The Inner Mounting Flame – a sugestão que faço a Cristina Duarte, que me pede a indicação de um (!) disco que, em meu entender, seja "mais representativo da obra da Mahavishnu Orchestra". O problema é o mesmo de sempre: aconselhar um título é tarefa difícil, porque, em boa verdade, raramente um disco esgota a idiossincrasia de um artista ou de um grupo. A não ser que realmente só tenha um; ou dois, quando um deles é reconhecidamente um flop. No caso da Mahavishnu, o problema talvez se coloque com particular acuidade, porque muitos e bons foram os momentos e fases do grupo de que John McLaughlin foi o principal emblema e força motriz. The Inner Mounting Flame, de Agosto de 1971, iniciou uma longa série e foi também o primeiro que ouvi, ainda de calções. Essa é também uma das razões da sugestão. Tendo sido o acto fundador, Flame definiu as coordenadas do que se viria a passar depois, incluindo os normais altos e baixos de uma carreira e de uma relação complexa entre músicos. Primeiro ou último, este é seguramente um valor de referência, um disco que, além do mais, ajudou a firmar uma linguagem e um discurso musicais próprios daquele tempo, qual "bíblia" do jazz-rock-fusion dos anos 70, inspirado na música e na filosofia indianas, mas também no blues, no jazz, no flamenco e no rock guitarral mais assanhado – algo que apenas poderia ter acontecido no pós-Miles Davis de 1969, Bitches Brew, onde John McLaughlin teve preponderante participação. The Mahavishnu Orchestra: John McLaughlin (guitarra eléctrica) Jan Hammer (teclados), Jerry Goodman (violino), Rick Laird (baixo eléctrico) e o espantoso Billy Cobham (bateria). Meeting Of The Spirits, título do primeiro tema, bem poderia dar nome ao conjunto das oito composições. Penso que o qualificativo "obra-prima" tem aqui inteiro cabimento. Há reedição Columbia em CD com um som bestial.