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20.2.05
 


Reouvindo (re-re-re...) Bitches Brew (1970), de Miles Davis, enquanto assistia pela televisão ao filme Banhada II (bem mais expressivo que o primeiro, o que é raro acontecer com as sequelas), lembrei-me de um texto que refere a curiosa posição de Wynton Marsalis relativamente ao Miles eléctrico. Marsalis, consabidamente, não é apreciador de guitarras eléctricas, nem pianos eléctricos, nem nada que cheire a raios e coriscos, ao que parece. O ex-Young Lion (agora é apenas um Lion) Wynton acha que a música de Miles se "corrompeu", ao ter-se deixado inquinar pelo sexo (cruzes!), coisa que Marsalis associa ao venéreo rock...(sex & drugs & rock’n’roll, cantava Ian Dury & the Blockheads...).
Numa entrevista de 1999 a Ken Burns, Wynton Marsalis explicitou o seu pensamento "progressista":
"I think that when Miles stood up and saw Sly and the Family Stone and all the women they had, and women of all races now, white women and black women, not that he hadn't enjoyed himself but now they're in the media, they get in the gossip papers and they got thousands of people hollering and screaming at the music. He's playing trumpet in a jazz band. They got the electric guitars going, the afros, the psychedelic pants, the groove the boom boom is hot and everybody's hot and they're screaming. There, people never did that for Charlie Parker. He could feel that he was old and out-of-date. And he did not want to grow old. As fusion progresses, we see that the musicians' desire is not to come up with a jazz sensibility and use things from rock and roll, but it is to become a glorified pop musician who can play instrumental music also. No, but it's to become the, the musicians desire is not to become, it's not to take rock and roll and bring it into the sensibility of jazz, but it's to become a rock and roll musician and participate in all the benefits of that should be the money and the groupies and all that and play a jazz solo every now and then. And this comes, we get to see it in full, in full bloom when Miles Davis returns in the early 80s with a straight instrumental pop album with no overtones of fusion at all".
Miles corrupted by the sexual content associated with a white form of music
É assim mesmo, amigo Wynton, viva a pureza eugénica na música!
Fora do jazz quem não é do jazz!
Viva o jazz quimicamente puro!
(Se fosses a eleições, fiquei esta noite a saber qual seria o teu destino...)

 


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