Músico e cineasta norte-americano, David Michalak escreveu as peças acústicas de Ghost in the House para serem interpretadas por um quarteto formado por cordas, sopros, percussão e objectos estranhos. Cada som ou conjunto de sons foi escolhido para sugerir imagens e criar uma associação íntima entre fotogramas em movimento e banda sonora instrumental. Intervêm David Michalak, em lap steel guitar e buffalo drum; Karen Stackpole; gongs, percussão; Kyle Bruckmann, oboé e trompa; e Tom Nunn, com a habitual parafernália de invenções originais, coisas que não lembram ao demo – todos membros da cena vanguardista da Costa Oeste dos EUA, músicos familiarizados com as duas principais formas de expressão que Michalak favorece neste projecto, o free jazz e a livre-improvisação. Como o título sugere, Ghost In the House lida com fantasmas, que tanto podem estar na nossa cabeça, como à nossa volta ou na cabeça dos outros, e com modo como uns e outros comunicam entre si. Por um lado, exploram-se sonoridades arrepiantes, imagens tétricas e arrepiantes vão tomando forma a passo lento, ambientes de tensão e suspense que provocam aquela sensação de que algo de sinistro está para acontecer, aspecto que o grupo sabe gerir da maneira mais eficiente. Por outro lado, os temas funcionam como esboços sonoros de ideias para filmes que o realizador e compositor tem em mente, que anota e arranja musicalmente, em vez de usar o caderninho do costume, seja o Moleskine da moda, genuíno ou contrafeito, ou outro qualquer. Sons glaucos, matéria onírica, imaginário fantasmagórico, ideias acentuadas pelo oboé de Bruckmann e, sobretudo, pelos gongs de Karen Stakpole, já para não falar no ranger de dentes causado pelos sons que Tom Nunn extrai dos instrumentos que inventa. Profundas e misteriosas, algumas das sete composições de Ghost in the House chegam a ser perturbantes e a fazer olhar por cima do ombro, não vá andar por ali o Fantasminha Brincalhão do Avô Cantigas. Edição da Edgetone Records.