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31.1.06
 

Tim Berne, saxofonista das minhas preferências, é também dos mais prolíficos em actividade. Todos os anos edita vários discos com várias formações em várias editoras, incluindo a dele, a Screwgun para quem não sabe. De entre eles, fui encontrar no porta-luvas do automóvel um que lá passou a residir por tempo indeterminado: The Shell Game. Hard bop for the new millennium. Com Tom Rainey do Paraphrase, baterista está-se a ver, e Craig Taborn nos teclados, Berne está com as pilhas na carga máxima. Tão depressa experimenta como vem comer à mão do standard (no feitio, apenas, que não nos temas de paternidade alheia), e joga tudo o que tem no tabuleiro. Dir-me-ão alguns (parece-me que estou a vê-los), ah, mas o Berne “tem muito melhor”.... Pois sim, mas e daí, que é coisa que digo invariavelmente quando me dizem que A tem “muito melhor”, ou “esse não é o melhor dele”. E daí? O que conta é que The Shell Game bateu-me forte logo que o ouvi a primeira vez, já não me lembro quando, lá para 2001. E continua, cada vez que no carro me lembro dele. Será pela virulência electro que Taborn engendra com o Fender Rhodes e a electrónica? Será da tensão permanente que atravessa o disco? Será da arquitectura da música, dos arranjos... Será dos 30 minutos de Thin Ice, em que cabe uma boa parte de Tim Berne? Não sei. Nem sei porque é que Tim Berne não vem tocar a Portugal um destes dias. Até a Down Beat: «The Shell Game is one of the most sonically differentiated jazz records of recent years».
Tim Berne - The Shell Game (Thirsty Ear/The Blue Series)

 


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