John Stevens/Evan Parker - The Longest Night, Vol. 1 & Vol. 2
Evan Parker_saxofone soprano
John Stevens_percussão/corneta
(Riverside Studios, Londres, 1976)
A gravação de THE LONGEST NIGHT, dois LPs Ogun de 1976 que não viram (ainda) o formato CD, juntou Evan Parker e John Stevens em estúdio na noite mais longa do ano, 21 de Dezembro. Os temas foram nomeados com a hora exacta a que as improvisações tiveram sucessivamente início (Vol. 1: 19.11; 19.44; 20.23; Vol. 2: 21.25; 21.47; 22.18; 23.12 e 23.40). Fotografia de Jak Kilby e Laurence Cutting. Evan Parker, saxofone soprano, e John Stevens, percussão e corneta. A música é seca, impetuosa e frequentemente áspera, mas, a despeito desta impressão mais imediata e superficial, um ouvido atento, curioso e com capacidade de se deixar tentar por estes sons, é capaz de descobrir a vida que existe para além da primeira camada, de onde, às primeiras, parecem afastados quaisquer sinais melódicos ou de progressão rítmica que façam sentido e que se pereçam com qualquer coisa se ouve no jazz em sentido corrente.
Não é tanto assim. Se bem se reparar, na improvisação 21.25, que abre o Vol. 2, é possível detectar vestígios melódicos de Tenderly, por exemplo... . Isto, para responder da forma mais chã à questão que já me foi colocada várias vezes, sobre como ouvir esta música, que parece intragável, impenetrável e destituída de qualquer sentido. Parece, mas não é. Não há uma receita, mas ajuda muito não desistir às primeiras. A recompensa está guardada para quem persistir. Dá trabalho e é preciso mente aberta e disponibilidade mental para poder passar para lá da "esfrega" inicial e começar a apreender esta música extraordinária. Ao cabo da terceira audição, o ouvido não treinado começará a notar alguma nitidez e a conseguir familiarizar-se com o que ainda há pouco lhe parecia ruído aleatório e desconexo. Nada mais longe da realidade escondida.
The Longest Night