Outro disco (com certeza não ficarão por aqui) do trio de Jarrett, Peacock e DeJohnette, o Standards Trio, que, perco-me nas contas, devem andar nisto juntos há para aí um quarto de século, mais coisa menos coisa. O que é bom e é mau. Bom, porque um trio como este sabe da poda e toca como poucos no activo; mau, porque, salvo se se for um iniciado ao Standars Trio, não se ouve nada que não se tenha escutado já tantas vezes em tantos discos. Já se sabe sempre o que lá vai dentro. Um valor seguro, portanto, imune ao risco e não sujeito a flutuações de mercado como o Dow Jones. Mais que isso, pelos padrões em voga, este é "o trio", aquele de maior sucesso artístico e económico. Para se ter uma ideia, ao mesmo tempo que edita estas gravações de 2001, a ECM está a lançar um CD triplo com gravações do ano de 1983... e aí vão cinco coelhos com duas cajadadas! Desta feita a dose é dupla, para animar a malta. E põe em relevo aquele que é o porventura o maior atractivo de My Foolish Heart - Live at Monteux – a coesão e a empatia do trio no tratamento de um reportório de composições originais de Miles Davis, Sonny Rollins ou Thelonious Monk, de clássicos do American Song Book, e de standards de diferentes épocas – Four, My Foolish Heart, Oleo, What’s New?, The Song Is You, Ain’t Misbehavin’, Honeysuckle Rose, You Took Advantage of Me, Straight No Chaser, Five Brothers, Guess I’ll Hang My Tears Out to Dry, Green Dolphin Street, Only the Lonely – que nas mãos de Jarrett, Peacock e DeJohnette adquirem renovado interesse. Para uns, um disco a não perder; para outros, mais um a juntar à vasta discografia do grupo. Pela certa, o disco de Natal de muitos jazz-lares por esse mundo fora. Até a cor da capa ajuda, oh-oh-oh. Em Portugal a distribuição é da Dargil.