Entre as cinco mais recentes edições da norte-americana Creative Improvised Music Projects, CIMP na designação abreviada, está o segundo volume de The Crookedest Straight Line, gravação de 2006 do quarteto do saxofonista soprano Chris Kelsey, cujo primeiro volume saíra mais ou menos por esta altura do ano passado. A ideia que está na base da construção de The Crookedest Straight Line é a de utilizar temas pré-compostos, que remetem para a memória do jazz, e depois, a partir deles, explorar uma série de elementos contidos dentro da moldura inicial através da improvisação, numa atitude de contínua exploração e descoberta do novo através do conhecido. Chris Kelsey é uma das vozes mais importantes (e menos conhecidas) do saxofone soprano actual, que desenvolve uma longa linha contínua de grandes instrumentistas, com grandes pontos de referência como foram e têm sido Bechet, Coltrane, Lacy, Parker, Coxhill, Mitchell, Braxton… Gosto bastante deste som de soprano com arestas, enérgico, carregado de inflexões, subtilezas tímbricas e mudanças de direcção, dentro e fora do free bop, matriz principal, mas não única, da composição e improvisação do Chris Kelsey Quartet. A equipa de Kelsey é a mesma da primeira parte da sessão, desdobrada em dois volumes: John Carlson (trompete), François Grillot (contrabaixo) e Jay Rosen (bateria) - uma working band madura com vários anos de rodagem, facto reconhecível na fluidez do discurso colectivo, na concentração e na agilidade rítmica em que a música se desenvolve. Modo de servir o propósito totalmente conseguido de, com autenticidade, criar uma música original e vibrante. As outras quatro edições do último cacho CIMP, são: Kenbillou, do ESATrio (Bill Gagliardi, Ken Filiano e Lou Grassi); Conspiracy A Go Go, de David Haney, Dominic Duval e Andrew Cyrille; Clandestine, de David Haney, Andrew Cyrille e Dominic Duval; e The Art of the Trio, de Ernie Krivda, Peter Dominquez e Ron Godale.