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25.10.06
 

De ascendência polaca e romena, nascida na Argentina e a viver em Nova Iorque desde 2000 (venceu o BMI Foundation/Jerry Harrington Jazz Composers Award, em 1997), Laura Andel, membro da Jazz Composers Alliance Orchestra, reuniu a Electric Percussive Orchestra, um ensemble electroacústico formado por Kyoko Kitamura, Taylor Ho Bynum, Carl Maguire, Ursel Schlicht, Kenta Nagai, Joel Harrison, Khabu Young, David Simons, Andrew Drury e Harvey Wirht.
Com a EPO, graças ao financiamento da Jerome Foundation, Laura compôs, dirigiu e produziu In::tension:. (Rossbin, 2005), original sob a forma de suite em sete partes (I Notícias; II Resonancias; III Descuido; IV Caídas; V Puntos; VI Dos; VII Ecos), peça gravada ao vivo no Roulette, em Dezembro de 2004, misturada por Elliott Sharp no seu Studio ZOaR, em Nova Iorque. Antes, gravara SomnambulisT (music for 14 musicians and conductor), com a Laura Andel Orchestra, para a canadiana Red Toucan.
A designação Electric Percussive Orchestra capta a essência duma música em que a toada percussiva é o elemento dominante, seja ela dada pela componente eléctrica (três guitarras e piano eléctrico Fender Rhodes) e fontes electrónicas, quer pelos instrumentos especificamente de percussão, quer ainda pela abordagem percussiva de piano acústico, trompete e acordeão.
As secções em que a compositora organiza a panorâmica criam elas próprias um propósito de liberdade dentro da estrutura, procurando acentuar tonalidades escuras e sons espectrais, pontos de tensão variável numa linguagem musical soturna que, de inícialmente estranha, se vai tornando irresistivelmente misteriosa. Muito por causa da escolha das texturas e da ousada combinação tímbrica, vibrante pulsão interior e andamento sombrio, elementos que a compositora/regente habilmente gere. Como murmúrios próximos e distantes que nos chegam por entre densas camadas de nevoeiro.
Nas notas, Laura Andel conta que se inspirou num filme mongol sobre um cão, cuja alma, depois de morto, vagueia través de um sucessão de memórias. Pessoalmente, lembrou-me qualquer coisa próxima de uma banda sonora apropriada para as Tales of Mystery and Imagination, de Edgar Allan Poe. A voz de Kyoko Kitamura arrepia mesmo quem seja razoavelmente batido em histórias de mistério e horror. Será o sangue romeno a puxar por Laura Andel? Na verdade, eles vivem e parecem aproximar-se perigosamente. Noutro registo, quase nos antípodas daquela emoção – mérito acrescido de Andel – há aqui um lado tranquilo, delicado e apaziguador que contrasta com os momentos em que a tensão se avoluma até ao limite do precipício sem fim. Experimentei ouvir o disco na penumbra duma noite destas e a ilusão ainda se torna mais perfeita. Pessoas impressionáveis, acima de todas as outras, devem procurar ouvir isto. The Pit and the Pendulum...

 


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