Lacy era assim, no princípio como no fim: pensamento futurista, acústica moderna, expressividade penetrante, suavidade no trato sonoro mesmo quando aguçado nas extremidades. Steve Lacy, saxofone soprano, Charles Davis, sax barítono, John Ore, contrabaixo, e o grande Roy Haynes, bateria. The Straight Horn Of Steve Lacy. Com aspas e sem aspas no Straight, pelas razões que facilmente se compreenderão ao ouvir a malha, uma das primeiras como líder, depois de ter passado dois anos a enformar com Cecil Taylor (1955-1957). Candid, 1960.
Angelo Leonardi, sobre Snug As A Gun, do IMI Kollektief, no All About Jazz Italia: Questo disco è un bell'esempio dell'universalità espressiva del jazz (3,5 stelle). Alípio C Neto (saxofone tenor), Elsa Vandeweyer (vibrafone), Jean-Marc Charmier (trompete, fliscórnio, acordeão), João Hasselberg (contrabaixo) e Rui Gonçalves (bateria).Alípio C Neto toca com o Diggin' dia 30 de Novembro, na Fnac do Porto (NorteShopping). À meia-noite.
Ce qui frappe chez le collectif JazzLab c’est l’envie et la vivacité à mettre sur pied une perspective musicale particulière dans l’univers du jazz. Depuis l’automne 2002, lors du premier concert, jusqu’à aujourd’hui, le JazzLab n'a cessé de proposer des projets intenses. Il y a toujours ce goût de combiner les approches, et les mélanges de styles sont constamment mis de l’avant dans le développement du jazz moderne d’aujourd’hui. Le JazzLab cherche à développer son identité et un son qui lui est propre dans un désir de raconter une histoire musicale à travers des pièces composites, des climats d’improvisations et des aventures sonores. Le JazzLab aspire à créer, jouer, communiquer… le bouillonnement continue. Chance Meeting. - Effendi Records
Rémi Bolduc: saxofone alto; Frank Lozano: saxofones tenor e soprano; Alexandre Côté: saxofone barítono; Aron Doyle: trompete, bugle; Richard Gagnon: trombone; John Roney: piano; Isaiah Ceccarelli: bateria; Alain Bédard: contrabaixo.
Finally! Total Unity in 3 Phases, do Luther Thomas Quartet. Possibilities, Joel Futterman piano solo; e The Other Side, do Frode Gjerstad Trio (Ayler Records). Estes e outros discos novos, disponíveis via download digital na nova loja da Ayler Records.
Dennis González, compositor e trompetista de Dallas, Texas, à revista britânica JazzWise, edição de Outubro: “So when a music such as jazz comes along, the everyday European will tend to be more open about a broadening in the scope of the music. It is considered more of a cultural treasure as are all the other folk musics, regional sounds and classical musical literature of Europe. It’s not surprising that European labels would be established with a major emphasis on new American jazz. I think that my music is accessible enough that labels such as Blue Note and Columbia would do well in releasing it but the mindset within the major “jazz” companies in the United States is one of supporting an unchallenging, esily digestible musical wallpaper. Hence the saving grace of European jazz labels.”
À fome que se faz habitualmente sentir na "Piolheira" corresponde a fartura doutras paragens, como aqui se tem dado nota, de quando em quando. Como na Bay Area de SF, CA: em Dezembro, a Outsound (a mãozinha de Rent Romus a fazer-se sentir...) Outsound presents special concerts, curates the Luggage Store Gallery New Music Series, The SIMM Music Series, and the Edgetone Music Summit ), produz mais uma gloriosa série da Static Illusion Methodical Madness (SIMM), com o Rova Saxophone Quartet (que cá esteve no Jazz em Agosto último, mais o resto do Electric), Gunda Gottschalk / Xu Fegshia, o trio What We Live (Donald Robinson, Lisle Ellis e Larry Ochs), etc. Mas olhai e vede de perto o tanto que a terra franciscana vai gastar só no mês derradeiro de 2006...
Em menina estudou com os melhores professores nas melhores escolas de música, como o New England Conservatory. Tornou-se uma pianista clássica de topo, com Bach, Debussy, Cage e Messien na bagagem. Estava fadada e preparada para uma brilhante carreira de concertista de renome internacional. Nesse ofício encantou plateias de vestidos de noite e black ties, em noites esgotadas e esgotantes de virtuosismo classizante. E de repente, zás, um furacão virou a carreira de jovem pianista de pernas para o ar: simplesmente, tomou contacto com a música de John Coltrane, seu conterrâneo de Filadélfia. Caiu o Carmo e a Trindade. Às malvas com os clássicos, às urtigas com a pompa e a circunstância, que a senhora quer compor e vai improvisar. E claro, a partir dessa altura, nada ficaria como dantes. Depois vieram Cecil Taylor, Monk e Braxton, que lhe mostraram o caminho e, segundo a própria, a ensinaram a usar o space (que, como se sabe, is the place). Um considerável número de gravações depois, mais de uma vintena, chega-se a 1996 e Marilyn Crispell (ainda não tinha dito o nome da senhora mas já toda a gente sabia de quem se tratava) põe travão nalguma, digamos, efervescência ou, para alguns, indesejável radicalismo extremista, e, em trio com Gary Peacock e Paul Motian, grava um disco belíssimo e bonançoso como nunca antes lhe saíra das níveas mãos. Veio a ser o primeio de uma curta série para a ECM (seguiram-se Ammaryllis e The Storyteller), em amável sintonia com os tratos de Bill Evans e Keith Jarrett. O programa escolhido foi inteiramente dedicado à música de outra grande artista de que aqui já se falou há tempo demasiado: Nothing Ever Was, Anyway - The Music of Annette Peacock. Assim postada, suavemente elaborou: "A musician grows and, just like any other person, changes and accepts new knowledge. The energetic piano is as much mine as my calmer music." Sem dúvida, dear Marylin. Bem-hajas por esta pérola imaculada e por todas as outras que nos tens dado, sem contar com as que hão-de vir, por certo.
(off-topic ou intervalo)
Que fazem Hamid Drake, Michael Zerang, Kent Kessler, Peter Brötzmann, Mats Gustafsson, Mars Williams, Ken Vandermark, Joe Mcphee, Fred Longberg-Holm e Jeb Bishop, os dez juntos e enquadrados no tríptico lá de cima? Peter Brötzmann Chicago Tentet, claro! Clickando dá para ver melhor as carinhas dos operários de uma das maiores (a maior?) centrais de produção de energia de que há memória.
Sylvie Courvoisier, Mark Feldman e Erik Friedlander. Abaton. Quatro peças pré-compostas pela bela Courvoisier, nascida no ano abençoado de 1968 (Ianicum, Orodruin, Poco a Poco, Abaton, no disco 1) e outras improvisadas pelo trio Abaton (Nineteen Improvisations, disco 2), na tradição da música de câmara contemporânea, entrelaçada com improvisação. Mal se percebe que nuns casos a escrita precedeu a execução conjunta, tal é o grau de estruturação e coerência global do trabalho deste trio de cordas - piano, violino e violoncelo. Há todas as razões e mais alguma para ouvir este disco de tempos a tempos. Anda tudo à volta das tonalidades sombrias com que se veste o mistério imperscrutável da criação, que de vez em quando se mostra esteticamente esplendoroso em amplas clareiras de luz. Apaixonante estreia da pianista Suiça na editora de Manfred Eicher, ECM.
John Wolf Brennan / Tscho Theissing / Daniele Patumi / Alex Cline / John Voirol
Shooting Stars & Traffic Lights
All About Jazz-New York, número de Dezembro de 2006 (# 56): Buddy DeFranco, Harold Mabern, Paul Dunmall ("I think what's actually happened in free improvisation...there's nothing that's barred. We want to use it all. We want everything. We want melody, we want time, we want abstraction, we want no time, we want the whole package so that you are truly free to play what you want." ). Um especial sobre Steve Feigenbaum e a sua Cuneiform Records; uma história sobre o Rose Live Music, clube de Brooklyn; um trabalho sobre o grande contrabaixista que foi George Duvivier (Lest We Forget) e outro sobre o percussionista sul-africano Selwyn Lissack; e a habitual chuva de críticas, recensões e comentários, os melhores de 2006, calendário de eventos, etc.
O trio britânico de Paul Dunmall (saxofones tenor e soprano, gaita de foles, na foto), Paul Rogers (contrabaixo) e Tony Levin (bateria), 3/4 do MUJICIAN (falta apenas Keith Tippett), inicia a sua primeira US Tour a 2 de Dezembro. Datas previstas para Nova Iorque (The Stone, com Ellery Eskelin e Tony Malaby), Bufalo (com o John Lindberg / Kevin Norton Quartet), Filadélfia (com o Ben Goldberg Quintet), Baltimore (com Perry Robinson), e outra vez Nova Iorque (com Dennis González), a 8. A seguir voltam para casa.
Basta dar uma volta pelas listas (as tão obsessivas listas, que consomem meio mundo) de discos do tipo best of, para encontrar para Charlie Mingus o Town Hall Concert de 1964 (não confundir com The Complete Town Hall Concert, de Outubro de 1963, concerto que correu mal, na perspectiva do próprio Mingus), a gravação integral da prestação do sexteto de Mingus de dia 4 de Abril daquele ano. O grupo integrava um all star do mais completo e diversificado mesmo levando em conta os muitos e grandes ensembles da estirpe que Mingus liderou: Johnny Coles (trompete), Clifford Jordan (saxofone tenor), Eric Dolphy (saxofone alto, clarinete baixo e flauta), Jaki Byard (piano) e o inseparável Dannie Richmond (bateria). Obra cimeira de Mingus, sem dúvida, qualquer que seja o critério de avaliação ou o ponto de vista a partir do qual se procure olhar para o produto. Duas peças originais do contrabaixista, do mais belo e superiormente construído que o jazz deu ao mundo: So Long Eric (17’48) – a melhor versão que já ouvi do tema escrito por Mingus para Eric Dolphy, o príncipe que viria a morrer escassos dois meses após esta gravação, durante a digressão europeia –, e Praying with Eric (27’31), também titulada algures como Meditations on Integration. Composições variadas na cor e na forma, blues e improvisação temíveis, mudanças de tempo, passagens cruzadas em planos sobrepostos, narrativa e tensão dramática como só Mingus. As notas que acompanham o disco são do próprio compositor, retiradas da sua autobiografia Beneath de Underdog (em Português, Abaixo de Cão, da Assírio e Alvim, 1982). Neófitos mingusianos de todo o mundo: uni-vos! Não ide mais longe e procurai pelo tal Town Hall, original da Jazz Workshop, reeditado e remasterizado pela Original Jazz Classics (OJC, da Concord). Se não estou em erro, a distribuição lusa é da Dargil. Se não houver, não desesperais e tentai The Great Concert of Charles Mingus, de que saiu recentemente uma versão integral com o alinhamento certinho segundo a sequência tocada, em CD duplo (Verve). Gravações de Paris, no Theatre des Champs-Elysees, de 19 de Abril de 1964, com Johhny Coles fora de combate devido a um problema de saúde (rebentou-lhe uma úlcera de estômago), ou o Mingus at Antibes (Atlantic, 1960), com a família: Ted Curson, Booker Ervin, Eric Dolphy e Dannie Richmond. Venha quem vier e escolha (todos).
I present you the master of time and space himself, Mr. Sun Ra... Assim começa o concerto de Sun Ra & His Intergalactic Arkestra at the Ann Arbour Blues and Jazz Festival in Exile, 1974:
Sun Ra's appearances at the Ann Arbor Blues & Jazz Festivals of the early 70s are legendary. His explosive avant-jazz Arkestra hit the stage in a riot of color and sound that made a cosmic connection with his first major American festival audience and won him a whole new following. The 1973 Festival featured Sun Ra's Intergalactic Discipline Arkestra in a program of new material and tested compositions. Organized into a spell-binding suite, the show was punctuated by soloists John Gilmore, Marshall Allen, Aktal Ebah, Eloe Omoe, and the Space Ethnic Voices. Released for the first time by Total Energy Records. This is the third and last entry in the Ann Arbor Blues & Jazz Festival, The Sun Ra Trilogy, produced by John Sinclair in agreement with the late Alton Abraham. This time the year is 1974 and the program of the evening includes some of the Arkestra's greatest hits plus one number which is thought to have never been recorded before, the daring anthem titled It Is Forbidden. As usual, this performance is previously unreleased.
Mário Cesariny (1923-2006)
Faz-me o favor... // Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada! / Supor o que dirá / Tua boca velada / É ouvir-te já. // É ouvir-te melhor / Do que o dirias. / O que és não vem à flor / Das caras e dos dias. // Tu és melhor -- muito melhor -- ! Do que tu. / Não digas nada. Sê / Alma do corpo nu / Que do espelho se vê.
The glorious sound of failure: punk, rockabilly, reggae, disco, pop and jazz
They cried the tears, they shed the fears / Up and down the land / They stole guitars or used guitars / So the tape would understand...
Uhuru Na Umoja, de 1970, em versão remasterizada com capa e grafismo revistos pela Free America Series. O Reverendo Frank Wright (saxofone tenor) e os seus amigos do peito, Noah Howard, saxofone alto, o pianista Bobby Few, sem contrabaixo (para quê?!), e o baterista Art Taylor, homem do hard bop perfeitamente adaptado a este contexto de fire music com intervalos apaziguadores. Momentos em que a fúria do pastor de igreja é temperada pela doçura de Howard, em cinco temas inspirados no livro de Albert Ayler. Uma curiosidade: Uhuru Na Umoja figura no conjunto de discos que há uns anos Thurston Moore, dos Sonic Youth, alinhou como os que, em seu entender, seriam os melhores discos do free jazz underground. Uma hipótese de Top 10 entre outras.
No matter how you listen to it JAZZ is ostensibly about FREEDOM. FREEDOM and the MYSTERY surrounding it. And, like MUSIC, it is an ABSTRACT.
It's SHAPES, FORMS (SOUNDS!) are DISTINCT and PERSONAL and SENSITIVE to each player's DESIRE.
And the DESIRE is INFINITE.
FREEDOM is not just another word for nothing left to lose.
We know this from MESSAGES beamed from the space-lantern of his cosmic highness SUN RA! The MESSAGE was clear:
"NOTHING IS..."
The power and the glory. OYNJO. A todo o pano. Parece impossível!
Hans Tammen (endangered guitar), Alfred 23 Harth (saxofone tenor, clarinete baixo e um dos best kept secrets alemães das últimas quatro décadas, também artista plástico e fotógrafo, actualmente em digressão com o Otomo Yoshihide New Jazz Ensemble e Orchestra), Chris Dahlgren (contrabaixo e brinquedos electrónicos dos mais solicitados no meio novaiorquino, pupilo de Braxton e Holland, sóm para dar uma ideia do calibre do moço) e Jay Rosen (do Trio X com Joe McPhee e Dominic Duval, a ubíqua e mais completa bateria da CIMP e de muitas outras editoras). O único aspecto que aqui carece de elucidação será talvez é a expressão endengered guitar usada por Hans Tammen, superior guitarrista alemão. Ou então não, porque atrás daquela marca registada e aparentemente arrevesada adivinha-se a ideia simples de alterar a configuração física e acústica do instrumento, que desse modo passa a assemelhar-se a uma guitarra eléctrica que o foi e que, apesar dos "maus tratos" infligidos, ainda o é, embora vagamente ou em vias de extinção. O resto da instrumentação é apresentada na sua forma comum e tradicional. O que não é nada comum nem tradicional é a maneira de trabalhar com aquelas ferramentas, nem os homens que as dominam. Quatro músicos com saber e coragem para expor a sua sensibilidade para lá dos limites. Música organizada sem hierarquização ou liderança de um só dos intervenientes, senão a que emerge da tensão entre expressão individual e colectiva, segundo o princípio basilar de ouvir, processar e reagir. Direcção, atitude, consistência, nervo, pulso, energia, resposta, narrativa sequencial e fragmentada - tudo converge para fazer desta uma sessão empolgante como a que se imaginaria possível às mãos destes quatro magníficos. Sem mistificações nem falsas partidas, Expedition encerra o mistério próprio de um salto no vazio, como quem vadia por locais desconhecidos, ora escuros e desoladores como cais de embarque a horas mortas, ora luminosos e sinceros como almas jovens em estados supremos de improvisação pura. Gravação ao vivo de 2001, na Knitting Factory, em Nova Iorque, acabado de editar pela ESP-Disk, com o número 4031. Um dos acontecimentos editoriais do ano, pela certa. Escuta ideal para acompanhar a leitura de Philip Roth, The Human Stain, com edição portuguesa (A Mancha Humana) pela D. Quixote.
Non-Cognitive Aspects Of The City - Live At Iridium, Art Ensemble of Chicago. Famoudou Don Moye, Roscoe Mitchell, Joseph Jarman, da velha guarda, com os novos Jaribu Shahid e Corey Wilkes nos lugares que pertenceram a Malachi Favors e a Lester Bowie. Saída recente na PI Recordings.
ANITA O'DAY
18 de Outubro de 1919 - 23 de Novembro de 2006
Jazz Vocal legend Anita O’Day passed this morning October 23, 2006 at 6:17AM in West Los Angeles. The cause of death was cardiac arrest according to her manager Robbie Cavalina.
Born Anita Belle Colton in Chicago, Illinois on October 18, 1919, O’Day got her start as a teen. She eventually changed her name to O’Day and in the late 1930’s began singing in a jazz club called the Off- Beat, a popular hangout for musicians like band leader and drummer Gene Krupa. In 1941 she joined Krupa’s band, and a few weeks later Krupa hired trumpeter Roy Eldridge. O’Day and Eldridge had great chemistry on stage and their duet “Let Me Off Uptown” became a million-dollar-seller, boosting the popularity of the Krupa band. Also that year, “Down Beat” magazine named O’Day “New Star of the Year” and, in 1942, she was selected as one of the top five big band singers.
After her stint with, Krupa, O’Day joined Stan Kenton's band. She left the band after a year and returned to Krupa. Singer Jackie Cain remembers the first time she saw O’Day with the Krupa band. “I was really impressed,” she recalls, “She (O’Day) sang with a jazz feel, and that was kind of fresh and new at the time.” Later, O’Day joined Stan Kenton’s band with whom she cut an album that featured the hit tune “And Her Tears Flowed Like Wine”.
In the late’40s, O’Day struck out on her own. She teamed up with drummer John Poole, with whom she played for the next 32 years. Her album “Anita”, which she recorded on producer Norman Granz’s new Verve label, elevated her career to new heights. She began performing in festivals and concerts with such illustrious musicians as Louis Armstrong, Dinah Washington, Georg Shearing and Thelonious Monk. O’Day also appeared in the documentary filmed at the Newport Jazz Festival in 1958 called “Jazz on a Summer Day”, which made her an international star.
Throughout the ‘60s Anita continued to tour and record while addicted to heroin and in 1969 she nearly died from an overdose. O’Day eventually beat her addiction and returned to work. In 1981 she published her autobiography “High Times, Hard Times” which, among other things, talked candidly about her drug addiction.
Her final recording was "Indestructible Anita O'Day" and featured Eddie Locke, Chip Jackson, Roswell Rudd, Lafayette Harris, Tommy Morimoto and the great Joe Wider. A documentary, "ANITA O'DAY-THE LIFE OF A JAZZ SINGER" will be released in 2007.
Alice no Alentejo? Não.... Em 1976, na Warner Bros.. Arrumados que estavam os anos da Impulse!, Alice Coltrane, viúva de John, estava a caminho de se libertar do peso da história e enveredava por um tipo de linguagem que tinha talvez mais a ver com sua própria e genuína forma de expressão. Sempre a frequentar o lado mais espiritual do jazz, Alice toca piano Fender Rhodes, harpa, e – o que era uma novidade sua à época – órgão Wurlitzer, com acompanhamento de cordas, vozes celestiais, brass e afro-percussão. Eternity é um disco muito interessante e actual, apesar de sobre ele terem passado 30 anos. Não é possível voltar a ouvir Om Supreme sem se sentir a proximidade da transcendência. Spiritual Eternal; Wisdom Eye; Los Caballos; Om Supreme; Morning Worship; Spring Rounds FromThe Rite of Spring (Stravinsky).
Downtown Music Gallery. Newsletter de 24 de Novembro.
Os camaradas e amigos do Bagatellen, Derek Taylor in casu, apreciaram o disco de Rodrigo Amado com os seus Lisbon Improvisation Players, Spiritualized. Confesso que nunca ouvi tal malha, mas se passa perto de Teatro, para mencionar o mais recente, temos disco. Ao vivo, o LIP (Rodrigo Amado, Pedro Gonçalves e Bruno Pedroso) - aqui aumentado com o concurso do trompetista Dennis González - tem invariavelmente deixado boa impressão.
Lisbon Improvisation Players, Spiritualized
Resolvi parar com o que tinha pensado ouvir hoje, que a chegada do novo disco de Marc Copland, por si só, tem uma força insurgente que se impõe, anulando o propósito anterior. Descobri este pianista essencial há já uns anos, salvo erro através dum Soul Note de 1995, em trio com Gary Peacock e Billy Hart. O programa de então, essencialmente orientado para os standards, deixou-me uma impressão positiva, que viria a confirmar com a audição de um disco belíssimo que fez para a HatOLOGY em 2001. De então para cá têm-se seguido vários solos e trios de muito boa colheita. Copland é um pianista especialíssimo, tão discreto como sólido e seguro na afirmação de um estilo sensual, de suave teclar, sensível e delicado na construção da sua poética intimista. Como características da sua persona poder-se-ão referir a sobriedade discursiva, profundidade emocional, graça, técnica colorista e imaginação, a demarcação dum território emocional algures entre Uri Cane e Marilyn Crispell, um trio de grandes pianistas, coincidência ou não, originários de Filadélfia, que trabalham sobre a matéria-prima intemporal do jazz e a reconvertem de novo em música intemporal.
Modinha, assim se designa o disco de Marc Copland em trio com Gary Peacock e Bill Stewart, mais não faz que seguir aquele modelo, inserido num programa da editora alemã Pirouet, que pretende apresentar o pianista em três variantes do mesmo formato em trio. Foi assim que surgiu este Modinha, New York Trio Recordings, Vol. 1 (Pirouet), com Peacock e Stewart, dois dos mais legítimos representantes do que se pode justamente considerar a moderna arte do trio, reformulada nos seus trâmites e significados por Bill Evans, Keith Jarrett e Paul Bley, e aprofundada por um vasto número de seguidores, como Brad Mehldau, Fred Hersch, Bill Carrothers ou os citados Cane e Crispell, gente que libertou o trio de piano da rigidez do bop, amaciando-lhe os contornos, introduzindo-lhes novos ingredientes e outra ordem de preocupações estéticas. Gary Peacock e Bill Stewart têm currículos impressionantes, sobejamente conhecidos de todos os que acompanham com alguma atenção as movimentações do jazz dos últimos, digamos 10 anos. Nem é preciso recuar a 1964, quanto a Peacock, ano em que gravou o emblemático Spiritual Unity, o totem de Albert Ayler, com Sunny Murray. De então para cá tantas foram as mudanças na paisagem do jazz, mas de comum há um aspecto a considerar: o de que Gary Peacock ter sabido manter-se sempre em lugar de destaque, menos por andar nas bocas do mundo, que pela afirmação de uma carreira na qual, se há característica que se possa isolar, é a de um extremo bom gosto e perfeição técnica, penhor de sessões no mínimo interessantes. Bill Stewart anda cá há menos tempo que a dupla sénior, mas em boa verdade está ao mesmo nível de excelência técnica e artística, a mesma sintonia, pensamento e capacidade de fazer sonhar muito para além das notas.
Disco para todas a horas, solares ou lunares, doces ou aziagas, com ou sem companhia. Não haverá decerto contexto pessoal passado, presente ou futuro, que Modinha não ajude a tornar mais apetecível. Exalte-se a cumplicidade e camaradagem no tratamento tanto dos seis originais de Copland, Peacock e do trio, como no refazer das ever green de A. C. Jobim (Modinha recebe um tratamento extremamente emocionante), Jerome Kern (o próprio haveria de aplaudir a bela volta que Yesterdays levou), ou de Vernon Duke (com Taking a Chance on Love, corre-se o risco de ficar à procura da rolha, sem saber de que terra é). ... the weightless condition, outer space, when you look back through the window where you used to be, floating in yesterdays... (Bill Zavatsky)
Clássico, moderno, intemporal, sentido, irreverente, enigmático, intimista – Modinha é disco do ano. Deste e dos outros todos. Da Pirouet, com distribuição lusa pela Dwitza.
Bill Dixon,
trompetista e compositor, é um artista visionário de fina percepção. Constrói o corpo sonoro em movimento estratificado. O som e o seu reflexo, articulados pelas modulações dos contrabaixos (Barry Guy e William Parker) e da percussão (Tony Oxley). Quatro artistas, quatro visões num esforço comum. Música para ser sentida e meditada. Vade Mecum II (Soul Note, 1996).
Angelo Leonardi, sobre Snug As A Gun, do IMI Kollektief, no All About Jazz Italia: Questo disco è un bell'esempio dell'universalità espressiva del jazz (3,5 stelle). Alípio C Neto (saxofone tenor), Elsa Vandeweyer (vibrafone), Jean-Marc Charmier (trompete, fliscórnio, acordeão), João Hasselberg (contrabaixo) e Rui Gonçalves (bateria).Alípio C Neto toca com o Diggin' dia 30 de Novembro, na Fnac do Porto (NorteShopping).
Os três noruegueses deste quarteto que se completa com o britânico Pat Thomas, improvisam juntos desde que em 1998 fundaram o núcleo essencial do ensemble No Spaghetti Edition. Nos intervalos, Ivar Grydeland, guitarra, Tonny Kluften, contrabaixo, e Ingar Zach, percussão, integram ainda o trio Huntsville. Por outras palavras, No Spaghetti Editon, Huntsville e Hiss, são três diferentes laboratórios de pesquisa sonora que os músicos usam extensivamente ao serviço da experimentação em culturas de improvisação livre. No caso de Zahir, as conclusões são aparentadas mais às da velha Escola Inglesa de Improvisação, que das mais recentes inovações que nos têm chegado do Norte da Europa, uma obra que descende na linha recta das descobertas de John Stevens com o Spontaneous Music Ensemble. Os processos criativos são actuais, isto é, deixam-se contaminar saudavelmente pela evolução que a música improvisada sofreu nos últimos 40 anos, principalmente através dos ganhos que a electrónica digital trouxe, com a diversidade de novos timbres e texturas que lhe está associada, reconhecíveis nos movimentos de noise controlado (leia-se sussurra sem gritar) e também pelos contributos originários do rock psicadélico das últimas décadas, traduzido em mais Terje Rypdal e em menos Derek Bailey. Ouvido a fundo, é certo que Zahir não revela nada de conceptualmente inovador, pese embora o interessante desenvolvimento de interessantes direcções, pontas deixadas soltas por músicos que historicamente precederam os três jovens noruegueses e o veterano britânico. Este aspecto transgeracional é outro ponto a considerar, na medida em que o meio em que se desenvolveram, os condicionalismos envolventes e a idiossincrasia de uns e de outro, se fazem repercutir no produto final.
Salta à vista que preocupação do quarteto foi apresentar um trabalho sólido e sonoramente bem estruturado, a partir de breves pistas e indicações de progressão, resultando satisfatório ao nível da combinação instrumental e da articulação entre as diferentes vozes, que favorecem o uso das micro-tonalidades. Apreciável é também o modo como as estratégias individuais são aplicadas ao serviço de um som coerente e intrinsecamente homogéneo, que, não sulcando “mares nunca dantes navegados” (Luís de Camões, Os Lusíadas, Canto I), nos reserva ainda assim um apreciável leque de surpresas ao longo das cinco composições de instantânea fixação. Editou em 2003 a italiana Rossbin.
Sumarenta, a conversa de Elliott Sharp com Frank J. Oteri, na New Music Box: «Wide Awake in Alphabet City».
FJO: So do you believe that art has the power to transform the world in ways that politics can't? Is that the lure for you?
E#: Art does. The question is: what's the time span for how much of an effect it can have? It's a very difficult question because a lot of times aesthetic issues come to the forefront when you're dealing with art, and that's all that seems important. Yet when you unpack something and begin to look at it, the initial motivations for creating a piece of work and the language it uses, the vocabulary, the syntax, there are a lot of things that go into the work. And they do have an effect, but a lot of times it's just this hazy cloud of signifiers that may or may not connect with an audience and cause that chemical change that makes them say, "I now want to fight against this, or I want to be for this, or I'm not going to buy this anymore." It's pretty hazy, the cause-and-effect chain. I don't think you can really directly say that art right now has the power to topple, say, the government here. It would be wonderful if it did. What art can do is get people thinking about things. Maybe some of those people have to take risks. This is the problem. Who is going to take those risks?
FESTIVAL DIZSONANTE 2006
Passagem de Alberto Pimenta
Disección Poética en Público de Marina Oroz
RumoR de Ana Deus
CyberLieder - Uno Duo Trio
Cuisine Concrète de Maria Durán
Teatro Municipal da Guarda, 30/11 - 2/12
Kung Fu Meets The Dragon / Return of the Wax / Musical Bones. Dubstrumentals: 35 temas, três LP's, três sessões diferentes com Lee 'Scratch' Perry e os Upsetters a “bombar” nos tempos da Black Ark em meados dos anos 70. Baixo mais alto que tudo, guitarras, clavinet, trombone e bateria, eco e reverberação na leitura funk insolente de Perry. Puro groove jamaicano. Fumarento e irresistível. Da Trojan. Em Portugal, pela Dwitza.
Quem nunca ouviu Henry Cow (não confundir com o compositor contemporâneo Henry Cowell, 1897-1965, cujo nome Chris Cutler e companhia disseram não ter querido samplar, antes do termo ter sido cunhado. Terá sido coincidência?), tem aqui aquele que será porventura o melhor ponto de partida para a descoberta de uma das mais interessantes formações de prog-rock-jazz-improv de sempre. Mais “maleável” e acessível que os discos de estúdio tout court, que carregam muita informação por minuto, demasiada talvez para quem se inicie, Concerts (com passagens por Inglaterra, Itália, Holanda, Noruega, entre 1974/1975), além de ser variado na forma e no conteúdo, é ficaz nas aproximações entre o trabalho vocal de Dagmar Krause, convenientemente pilhado ao Slapp Happy, e o instrumental levado da breca de Lindsay Cooper, Chris Cutler, Fred Frith, John Greaves e Tim Hodgkinson, a que acrescem Geoff Leigh, Robert Wyatt, com uma perninha cada um em dois temas. O ponto alto é, no entanto, a improvisação colectiva. E, pessoalmente, os 23 minutos gravados em 1975 para John Peel, em Londres (Beautiful as the Moon - Terrible as an Army with Banners - Nirvana for Mice - Ottawa Song - Gloria Gloom - Beautiful as the Moon). Como toda a música de Henry Cow, Concerts descobre-se melhor ao fim inúmeras e concentradas audições. Oportuna reedição em CD duplo pela ReR Megacorp, de Chris Cutler. Que já anunciou ter mais material deste pronto a lançar cá para fora.
Sessão dupla de Free Music Ensemble (FME): o mesmo é dizer que, depois de Cuts (Okka Disk, 2005), Underground (Okka Disk, 2004) e, mais remoto ainda, FME (Okka Disk, 2002), Ken Vandermark, Nate McBride e Paal Nilssen-Love estão de volta, juntos e ao vivo. Em Boston, 2005, terra natal de Vandermark. E também Montreal, no Suoni Per Il Popolo Festival. As habituais dedicatórias recaem desta feita sobre pessoal do cinema: Sergio Leone, Sergei Eisenstein, Federico Fellini, Takeshi Kitano, Buster Keaton, John Cassavetes, Stanley Kubrick, Peter Greenaway, Akira Kurosawa e Orson Welles. MONTAGE, Okka Disk, 2006.
TILT // Tao G. Vrhovec Sambolec – electrónica em tempo real; Tomaž Grom – contrabaixo. Duo esloveno da improvisação electroacústica e do noise experimental em gravações de 2004, em Alicante e Ljubljana. Actuaram em Portugal no Euro Jazz 2004, em Tomar (L'Innomable, 2006).
FMP 0180 - Outspan No. 1
Peter Brötzmann / Fred Van Hove / Han Bennink
plus Albert Mangelsdorff
Peter Brötzmann - alto & baritone saxophone, clarinet;
Albert Mangelsdorff - trombone;
Fred Van Hove - piano;
Han Bennink - drums, selfmade clarinet, homemade junk, voice.
Recorded live by Jürgen Lindenau on April 14th & 15th,1974 during the Workshop Freie Musik at the Akademie der Künste in Berlin. Produced by Jost Gebers.
SIDE A: 1 Serienze Serie (Van Hove) 16:16; 2 Boogie für Fred (Brötzmann) 6:29
SIDE B: 1 Der Spaziergang (Brötzmann/Van Hove/Bennink/Mangelsdorff) 2:26; 2 Outspan 1 (Brötzmann/Van Hove/Bennink/Mangelsdorff) 18:15
COVER: Artwork and design by Peter Brötzmann.
(Courtesy of Church Number Nine)