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9.11.05
  Howard Rumsey presents…

Descontando a publicidade enganosa que abunda neste tipo de edições, que se aceita e acaba por relevar à conta da oportunidade que nos é concedida de ouvir música que, a não ser assim, estaria provavelmente votada ao esquecimento, há bastos motivos de contentamento ante este novo produto do trabalho de pesquisa e reedição laboriosamente levado a cabo pela editora espanhola Lone Hill Jazz, distribuída pela Disconforme, de Andorra.
A tal pequena batota tem apenas a ver com o facto de, em Howard Rumsey presents…Conte Candoli & Max Roach, - Jazz Structures, o trompetista não liderar qualquer dos dois Lp’s aqui emparelhados, como a capa da edição parece sugerir; e, hélas!, Max Roach nem sequer toca em Jazz Structures, título do álbum de 1960 da famosa formação da Costa Oeste, o Lighthouse All-Stars, onde efectivamente militou o trompetista Conte Candoli (1927-2001). Dirigido pelo contrabaixista Howard Rumsey, gerente do Lighthouse Café, de Hermosa Beach, o Lighthouse All-Stars funcionou ao longo dos anos como uma plataforma giratória por onde passaram os mais importantes improvisadores daquelas paragens, que se apresentavam ao público em batalhas musicais, míticas jam sessions que chegavam a durar 12 horas seguidas, e que ocasionalmente eram visitadas por convidados especiais, como Chet Baker ou Miles Davis.
Pelo lado dos músicos intervenientes há de facto uma ligação forte dos dois Lp’s desta edição conjunta, Drummin’ the Blues e Jazz Structures, à Lighthouse All-Stars. Uma das curiosidades do primeiro Lp, Drummin’ the Blues, de 1957, é que ele inclui o trabalho dos bateristas Max Roach e Stan Levey, alternando tema-a-tema e evidenciando diferenças de estilo na abordagem do instrumento; um, claramente mais cool e talhado no formato west coast; o outro, a puxar para o hard bop, embora ambos pareçam tentar convergir para um denominador comum: o swing, puro e duro.
Na secção dos sopros, o trompetista Candoli pica sistematicamente o trombonista Frank Rubolino, jogando ambos com o tenor de Bill Perkins, músico que alterna com Bob Cooper em alguns dos temas. A secção rítmica, rigorosa como sempre usa ser neste tipo de combos, conta, além do líder Rumsey Lewis, com o pianista Dick Shreve. Uma boa sessão de arranjos originais para blues compostos e executados num estilo ligeiro, misto de cool e bop temperado.
O outro Lp agregado, Jazz Structures, de 1960, contém dez temas compostos e arranjados pelo saxofonista tenor Bob Cooper, gravados num estúdio de Los Angeles sob o nome Lighthouse All-Stars. Conte Candoli reincide em trompete, Buddy Colette e Bud Shank, ambos em saxofone alto e flauta, Frank Rosolino, de novo em trombone, Victor Feldman, vibrafone e percussão, e Stan Levey, bateria. Comparativamente com a sessão anterior, a atmosfera de Jazz Structures é porventura mais quente e descontraída, com laivos soul, latino e tropical bem doseados, maior liberdade individual concedida por Bob Cooper, escapando por esta via ao estilo tipicamente west coast.
Interessante audição comparativa de dois discos esteticamente próximos e aparentados, mas que encerram em si um manancial de diferenças e especificidades, cuja descoberta se vem a revelar um exercício intelectual e emocionalmente estimulante.
Howard Rumsey presents…Conte Candoli & Max Roach - Jazz Structures (Lone Hill Jazz)

 


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