Para Ken Vandermark a luta continua mesmo sem Jeb Bishop e sem o seu trombone ágil e atlético, visto que entrou em licença sabática em virtude de algum cansaço (pudera) e problemas de saúde que está a tratar, segundo confidenciou em entrevista à Cadence Magazine, número de Janeiro (Vol 32, no. 1, pp. 5-14). Li noutros sítios que se continua a especular sobre as putativas e misteriosas razões para a inopinada saída de Bishop do quinteto, ou seja, as comadres do jazz entretidas na intrigalhada do costume, à falta de assunto e de interesse na vida. Não sei porquê tanta badalação e frivolidade, se o próprio há quase um ano disse preto no branco por que é que resolveu pôr-se ao fresco, tratar da perda auditiva que sente, fazer uma paragem na roda-viva em que andava com os Cinco de Vandermark, o Tentet de Brötzmann (de tão mavioso só faz bem aos ouvidos, não percebo como é que alguém se pode queixar...), a Territory Band, o seu próprio trio, e o permanente para cá e para lá entre a Europa e os States. Não deve ser vida fácil. Lê-se na longa entrevista à Cadence que, provavelmente por ter tocado guitarra em bandas de rock e frequentado muitos concertos (preparemo-nos, que somos a seguir), nos últimos anos Jeb Bishop tem sofrido problemas de audição, zumbidos e perda de acuidade auditiva, pelo que, forçado à pausa para tratamento, resolveu aproveitar o retiro para pensar sobre as direcções a empreender quanto à carreira, compor novos temas, preparar projectos, dar umas curvas, tirar umas dúvidas de trombone comigo, etc.
Mais uma aventura dos Cinco em Chicago, sem o cão Tim nem Enid Blyton, mas com o violoncelista Fred Lonberg-Holm na cadeira deixada vaga com a saída de Bishop. O resto da turma mantém-se vigilante nos respectivos postos: Dave Rempis, saxofones alto e tenor, Kent Kessler, contrabaixo, e Tim "afinal havia um Tim" Daisy, bateria.
Com A Discontinuous Line perdeu-se algum brilho metálico (nada se perde, nada se cria, tudo se transforma, já dizia Lavoisier em 1789) e está diferente a capacidade de explosão nos momentos cruciais, mas ganhou-se em profundidade mingusiana e em novas soluções harmónicas, muito pela passagem das quatro cordas a regime de oito, o que por vezes dá ao som uma textura de chocolate quente a derreter no ponto. O passo não está tão frenético e apressado (Vandermark vai apurando com a idade) e a variação rítmica dentro dos temas passou a ser maior. The Vandermak 5 está de boa saúde, recomenda-se, e mais ligado à terra, é isso. Como sempre, na Atavistic Worldwide, grande casa de discos de Chicago.