Como Scott Yanow apropriadamente destaca nas informativas notas que acompanham Peace Warrior, o filadelfiano Khan Jamal compõe um estilo influenciado pelo percurso que realizou no período do Loft Jazz da Nova Iorque, de meados dos anos 70, com acabamento dado pela assimilação das soluções a que ao longo do tempo chegou, em diferentes registos, a santíssima trindade do vibrafone-jazz, Hampton, Jackson e Hutcherson. Assim se compõe uma personalidade musical das mais interessantes na forma personalizada como integra as diferentes referências do jazz clássico e moderno com a herança da revolução da New Thing e da fusion com tons de calipso. O disco, com os notáveis esforços de Monette Sudler (guitarra), Byard Lancaster (saxofone alto e flauta), Mark Kramer (piano e sintetizador), Bernard Samuels (piano), Warren Otree e Reggie Curry (contrabaixo), Dwight James (bateria) e Omar Hill (percussão), espelha bem a conseguida síntese daquelas estéticas, resultando numa solução que, sem ser compromissória, colhe frutos daquelas árvores.
Passa-se bem sem ele, sem dúvida; uma vez ouvido, não cai mal, mesmo que às vezes pareça resvalar para alguma superficialidade atmosférica induzida pelos sintetizadores, facto que ainda assim não retira interesse ao disco, um original de 1989, editado pela Stash sob a designação Don't Take No!, título do tema de abertura. Entretanto, a Random Chance fez corresponder o título actual ao de outro dos temas, Peace Warrior. Qual será o título do disco em próxima reedição? Scandanavian Dawn, One For Hamp, Three For All, Body And Soul, Nubian Queen, Lovely Afternoon, ou The Angry Young Man? Por mim pode ser Lovely Afternoon, que foi isso que me aconteceu esta tarde, ao ouvir o disco. Mas se se quer um Khan Jamal como soa melhor, totalmente acústico e sem vestígios de uma certa “gordura” dos anos 80, é mister procurar na CIMP ou na Eremite, que os há e bons, dele e com ele.