Jacob Wick e Andrew Greenwald são dois improvisadores norte-americanos de Nova Iorque, ainda na casa dos 20 anos. Além de curriculum sólido no jazz downtown e na música contemporânea onde lhes nasceram os dentes e se formaram, têm em comum o mesmo gosto pela densidade e pela textura do som e por um tipo de linguagem musical despojada, que tem vindo a fazer o seu caminho, sobretudo na Europa, mas também nos EUA e no Japão. A mais recente saída em disco do duo aconteceu na Creative Sources Recordings, e é bem o exemplo de uma nova forma de estar na música improvisada que tem vindo a contaminar a nova geração de músicos norte-americanos, nados e criados num mundo em que o jazz stricto sensu tem um peso muito grande. Wick e Greenwald iniciaram os esforços conjuntos em 2004, no trabalho sobre composição instantânea, concentrados em aplicar técnicas não ortodoxas sobre as propriedades físicas inatas dos instrumentos: trompete como tubo de metal por onde se faz a circulação do ar sob pressão; percussão sobre materiais feitos de madeira, plástico e metal – síntese elementar combinada que procura extrair sons ainda por ouvir e dar-lhe uma organização diversa da que é usual, próxima da que nasce das técnicas e métodos de trabalho usados na criação de esculturas e instalações sonoras – a sound art. Em 37:55 (Creative Sources CS 133), a ampla gama de possibilidades sonoras, favorecendo embora o despojamento e o reducionismo, evita o espartano descarnamento que caracteriza alguma da produção congénere da actualidade, expande-se em ciclos alternados que vão do silêncio à densidade saturada, mantendo um controlo apertado sobre a construção e o desenvolvimento das peças. Música consequente, vale por si e pela atitude saudável de procurar novas concepções sonoras com base na experimentação e no diálogo permanente entre os músicos.