2.12.04
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Sábado, há Spring Heel Jack com Wadada Leo Smith em Coimbra. Quem fica em casa é Evan Parker, uma baixa de vulto, que, apesar disso, não irá certamente deslustrar a actuação dos Jacks. The Sweetness of the Water deve sair bem ao vivo, tal como ficou em disco:
"Provavelmente decepcionado com o beco sem saída a que o drum'n'bass o havia conduzido, embalado pelo sopro do novo século, o duo britânico Spring Heel Jack (John Coxon/Ashley Wales), coincidindo com a mudança para a editora Thirsty Ear, resolveu empreender uma mudança radical nas suas concepções estéticas e enveredar, para surpresa de muita gente, pela improvisação electro-acústica subsidiária da british improv e do free jazz, actualizando, simultaneamente, procedimentos e estratégias.
Servidos que foram dois mais do que interessantes discos de estúdio, Masses e Amassed, e um terceiro Live comprovativo de que nada do que se ouvira antes era simples truque, samplagem mistificadora ou trabalho de maquinaria a funcionar em regime de autogestão, eis que surge o anunciado quarto capítulo da segunda vida do duo britânico, que, à semelhança das edições anteriores, se faz acompanhar de nomes que integram a nata da improvisação livre actual.
Além de Coxon (guitarra, órgão, harmónica, vibrafone, sampler e electrónica) e de Wales (guitarra acústica, trompete, congas, sampler e electrónica), desta vez a companhia inclui o brilhante trompetista norte-americano Wadada Leo Smith, homem de muitas vanguardas; o reincidente saxofonista Evan Parker (atenção, cultores da improv: Wadada e Parker juntos!), e, outra novidade relativamente aos episódios anteriores, a ultra requisitada "secção rítmica" das ilhas britânicas, John Edwards e Mark Sanders.
Musicalmente, The Sweetness Of The Water é o mais depurado e o menos denso e saturado dos quatro discos. Quero com isto dizer que a música de Coxon e Wales, permanecendo fiel à improvisação electro-acústica e fazendo uso de idênticos processos criativos, mudou assinalavelmente no sentido em que ganhou mais espaço, orientada agora para ambientes nocturnos, melancólicos e meditativos.
Guitarras e electrónica fundem-se com saxofones, trompete, contrabaixo e bateria numa suite minimalista de progressão lenta, quase sussurrada. Alegoria de paisagens urbanas fora de horas; janela que se abre sobre a rua deserta depois do regresso a casa; o reencontro com a quietude das coisas que nos envolvem.
Surpreendente, The Sweetness Of The Water, o mais romântico de todos os discos do Spring Heel Jack, é um magnífico exemplo do que de melhor se faz actualmente na área da improvisação electro-acústica, capaz de romper com as convenções do género. Simplesmente fascinante".
posted by eduardo chagas
@ 2.12.04 "Provavelmente decepcionado com o beco sem saída a que o drum'n'bass o havia conduzido, embalado pelo sopro do novo século, o duo britânico Spring Heel Jack (John Coxon/Ashley Wales), coincidindo com a mudança para a editora Thirsty Ear, resolveu empreender uma mudança radical nas suas concepções estéticas e enveredar, para surpresa de muita gente, pela improvisação electro-acústica subsidiária da british improv e do free jazz, actualizando, simultaneamente, procedimentos e estratégias.
Servidos que foram dois mais do que interessantes discos de estúdio, Masses e Amassed, e um terceiro Live comprovativo de que nada do que se ouvira antes era simples truque, samplagem mistificadora ou trabalho de maquinaria a funcionar em regime de autogestão, eis que surge o anunciado quarto capítulo da segunda vida do duo britânico, que, à semelhança das edições anteriores, se faz acompanhar de nomes que integram a nata da improvisação livre actual.
Além de Coxon (guitarra, órgão, harmónica, vibrafone, sampler e electrónica) e de Wales (guitarra acústica, trompete, congas, sampler e electrónica), desta vez a companhia inclui o brilhante trompetista norte-americano Wadada Leo Smith, homem de muitas vanguardas; o reincidente saxofonista Evan Parker (atenção, cultores da improv: Wadada e Parker juntos!), e, outra novidade relativamente aos episódios anteriores, a ultra requisitada "secção rítmica" das ilhas britânicas, John Edwards e Mark Sanders.
Musicalmente, The Sweetness Of The Water é o mais depurado e o menos denso e saturado dos quatro discos. Quero com isto dizer que a música de Coxon e Wales, permanecendo fiel à improvisação electro-acústica e fazendo uso de idênticos processos criativos, mudou assinalavelmente no sentido em que ganhou mais espaço, orientada agora para ambientes nocturnos, melancólicos e meditativos.
Guitarras e electrónica fundem-se com saxofones, trompete, contrabaixo e bateria numa suite minimalista de progressão lenta, quase sussurrada. Alegoria de paisagens urbanas fora de horas; janela que se abre sobre a rua deserta depois do regresso a casa; o reencontro com a quietude das coisas que nos envolvem.
Surpreendente, The Sweetness Of The Water, o mais romântico de todos os discos do Spring Heel Jack, é um magnífico exemplo do que de melhor se faz actualmente na área da improvisação electro-acústica, capaz de romper com as convenções do género. Simplesmente fascinante".
