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3.10.07
 

SUBSTRATUM (CIMP 359), apanha Stephen Gauci em trio com Michael Bisio e Jay Rosen, parceiros de outras sessões na CIMP e na Cadence Jazz Records. Bob Rusch, o produtor, procura rentabilizar a presença dos músicos que convida para gravar na sua Spirit Room. E faz muito bem, como se pode perceber através da sequência de sessões em que um mesmo músico pode aparecer, agora como líder, a seguir como sideman. Esta é uma solução que, além de interessar ao negócio do produtor, é vantajosa para os músicos, que assim vêem ampliadas as oportunidades de registar e divulgar o seu trabalho, e ao mesmo tempo interessante para o ouvinte, pois permite abrir novas perspectivas de audição. Foi assim que, na mesma tarde, para o álbum CIMP 360: Circle This, num momento Gauci apareceu a fazer par com o saxofonista Avram Fefer no Michael Bisio Quartet; e, daí a umas horas, Bisio passava à posição de sideman, com Gauci a liderar o mesmo grupo, embora sem Avram Fefer, e a contribuir com onze composições originais, entre tempos lentos e médios, para Substratum. Dois coelhos de uma cajadada, portanto.
Stephen Gauci, ainda mal entrado nos 40, tem um som de tenor robusto, quente e com arestas por limar, capaz de agradar a ouvidos adeptos de sonoridades mainstream, como aos que anseiam por ir mais além, pelo risco da aventura. Antigo aluno de Joe Lovano e George Garzone, Gauci tem tido uma actividade febril nos últimos anos, desdobrando-se em concertos e gravações. Falta-lhe ainda o reconhecimento do seu valor por parte do público e da crítica, o que já está a começar a acontecer. Note-se que, além deste grupo, Gauci, que já andou ao lado de Joe McPhee, Sabir Mateen, Daniel Carter e Tony Malaby – para citar apenas expoentes da mesma disciplina – tem estado a trabalhar no duro com outros trios, um deles inclui Reuben Radding e Todd Capp; outro, Jeremy Carlstedt e Todd Nicholson; e ainda com um quarteto no qual figuram Nate Wooley, Ken Filiano e Lou Grassi.
Ideias não faltam a este saxofonista de Brooklyn, Nova Iorque, assim como uma apurada noção do tempo e do espaço para as pôr em execução. Admiro a sua capacidade de dizer de si, agora com suavidade, a seguir em explosões de energia, síncopes, silêncios, frases curtas e incisivas entrecortadas por outras mais longas, a puxar à introspecção. Bisio e Rosen andam sempre por perto, criam tensão e respondem às inventivas do líder. De swing irresistível, circulam à volta e ao lado do tenor, sem se atravessarem à sua frente. Assinaláveis no som do trio são as inesperadas mudanças de velocidade, a elasticidade no traçado das vias principais e secundárias, a agilidade e a cobertura de toda uma vasta paleta emocional. Estas características, associadas ao apurado sentido de composição e à expressividade de Stephen Gauchi dentro e fora dos limites formais das estruturas, fazem de Substratum outro dos grandes CIMP deste ano.

 


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