Há quanto tempo não me reencontrava eu com o Evangelho dos Blues segundo S. Coltrane? Já não sei dizer, mas soma anos. Gémeo de My Favorite Things, isto é, nascido da mesma sessão de Outubro de 1960, publicada em 1962. Coltrane Plays The Blues, marca também a epifania do que ficou conhecido como classic quartet de John Coltrane, com McCoy Tyner, recém-chegado a bordo, Steve Davis, que viria dentro em breve a ser substituído por Jimmy Garrison, e o novato Elvin Jones cheio de gás, o que lhe mereceu do líder a dedicatória do primeiro tema do disco. Havia líderes simpáticos… e cheios de vontade de trabalhar. Grupo novo, editora nova, ideias novas, tudo novo, a pedir estrada e andamento. Que mais precisava J. Coltrane? De tempo.Coltrane and the boys estão totalmente à vontade nesta linguagem dos 12-bar blues. Pudera, foi nos blues que lhes nasceram os dentes e é deles que lhes vem a força para morder da maneira que se conheceu antes, durante e depois.
A recente reedição do clássico da Atlantic Records (Rhino) é nada menos que amigável para o desembolsante, categoria na qual me tive que incluir, pois não sei já o que é feito do CD anterior, menos ainda do velho LP, entretanto passado à situação de reforma, tal era o desgaste acumulado. A sorte é que o remasterizado fonograma posto a circular inclui como bónus nada menos que uma mão cheia de alternate takes de Blues to Elvin e de Blues to You, mais um inédito da correspondente sessão, Untitled Original.