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30.5.05
 


Se Ali Farka foi a resposta do Mali a John Lee Hooker, então Boubacar Traoré é o seu Robert Johnson”.

Esta é porventura a mais lapidar e definitiva citação sobre o génio criativo de
Boubacar Traoré. Apropriadamente, saiu da boca de um dos principais instigadores e divulgadores da música ocidental africana, Andy Kershaw – em parte, através do seu lendário programa na BBC3, o homem responsável pela “descoberta” de ambos, em meados dos anos 80.
Mas Boubacar é muito mais que um bluesman. A sua música é tão informada pelo rock’n’roll – e pelas cassetes de guitarristas norte-americanos que Ali Farka lhe emprestava – quanto pelos ritmos khassonke e pela música árabe. É um dos principais e mais influentes artistas da região correspondente ao antigo império Mande - terra de abundante talento – contemporâneo do impacto de Toumani Diabaté, Salif Keita, Afel Bocoum, Mory Kanté, Oumou Sangaré, Bembeya Jazz ou, mais recentemente, Tinariwen ou Rokia Traoré, mas de todos eles predecessor, e de todos eles distinto.
Nos anos 60, as cidades acordavam ao som da sua voz na radio e os seus habitantes dançavam os seus êxitos à noite nas discotecas. Com o tema «Mali Twist» criou um hino para a independência do país ao mesmo tempo que era apelidado de Elvis, Chuck Berry ou James Brown do Mali. Mas aos poucos foi sendo esquecido. Trabalhou como alfaiate e agricultor e a sua música, como aliás aconteceu com Ali Farka, passou para segundo plano. Quando foi redescoberto, em 1987, trabalhava em Paris na construcção civil. Hoje voltou à primeira divisão da música africana e está numa digressão que, no Verão, o conduzirá aos Estados Unidos.
Boubacar é um contador de histórias. Pela sua voz narra-se o dia a dia do seu povo nos últimos 40 anos. Com emoção, clareza e simplicidade, cristaliza-se num estilo único, em que a guitarra funciona como uma câmara que amplifica os seus anseios, desejos e mensagens de esperança. No fundo, a própria matéria que define o blues.

Kongo Magni. O mais recente disco de Boubacar Traoré. E o segundo lançamento da novíssima distribuidora lusa Dwitza. A mesma que por cá deixou passar Mountain Passages, de Dave Douglas. Aguarda-se pelo DVD de Je Chanterai Pour Toi.



 


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