Image hosted by Photobucket.com
23.10.06
 
Fundada em 2001, a High Mayhem Emerging Arts, dirigida por Max Friedenberg, é uma associação sem fins lucrativos, e simultaneamente uma editora discográfica, promotora de concertos, festivais e workshops com sede em Santa Fé, no Novo México. Privilegia a mostra de artistas das diversas áreas da inovação musical e do experimentalismo ligado à improvisação, ao jazz e ao rock, vídeo, artes performativas e galeria de exposições, numa tentativa esforçada de educação pela arte e de contrariar a padronização e homogeneização que tomou conta da música dita “comercial”, a que o jazz também não escapa.
Neste âmbito, a associação organiza o High Mayhem Annual Festival, que entre 6 e 8 do corrente, cumpriu a 6ª edição. Todas as edições do festival são gravadas e têm vindo a ser publicadas conjuntamente com discos gravados em estúdio, num esforço que visa simultaneamente dar a conhecer o trabalho de artistas a quem faltam meios de edição, e obter fundos para manter a organização em funcionamento.
Foram já editados CDs de artistas como The Uninvited Guests, DERAIL, Ray Charles Ives, Late Severa Wires, Out of Context, William A.Thompson IV e Zimbabwe Nkenya – um conjunto de discos das melhores castas regionais, de que destaco, como exemplo maior, o excelente Zimbabwe Nkenya and the New Jazz.
A designação agrupa um colectivo de músicos do Novo México e de outras paragens norte-americanas, que inclui, além de Zimbabwe Nkenya, nativo do Novo México (contrabaixo, violino baixo), Chris Jonas (saxofone soprano), Dan Pearlman (trompete) e Dave Wayne (percussão), e a que se junta o nova-iorquino Rob Brown como convidado especial num dos temas (Africa in Effect II).
Zimbabwe Nkenya chegou-me aos ouvidos pelo que dele conheci em associações diversas com Ori Kaplin, William Parker e Daniel Carter. O disco de que falo inclui quatro temas de contrabaixo solo de grande expressividade, gravados em concerto no Center for Contemporary Arts de Santa Fé. Revelam um contrabaixista sólido, com um som macio e poderoso, de proporções assimétricas e irregulares, um pouco na linha do som de William Parker ou de Peter Kowald, com maior peso dos elementos africanos. Os restantes temas do disco, que ronda os 70 minutos, homenageiam o segundo daqueles grandes contrabaixistas, desaparecido em 2002.
Em quarteto - e pontualmente em quinteto - o grupo pratica um estilo inscrito na moderna improvisação norte-americana, a que também se chama vulgarmente creative improvised music, numa abordagem entusiástica, variação rítmica, muito groove e solos a contento de toda a gente. Tudo envolvido em swing moderno, enriquecido por um suave perfume afro.
Vale a pena descobrir Zimbabwe Nkenya, ele que nos anos 90 liderou o African Space Project, e o Black Jazz Culture, na década precedente. Enquanto compositor e contrabaixista, é figura de primeiro plano artístico, a que só falta a projecção mediata que lhe há muito lhe deveria corresponder. Este é (ainda) o seu primeiro disco em nome próprio. Uma boa amostra do talento criativo de Zimbabwe Nkenya.

 


<< Home
jazz, música improvisada, electrónica, new music e tudo à volta

e-mail

eduardovchagas@hotmail.com

arquivo

setembro 2004
outubro 2004
novembro 2004
dezembro 2004
janeiro 2005
fevereiro 2005
março 2005
abril 2005
maio 2005
junho 2005
julho 2005
agosto 2005
setembro 2005
outubro 2005
novembro 2005
dezembro 2005
janeiro 2006
fevereiro 2006
março 2006
abril 2006
maio 2006
junho 2006
julho 2006
agosto 2006
setembro 2006
outubro 2006
novembro 2006
dezembro 2006
janeiro 2007
fevereiro 2007
março 2007
abril 2007
maio 2007
junho 2007
julho 2007
agosto 2007
setembro 2007
outubro 2007
novembro 2007
dezembro 2007
janeiro 2008
fevereiro 2008
março 2008
abril 2008
maio 2008
junho 2008
julho 2008
agosto 2008
setembro 2008
outubro 2008
novembro 2008
dezembro 2008
janeiro 2009
fevereiro 2009
março 2009
abril 2009
maio 2009
junho 2009
julho 2009
agosto 2009
setembro 2009
outubro 2009
novembro 2009
dezembro 2009
janeiro 2010
fevereiro 2010
junho 2011
maio 2012
setembro 2012

previous posts

  • GARDEN : SPACE : BEYONDSei Miguel & Rafael ToralEs...
  • Bela noite de música, ontem (21.10.06) no Cefalópo...
  • Ainda não ouvi New Monastery: a view into the mus...
  • Há muitos e bons motivos para prestar especial ate...
  • Começou a 19 de Outubro e prolonga-se até 5 de No...
  • Disco com risco ao meio, uma ideia da Savoy. De um...
  • Tão discreto que quase não se dá por ele, tal é o ...
  • SCREAM (The Southern California Resource for Elect...
  • Dezembro de 1973 - Outubro de 2006. Adeus ao CBGB
  • Marcello Maggi_tromboneBruno Parrinha_clarineteRic...

  • links

  • Improvisos ao Sul
  • Galeria Zé dos Bois
  • Crí­tica de Música
  • Tomajazz
  • PuroJazz
  • Oro Molido
  • Juan Beat
  • Almocreve das Petas
  • Intervenções Sonoras
  • Da Literatura
  • Hit da Breakz
  • Agenda Electrónica
  • Destination: Out
  • Taran's Free Jazz Hour
  • François Carrier, liens
  • Free Jazz Org
  • La Montaña Rusa
  • Descrita
  • Just Outside
  • BendingCorners
  • metropolis
  • Blentwell
  • artesonoro.org
  • Rui Eduardo Paes
  • Clube Mercado
  • Ayler Records
  • o zurret d'artal
  • Creative Sources Recordings
  • ((flur))
  • Esquilo
  • Insubordinations
  • Sonoridades
  • Test Tube
  • audEo info
  • Sobre Sites / Jazz
  • Blogo no Sapo/Artes & Letras
  • Abrupto
  • Blog do Lenhador
  • JazzLogical
  • O Sítio do Jazz
  • Indústrias Culturais
  • Ricardo.pt
  • Crónicas da Terra
  • Improv Podcasts
  • Creative Commons License
    Powered by Blogger