Entre 1959 e 1961, Ornette Coleman gravou a música de Twins, a tempo de preservar para o futuro o som do quarteto que desfaria pouco tempo depois de gravar o último de uma série de oito de magníficos álbuns para a Atlantic Records: The Shape of Jazz to Come, Change of the Century, The Art of the Improvisers, Twins, This Is Our Music, Free Jazz, Ornette, Ornette 'n' Tenor, e ainda To Whom Keeps a Record, que agrupa temas que vão de 1959 a 1960 -, período de ouro de Ornette, que serviu apenas para definir as coordenadas de boa parte da música que se viria a fazer nas quatro décadas seguintes. Aqueles discos foram posteriormente editados em conjunto sob a designação Beauty Is A Rare Thing: The Complete Atlantic Recordings (Atlantic / Rhino). Twins, apesar de gravado na viragem da década de 50 para a de 60, apenas foi publicado em 1971. Com Don Cherry, trompete, os contrabaixistas Charlie Haden e Scott LaFaro, e os bateristas Ed Blackwell e Billy Higgins.
O álbum tem a particularidade interessante de abrir com o tema First Take, o mesmo que viria a sair mais tarde, incluído no título Free Jazz (A Collective Improvisation), para o qual terá servido de ensaio geral, momento que acabou por ficar registado em versão mais curta. A formação é a mesma de Free Jazz, o famoso Double Quartet (todos aqueles músicos, mais o clarinete baixo de Eric Dolphy e a trompete de Freddie Hubbard, banda que assola a audiência com alguns dos 37 minutos mais extraordinários da música do Séc. XX.
Para uma percepção rigorosa de quem foi quem na gravação de First Take, no canal esquerdo alinharam Ornette Coleman, Don Cherry, Scott LaFaro e Billy Higgins; à direita, Freddie Hubbard, Eric Dolphy, Charlie Haden e Ed Blackwell.
Já tudo foi dito e redito sobre a música de Ornette Coleman e sobre os músicos que integraram os seus diferentes grupos. Mas não é demais ouvi-la. Porque efectivamente este tipo de beleza não abunda e é essencial.
Ornette Coleman - Twins (Atlantic Masters / Warner)