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2.10.07
 

O Peter Brötzmann’s Chicago Tentet saiu há pouco tempo com dois volumes das suas American Landscapes (Okka Disk), discos que não desmerecem a atenção do público, tanto dos aficionados da brotzmania, como dos que ainda não descobriram o que de mais parecido há com uma erupção vulcânica, agora que se celebram os 50 anos da dos Capelinhos. O all star de Brötzmann, que está agora a comemorar 10 anos (é verdade, já lá vai quase uma década sobre o triplo The Chicago Octet/Tentet, que a Okka editou em 1998) agrupa improvisadores de ambos os lados do Atlântico (Chicago), com predominância, deste lado, dos nórdicos. Razoavelmente estável, a formação tem sofrido uma ou outra mudança de titularidade. Relativamente aos últimos desenvolvimentos do ensemble, no que diz respeito a American Landscapes, 1 e 2 – duas sessões ao vivo gravadas no escocês Stirling Jazz Festival, em 2006 – entrou o trombonista alemão Johannes Bauer para o lugar que costumava ser de Jeb Bishop, e o baterista Paal Nilssen-Love para o de Hamid Drake. Quanto ao resto do grupo, estão presentes os sopradores Peter Brötzmann, Mats Gustafsson, Ken Vandermark, Joe McPhee (saxofones, trompete e clarinete) e Per-Ake Holmlander (tuba), o violoncelista Fred Lonberg-Holm, o contrabaixista Kent Kessler, e Michael Zerang, na bateria e percussão. As duas Landscapes, de 44’ e 52’, respectivamente, foram executadas sequencialmente no mesmo concerto, dividido em dois sets. São trabalhos orquestrais improvisados de grande fôlego, de tal modo que ouvi-los de seguida é empreendimento que requer algum treino. O ouvinte batido neste tipo de instalações consegue reconhecer quem está a tocar o quê com relativa facilidade. Nada na música do Chicago Tentet é escrito, tudo acontece de modo espontâneo a partir da interactividade que se gera entre os músicos e destes com o público. Não é fácil suportar as descargas do tutti, quando metade do grupo sopra a plenos pulmões e a percussão lembra noites de trovoada a valer. Contudo, nem só de catarse e energia crua vive o Tentet: momentos há de relativa quietude contemplativa, como acontece nos crescendos e decrescendos, nos interlúdios entre secções, variações dinâmicas presentes nos diálogos entre saxofones e entre sopros e cordas, e na preparação de nova investida, até que a mais elevada densidade instrumental se resolve no mais puro refinamento sonoro. Um bom exemplo, entre outros, encontra-se ao minuto 42 de Landscapes 2 – a subida (ou descida) da mais infernal turbulência à delicadeza lírica e quase celestial (é autêntico!) das cordas de Kessler e Lonberg-Holm, autêntico refrigério para a alma, que se compraz em movimentos alternados de dor e de prazer.

 


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