Mas o delírio da prosa prossegue: “Não esqueçamos que foi o jazz que inventou a noção de 'cool' (relaxante). Em 1956, Miles Davis e Gerry Mulligan até lançaram um álbum chamado Birth Of The Cool, que anunciava um estilo musical completamente novo e relaxado, mas autêntico: o Cool Jazz. E era tão fresco, que parecia vir directamente do congelador. (De gritos!) Davis, é claro, era o derradeiro ícone do cool. E embora mais tarde se mostrasse suficientemente flexível para abraçar com sucesso o rock e o funk, podia-se escolher quase qualquer um dos seus álbuns dos anos 50 como ajuda ideal para o relaxamento. O clássico, no entanto, é o Kind Of Blue – um álbum obrigatório para todos os amantes da música, quanto mais para um fã do jazz.Talvez o artista mais intimista e relaxante do Cool Jazz tenha sido Chet Baker. Com o seu aspecto de estrela de cinema e timbre de trompete liricamente romântico, Baker é o pôr-do-sol californiano de um trompetista. Mas Baker não tocava apenas, também cantava – num timbre de menino-perdido que levava as mulheres a cair por ele...” (Não é de ir às lágrimas?!) ... O timbre de menino-perdido é lindo...
“A canção, é claro, sempre esteve no próprio âmago do jazz. E um grande dom do jazz – de que mais nenhum estilo de música se pode gabar – é a capacidade de pegar em músicas populares e reinventá-las. Seja como instrumental ou nas mãos dos grandes vocalistas, uma transformação das músicas populares mais comuns nos padrões do jazz mais emotivo. Ouça Coleman Hawkins, nos anos 30, a revitalizar uma balada como 'Body & Soul' (Corpo & Alma) como uma viagem sem palavras mas profundamente emocional que ainda hoje é revigorante. Ou recline-se com Billie Holiday, apoiada pelo saxofone doce e sentimental de Lester Young, quando canta uma música que pensávamos sempre ter conhecido, como 'Summertime' (Tempo de verão), e a transforma em algo novo, quente e especial”.
Quando ouvir o tema "Corpo e Alma", vou ver se me consigo esquecer do que acabei de ler...
"Summertime". Tempo de verão, ou silly season permanente? A palavra de novo a Música a 2:
“Mas o jazz não é só sobre história. Os artistas modernos estão a revisitar e a revitalizar os padrões da biblioteca dourada do jazz. Um bom exemplo é Jamie Cullum, um jovem cantor e pianista com pouco mais de vinte anos. Ao mesmo tempo novas bandas como os St Germain, ou instrumentalistas (sic !!!) deslumbrantes como Guy Barker e Courtney Pine, estão a trazer uma lufada de ar fresco para o jazz, imbuindo-o do espírito de dança, de bandas sonoras de filmes, de reggae e até de hip-hop. No mundo do hoje aqui, amanhã estrelas pop idas, o Cool Jazz ainda oferece uma riqueza de emoção, uma tradição de música de animação que ultrapassa a mais profunda adversidade, que o torna simplesmente entre todos os estilos musicais o mais satisfatório e relaxante”.
A mesma obsessão com o relaxamento... . Mas, se repararmos no link colocado a meio e no canto inferior esquerdo da página (“Informação disponível sobre disfunção eréctil”), já se percebe afinal para que é que “eles” acham que o jazz serve. Pode ser que sim. O progresso científico é imparável... tal como o jazz.