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7.10.05
 

Pela fresca, ouço RENKU (Playscape Recordings), o muito jeitoso e recente disco de Michaël Attias (com John Hebert, contrabaixo, e Satoshi Takeishi, bateria), trio que vem tocar ao Jazz ao Centro - Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra / 2005.

Enquanto isso, divirto-me à brava com o estudo analítico, sem dó nem piedade, que João Pedro George faz sobre os livros da, digamos, escritora, Margarida Rebelo Pinto. “Valha-nos S. Bernardo!”. Imperdível.

«Margarida Rebelo Pinto sempre se queixou da incompreensão e da indiferença do meio literário. Com alguma razão, reconheça-se. Afinal, é a escritora mais lida em Portugal, vende dezenas, centenas de milhares de livros, e a crítica literária, ocupada no seu próprio tédio, nunca tem tempo para a ler. Ignora-a. Não faz o seu papel, não emite opiniões fundamentadas e especializadas. É inaceitável, por exemplo, que os portugueses, pelo menos aqueles que a lêem, se vejam privados das solenes meditações de um António Guerreiro ou de um Manuel de Freitas, isto para referir apenas dois nomes, dos mais destacados, que representam as últimas gerações da crítica literária jornalística. Ora isto é de uma injustiça feroz. Perante tal situação, perante a crónica incapacidade dos críticos para lidar com obras de inusitado êxito comercial, decidi mergulhar, de cabeça, na obra completa de Margarida Rebelo Pinto, até agora oito livros: cinco romances – Sei Lá (SL), Não Há Coincidências (NHC), Alma de Pássaro (AP), I’m in Love with a Pop Star (LPS), Pessoas Como Nós (PCN) – e três colectâneas de crónicas e minificções publicadas em jornais e revistas – As crónicas da Margarida (CM), Artista de Circo (AC) e Nazarenas & Matrioskas (NM). Todos eles foram lidos, relidos, minuciosamente sublinhados, rabiscados e anotados nas margens, as páginas dobradas, amarrotadas e vincadas. Regressado à superfície, posso afirmar, com propriedade, que Margarida Rebelo Pinto despertou o masoquista que há em mim. Que lê-la, do primeiro ao último livro, foi um tormento digno da Bíblia». Segue o
texto integral.

 


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