De John Ruocco, saxofonista e clarinetista saiu Am I Asking Too Much? (If I Ask for World Peace), disco em trio com o veterano pianista britânico John Taylor e o contrabaixista italiano Riccardo Del Fra. Ruocco é norte-americano, vive radicado na Europa, deambulando entre a Bélgica e a Holanda, onde mantém intensa actividade com a ACT Big Band, a Dutch Jazz Orchestra e a Den Haag Conservatory Big Band, formações de grande porte, que dirige ou já dirigiu. Além destas, conta colaborações dispersas com músicos daquelas paragens, como Charles Loos, Bert Joris, Peter Hertmans e Michel Herr. A mais recente intervenção em disco alheio regista, no final de 2007, uma colaboração com a pianista Myriam Alter, em Where is There (Enja), com Jacques Morelenbaum, Pierre Vaiana, Greg Cohen e Joey Baron. Este ano, e em nome próprio, arranjou tempo para terminar a produção de Am I Asking Too Much?, disco gravado em 2006, que abrirá certamente portas para um conhecimento mais alargado do trabalho deste excelente clarinetista. Ruocco, exclusivamente em clarinete, prefere um discurso lírico de tonalidades claras, toadas intimistas e formas arredondadas, de pele lisa e beleza suave, características comuns a todas as seis composições originais do clarinetista, que o músico oferece à criação tripartida, graças ao espaço que concede para a conversa livre a três vozes equivalentes, instância na qual que o piano preenche espaços, acentuando a subtileza das variações harmónicas e o contrabaixo sublinha a sofisticação rítmica da progressão. Pessoalmente, incluo o disco no lote do que de mais interessante e refinado se pode ouvir no jazz de câmara da actualidade, trabalho evocativo de um dos grandes do clarinete que tanto aprofundou o contexto triangular, o recém-desaparecido Jimmy Giuffre, invenção à qual Ruocco empresta modernidade e atrevimento. Só a pequena maravilha que é Waltz 4 seria razão bastante para não perder a audição de Am I Asking Too Much?. Edição da alemã Pirouet Records, com distribuição nacional pela Mbari.
John Ruocco
(Foto: Cees van de Ven)