo quarteto francês de Xavier Charles (clarinete), Bertrand Denzler (saxofone tenor), Jean-Sebastian Mariage (guitarra eléctrica) e Mathieu Werhowski (violino). "Metz" é uma peça musical gerada e criada num concerto em Temple Neuf, na cidade de Metz, França, a partir interacção espontânea deste extraordinário grupo de improvisadores. Dir-se-ia que os 32 minutos de duração contêm tudo o que de relevante o grupo teria para dizer entre silêncios e intervenções, numa sessão em que cada instante tem o seu significado próprio. O quarteto mantém os procedimentos constritos a uma gestualidade mínima e a uma toada geral de tranquilidade, ocasionalmente rompida por um ou outro pico dinâmico do clarinete de Charles ou do tenor de Denzler, para retomar a bonança dominante, sem pôr em causa a direcção e a coerência interna de uma obra que será tanto mais apreensível em toda a extensão e profundidade quanto mais o ouvinte se dispuser a dedicar-lhe em termos de atenção. Neste dispositivo é difícil (se não impossível, mas seguramente estulto) destacar um músico que seja, de entre os quatro que executam estas amenas e minuciosas vibrações de cordas e palhetas, jogos de timbres e texturas servidos por técnicas comuns e por outras que permitem ir para lá dos limites tradicionais, e cuja validade e sentido decorre justamente do trabalho em equipa. Nele, uma função pressupõe a outra e todas juntas laboram para uma finalidade comum, qual seja a de produzir um discurso homogéneo, direccionado e consequente. Bom exemplo da vitalidade da nova música improvisada francesa, que se vai progressivamente afirmando no contexto europeu.

 
 

OPEN CUBE - 24 de Maio, 19h00
André Gonçalves
Filipe Leote
João Silva


«As “estruturas primárias” do Minimalismo continuam a influenciar muitos caminhos da criação artística. Na música também, seguindo preceitos próximos dos módulos e sistemas de Sol LeWitt... É por aí que seguem André Gonçalves, com a sua “drone music” por computador, muito baseada na manipulação de frequências, e o guitarrista Filipe Leote, ora sobrepondo layers de harmónicos, ora criando bases de estática para os demais eventos. João Silva encarrega-se do vídeo, jogando com permanências e subtis mudanças visuais.
A solo ou inserido em colectivos, André Gonçalves vem apresentando o seu trabalho sob as designações Ok.Suitcase, In Her Space, Stapletape, Iodo, EA e Sound Asleep, seja no domínio da arte sonora como por meio de instalações e obras videográficas, em muitos casos combinando todos esses âmbitos. Fundador do grupo Kromeleqs, Filipe Leote é um músico de formação rock com dois interesses paralelos: a exploração do kitsch e o minimalismo, que não necessariamente em associação. João Silva é videasta, fotógrafo e músico, tendo estudado e trabalhado com Vítor Rua e Jonathan Harvey. Inventou instrumentos a partir de “objects trouvés” e dedica uma atenção especial à recolha de sons do ambiente humano».

Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea
Rua Serpa Pinto, 4 Lisboa
Produção: Granular (apoio: Museu do Chiado)



 
17.5.06
 

OFFCYCLES #09 /////// 17 de Maio, 21:30 ////// 1. Noid (violoncelo) + João Ricardo (sintetizadores analógicos) + Miguel Cabral (electrónica custom-built e instrumentos inventados); 2. Noid (laptop) + Vítor Joaquim (laptop)

«Um dos mais interessantes cultores da "música extrema" do Velho Continente é o convidado especial desta dupla sessão da Granular num espaço com velhas tradições nas artes de palco lisboetas, onde a Granular realiza também os seus Encontros mensais. Violoncelista e "laptoper" (nunca as duas coisas ao mesmo tempo), Noid trabalha na intersecção da execução instrumental (fez estudos clássicos na Universidade de Música de Viena) e da música electrónica, normalmente colaborando com coreógrafos e bailarinos - aliás, tem estado a trabalhar em Portugal com João Fiadeiro. Muito interessado na investigação da estabilidade de estados ou condições musicais, uma boa parte da sua atenção tem sido dedicada ao projecto Monodigmen, reproduzindo no violoncelo os típicos "loops" da música por computador (algo que ele compara
à pintura de Rothko). Já sob a fórmula Speakersaver, o que procura é fazer com que o seu "laptop" imite os sistemas vivos, utilizando-o como uma máquina auto-referencial, ou seja, em constante "feedback". Em concerto, investe totalmente na perspectiva colectivista da improvisação, tendo já actuado com músicos como Manfred Hofer, Marco Eneidi, Erik M, Dieb13, Mattin, Klaus Filip, Vic Rawlings, Jack Wright, Tetsuo Furudate, o.blaat e Burkhard Stangl, para só referir alguns.

Com Noid (Arnold Huberl, de seu verdadeiro nome) estarão alguns dos maiores valores da electrónica e do experimentalismo portugueses. Sob o nome Operador de Cabine Polivalente ou como um dos fundadores do duo audiovisual Pygar, João Ricardo é uma presença habitual do "underground" portuense, tocando ao vivo com um computador ou com electrónica analógica e compondo bandas sonoras para instalações e vídeo-arte. Um dos fundadores do grupo de
avant pop Mola Dudle, de que depois se afastou, Miguel Cabral vem dividindo a sua actividade musical entre o trabalho como baterista e a invenção / construção de instrumentos eléctricos e electrónicos "lo-fi", desde a latacantante (um banjo feito a partir de uma caixa de bolachas) a
transístores e altifalantes transformados. O projecto de montagem e composição com base em contribuições isoladas de músicos de todo o mundo a que deu o nome The Nevermet Ensemble tem-lhe valido o aplauso da crítica internacional. Vítor Joaquim, por sua vez, é um dos mais consagrados "laptop improvisers" da cena lusa, com actividade a solo ou em cooperação com outros nomes da primeira linha, acústicos ou electrónicos, como @c (Pedro Tudela e
Miguel Carvalhais), Marc Behrens, Carlos Zíngaro, o.blaat, Scanner, Simon Fisher Turner, Phill Niblock, Joe Giardullo, Stephan Mathieu, Emídio Buchinho, Carlos Santos, Ulrich Mitzlaff, etc.».

Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul
(Avenida D. Carlos I, 61 Santos / Lisboa)
Produção: Granular
Bilhetes: 5 euros (2,50 euros Restart / CEM / Guilherme Cossoul; grátis associados Granular)

 
 

Quinta, sexta e sábado, 18, 19 e 20 de Maio, às 22h00, na ZDB:
Where's The Love
«Um dos principais alvos de atenção da programação da ZDBMÜZIQUE tem sido o universo que liga uma série de músicas que, de forma transversal, se unem pela sua transgressão, subversão, capacidade de acrescentar ao que já existe, pensamento livre. É música que não se instaurou, que não se encaixou nos academismos e que está numa progressão demasiadamente acelerada para ser absorvida imediatamente pela cultura popular. É o espaço, por excelência, da vanguarda, onde – acreditamos – residem todos os projectos, nacionais e internacionais, que apresentamos este ano no festival.
À imagem da edição do ano passado, o Where’s The Love funciona como uma ocasião onde os espectadores assíduos ou potencialmente assíduos da ZDB podem renovar as quotas de sócio ou criar esse estatuto – ambos os casos com quotas pagas até ao final do ano – com a compra do passe de três dias para o festival. Enquanto sócios terão descontos em todas as actividades da Zé dos Bois até ao final do ano, na ordem dos 20%. Para terem amor, têm que mostrar amor».
Que amor...
Quinta-feira, 18:
Chris Corsano (US); Axolotl (US); Tomuttontu (FI) ; Osso Exótico (PT)
Sexta-feira, 19:
Sei Miguel Edge Quartet feat. Joe Morris (US/PT); Blood Stereo (UK); Manuel Mota (PT); The Skaters (US)
Sábado, 20:
Alan Silva (US) ; Espers + Chris Corsano (US); Fish & Sheep (PT); Ignatz (BE)

 
 


Novas edições na portuguesa Clean Feed: Free Range Rat, "Nut Club": Douglas Yates (cl), Eric Hipp (ts), George Schuller (d), John Carlson (t), Shawn McGloin (b); e Will Holshouser Trio, "Singing to a Bee": David Phillips (b), Ron Horton (t), Will Holshouser (acc).

 
16.5.06
 

Duas sessões fotográficas da restructures no flickr: Anthony Braxton Alumni Concert (na Wesleyan University, em 9 de Dezembro de 2005 // FME: Ken Vandermark, Nate McBride e Paal Nilssen-Love (ao vivo no Empty Bottle, Chicago, em 14 de Setembro de 2005).

"Music is about what you live.
It's not about a lot of harmony and theory,
it's about being able to respond immediately.
That's what I always thought creative music was about.
Responding immediately.
Your life
"
Fred Anderson

 
 

A mais recente edição da editora lusa Crónica Electrónica é dedicada ao trabalho do artista português da expressão sonora e da improvisação electrónica, Vítor Joaquim. Depois de "La Strada is on Fire (and We Are All Naked)" – Crónica Electrónica 03, de 2003 – Vítor Joaquim apresenta uma bem conseguida sequência de deambulações e confrontos de sons produzidos e trabalhados através de máquinaria electrónica, parcialmente gravados ao vivo no festival "Ó da Guarda", em Julho de 2005. Reforçado com os contributos pós-produção de Emídio Buchinho (guitarra no tema Thinking Moments), de João Hora (guitarra em Moments of Emptiness) e dos murmúrios vocalizados de Filipa Hora, ao fluxo dominante de "Flow" somam-se ainda sons aleatórios de televisão, tudo processado e montado numa bem articulada combinação organo-digital. Feixes de vibrações mínimas nascem, crescem e amplificam-se resolutamente até se desvanecerem e darem lugar a novas e interessantes figuras que convergem para o silêncio fecundo e inicial. Micro-electrónica, ruído modulado e glitch digital convivem no interior de paisagens surreais, que, sem seguirem um único figurino estilístico, apelam a um imaginário melancólico de líquidos borbulhantes que se misturam e fundem numa narrativa porventura mais concisa e refinada que em anteriores trabalhos. "Flow" (Crónica Electrónica 25) possui uma acentuada característica cinemática em que som e drama evoluem a par e passo, traduzindo-se em luxuriante prazer audiovisual. Excelente.
Distribuição: materiaprima.pt

 
 
Novidades na Esquilo Records:

MARK WASTELL - Caressed on the Brow by Unseen Hands (l'Innomable)
Composições e improvisações para um grande ensemble conduzido por Mark Wastell. Gravado em estúdio num dia em toda a gente parecia estar em Londres. Com a participação de Tetuzi Akiyama, Rhodri Davies, Mattin, Andrea Neuman, Benedict Drew, Michael Duch, Graham Halliwell, Paul Hood, Annette Krebs, e Nishide Takehiro.
ALFREDO COSTA MONTEIRO - Z=78 (pt:195.09) (audiobot)
Três anos depois de Stylt editado na grega Absurd, chega-nos mais um disco de improvisação em gira-discos a solo de Alfredo Costa Monteiro. Muito diferente do seu predecessor, este álbum é rico em texturas, densidade e movimentos imprevisíveis. Usando uma míriade de objectos e preparações no gira-discos, o espectro sonoro e linguagem de Costa Monteiro expandiram, explorando agora novas possibilidades criativas.
MAKIGAMI KOICHI - Moon Ether (doubtmusic)
Makigami Koichi foi escolhido conjuntamente com Keiji Haino e Yamataka Eye (dos Boredoms) para figurar no festival da Tzadik organizado por John Zorn com o título New Voices From Japan que teve lugar na passada sexta-feira, dia 12, em Nova Iorque. Este, o seu segundo álbum a solo, vem consagrar Koichi como uma das mais criativas vozes da actualidade. Uma colecção de solos para voz e theremin simplesmente deslumbrantes com muito humor e free-playing à mistura.
MATTIN / RADU MALFATTI - Going Fragile (formed)
A muito aguardada colaboração entre Mattin e Radu Malfatti nesta nova grande editora de San Francisco, EUA.
TOMAS PHILLIPS / DEAN KING - À Travers Le Bord (nvo)
Dean King forneceu o material sonoro a Tomas Phillips que o processou, re-trabalhou e compôs, num árduo e longo processo que o levou em incursões às fronteiras da electrónica mais minimalista e complexa
COELACANTH & KEITH EVANS - Wrack Light In Copper Ruin (CD + DVD)(seal pool)
O grupo de Jim Haynes e Loren Chasse encontra-se neste disco com Keith Evans. Construído a partir de duas performances - uma gravação de 5 horas gravada durante a maratona de 96 horas dos Matmos no centro Yerba Buena Center for the Arts; e uma performance audio-visual com Keith Evans - Wrack Light in Copper Ruin explora a simbiose entre material e som, e a sua infinita rede de metáforas e alegorias.

(Imagem:(N:Q) Keith Rowe/Julien Ottavi/Will Guthrie/Manu Leduc)

 
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