ROMANO MUSSOLINI
Romano Mussolini, nascido em Forti, 1927, é um dos mais destacados pianistas do Jazz europeu e dos mais eminentes da História do jazz italiano ; também renomado pintor iniciou a sua carreira precocemente registando no gramofone do seu irmão Vittorio, autor do primeiro livro sobre Jazz em italiano e um dos críticos pioneiros desta música quando escrevia na revista “il disco”. Desde logo a sua fama se tornou transatlântica e quando músicos como Lionel Hampton ou Dizzy Gillespie vinham a Itália ou em digressão europeia o convidavam pela excelência do seu estilo pianístico. É interessante assinalar que Romano foi no pós-guerra membro do Partido Socialista, como seu pai, Benito Mussolini, havia sido de 1912 a 1918 como director do jornal Avanti; há uma história contada por Vittorio sobre Il Duce: tendo estado preso durante 2 anos teve oportunidade de aprender a tocar flauta, com tal intuição musical que quando saiu em liberdade já abordava Vivaldi… .
De estilo singular, Romano Mussolini teve alguns estudos de contraponto e harmonia, mas foi num empreendimento autodidacta e por saturadas audições dos mestres do teclado do jazz que ergueu o seu extraordinário idioleto, de fraseado incisivo, à maneira de Oscar Peterson e Erroll Garner. Fluxo pulsante, marchetado de melodias, no mais puro mainstream, ancorado nos blues e na musica tradicional transalpina; um sentido pujante do swing e a implementação de agrupamentos inolvidáveis do Jazz europeu: em 1948 num “Quinteto” com Ugo Calise; na década de 1960 fundou o célebre “Romano Mussolini All Stars”; em 1963 receberia o Prémio da Crítica pelo seu disco “jazz allo studio 7”. Nesse interim tocou ao lado das vedetas Chet Baker, Tony Scott e Buddy Collette em celebrados concertos e discos.
A sua internacionalização foi portentosa e actuou em todos os quadrantes planetários – a propósito, tocou em Lisboa no Teatro Monumental em 1966 com a sua “Jazz Band” – casado com Maria Sciolone, irmã de Sofia Loren, nesse concerto celebrou o nascimento de um filho.
Ainda hoje activo, Romano Mussolini permanece uma figura iconográfica do jazz europeu, participou na Orquestra multinacional “Euro 2000”, de Maastricht e, editou este ano o seu último disco “lost last love” em tons de pastel... .
Uma copiosa discografia faz justiça ao seu imenso talento.
Jorge Lima Barreto