Não é propriamente Dialogue, a mais que provável obra-prima de Bobby Hutcherson, mas anda lá perto. Durante muito tempo andou escondido, foi avistado inicialmente em edição japonesa, esteve mais de uma dezena de anos a aguardar edição americana, apenas ocorrida em 1980, para depois mergulhar em novo hiato, a que só em 2005 a Blue Note veio pôr fim, ao incluí-lo no catálogo Rudy Van Gelder (um grande bem-haja, Rudy!), com outra capa e grafismo substancialmente melhorado. Falo de Oblique, disco em quarteto de Hutcherson, com Herbie Hancock, Albert Stinson e Joe Chambers. Gravado em 21 de Junho de 1967, Oblique inclui três composições do vibrafonista, uma de Hancock (o tema composto em 1966 para Blow Up, de Michelangelo Antonioni) e três do baterista Joe Chambers, que revela notável habilidade para o ofício da escrita musical. Não é Dialogue, dizia eu no intróito, mas combina bem o lado mais New Thing de 1965, com o modalismo de Miles Davis e John Coltrane, a latinidade e o soul jazz que viria a marcar o resto da década de 60, resultando noutro grande título de Bobby Hutcherson. Emparelha bem com Happenings, do ano anterior, o tal da capa rosa com menina ao centro, que só conheço da Blue Note japonesa. Reeditado em Agosto de 2005.