Na sexta-feira, 2 de Setembro, às 21h30, actuou o Filipe Melo Trio, composto por Filipe Melo (piano), Bruno Santos (guitarra) e Bernardo Moreira (contrabaixo). Integrando músicos jovens oriundos das escolas de jazz portuguesas, designadamente do Hot Club de Portugal, o trio pratica um estilo de jazz clássico com total reverência à tradição, de alguma forma tributário dos trios sem bateria de Art Tatum, Art Tatum ou Nat King Cole. Tem ainda como principais influências os estilos swingantes de Oscar Peterson, Bobby Timmons e de Wynton Kelly. Para o concerto do ForUmusic, Melo, Santos e Moreira, com disco de estreia a ser editado pela Clean Feed, trouxeram a lição bem estudada e os trabalhos de casa bem feitos, resultando numa actuação elegante e equilibrada, subtil nalgumas abordagens. Bons alunos, no sentido tradicional do termo, revisitaram um punhado de standards do clássico e do bop (bonita recriação de Kelly’s Blue!), que interpretaram correctamente em diferentes tempos e com swing. O que é coerente com o jazz tradicional que honestamente praticam.
Transfronteiro por excelência, tanto na geografia como nos estilos de jazz em que já tocou (bop, free jazz, free rock, jazz-rock, jazz outra vez...), Joachim Kühn (Leipzig, Alemanha, 1944) possui um posicionamento estilístico difícil de definir, porque multifacetado e esteticamente irrequieto. Uma voz sólida no jazz europeu, onde tem firmado créditos como improvisador capaz de fundir elementos do jazz e da tradição modernista europeia. O projecto que Joachim Kühn trouxe a Lisboa, solo classical modern jazz, incluiu improvisação sobre composilções originais suas e de Ornette Coleman, que Kühn interpretou em piano e em saxofone alto, instrumento este em que se revelou uma surpresa muito agradável, explorando articuladamente estéticas do free, segundo o ideário do pianista, a categoria mais elevada a que um músico de jazz pode aspirar, pelo que encerra de aventura em demanda do desconhecido, desafio à norma que extravasa para além dos limites da norma. Durante mais de uma hora, Joachim Kühn soube ser enorme - um modernista inconformado, infatigável comutador de territórios.