Nos dias de hoje, além do hip-hop e estéticas congéneres, que têm na samplagem e colagem via estúdio uma ferramenta de trabalho primordial, também na música improvisada há quem saiba e tenha gosto por explorar as potencialidades dos estúdios de som modernos, apetrechados com o estado da arte da gravação multipista e reprodução digital, mais toda a sorte de microfones das mais diversificadas sensibilidades e funcionalidades físicas. É este o caso do estúdio P4, de Berlim, onde em 2003 se instalou o quarteto Schwimmer - clarinetista Michael Thieke, saxofonista soprano Alessandro Bosetti, flautista Sabine Vogel e percussionista Michael Griener. A regra estabelecida foi a de usar tesoura e cola digitais de modo a reorganizar sons previamente gravados (microfones, auscultadores), estruturando o espaço sonoro de forma horizontal, em progressão linear. Posto em prática, o processo revelou-se sobremaneira eficaz em termos harmónicos (veja-se o gráfico de representação que acompanha o disco, no qual a cada músico cabe uma cor, permitindo-se ao ouvinte acompanhar, vendo de fora, o desenrolar das operações). Jogo entre a produção e a pós-produção, improvisação sobre tema previamente gravado, um instrumento de cada vez, de maneira que só o último tem acesso à totalidade da informação sonora. A acção de 7x4x7 (Creative Sources Recordings) culmina no último tema, síntese de um processo que é menos interessante em si mesmo, que quanto aos resultados conseguidos. Interessantes aventuras micro-tonais que assumem uma forma de ocupação e organização do espaço tributária do recente reducionismo alemão, de onde parece querer libertar-se, e da insect music britânica de antanho, que reinventa.